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Diagnóstico da agricultura de Panambi - RS e projetos estratégicos de desenvolvimento de unidades de produção típicas

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Academic year: 2021

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DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA DE PANAMBI - RS E PROJETOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO

TÍPICAS

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS – DEAg AGRONOMIA

DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA DE PANAMBI - RS E PROJETOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO

TÍPICAS

EDUARDO ALFREDO STROBEL

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como um dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo, Curso de Agronomia - Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof. Nilvo Basso

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EDUARDO ALFREDO STROBEL

DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA DE PANAMBI - RS E PROJETOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO

TÍPICAS

FOLHA DE APROVAÇÃO

ORIENTADOR

________________________________________ Prof. MSc. Nilvo Basso

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Enga Agr.a Angélica de Oliveira Henriques

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Dedicatória

Deus é fiel e justo. Dedico esta conquista à minha família. Que desde o início esteve ao meu lado torcendo por mim, incentivando e acreditando em meu potencial.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por estar sempre presente em minha vida, iluminando e guiando meu caminho, protegendo e dando-me forças a cada dia para enfrentar os obstáculos, chegando assim ao fim desta graduação.

A toda minha família, em especial a meus pais, Alfredo e Rosane, que sempre acreditaram, me apoiando e incentivando a prosseguir e, acima de tudo pela compreensão, além de oportunizarem a realização deste curso. Agradeço a vocês esta vitória e serei eternamente grato por tudo o que fizeram por mim. Esta conquista também é de vocês.

Aos meus irmãos, Alexandre, Fernando e Samuel, agradeço o apoio que sempre me deram.

Ao meu professor orientador Nilvo pela sua confiança, paciência e dedicação durante a realização deste trabalho, que fez com que eu tivesse incentivo para buscar novas informações sobre o tema proposto.

A Engenheira Agrônoma Angélica, por estar sempre a disposição para ajudar e orientar na elaboração do trabalho.

Aos meus amigos e colegas que partilharam suas idéias e de alguma forma construíram essa caminhada comigo.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Área colhida dos principais cultivos...28

Figura 2: Evolução da produção leiteira e do número de vacas ordenhadas...29

Figura 3: Evolução da população do município de Panambi – RS...30

Figura 4: Microrregiões Geográficas do Município de Panambi – RS...32

Figura 5: Sistemas de produção familiares, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em Panambi - RS...35

Figura 6: Modelo da Composição da Renda Agrícola do tipo Familiar Leite Grãos PP... 38

Figura 7: Modelo da Composição da Renda Agrícola do tipo Familiar Leite Grãos PP... 42

Figura 8: Modelo da Composição da Renda Agrícola do tipo Familiar Leite Pequeno Porte...45

Figura 9: Galpão sentido leste/oeste, coincidindo com a trajetória do sol...48

Figura 10: Modelo da Composição da Renda Agrícola do tipo Familiar Leite PP...50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estrutura fundiária do município de Panambi – RS...28

Tabela 2: Capacidade de Reprodução Social (RA/UTF x NRS)...36

Tabela 3: Resultados econômicos globais do sistema de produção Familiar Leite Grãos PP – Panambi...38

Tabela 4: Composição dos resultados econômicos globais e por atividade...39

Tabela 5: Proposta técnica de intensificação e modernização da atividade leiteira para o tipo Familiar Leite Grãos PP...40

Tabela 6: Indicadores econômicos do projeto de intensificação da atividade leiteira....41

Tabela 7: Avaliação da rentabilidade econômica do projeto...43

Tabela 8: Avaliação do Financiamento e do Fluxo Liquido de Caixa...44

Tabela 9: Resultados econômicos globais do sistema de produção Familiar Leite PP – Panambi...46

Tabela 10: Composição dos resultados econômicos globais e por atividade...46

Tabela 11: Proposta técnica de implantação da suinocultura para o tipo Familiar Leite PP...49

Tabela 12: Indicadores econômicos do projeto de implantação da suinocultura...50

Tabela 13: Avaliação da rentabilidade econômica do projeto...51

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LISTA DE APENDICES

APÊNDICE A: Balanço Alimentar do Tipo Familiar Leite Grãos Pequeno Porte...57 APÊNDICE B: Evolução do Rebanho do Tipo Familiar Leite Grãos Pequeno Porte...58

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LISTA DE SIGLAS

CI: Consumo Intermediário D: Depreciação

DVA: Distribuição do Valor Agregado Ha: Hectare

NRS: Nível de Reprodução Social PB: Produção Bruta

PRK: Período de Retorno do Capital

RA/UTF: Renda Agrícola Útil por Unidade de Trabalho Familiar SAU: Superfície Agrícola Útil

ST: Superfície Total

TIR: Taxa Interna de Retorno UT: Unidade Trabalho

UTF: Unidade Trabalho Familiar

VA/UT: Valor Agregado por Unidade de Trabalho VA: Valor Agregado

VAB/ha: Valor Agregado Bruto por hectare VAB: Valor Agregado Bruto

VPL: Valor Presente Líquido PW: Produtividade do Trabalho

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TÍTULO: DIAGNÓSTICO DA AGRICULTURA DE PANAMBI - RS E PROJETOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO TÍPICAS

ORIENTADOR: NILVO BASSO

RESUMO: O estudo analisa as formas e as condições de produção na agricultura do município de Panambi no Rio Grande do Sul, visando o estabelecimento de linhas e projetos estratégicos de desenvolvimento agrícola, sendo baseado na Teoria dos Sistemas Agrários e desenvolvido através dos seguintes procedimentos: zoneamento agroecológico, socioeconômico; análise da história agrária; tipologia das unidades de produção e análise dos sistemas de produção; análise das possibilidades de reprodução econômica dos agricultores; elaboração de linhas e projetos estratégicos de desenvolvimento agrícola. As transformações ocorridas ao longo da evolução da agricultura do município acentuaram a diferenciação entre os agricultores, aumentando a diversidade dos sistemas de produção praticados. Em função da categoria social e dos sistemas de produção que praticam os agricultores foram identificados e agrupados em treze grupos. Verificam-se diferenças significativas nos níveis de riqueza gerada e de renda obtida pelos agricultores, alguns com elevado nível de renda conseguem garantir a reprodução social e elevar o nível de acumulação de capital, e outros, com baixos níveis de renda, que desenvolvem sistemas de produção menos intensivos em relação à área disponível, encontram dificuldades para se reproduzirem economicamente e socialmente. Diante dessa problemática, foram elaborados e analisados os seguintes projetos estratégicos para os agricultores que encontram dificuldades para se reproduzirem: intensificação e modernização da atividade leiteira em unidades de produção familiar leite grãos pequeno porte; implantação da suinocultura em unidades de produção familiar leite pequeno porte. Do ponto de vista econômico e financeiro, as alternativas de intensificação e modernização da atividade leiteira são vantajosas, enquanto a proposta de implantação da suinocultura teria um pouco mais de dificuldades para viabilizar-se financeiramente, apesar do acréscimo de renda que proporciona.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...13

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...14

1.1 Conceitos de Sistemas Agrários...14

1.2 Conceito de Sistema de Produção...15

1.3 Análise dos Sistemas Agrários...16

1.4 Metodologia de Análise de Sistemas Agrários...17

1.4.1 Objetivos e Princípios Gerais...17

1.4.2 Análise Global da Região...18

1.4.2.1 Leitura da Paisagem...18

1.4.2.2 História Agrária...18

1.4.3 Tipologia de Produtores e de Sistemas de Produção...19

1.4.4 Caracterização Técnica dos Sistemas de Produção...19

1.4.5 Avaliação Econômica dos Sistemas de Produção...20

1.4.5.1 O valor agregado...20

1.4.5.2 A renda agrícola...21

1.4.6 Elaboração de Propostas de Desenvolvimento...21

1.5 Planejamento e o Projeto...22

2. METODOLOGIA...25

3. RESULTDOS E DISCUSSÃO...27

3.1 O Desenvolvimento da Agricultura do Município...27

3.1.1 Características Ambientais e Socioeconômicas...27

3.1.2 Zoneamento Agroecológico do Município...30

3.1.3 Tipos de Agricultores e Sistemas de Produção...33

3.2 Caracterização e Análise dos Tipos de Agricultores Alvos dos Projetos...35

3.3 Projetos de Desenvolvimento para os Agricultores Alvos...36

3.3.1 Intensificação e Modernização da Atividade Leiteira em Unidades de Produção Familiar Leite Grãos Pequeno Porte (PP)...37

3.3.1.1 Situação Atual do Tipo Familiar Leite Grãos Pequeno Porte (PP)...37

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3.3.1.2 Proposta Técnica para Intensificação e Modernização da Atividade

Leiteira...39

3.3.1.3 Resultados Econômicos do Projeto...42

3.3.2 Implantação da Suinocultura em Unidades de Produção Familiar Leite Pequeno Porte (PP)...45

3.3.2.1 Situação Atual do Tipo Familiar Leite Pequeno Porte (PP)...45

3.3.2.2 Proposta Técnica para Implantação da Suinocultura...46

3.3.2.3 Resultados Econômicos do Projeto...50

CONSIDERAÇÕES FINAIS...53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...55

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INTRODUÇÃO

O município de Panambi situa-se no planalto Rio-Grandense, caracterizado pelos campos serranos. Sua ocupação e colonização aconteceram a partir de 1898 por imigrantes alemães.

A economia do município é alicerçada na indústria metal mecânica e na agricultura onde se destacam a cultura da soja e a produção leiteira.

O processo de modernização e desenvolvimento da agricultura a partir dos anos 70 trouxe consigo vários processos de diferenciação técnica e econômica que caracterizam as unidades de produção agropecuária.

A teoria dos sistemas agrários é um instrumento que nos permite entender cada um desses processos, para estudar o desenvolvimento da agricultura visando à proposição de alternativas que possam ampliar as possibilidades de reprodução social dos agricultores.

A análise-diagnóstico dos sistemas agrários é de grande importância, pois possibilita a elaboração de linhas estratégicas de desenvolvimento que embasam as proposições de programas e projetos de desenvolvimento. Com isso, torna-se possível realizar um estudo sobre a evolução e diferenciação da agricultura do município, suas condições e diversidades de produção, dando especial atenção às interações locais. Para tanto, estudos de dinâmicas locais de desenvolvimento da agricultura, realizados por meio da sua observação direta, se tornam de fundamental importância (SILVA NETO, 2005).

O presente Trabalho de Conclusão do Curso de Agronomia visa a elaboração de projetos de desenvolvimento para agricultores do município de Panambi-RS, considerados como público alvo, no estudo realizado pelo Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul sobre a agricultura desse município. Esses projetos têm como foco os tipos de agricultores que tem ameaçada a sua reprodução social.

A partir de uma síntese dos principais resultados do estudo da agricultura do município de Panambi, busca-se identificar e caracterizar os tipos de unidades de produção alvo dos projetos; identificar os elementos estratégicos para a elaboração dos projetos; construir as propostas técnicas (engenharia e processo de produção) para os projetos; elaborar os orçamentos dos projetos e analisar a viabilidade técnica, econômica e financeira dos projetos.

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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 CONCEITO DE SISTEMAS AGRÁRIOS

Para Mazoyer, apud Garcia Filho (1999, p. 21) um sistema agrário é antes de tudo um modo de exploração do meio constituído, um sistema de forças de produção e técnico que se adapta às condições bioclimáticas de um espaço determinado, que responde as expectativas e necessidades sociais em um momento determinado.

É graças a esse conceito que podemos aprender e caracterizar as mudanças de estado de uma agricultura e as mudanças qualitativas das variáveis e de suas relações e desenvolver uma teoria que permite distinguir, ordenar e compreender os grandes momentos da evolução histórica e a diferenciação geográfica dos sistemas agrários (MARCEL MAZOYER², apud GARCIA FILHO, 1999, p. 21).

O sistema agrário corresponde a um conjunto de conhecimentos resultantes da observação, delimitações e análise de uma agricultura particular. Está ligado por dois diferentes subsistemas: o agroecossistema (constituintes físicos, químicos e biológicos), e o sistema social produtivo (aspectos técnicos, econômicos e sociais);

De acordo com DUFUMIER (1996) “um sistema agrário é, antes de tudo, um modo de exploração do meio historicamente constituído e durável, um sistema (técnico) de forças produtivas, adaptado às condições bioclimáticas de um espaço dado, compatível com as situações e necessidades sociais do momento”.

A teoria da diferenciação dos sistemas agrários é o instrumento que nos permite apreender nas suas grandes linhas e explicar a diversidade geográfica da agricultura numa determinada época (SIVA NETO, 1997).

O conceito de sistemas agrários é composto pelas seguintes variáveis:

- o ecossistema cultivado: é o produto histórico das transformações promovidas pelo homem sobre o ecossistema natural;

- os meios de produção: são as ferramentas máquinas e materiais biológicos (plantas cultivadas e animais domésticos) resultantes dos processos de adaptação, seleção e acumulação desenvolvida historicamente pelos agricultores e outros agentes;

- a força de trabalho e as relações de produção às quais ela está submetida: corresponde à mão-de-obra disponível e às relações de produção que regem a repartição

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do produto. As relações de produção (trabalho familiar, assalariamento, parceria) são importantes, pois condicionam fortemente os critérios de investimento dos agricultores;

- o modo de exploração e reprodução do ecossistema cultivado: resulta da forma especifica como os instrumentos de produção são aplicados localmente, em função das características do ecossistema cultivado, da distribuição dos meios de produção, da força de trabalho disponível e das relações de produção vigentes (GARCIA FILHO, 1999).

Um sistema agrário encontra-se em crise quando ocorre um processo de estagnação ou desacumulação do capital, comprometendo o nível de reprodução social do agricultor.

Em pesquisa de avaliação e caracterização dos sistemas agrários do Rio Grande do Sul, Silva Neto et al; (2002) destacou que há uma urgente necessidade de se considerar aspectos como a estrutura fundiária e as diferenças de acumulação de capital entre os agricultores, para a formulação de projetos de desenvolvimento, caso contrário as desigualdades existentes podem aumentar.

Segundo Mazoyer (1992-1993), para que os projetos de desenvolvimento agrícola sejam apropriados às condições, possibilidades e dificuldades de certa agricultura, é preciso que a formulação, seleção e identificação seja precedida de uma análise-diagnóstico metódica da situação e da evolução dessa agricultura em questão. Para que as formulações de proposição de desenvolvimento tenham sucesso é necessário se apoiar sobre um arcabouço de conhecimentos relativos à estrutura, funcionamento e dinâmica dos sistemas agrários.

1.2 CONCEITO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO

O sistema de produção é a combinação das produções e dos fatores de produção (terra, trabalho e capital de exploração) na unidade de produção agrícola (CHOMBART DE LAUWE, POITEVIN & TIRELJ, 1964).

Um sistema de produção é caracterizado pela determinação dos principais fluxos presentes nos diferentes tipos de unidades de produção. Tem por objetivo detectar a época e a intensidade dos estrangulamentos relativos à disponibilidade de mão-de-obra, de equipamentos e de capital circulante (DE CONTI, 2005).

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A evolução de cada tipo de produtor e de cada sistema de produção é determinada por fatores ecológicos, técnicos, sociais e econômicos que se relacionam entre si e a permanência ou não de um determinado tipo de produtor depende de sua capacidade de se adaptar às mudanças de seus resultados econômicos (GARCIA FILHO, 1999).

1.3 ANÁLISE DOS SISTEMAS AGRÁRIOS

A análise-diagnóstico dos Sistemas Agrários tem como principal objetivo identificar e classificar os elementos de toda a natureza (agroecológica, técnica e sócio-econômica) que mais condicionam a evolução dos sistemas de produção, destacando as principais tendências atuais do desenvolvimento agrícola e os problemas que afetam as diversas categorias e agentes econômicos mais ou menos diretamente envolvidos (DE CONTI, 2005).

Trata-se de caracterizar os agricultores e seus sistemas de produção técnica, econômica e socialmente para então compreender realmente o que eles fazem, as razões pelas quais fazem seu sistema de produção e posteriormente quais seriam as condições que pudessem provocar mudanças significativas no comportamento (DE CONTI, 2005).

Para Garcia Filho (1999), a complexidade dos sistemas agrários é originário dos diferentes ecossistemas, que impõem limites ou representam potenciais para a realização das atividades agrícolas. Nem todos os produtores apresentam o mesmo nível de capitalização, a mesma forma de acesso a terra, aos recursos naturais, financiamentos, etc., devido as suas condições sócio-econômicas, seus critérios de decisão, pelas suas práticas agrícolas e seus sistemas de produção, gerando certa diversidade.

Segundo Garcia Filho (1999), deve-se buscar entender quais os limites e potenciais da infra-estrutura e do ecossistema local, quem são os agentes que interferem na produção agrícola e como eles agem.

A análise-diagnóstico possibilita compreender as situações agrárias, as quais agem fenômenos ecológicos, técnicos, econômicos, sociais, culturais e políticos, sendo que o fundamental é compreender as diversas interações que há entre esses fenômenos. Além de representar fenômenos regionais, a análise-diagnóstico deve considerar as diferenças dos fatos observados bem como explicar as suas causas. Deve-se fazer frequentemente a elaboração de zoneamentos, classificações e tipologias tentando

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destacar os fatores da diferenciação que permitiram definir diferentes zonas, grupos ou tipos identificados (DE CONTI, 2005).

1.4 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE SISTEMAS AGRÁRIOS

1.4.1 Objetivos e Princípios Gerais

O diagnóstico de sistemas agrários tem como seu principal objetivo contribuir para a elaboração de linhas estratégicas, definindo projetos de desenvolvimento (GARCIA FILHO, 1999).

É preciso buscar a explicação e a descrição dos fenômenos observados, para isso é necessário manter a perspectiva histórica em todas as etapas do método e realizar uma avaliação econômica dos diferentes sistemas de produção, sob o ponto de vista do produtor e da sociedade. Cada sistema agrário é caracterizado pela sua diversidade, podendo ser diferenciado através do zoneamento agroecológico, da tipologia de produtores e de sistemas de produção.

Busca-se através destes, analisar a capacidade e as possibilidades de reprodução econômica dos agricultores. A capacidade de reprodução das unidades de produção e dos agricultores é avaliada com base em um nível mínimo de renda necessário para assegurar a viabilidade do sistema de produção no curto e longo prazo bem como satisfazer as necessidades e bens de consumo dos agricultores. A análise das possibilidades de reprodução consiste na identificação de sistemas de produção e de condições que possam contribuir para o aumento da produtividade e da renda dos agricultores.

Assim, a seleção dos níveis de análise do diagnóstico depende da problemática do caso estudado, para cada caso são utilizadas ferramentas diferentes, tanto qualitativas como quantitativas.

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1.4.2 Análise Global da Região

1.4.2.1 Leitura da Paisagem

Para a análise da paisagem percorre-se todo o perímetro do município’observando as diferenças de relevo, ocupação das terras, tipos de atividades, entre outros aspectos no intuito de diferenciar as áreas e delimita-las em microrregiões. Os objetivos da leitura da paisagem compreendem a caracterização das heterogeneidades da região caso existam; identificação dos diferentes tipos de agricultura existentes; identificação dos condicionantes ecológicos dessas atividades, compreensão das relações entre homem e ecossistema e assim entender a heterogeneidade e a formação dessa paisagem.

É realizada a análise da paisagem pelo fato de elas oferecerem as primeiras informações importantes para o diagnóstico. Ao observa-las podem-se obter informações indispensáveis sobre as diversas formas de exploração de manejo do meio ambiente e sobre as práticas agrícolas e suas condições ecológicas, além de, levantar questionamentos sobre as razões históricas dessas diferenças.

1.4.2.2 História Agrária

Esta fase busca coletar dados que resgatem, junto aos agricultores, a evolução das condições e das práticas agrícolas na história das paisagens de estudo, ou seja analisar as bases de mudanças nos sistemas de produção compreendendo a relação dos fatos ecológicos, sócio-econômicos e técnicos que formaram a diversidade de situações sócio-econômicas e traduziram em diferenciação social. As entrevistas são feitas junto aos agricultores mais antigos e parte do pressuposto de que estes possuam conhecimento e experiência das práticas agrícolas ao longo da história agrícola da região. A elaboração de uma pré-tipologia e hipóteses sobre a diferenciação dos sistemas de produção é o principal produto esperado.

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1.4.3 Tipologia de Produtores e de Sistemas de Produção

Cada produtor trabalha em condições ambientais e sócio-econômicas diferentes, que resultam em evoluções distintas, em níveis desiguais de capitalização e de decisão e otimização dos recursos disponíveis. A maior parte dos agricultores fazem escolhas diferenciadas referentes a culturas, criações, técnicas, práticas agrícolas, etc.

A elaboração de uma tipologia das unidades de produção agropecuárias visa o estudo dos diferentes subsistemas, para análise do funcionamento interno do sistema agrário. A elaboração de tipologias consiste em agrupar as unidades de produção segundo os grandes tipos de sistema de produção praticados. Cada tipo de unidade de produção possui maior ou menor possibilidade de assegurar a sua reprodução social no longo prazo, assumindo assim um papel específico na tendência de transformação do sistema agrário.

1.4.4 Caracterização Técnica dos Sistemas de Produção

É necessário analisar cada sistema de produção, através do estudo das praticas agrícolas e econômicas de cada grupo de agricultores, isso permite identificar os problemas técnicos, ambientais e econômicos enfrentados, possibilitando, compreender as tendências de evolução de cada grupo em particular e do sistema como um todo.

Neste trabalho será utilizado o método de amostragens dirigidas, obtendo amostras com produtores mais representativos de cada tipo de sistema de produção, revelando sua diversidade e tendências de sistemas de produção.

Sendo de fundamental importância conhecer a história e evolução da família, sua trajetória de acumulação ou de descapitalização, etc., pois permite saber como o sistema de produção e as decisões foram definidas, identificando os eventos que promoveram a situação em que se encontra o nível do capital e as conseqüentes modificações nos sistemas de produção. Além disso, saber quais são os recursos disponíveis (mão de obra, áreas cultivadas, capital fixo, formas de aquisição de bens, acesso do produtor a créditos e subsídios, etc...).

Para conhecer os subsistemas de cultura ou de criação, será necessário analisar os itinerários técnicos, as rotações e consorciações, o calendário de trabalho, a necessidade de mão-de-obra, os custos de produção, etc., relacionando este conjunto de

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aspectos com o potencial da área, com as formas de ocupação da terra, com a legislação vigente e com as condições de comercialização.

1.4.5 Avaliação Econômica dos Sistemas de Produção

Esta análise permite avaliar o potencial de capital investido para cada categoria de produtor, analisar as relações sociais que caracterizam cada tipo de unidade de produção e o sistema agrário como um todo, e conhecer os fundamentos econômicos das associações de atividades e práticas agrícolas dos produtores. Esta avaliação pode ser feita do ponto de vista do produtor, que se preocupa com a renda agrícola que o sistema de produção lhe oferece, e sob o ponto de vista da sociedade, a qual interessa a quantidade de riqueza que é gerada pelo sistema de produção.

1.4.5.1 O valor agregado

O valor agregado (VA) do sistema de produção é igual ao valor que se produziu menos o valor do que ele consumiu:

VA = PB - CI - D

VA – Valor Agregado.

PB - Produto Bruto (valor produção física total da unidade de produção).

CI – Consumo Intermediário (custos utilizados para efetuar a produção, não são incluídos salários).

D – Depreciação de bens e equipamentos (utilizados no processo produtivo).

Para a sociedade um valor agregado maior significa um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. Pode-se calcular, então, o valor agregado por unidade de área (VA/SAU), e a produtividade do trabalho (VA/UT), onde SAU é a superfície agrícola útil.

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1.4.5.2 A renda agrícola

Constitui a renda agrícola do produtor ou parte do valor agregado, pois dele é descontado o arrendamento de terras (quando o faz), os juros (quando toma empréstimos) e contratação de mão-de-obra assalariada (permanente ou temporária), e quando o produtor receber subsídios do governo, este deve ser somado à renda agrícola.

RA = VA – S – I – J – RT + (Sub)

RA – Renda agrícola do produtor e sua família; VA – Valor agregado liquido;

S – Salários pagos aos trabalhadores de fora da unidade de produção; I – Impostos diretos e indiretos pagos ao Estado;

J – Juros de empréstimos contraídos pagos aos bancos ou credores; RT – Arrendamentos;

Sub – Subsídios agrícolas recebidos pelo agricultor.

Para a realização destes cálculos, as informações são obtidas através de entrevistas dirigidas, escolhidas em função da pré-tipologia e que possuam as principais características dos tipos pré-estabelecidos.

1.4.6 Elaboração de Linhas Estratégicas de Desenvolvimento

Tem como objetivo identificar a problemática de desenvolvimento da agricultura local, definir o publico alvo prioritário, os diferentes níveis de intervenção, as atividades com potencial a serem incentivadas nos projetos e as condições necessárias para a promoção do desenvolvimento do publico alvo. Esses elementos compõem as linhas estratégicas do desenvolvimento rural, que irão fornecer dados necessários para a elaboração dos programas e projetos de desenvolvimento da agricultura.

São analisados ainda os principais sistemas de produção, onde se busca avaliar as potencialidades e limitações que enfrentam para a melhoria das condições de reprodução social. Pois, um agricultor só programa um determinado sistema produtivo se ele corresponder ao seu interesse ou às suas estratégias.

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A implantação de projetos de desenvolvimento ou a modificação técnica podem trazer conseqüências muito diferentes ou até opostas para cada tipo de produtor. Se a sociedade tiver interesse de que os agricultores modifiquem seus sistemas de produção, deverá incentivá-los, através de linhas de crédito e subsídios financeiros.

1.5 PLANEJAMENTO E O PROJETO

O planejamento orienta o empreendimento. Segundo Robbins (2004), planejamento envolve a definição dos objetivos ou metas do sistema produtivo, o estabelecimento de uma estratégia geral para atingir esses objetivos, e o desenvolvimento de uma hierarquia abrangente de projetos para integrar e coordenar as atividades. Ele diz respeito, portanto, ao fim (o que deve ser feito) assim como os meios (como deve ser feito).

Para Robbins (2004), o planejamento formal reduz a incerteza, forçando os produtores a olhar para frente, a antecipar as mudanças, a considerar o impacto destas e a elaborar respostas apropriadas. O planejamento também reduz o desperdício de atividades e evita redundâncias. Quando os meios e os fins são claros, as ineficiências se tornam óbvias. O planejamento estabelece objetivos ou padrões que facilitam o controle.

O projeto é um instrumento técnico-administrativo que permita avaliar e decidir quais serão as alternativas de investimentos, os efeitos em termos de rentabilidade e eficiência econômica e os impactos de ponto de vista social e ambiental (BUARQUE, 1991).

Os projetos devem resolver prioritariamente os problemas técnico-econômicos com os quais os produtores se defrontam crucialmente: reposição da fertilidade dos solos, picos de trabalho, balanço alimentar dos animais, controle de plantas invasoras, etc. Convém evitar confronto sucessivo com os pontos de estrangulamento que os agricultores se deparam na condução dos seus sistemas de produção e considerar as condições agroecológicas, os meios e os conhecimentos técnicos já adquiridos nas suas explorações (MAZOYER).

Conjunto de etapas que envolvem a elaboração e avaliação de projetos:

→ Diagnóstico da situação: consiste em caracterizar o problema a ser resolvido, no qual se estabelece os objetivos e as metas que se deseja alcançar;

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→ Estudo do mercado: busca reunir informações e conhecimentos para dimensionar a demanda atual ou futura do bem ou serviço em análise, bem como identificar os principais fatores que influenciam ou determinam essa procura e o estabelecimento do preço do bem ou serviço;

→ Localização: seus fatores são os materiais de produção, mão-de-obra, terra, clima, topografia, logística, mercado, financiamentos, subsídios, etc...

→ Tamanho: é a capacidade de produção durante um período, é obtido através da quantidade e dinamismo do mercado;

→ Engenharia: é a descrição e quantificação do processo físico da produção, tem como objetivo definir os elementos que compõem o sistema de forma detalhada e precisa que permita a montagem e o funcionamento da unidade produtiva;

→ Orçamento: tem como objetivo estimar o valor do investimento, dos custos e da receita do projeto;

→ Avaliação e análise da viabilidade: tem como procedimentos: - Receita Bruta (RB): valor anual da produção a ser comercializada;

- Margem Bruta (MB): é a sobra, obtida através do valor das receitas menos o valor dos custos variáveis. Indica o grau de intensificação e compara o desempenho das diferentes atividades produtivas;

- Renda Liquida (RL): é o resultado econômico líquido, parte do valor bruto a ser gerado no projeto que sobrará para remunerar o produtor;

- Fluxo Econômico do projeto (Flec): é a contribuição anual do projeto, é representado pelo valor da renda líquida (RL) anual acrescido do valor anual da depreciação do capital fixo;

→ Capacidade de pagamento do capital investido:

- Amortização do Capital (AM): devolução do dinheiro financiado ao banco credor conforme as condições de pagamento pré-estabelecidas;

- Juros: referente aos empréstimos segundo uma taxa pré-estabelecida;

-Prestação: parcela a ser paga aos credores, valor do capital e acréscimos correspondentes aos juros;

- Saldo Devedor (SD): valor da dívida que resta a ser pago após cada amortização do capital;

- Saldo Líquido de Caixa: valor anual disponível em caixa após efetuar todos pagamentos previstos na execução do orçamento do projeto;

Existem vários critérios para determinar a rentabilidade de um projeto do ponto de vista privado: o tempo de retorno do capital (PRK), a taxa interna de retorno (TIR), valor presente líquido (VPL) e a rentabilidade simples. Valor Presente Líquido trata-se da atualização dos valores projetados no futuro para os dias atuais. Sobre o fluxo econômico anual projetado aplica-se uma taxa de atualização (desconto) equivalente a

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remuneração do capital investido. Esta taxa de atualização deve corresponder ao custo de oportunidade do capital (BUARQUE, 1991).

Segundo BUARQUE (1991), a TIR representa a rentabilidade do capital investido evidenciado, portanto, o ganho anual (taxa de juro) com a aplicação do capital no projeto. Serve para comparar diferentes projetos entre si e compará-los com a rentabilidade geral possível na economia (custo de oportunidade do capital), ou seja, deve-se comparar com o custo financeiro monetário do país. Quanto maior a TIR mais atraente será o projeto e para ser aceitável nunca deverá ser inferior ao custo de oportunidade do capital.

O período de retorno do capital representa o tempo necessário para a recuperação do capital investido, isto é, quanto tempo levará para recuperar o capital investido no projeto.

A avaliação econômica dos projetos de desenvolvimento agrícola tem por objetivo comparar as vantagens e os inconvenientes da sua respectiva execução para toda sociedade (DUFUMIER, 1996).

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2. METODOLOGIA

A pesquisa é um conjunto de procedimentos estudados com o objetivo de solucionar os problemas propostos, através do emprego de processos científicos.

Conforme Gil (1991), as pesquisas são classificadas em três grandes grupos:

● Pesquisa exploratória: tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

● Pesquisa descritiva: expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.

● Pesquisa explicativa: a preocupação central é identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.

Este estudo pode ser considerado uma “pesquisa exploratória, uma vez que é realizada em uma área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado”. Pode se tratar de uma “pesquisa descritiva, porque expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Também é uma “pesquisa explicativa, pois procura explicar qual é a problemática do presente trabalho”.

A obtenção dos dados para a elaboração deste estudo ocorreu através de observação direta (entrevistas com os agricultores), das operações e dos itinerários técnicos que compõem os sistemas de cultura e de criação, podendo identificar uma grande variedade de sistemas de produção em um mesmo sistema agrário. Uma coleta de dados é de fundamental importância para a compreensão das transformações e das ações que fundamentam essas mudanças na agricultura.

Os dados e as informações foram obtidos durante a disciplina de estágio II, ministrada em julho de 2010 no município de Panambi, aos alunos do curso de Agronomia da UNIJUÍ, a qual se fundamenta na Teoria de Sistemas Agrários.

Os projetos de desenvolvimento para os tipos de agricultores foram elaborados a partir das alternativas estratégicas identificadas no referido estudo, onde duas atividades

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foram recomendadas: a atividade leiteira e a suinocultura integrada. Como público alvo foi definido dois tipos de agricultores: Familiar Leite Grãos Pequeno Porte (PP) e Familiar Leite Pequeno Porte (PP).

O trabalho de elaboração dos projetos obedeceu aos seguintes passos:

O primeiro passo começa pelo diagnóstico e justificativa do projeto que consiste na caracterização do problema a ser estudado ou da oportunidade de negócio a ser construída. Com base no diagnóstico da situação que envolve o projeto foi estabelecido os objetivos e as metas para alcançar com o empreendimento e com o projeto.

O segundo passo foi o estudo do mercado, para dimensionar a demanda do produto a ser ofertado. O estudo do mercado determinou o terceiro passo, que é a definição da localização e do tamanho do empreendimento.

O quarto passo foi elaborado um orçamento detalhado com a previsão da necessidade de investimento, de custos e de ingressos (receitas) com o empreendimento. O orçamento serve de referência para a avaliação econômica e para a análise da viabilidade do projeto encerrando assim a fase de elaboração.

(27)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA DO MUNICÍPIO

Os dados e informações para a caracterização e análise-diagnóstico da agricultura de Panambi, foram retirados do relatório de trabalho realizado pelo Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, que tem como título: Dinâmica e Estratégias de Desenvolvimento Agrícola do Município de Panambi-RS.

3.1.1 Características Ambientais e Socioeconômicas

O município de Panambi situa-se na região Noroeste Rio-grandense do Estado do Rio Grande do Sul. As terras que hoje integram o Município, outrora pertenciam aos municípios de Cruz Alta e Palmeira das Missões. A data de criação do município ocorreu em 15 de dezembro de 1954. Panambi possui, conforme dados do IBGE, uma área territorial de 490,9 km2.

Do ponto de vista do Zoneamento Agroclimático, Panambi pertence à mesorregião Noroeste Rio-Grandense e a microrregião de Ijuí, não apresentando importantes limitações climáticas para o desenvolvimento de um conjunto relativamente grande de atividades agropecuárias.

Com relação à estrutura fundiária, o município caracteriza-se por apresentar uma alta concentração fundiária. Conforme pode ser observado na Tabela 1, em 2006 cerca de 52,8 % dos estabelecimentos possuíam menos de 20 ha de terra e detinham apenas 10,5 % da área agrícola total. Em torno de 16 % dos estabelecimentos agropecuários possuíam mais de 50 ha de terra e ocupavam 65 % da área agrícola total.

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Tabela 1: Estrutura fundiária do município de Panambi – RS. Área (ha) Número

Estabelecimentos Percentual estabelecimento Área Total (ha) Percentual Área 0 – 5 194 18,83 452 1,11 5 – 10 149 14,47 1.006 2,47 10 - 20 201 19,51 2.816 6,92 20 - 50 320 31,07 9.800 24,10 50 - 100 91 8,84 5.892 14,49 100 - 200 44 4,27 5.381 13,23 200 - 500 23 2,23 7.683 18,90 500 - 1000 5 0,49 3.748 9,21 1000 - 2500 3 0,29 3.892 9,57 TOTAL 1.030 100,00 40.670 100,00

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2006).

O estrato de área que concentra o maior número de estabelecimentos é de 20-50 hectares com 31,0 % e detêm 24 % da área total. Observa-se também que 18,8 % dos estabelecimentos possuem de 0-5 hectares e detêm apenas 1,1 % da área.

A produção de grãos tem grande importância econômica no município. Na agricultura, percebe-se a partir da Figura 1 que ao longo dos anos a cultura da soja se destaca comparativamente à produção de milho e trigo, atingindo em 2005 cerca de 31.000 ha. A produção de trigo atingiu sua área máxima no ano de 2004, em torno 13.000 ha destinados à cultura. A cultura do milho nos últimos anos se estabilizou em torno de 3.000 hectares. 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Ano P ro d u ç ã o ( h a )

Milho (ha) Soja (ha) Trigo (ha)

Figura 1: Área colhida dos principais cultivos. Fonte: IBGE (2010).

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A figura 2 apresenta a evolução do número de vacas ordenhadas no município de Panambi. Depois de altos e baixos, mais recentemente o número de animais tem se estabilizado em torno de 5.000 vacas ordenhadas diariamente.

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Anos Vacas Ordenhadas

Figura 2: Evolução da produção leiteira e do número de vacas ordenhadas Fonte: IBGE (2010).

De acordo com os dados constantes da figura 3, no ano de 2008 o município possuía uma população de 36.810 habitantes, dos quais 91 % residiam na zona urbana e 9 % na zona rural. A população total cresceu continuadamente, observa-se na figura abaixo que a população rural vem diminuindo ano a ano enquanto que a urbana vem aumentando.

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0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Ano Po p u la ç ã o

Total Rural Urbana

Figura 3: Evolução da população do município de Panambi – RS Fonte: Projeção FEE/CIE/NPE (2010).

Uma das causas para esse aumento da população, provavelmente, seja em função das indústrias instaladas no município, fator que pode explicar também a diminuição da população rural, atraída pela oferta de empregos na cidade.

3.1.2 Zoneamento Agroecológico do Município

As transformações que ocorreram na paisagem desde o início da colonização até os dias atuais configuraram quatro regiões distintas do ponto de vista do desenvolvimento agrícola do município de Panambi, conforme indica a Figura 4.

A microrregião 1, denominada no estudo de “agricultura de pequena produção familiar”, localizada ao noroeste e norte do município, engloba as localidades de Assis Brasil, Barra do Fiúza, Rincão Fundo, Rincão Frente, Linha Brasil, Morengaba, parte de Entre Rios, parte de Gramado, Linha Jaciandi e Morengaba, entre outras. A hidrografia é composta principalmente pelos rios Caxambu, Ijuí, Fiúza e Palmeira, o relevo é ondulado, com áreas mais declivosas, solo raso e pequenos afloramentos de rocha. A densidade demográfica é relativamente mais alta do que nas outras microrregiões.

A agricultura é praticada, predominantemente, por pequenos agricultores familiares pouco capitalizados ou em processo de descapitalização. Os agricultores possuem tração animal e a mecanização é incompleta, a superfície agrícola por unidade de produção é relativamente pequena, a infra-estrutura (instalações), em geral, se

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encontra em estado regular/precário de conservação. Os sistemas de produção são constituídos basicamente pela produção de soja e milho (pequena escala) e de leite relativamente extensivo (rebanho misto e poucas áreas de pastagem), além da produção para subsistência.

A microrregião 2, denominada de “agricultura diversificada”, abrange a parte da sudoeste do município e envolve as localidades de Linha Caxambu, Ocearu, Jacicema, Linha Passo das Rochas, Linha Inhame, Maranei e parte de Gramado. Caracteriza-se por apresentar solos mais profundos e relevo levemente ondulado. O Rio Caxambu está presente nessa microrregião.

Predomina agricultores familiares mais capitalizados do que na microrregião 1, com predominância de tração mecanizada e instalações em bom estado de conservação. As unidades de produção são de médio porte, mais distante umas das outras, o que indica a menor densidade demográfica da microrregião.

A produção agrícola é mais diversificada, com sistemas de produção constituídos pelo cultivo de grãos (soja e trigo) combinados com a atividade leiteira que é predominantemente de média e grande escala, e é desenvolvida de forma mais intensiva. A fruticultura também está presente nessa microrregião, além de agroindústria de derivados de citros.

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Figura 4: Microrregiões Geográficas do Município de Panambi – RS. Fonte: BASSO, N., DE OLIVEIRA HENRIQUES, A., Ijuí, 2010.

A microrregião 3, “agricultura especializada e capitalizada”, localizada ao leste e sudeste, também envolve parte do noroeste do município, e engloba as localidades de Linha Serrana, Pinheirinho, Boa Vista, Encarnação e parte de Entre Rios, entre outras. Apresenta relevo plano facilitando a mecanização das lavouras, solos vermelhos, profundos, irrigados por arroios e pelo rio Caxambu.

As unidades de produção agropecuárias predominantes são patronais e familiares de médio e grande porte, com alto nível de capitalização, bem estruturadas com tração mecanizada completa e instalações em ótimo estado de conservação. A densidade demográfica dessa microrregião é relativamente mais baixa do que nas outras microrregiões.

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A produção de grãos é especializada e predominante na paisagem da microrregião. No verão, a produção vegetal baseia-se na cultura da soja e milho. No inverno além da produção de trigo e aveia, a engorda de gado de corte também está presente, desenvolvida em integração lavoura-pecuária no inverno.

A microrregião 4, “agricultura diversificada (menos intensiva)”, localizada no nordeste do município, compreende as localidades de Iriapira I, Iriapira II, parte da Linha Imbará e parte do Pontão do Fiúza. Essa microrregião possui características agroecológicas parecidas com a microrregião 1.

Essa microrregião se difere da microrregião 1 por apresentar sistemas de produção mais diversificados, combinados geralmente com a produção de grãos (principalmente soja e trigo) e com a produção leiteira, gado de corte em pequenos lotes e a atividade da suinocultura. Verifica-se ainda a produção de hortaliças e reflorestamento.

3.1.3 Tipos de Agricultores e Sistemas de Produção

As transformações ocorridas ao longo do processo de evolução e diferenciação da agricultura no município de Panambi acentuaram a diferenciação das condições e formas de se produzir na agricultura, aumentando a diversidade entre os agricultores e os sistemas de produção praticados por eles.

Para tornar compreensível a diversidade da agricultura, inicialmente os agricultores foram identificados e agrupados em três categorias socioeconômicas, segundo as relações de produção (familiares, patronais, minifundiários), de propriedade (arrendatários, meeiros, proprietários, etc.) e de troca (relação com o mercado) que mantêm.

A categoria de agricultores patronais é composta majoritariamente por agricultores que se localizam na microrregião de agricultura especializada e capitalizada, os quais possuem um grau de capitalização relativamente elevado, unidades de produção com áreas relativamente maiores e tração mecanizada completa, e empregam mão-de-obra contratada de forma permanente. Os agricultores familiares empregam exclusivamente mão-de-obra familiar e estão distribuídos por todo território do município. Os agricultores familiares capitalizados possuem maior extensão de terra e mecanização completa, enquanto os descapitalizados possuem menor extensão de terra e mecanização incompleta ou tração animal.

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A categoria dos minifundiários é constituída de agricultores familiares que, em função da pequena superfície agrícola que possuem, recorrem ao trabalho assalariado temporário, para garantir a reprodução da família e da unidade de produção. Geralmente, são descendentes de agricultores familiares que, ao longo de suas trajetórias de evolução, não conseguiram um nível de acumulação de capital suficiente para atingir as condições de reprodução socioeconômica ampliada dos membros do grupo familiar.

A análise realizada evidenciou que a grande maioria dos agricultores do município é do tipo familiar, que praticam suas atividades produtivas em dez tipos básicos de unidades de produção, a saber:

Patronal Grãos Mecanização Completa (MC) Grande Porte (GP); Patronal Leite Intensivo Grãos;

Familiar Grãos Mecanização Completa (MC);

Familiar Grãos Suíno Gado Mecanização Completa (MC); Familiar Leite Grãos Pequeno Porte (PP);

Familiar Leite Grãos em Capitalização - Mecanização Incompleta (MI); Familiar Grãos Leite (MC);

Familiar Leite (MI);

Familiar Leite Pequeno Porte (PP); Familiar Grãos Gado (MC).

Além desses sistemas de produção, foram identificados casos de sistemas baseados em atividades de agroindústria, leite, gado e grãos, a saber:

Familiar Hortaliças/Grãos;

Familiar/Patronal Citros/Feira/Leite/Soja; Patronal Grãos/Laranja/Ovino.

Na figura 5, verifica-se alguns tipos familiares que não conseguem renda suficiente para remunerar o trabalho familiar em níveis superiores ao salário mínimo.

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-23.000,00 -17.000,00 -11.000,00 -5.000,00 1.000,00 7.000,00 13.000,00 19.000,00 25.000,00 31.000,00 37.000,00 43.000,00 49.000,00 55.000,00 61.000,00 67.000,00 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 SAU/UTf RW

Familiar Leite PP (a=2.220) Caso Familiar Citrus/Feira/Leite/Soja (a=4.315) Familiar Leite/Grãos PP (a=1.156) Familiar Leite/Grãos MI (a=2.017)

Familiar Leite MI (a=2.074) Caso Familiar Hortaliças/Grãos (a=2.528) Familiar Grãos/Leite MC (a=1.474) Familiar Grãos/Gado MC (a=933) Familiar Grãos/Suíno MI (a=1.285) Familiar Grãos MC (a=888) NRS=6.630

Figura 5: Sistemas de produção familiares, nível de intensificação e remuneração do trabalho familiar, em Panambi - RS.

3.2 Caracterização e Análise dos Tipos de Agricultores Alvos dos Projetos:

O objetivo da análise econômica é avaliar a capacidade de geração de riquezas para a sociedade (indicada pelo valor agregado), a viabilidade econômica da unidade de produção, indicada pela renda agrícola obtida pelo sistema de produção desenvolvido, bem como a capacidade de cada sistema de produção agropecuário para assegurar o nível de reprodução social do tipo de agricultor que o desenvolve.

Os dados da tabela 2 permitem comparar a remuneração média de um trabalhador (RA/UTF) com o custo de oportunidade de mão-de-obra, estimado em um salário mínimo mensal – R$ 510,00, incluindo o 13o salário.

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Tabela 2: Capacidade de Reprodução Social (RA/UTF x NRS) Categoria Social/Sistema de

Produção RA/UTF NRS

Familiar Leite Grãos Pequeno Porte 5.369,83 6.630,00 Familiar Leite Pequeno Porte 5.481,66 6.630,00

Fonte: Dados de Pesquisa, 2010.

Observando os dados da tabela 2, essas duas categorias sociais são caracterizadas como pequenos agricultores familiares e minifundiários que não conseguem renda suficiente para remunerar o trabalho familiar em níveis superiores ao salário mínimo. São os tipos que possuem superfícies agrícolas relativamente pequenas, dos quais merecem destaque para através de projetos de desenvolvimento elevar o seu nível de reprodução social.

Essa estratégia implica avaliar a possibilidade de implantação ou intensificação da produção dos tipos familiares pouco capitalizados, que possuem pequenas superfícies e que encontram dificuldades de se reproduzirem sócio e economicamente na atividade agrícola, como é o caso do tipo familiar leite grãos pequeno porte e do tipo familiar leite pequeno porte.

3.3 Projetos de Desenvolvimento para os Agricultores Alvos

A análise-diagnóstico da agricultura de Panambi nos permite identificar dois cenários. O primeiro atualmente em curso pode ser caracterizado como um novo processo de concentração dos recursos produtivos, possivelmente pelos tipos de agricultores patronais e parte dos familiares em capitalização. Neste cenário, os agricultores familiares pouco capitalizados e que encontram dificuldades para se reproduzirem economicamente, tendem a desaparecer. O segundo, pode ser caracterizado como um projeto de inclusão produtiva, onde seriam tomadas medidas para promover o desenvolvimento daqueles tipos de agricultores que encontram dificuldades para atingir seu nível de reprodução social; isso, através de projetos de intensificação e modernização dos sistemas de produção ou melhoria das condições de trabalho.

Considerando o segundo cenário, dois tipos de agricultores, foram escolhidos como público alvo para a elaboração de projetos de desenvolvimento agrícola do

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município que contrapõe o processo atualmente em curso: Familiar Leite Grãos Pequeno Porte e Familiar Leite Pequeno Porte, ambos localizados na microrregião 1.

3.3.1 Intensificação e Modernização da Atividade Leiteira em Unidades de Produção Familiar Leite Grãos Pequeno Porte (PP)

3.3.1.1. Situação Atual do Tipo Familiar Leite Grãos Pequeno Porte (PP)

Localizados predominantemente na microrregião 1, são agricultores que possuem superfícies agrícolas em torno 15 hectares.

Para mostrar a situação desse tipo de agricultor escolheu-se uma unidade produtiva com 20 hectares de Superfície Total (ST) e 13 hectares de Superfície Agrícola Útil (SAU) onde a mão-de-obra é exclusivamente familiar, basicamente 1,5 unidades de trabalho familiar. Possui mecanização incompleta para grãos e equipamentos específicos para a atividade leiteira (resfriador, ordenhadeira e ensiladeira).

O rebanho leiteiro é composto por um plantel de 18 animais, dos quais 8 em lactação com rendimentos médios de 12,5 litros/vaca/dia, além de outros animais (vacas secas, novilhas). Além dos 2 hectares de potreiro (pastagem permanente), no verão destinam 4 hectares de milho (para produção de silagem e grãos) para alimentação do rebanho leiteiro, 5 hectares de soja e 2 hectares de milho para comercialização. No inverno são cultivados 8 hectares de aveia/azevém para o pastejo dos animais.

Esse sistema de produção gera um VAB de R$ 15.745,00, sendo que o leite contribui com 62 %, a soja com 18 %, a subsistência com 15,5 % e o milho com 4,5 %. Também comercializam as vacas de descarte, as quais contribuem com 13 % do VAB. A Renda Agrícola por unidade de trabalho familiar é de R$ 5.370,00, sendo que a subsistência contribui com R$ 1.640,00, o leite contribui com R$ 770,00 por hectare, a soja com R$ 540,00 por hectare e o milho com R$ 325,00 por hectare, de acordo com os dados constantes na figura 6.

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(4.000,00) (2.000,00) -2.000,00 4.000,00 6.000,00 8.000,00 0 2 4 6 8 10 12 14 16 SAU /UTF R A /U TF

Soja (a=540,00) Milho (a=325,00)

Leite (a=770,00) Subsistência (a=1.640,00) NRS=6.630,00

Figura 6: Modelo da Composição da Renda Agrícola do tipo Familiar Leite Grãos PP

A tabela 3 mostra os resultados econômicos globais deste tipo de sistema de produção.

Tabela 3: Resultados econômicos globais do sistema de produção Familiar Leite Grãos PP – Panambi

Indicadores Valores Indicadores Valores

Unidade Trabalho (UT) 1,5 Produção Bruta (PB) 34.785,50

Unid. Trabalho Familiar (UTF) 1,5 Consumo Intermediário (CI) 19.039,81 Superfície Agrícola Útil (SAU) 13 Valor Agregado Bruto (VAB) 15.745,69

Superfície Total (ST) 20 Depreciação (D) 6.699,33

Superfície Arrendada 0 Valor Agregado Líquido (VAL) 9.046,36

RA/UTF 5.369,83 Distribuição Valor Agregado (DVA) 991,62

VAL/UTF 6.030,91 Renda Agrícola (RA) 8.054,74

Fonte: Dados de Pesquisa, 2010.

A tabela 4 mostra os resultados econômicos das atividades agropecuárias, e como podemos observar, a atividade leiteira contribui com 61,75 % do valor agregado bruto (VAB) global da unidade de produção e o milho grão para comércio com apenas 4,53 % deste valor. Esses valores mostram o grau de dependência que a unidade de produção tem frente à atividade leiteira.

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Tabela 4: Composição dos resultados econômicos globais e por atividade.

Atividades Área VAB / há VAB

% Contribuição VAB

Soja 5 569,17 2.845,86 18,07

Milho grão com. 2 357,07 714,14 4,53

Leite 12 810,31 9.723,75 61,75

Subsistência 1,5 1.641,29 2.461,94 15,63

Total 15.745,69 100,00

Fonte: Dados de Pesquisa, 2010.

3.3.1.2 Proposta Técnica para Intensificação e Modernização da Atividade Leiteira

Um tipo representa um conjunto de agricultores que apresentam características mais ou menos semelhantes. A proposta de intervenção para o tipo familiar leite grãos de pequeno porte visa melhorar o nível de reprodução social dos agricultores com características semelhantes, através da intensificação e da modernização da atividade leiteira. Para a implantação deste projeto será necessário aumentar a área de produção de forragem, terminando consequentemente com a área de produção de milho para o comércio. Adquirir 4 vacas leiteiras para aumentar o plantel de vacas em lactação, aumentar a capacidade do resfriador e modernizar o sistema produtivo, investindo em uma ordenhadeira canalizada.

Com a utilização de um balanço forrageiro foi possível simular as áreas de forragens, de acordo com as necessidades de energia e proteína do sistema de criação e de acordo com o nível de produção projetado, equivalente a 15 litros/vaca/dia.

Para atingir o nível de produção proposta, o sistema de alimentação do plantel se fundamenta predominantemente em recursos extraídos da própria unidade de produção, não sendo mais necessário a compra de ração para a complementação. A área de pastagem de aveia no inverno de 8 ha se manterá a mesma, assim como a área de potreiro com 2 ha. A área de milho para silagem continuará sendo a mesma, com 4 ha (safra + safrinha), a área de 2 ha de milho grão farelo também permanecerá, só sendo substituído a área de 2 ha de milho comércio por tifton. Isso implicará no aumento dos custos com a implantação desta forrageira, mas diminuirá o custo intermediário da produção do milho e manterá a produção estimada.

A tabela 5 demonstra a proposta técnica do projeto de intensificação e modernização da atividade leiteira.

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Tabela 5: Proposta técnica de intensificação e modernização da atividade leiteira para o tipo Familiar Leite Grãos PP

Especificação Situação Atual Situação Proposta

Fatores de produção

Superfície Agrícola Total 20 20

Superfície Agrícola Útil 13 13

Unidade de Trabalho

Familiar 1,5 1,5

Máquinas e equipamentos trator MF 235 trator MF 235

Pulverizador Pulverizador

Esparamador de esterco esparamador de esterco

Ensiladeira Ensiladeira

carretão 2 eixos carretão 2 eixos carretão 1 eixo carretão 1 eixo

Resfriador resfriador 350 L. Ordenhadeira ordenhadeira canalizada grade, pe-de-pato, gerais... grade, pe-de-pato, gerais...

Triturador Triturador

concha hidraulica tombadeira concha hidraulica tombadeira Instalações galpão de madeira (68 m²) galpão de madeira (68 m²)

galpão de madeira (56 m²) galpão de madeira (56 m²) sala de ordenha de alvenaria (12 m²) sala de ordenha espinha de peixe

construções gerais de mad. (50 m²) construções gerais de mad. (50 m²)

Rebanho Pecuário Vacas em lactação 8 12 Terneiras 5 5 Novilhas 5 5 Rendimento (litros/vaca/dia) 12,5 15 Atividades Produtivas soja (ha) 5 5

milho grão comércio (ha) 2 0

milho grão farelo (ha) 2 2

milho silagem safra (há) 2 2

milho silagem safrinha (ha) 2 2

pastagem aveia (ha) 8 8

potreiro (há) 2 2

tifton (ha) 0 2

Ração Farelo sc/ano 96 0

subsistência (ha) 1 1

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Com essas modificações no sistema, o VAB/ha da atividade leiteira aumentará significativamente em R$ 1.229,23, o que permitirá um aumento expressivo na renda agrícola global da unidade de produção em R$ 15.997,94, como mostra a tabela 6. Com o projeto o consumo intermediário da unidade de produção diminui, devido não ser necessário a compra de ração e pela exclusão da atividade de milho grão comércio. Essa exclusão da atividade de milho grão comércio faz com que aumente o consumo intermediário da soja e da subsistência, consequentemente diminuindo o VAB/ha dessas duas atividades, isso se dá pelo fato da diminuição da área no rateio dos gastos gerais.

Tabela 6: Indicadores econômicos do projeto de intensificação da atividade leiteira Indicadores Situação Atual Sit. Proposta Projeto

(a partir do 3° ano) Produto Bruto 34.785,50 49.725,50 14.940,00 Consumo Intermediário 19.039,81 18.174,81 -865,00 Depreciação 6.699,33 6.948,00 248,67 Valor Agregado Bruto 15.745,69 31.550,69 15.805,00 VAB/ha global 1.211,21 2.426,98 1.215,77 VAB/ha soja 569,17 542,71 -26,46 VAB/ha leite 810,31 2.039,54 1.229,23 VAB/ha milho comércio 357,07 0,00 -357,07 VAB/ha subsistência 1.641,29 1.548,77 -92,52 Renda global 8.054,74 24.052,68 15.997,94

RA/UTF 5.369,83 15.511,63 10.141,80

Fonte: Dados de Pesquisa, 2011.

A figura 7 mostra que com as modificações propostas as atividades realizadas na unidade de produção agropecuária fazem com que a RA/UTF atinja o nível de reprodução social.

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(5.000,00) -5.000,00 10.000,00 15.000,00 20.000,00 0 2 4 6 8 10 12 14 S A U /UTF R E N D A /U TF SOJA a= 512,99 LEITE a= 1.969,80 SUBSIST a= 1.548,77 NRS = 6.630,00

Figura 7: Modelo da Composição da Renda Agrícola do tipo Familiar Leite Grãos PP com o projeto

3.3.1.3 Resultados econômicos do projeto

A implantação deste projeto exige a compra de 4 vacas leiteiras de bom padrão genético, a aquisição de um resfriador de leite FV de 350 litros da marca Fokink e a construção de uma sala de ordenha 3x2 – espinha de peixe canalizada. O montante do investimento é de R$ 43.800,00. Para realizar estas compras e construções, os agricultores dispõem da linha de crédito via PRONAF. Calculando a renda bruta do último ano, cujo valor é de R$ 34.785,50 os agricultores se enquadram nesse linha de crédito para investimentos com juros de 4% ao ano, prazo de pagamento de 8 anos e dois anos de carência.

A tabela 7 mostra a avaliação da rentabilidade do projeto, onde, de acordo com os resultados, o projeto é viável, sendo que a Taxa Interna de Retorno (TIR), a qual representa a rentabilidade do capital investido, é de 49,41 %, sendo bem maior que as taxas de juros ofertadas no mercado financeiro e bem superior ao custo de oportunidade do capital de 12 % ao ano. Outro importante indicador de viabilidade é o tempo de retorno do capital investido (PRK), que se dá no terceiro ano.

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Tabela 7: Avaliação da rentabilidade econômica do projeto

Anos

Fluxo

econômico Fluxo financeiro VPL TIR PRK

0 (43.800,00) (43.800,00) (43.800,00) (43.800,00) 1 17.206,51 (26.593,49) 15.362,96 11.516,36 (26.593,49) 2 23.229,01 (3.364,48) 18.518,02 10.405,81 (3.364,48) 3 26.514,01 23.149,53 18.872,15 7.949,56 23.149,53 4 26.514,01 49.663,54 16.850,13 5.320,66 49.663,54 5 26.514,01 76.177,55 15.044,76 3.561,14 6 26.514,01 102.691,56 13.432,82 2.383,48 7 26.514,01 129.205,57 11.993,59 1.595,27 8 26.514,01 155.719,58 10.708,56 1.067,72 Total 199.519,58 XXXXX 76.983,00 0,00

Fonte: Dados de Pesquisa, 2011. Custo de oportunidade do projeto 12% Taxa interna de retorno – TIR 49,41%

Período de recuperação do capital - PRK – anos 3º ano

Segundo os dados expostos na tabela 8, o fluxo líquido de caixa do projeto, calculado pela diferença entre o fluxo econômico anual (tabela 7) menos o valor da prestação anual, será positivo logo no primeiro ano. O que significa dizer que o projeto se paga por si só, desde o princípio.

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Tabela 8: Avaliação do Financiamento e do Fluxo Líquido de Caixa

Anos Financiamento Amortização Juros Prestação Saldo Devedor Flux. Líq. Caixa

1 43.800,00 0 0 0 43.800,00 17.206,51 2 43.800,00 0 0 0 43.800,00 23.229,01 3 43.800,00 5.475,00 1.752,00 7.227,00 38.325,00 19.287,01 4 38.325,00 5.475,00 1.533,00 7.008,00 32.850,00 19.506,01 5 32.850,00 5.475,00 1.314,00 6.789,00 27.375,00 19.725,01 6 27.375,00 5.475,00 1.095,00 6.570,00 21.900,00 19.944,01 7 21.900,00 5.475,00 876,00 6.351,00 16.425,00 20.163,01 8 16.425,00 5.475,00 657,00 6.132,00 10.950,00 20.382,01 9 10.950,00 5.475,00 438,00 5.913,00 5.475,00 20.601,01 10 5.475,00 5.475,00 219,00 5.694,00 0 20.820,01 TOTAL 0,00 43.800,00 7.884,00 51.684,00 200.863,60

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3.3.2 Implantação da Suinocultura em Unidades de Produção Familiar Leite Pequeno Porte (PP)

3.3.2.1 Situação Atual do Tipo Familiar Leite Pequeno Porte (PP)

Esse tipo predomina na microrregião 1. Para a análise desse tipo foi estudada uma propriedade que dispõe de 1,5 unidades de trabalho, 5 hectares de Superfície Total (ST) e 4 hectares de Superfície Agrícola Útil (SAU), nos quais produzem leite extensivo e subsistência.

No verão a área agrícola é ocupada com 2 hectares de milho para silagem (safra e safrinha) destinada ao rebanho leiteiro e no inverno essa área é ocupada com 4 ha de pastagem de aveia. A área permanente é de 2 hectares de potreiro e 1 hectare destinado a produção de subsistência.

Dispõem de 7 vacas em lactação que produzem diariamente em torno de 7 litros/vaca. Com essa produção, este sistema gera um VAB global de R$ 9.077,00, dos quais o leite contribui com 72 % do total e a subsistência com 28 %. Por outro lado, a renda agrícola gerada por unidade de trabalho familiar é de R$ 5.482,00, dos quais o leite é a atividade mais intensiva do sistema gerando uma renda por unidade de área de R$ 1.590,00, seguida pela subsistência com R$ 1.270,00 de acordo com os dados constantes na figura 8. (1.000,00) -1.000,00 2.000,00 3.000,00 4.000,00 5.000,00 6.000,00 7.000,00 0 1 2 3 4 5 S A U/UTF R A / U T F

Leite (a=1.590,00) Subsistência (a=1.270,00) NRS=6.630,00

Figura 8: Modelo da Composição da Renda Agrícola do tipo Familiar Leite Pequeno Porte

Referências

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