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Representações Sociais da Educação: a linguagem na formação do sujeito

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Academic year: 2021

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Representações Sociais da Educação: a Linguagem na Formação do

Sujeito

Fernanda Ivanoff Cezar (PROVIC-Unit), e-mail: fernandaivanoff.c@gmail.com;

Luan Ricardo Santana (PROVIC-Unit), e-mail: luanricardo1@outlook.com;

Livia de Melo Barros (Colaboradora), e-mail: meloliviab@gmail.com;

Patrícia Silva (Colaboradora), e-mail: dasilvapaty@yahoo.com;

Maria do Socorro Sales Mariano (Orientadora), e-mail: socorro.mariano@hotmail.com;

Universidade Tiradentes/Psicologia /Aracaju, SE.

7.00.00.00-0 - Ciências Humanas 7.07.00.00-1 - Psicologia

RESUMO: Visto que a educação se faz principalmente através da transferência de conhecimentos por meio da linguagem e que a última é o principal meio de comunicação das experiências objetivas e subjetivas da vida cotidiana entende-se a importância de um estudo voltado para a interpretação e investigação das representações sociais presentes na linguagem da educação, juntamente com as implicações dessas representações sociais para um ensino de qualidade. Neste sentido, visamos identificar as representações sociais construídas no espaço educativo pelos atores sociais e sua relação com o processo de escolarização. Para isso utilizou-se da Pesquisa Bibliográfica.

Palavras-chaves: educação, linguagem, representações sociais.

INTRODUÇÃO

A Psicologia social em meados da década de 1960 passou por uma transformação que leva a uma mudança da concepção de homem frente a sociedade. Se antes o indivíduo era compreendido dentro de uma lógica de dualidade objetividade versus subjetividade depois das transformações iniciadas por Vygotsky passa a ser analisado como um sujeito sócio-histórico que constrói a si mesmo nas relações que estabelece com a realidade cotidiana. O indivíduo é determinado pelo meio ao mesmo tempo que o transforma. Segundo CHEPTULIN (1982) citado por KAHHALE (2006, p. 272)

“Sendo o homem um ser real e concreto, que pertence a realidade material, ele é uma formação material dessa realidade e é uma

expressão da sua totalidade, porque é determinado e construído por ela. No entanto, nesta condição, o homem não só é determinado pela realidade que o contém, como também determina essa realidade. ” Deste modo, o homem ao mesmo tempo que atua diretamente sobre a realidade é também atingido por ela que irá influenciar diretamente na construção da sua subjetividade. Na medida em que o homem atua como um agente social ele também se apropria da história da humanidade, dessa forma ele não é construído apenas pelo contexto social imediato, mas pela história e pela cultura do meio que está inserido. Por isto pode ser compreendido como um ser histórico-social, entrando em contato com a produção histórica da sociedade o homem constrói a si mesmo e é capaz transformar sua realidade (KAHHALE, 2006).

O trabalho tem como objetivo analisar as representações sociais construídas no espaço educativo e sua relação com o processo de escolarização. Serão analisadas as representações da linguagem bem como a comunicação entre os atores sociais com o intuito de identificar como se concretiza o processo de educação atual.

REVISÃO DE LITERATURA

A pesquisa caracteriza-se em um estudo do tipo descritivo que será desenvolvido nas seguintes etapas. A primeira consistirá na pesquisa de periódicos com a temática em estudo: trata-se de uma catalogação/tabulação sistemática sobre as plataformas cientificas que desenvolvem pesquisas e construção de conhecimento sobre o processo educativo envolvendo linguagem e comunicação. A

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segunda etapa consistirá na estruturação de temas que nos auxiliem a atingir os objetivos propostos na pesquisa.

RESULTADOSEDISCUSSÃO

Dentro da lógica de que o homem se constrói socialmente encontra-se um novo paradigma da psicologia social, introduzida por Moscovici em 1961 as Representações Sociais nos guiam na interpretação da realidade cotidiana. As representações sociais são históricas e cabe a elas a explicação de como e por que as pessoas compartilham conhecimentos da realidade cotidiana de modo especifico. Elas estão presentes na maioria das nossas relações com objetos e sujeitos através da comunicação que estabelecemos com o outro (MOSCOVICI, 2010).

“Reconhece-se, geralmente, que as representações sociais, como sistemas de interpretação, que regem nossa relação com o mundo e com os outros, orientando e organizando as condutas e as comunicações sociais. Igualmente intervêm em processos tão variados quanto a difusão e a assimilação dos conhecimentos, no desenvolvimento individual e coletivo, na definição das identidades pessoais e sociais, na expressão dos grupos e nas transformações sociais. ” (JODELET, 1989) Dessa forma, as representações sociais contribuem para o processo de conhecimento histórico e para a construção de novos conhecimentos que são compartilhados socialmente e tem por objetivo a construção da realidade cotidiana. Para a transmissão das representações sociais são utilizados meios de comunicação, entre eles o principal é a linguagem, ela é a principal responsavel pelas representações das realidades. A linguagem tem origem na vida cotidiana e se refere a ela, possibilita a objetivação de experiências subjetivas tanto imediatas como passadas ou expectativas futuras, é o sistema de sinais mais importante da sociedade humana, dessa forma, qualquer tema pode ser objetivado pela linguagem

fazendo dela o principal meio para o conhecimento da vida social cotidiana (BERGER E LUCKMANN, 2010).

Compreendendo a linguagem como principal meio de comunicação nas relações sociais, entende-se a importância desta para a construção de conhecimentos e para a transmissão dos mesmos. Com isso nota-se a necessidade de um estudo voltado para a análise da linguagem presente nos processos educativos. Sendo as representações sociais conhecimentos do “senso comum” que tem como principal meio de transmissão a linguagem então a última deve ser acessível de forma pelo menos parecida a toda a sociedade para que o conhecimento que se deseja transmitir seja possibilitado a todos, independentemente de sua classe social ou de seu capital cultural.

Para Bourdieu (1998) a linguagem ou a fala é o principal meio de expressão das condições humanas, então para que tenhamos relações sociais de qualidade, nas quais a compreensão se faça presente é necessário que aquilo que é falado seja compreendido por todos. É nessa perspectiva que o autor faz uma crítica ao processo escolar, afirmando que o mesmo se utiliza do capital cultural ou da linguagem das classes dominantes no processo de escolarização o que dificulta o sucesso escolar dos individuos pertenentes as classes dominadas. De acordo com Bourdieu (1998, p. 46)

“De todos os obstáculos culturais, aqueles que se relacionam com a língua falada do meio familiar são, sem dúvida, o mais graves e os mais insidiosos, sobretudo nos primeiros anos da escolaridade, quando a compreensão e o manejo da língua constituem o ponto de atenção principal na avaliação dos mestres. Mas a influência do meio linguístico de origem não cessa jamais de se exercer, de um lado por que a riqueza, a fineza e o estilo da expressão sempre serão considerados [...]. De outro lado, por que a língua não é um simples instrumento mais ou menos eficaz mas fornece – além de um vocabulário mais ou menos rico – uma sintaxe, isto é, um

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sistema de categorias mais ou menos complexas, de maneira que a aptidão para o deciframento e a manipulação de estruturas complexas, quer lógicas quer estéticas, parece função direta da complexidade da estrutura da língua inicialmente falada no meio familiar. ”

Entendendo a colocação de Bourdieu, percebe-se que a língua falada é influenciada pelo meio em que o indivíduo vive. Um sujeito da classe dominante que possui acesso à cultura dominante, teatro, obras de arte, exposições, e que vive em um meio onde a linguagem dominante é compreendida como normal ao cotidiano não apresentará grandes dificuldades de comunicação com seus educadores que utilizarão a linguagem comum a este sujeito. Entretanto um indivíduo de classe menos favorecida não possui o mesmo capital cultural, o mesmo acesso a informações culturais e a mesma linguagem do primeiro sujeito, possui uma cultura e uma linguagem diferenciadas que não se encaixam naquelas transmitidas pelos educadores em instituições de ensino. Dessa forma o último indivíduo será naturalmente desfavorecido frente a escolarização, necessitando antes de mais nada, ter conhecimento sobre uma cultura que não faz parte do seu repertorio familiar para depois conseguir se instituir como um indivíduo com capacidades de compreensão dentro das escolas.

Portanto, levando em consideração toda a exposição acima compreende-se a linguagem, que é o principal meio de transferência das representações sociais, como essencial para um ensino de qualidade. Entendendo o homem como um ser social, que se forma através do seu contato com o outro e com o meio é a partir das representações sociais que a realidade cotidiana do sujeito pode ser explicada e reproduzida, essa reprodução acorre principalmente através da linguagem. Então, se a linguagem é o principal meio de comunicação social logo, a mesma deve se fazer compreender por todos os indivíduos de forma no mínimo parecida, somente desta maneira os acessos aos meios de ensino poderão ser realizados de maneira igualitária. Assim,

se a linguagem utilizada por uma instituição se faz acessível a todos os estudantes a qualidade do ensino melhora significativamente. Por esta razão um estudo que vise analisar as representações sociais presentes na linguagem da educação se faz importante, sempre visando a melhora da qualidade de ensino o que contribui para a sociedade como um todo.

CONCLUSÕES

A linguagem se constitui como o principal meio de comunicação na sociedade. Por isso se faz necessário uma linguagem que possa ser compreendida de forma similar por todos, ou por uma grande maioria, dos indivíduos independente da classe social ou capital cultural no qual estão inseridos. Se o processo educativo se constitui dentro de uma linguagem que não é adequadamente compreendida pela maioria o processo de aprendizagem será prejudicado, os sujeitos que não estão inseridos na classe dominante apresentarão maiores dificuldades na compreensão, visto que a linguagem utilizada pelo profissional não se faz acessível a todos. Esse fato pode contribuir para a conservação das classes sociais como estão instituídas, dificultando o processo de ascensão social.

REFERÊNCIAS

BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da

realidade: tratado de sociologia do conhecimento.

Tradução de Floriano de Souza Fernandes. 32ª ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

BOURDIEU, Pierre. Escritos de educação. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

KAHHALE, E. M. Peters (Org.). A diversidade da

psicologia: uma construção teórica. São Paulo: Cortez,

2006.

GUARESCHI, Pedrinho A.; JOVCHELOVITCH, Sandra (Org.). Textos em representações sociais. 10. ed. Petropólis: Vozes, 2008.

MOSCOVICI, Serge. Representações sociais:

investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2010.

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JODELET, Denise. Representações sociais: um domínio em expansão. Tradução de Tarso Bonilha Mazzotti. Dez. 1993.

ALVES-MAZZOTTI, A. Judith. Representações sociais: aspectos teóricos e aplicações à educação. Revista

Múltiplas Leituras, v.1, n. 1, p. 18-43, jan. / jun. 2008.

Disponível em: <

https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/ML/article/view/1169/1181 > Acesso em: 29 de maio de 2016.

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