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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Erika Alves dos Santos

Gestão da saúde e segurança no trabalho:

uma análise sobre arquivos abertos

São Paulo 2008

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Erika Alves dos Santos

Gestão da saúde e segurança no trabalho:

uma análise sobre arquivos abertos

Dissertação apresentada ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente.

Orientadora: Professora Dra. Simone Georges El Khouri Miraglia

A banca examinadora dos trabalhos de conclusão em sessão pública realizada em 07 de Março de 2008, considerou a candidata:

Dorival Barreiros:

Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos:

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CDD – Classificação Decimal de Dewey

É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.

S237g6789Santos, Erika Alves dos

123456789Gestão da saúde e segurança no trabalho: uma análise

123456sobre arquivos abertos / Erika Alves dos Santos. – São Paulo :

123456SENAC, 2008.

123456789172 f. : il. color. ; 30 cm.

123456789Orientadora: Simone Georges El Khouri Miraglia

123456789Dissertação (mestrado)-Centro Universitário Senac – Campus

123456Santo Amaro, São Paulo, 2008.

123456789Referências: f. 123-131.

1234568901. Gerenciamento de segurança. 2. Acidentes de trabalho.

1234563. Prevenção de acidentes. 4. Saúde do trabalhador. 5. Organização

123456e administração. 6. Informação. 7. Bases de conhecimento. 8.

123456Arquivos abertos. I. Miraglia, Simone Georges El Khouri (orient.). II.

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Aos amores de minha vida... Razões do meu viver

A Deus, a quem me falta palavras para expressar todo o sentimento de gratidão por tantas graças e bênçãos alcançadas ao longo da vida.

Meus queridos pais, Luiz e Carmem, que sempre me deram todo o apoio e incentivo necessário para sempre seguir em frente.

Meu irmão Everton Santos, que consegue me arrancar um sorriso mesmo nos momentos em que sorrir parece uma tarefa impossível.

Ao amado Fabio Damasio que sempre acreditou em mim e em minha capacidade de vencer obstáculos.

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Agradecimentos

Agradecer... Devolver a Deus o que veio d’Ele pelas mãos dos irmãos...

Gratidão multiplica a graça... Gostaria de agradecer, agradecer, agradecer... Sempre mais. Neste trabalho experimentei a misericórdia de Deus. Por isso agradeço ao meu senhor por nunca desistir de mim, por me colocar à frente da batalha, confiando que em minha pequenez ele se faz forte! Vou aprendendo. Eu no meu lugar e Ele no d’Ele. Eterna amizade...“

Quando se quer bem a uma pessoa, a presença dela conforta.Só a presença, não é necessário mais nada.” (Ziza Fernandes)

Neste momento tão sublime e especial, sinto a necessidade de registrar minha profunda, e eterna gratidão a cada uma das pessoas que estiveram ao meu lado durante esta árdua jornada, que ora se encerra, sem as quais seria impossível chegar sequer à metade do caminho.

À meus pais, tesouros da vida, que com a determinação e a coragem esboçadas em suas vidas propiciaram-me estrutura suficiente para conseguir superar obstáculos, propiciando-me a maturidade que fez de mim a pessoa que sou hoje. Obrigada pelo dom da vida, e por tudo o que tenho e sou. Amo vocês dois!

Ao meu querido irmão Everton Santos, pela “compreensão involuntária” nos muitos momentos de ausência, em prol da elaboração deste estudo. Você, maninho, mesmo na dolorida distância, necessária à aquisição do conhecimento intelectual, conseguiu ser como sempre uma figura fundamental em minha vida. Se eu soubesse que seria tão bom ter você como irmão, teria pedido ao papai e mamãe antes!!!

À você, Fabio Damasio, generoso companheiro de uma jornada turbulenta, mestre de tantas coisas fundamentais ao meu crescimento intelectual e emocional e grande amor que a vida possibilitou que estivesse sempre ao meu lado, acreditando incansavelmente em minha capacidade de superar desafios. Obrigada pelo companheirismo edificante, e pela paciência inesgotável.

À Simone Miraglia, por ter acreditado no sucesso deste trabalho mais do que eu mesma, em meio às tribulações inerentes à formação acadêmica. Obrigada por todo incentivo, apoio, conselhos, enfim.. Sua postura amiga também foi crucial para a conclusão deste estudo.

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Ao Dr. Roberto Baldresca, figura querida, que como uma fonte inesgotável de carinho e ternura, sempre colocou sua sabedoria e seu ombro amigo à disposição de meu cansaço e esgotamento físico e mental, deixando de ser “apenas um médico excepcional”, para se tornar um grande amigo do coração.

Ao amigo Dr. Vespasiano Saulo da Costa e Silva, que juntamente com o Dr. Roberto Baldresca, foram responsáveis por manter meu organismo firme na jornada, mesmo quando este insistia em esmorecer em meio a tantas turbulências.

Ao colega de trabalho e mestre Dorival Barreiros, que me ensinou, dentre muitas outras coisas, a admirá-lo ainda mais como profissional e pessoa, e a respeitá-lo com o carinho de um grande amigo, meu agradecimento pelo incentivo e torcida constante.

À Carolina Maggiotti Costa, por acreditar em meu potencial e pelo grande incentivo que fez germinar a semente que deu origem a este estudo.

À Professora Plácida, que desde a época da graduação é merecedora de todo o meu respeito e admiração, por sempre ser um exemplo de postura profissional, e pelas brilhantes considerações que contribuíram para o sucesso deste trabalho.

À Coordenação de Bibliotecas da FUNDACENTRO, nas pessoas da amiga e companheira de trabalho Maria Aparecida Giovanelli, que por vezes assumiu o papel de “mãezona”, e Maria Inês dos Santos, por todo o apoio recebido e pela compreensão nas ausências nos momentos mais árduos da jornada.

Aos colegas de trabalho: Lucia Monteiro, Sergio Cosmano, Rosali Andrade e Renivaldo Santos, que sempre ofereceram boas doses de apoio, compreensão e incentivo para que eu chegasse até aqui.

Aos meus queridos priminhos que na meiguice e na inocência de criança, mesmo sem saber, confortaram meu coração angustiado, como refúgios diante de momentos de dificuldade: Caroline, Jaqueline, Paulo Henrique, Paloma, Bruno, Michael, Massuel, Michelle, Karina, Ellen, Matheus, Dayson e Bia, pequeninos amores de minha vida, e sementes em quem deposito a esperança de um mundo melhor.

À Elza Dias, que também acabou me adotando como filha, sempre torcendo, orando e acreditando em mim.

Aos meus colegas de classe, que muito me enriqueceram com as trocas de experiências ao longo de todo esse tempo de aprendizado.

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Aos Mestres do curso de Gestão Integrada em Segurança do Trabalho e Meio Ambiente do Centro Universitário SENAC, responsáveis pela construção do saber que resultou neste título de mestre.

À todos os meus familiares pelo apoio e incentivo incansáveis, sem os quais seria impossível conceber este trabalho.

À FUNDACENTRO, por permitir dedicar-me ao desenvolvimento deste estudo e ao SENAC pela oportunidade proporcionada.

A todos os profissionais / empresas, que participaram do estudo.

Àqueles que não acreditaram no sucesso desta pesquisa, pois foi justamente aí que se tornou maior o desafio e também o anseio pela vitória.

E a todos que de uma forma ou outra contribuíram para a transposição de mais este desafio, meu eterno abraço fraterno de gratidão.

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“Don’t you feel so small Dark is the night for all” (Paul Waaktaar Savoy)

“No mundo atual, no qual aprofundou-se a globalização da produção, dos mercados e das finanças, o acúmulo de capital não se dá necessariamente onde estão localizadas as fábricas, mas em geral, onde estão os cérebros das mesmas.” (Waldemir Pirró e Longo Professor da Universidade Federal Fluminense)

"Há aqueles que lutam um dia; e por isso são bons; Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis." (Bertold Brecht)

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Resumo

As barreiras encontradas pelos profissionais de saúde e segurança no trabalho no processo de recuperação de informações, sobretudo aquelas oriundas de experiências científicas, geram a necessidade de refletir sobre novas formas de promover o giro do capital intelectual entre os profissionais da área e justificam a execução deste projeto. O objetivo do estudo foi apresentar a utilização da iniciativa de arquivos abertos, aliada aos instrumentos de gestão da qualidade, PDCA e 5S, como um dos pilares para a gestão da segurança e saúde no trabalho. O método de pesquisa constituiu no levantamento bibliográfico, juntamente com uma sessão de entrevistas com profissionais ligados à gestão da segurança e saúde no trabalho, que permitiu o delineamento do grau de acesso e a percepção destes profissionais sobre o acesso à informação científica. A análise qualitativa e quantitativa dos questionários apontou a iniciativa de arquivos abertos, por meio da utilização de repositórios digitais de informações, como um instrumento de apoio à gestão da Segurança e saúde no trabalho, bem como identificou a necessidade do desenvolvimento de políticas de incentivo à geração e compartilhamento do capital intelectual entre a comunidade em questão, visando sobretudo à preservação da integridade física e mental do trabalhador. Constatou-se que a carência de informações disponíveis na área em questão ainda é uma barreira para a gestão do conhecimento organizacional no sentido de promover o desenvolvimento do trabalho seguro e saudável dentro das organizações.

Palavras-chave: Gerenciamento de segurança e saúde no trabalho; gestão do conhecimento; gestão da qualidade; prevenção de acidentes; informação científica; arquivos abertos.

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Abstract

The barriers found by health and safety at work professionals while recovering informations, particularly the ones originated from scientific experiences, require reflection on new ways of promoting the intellectual capital circulation among this area’s professionals and justify this project execution. The objective was to present the open archives initiative utilization, allied with PDCA and 5S quality management instruments, as one of the building block to health and safety at work management. The data were obtained through literature review, together with an interviews session among health and safety management working professionals, and that made it possible to delineate the access level and also the professionals’ perception about the access to the scientific information. The qualitative and quantitative analysis pointed the open archives initiative, by using digital information repositories as an support instrument to health and safety at work, and also identified the need to develop policies to stimulate to the generation and sharing of intellectual capital among the community in question, aiming the worker physical and mental integrity preservation. It was verified that the lack of available information in this area is still a barrier to organizational knowledge management in the way of promoting the safety and healthy work development inside the organizations.

Keywords: health and safety at work management; knowledge management; quality management; accident preventions; scientific information; open archives.

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Lista de ilustrações

Figura 1 – Espiral do conhecimento ... 34

Figura 2 – O Ciclo PDCA ... 47

Figura 3 – Rampa de melhorias do ciclo PDCA ... 48

Figura 4 – Ciclo de geração do conhecimento científico ... 57

Figura 5 – Ciclo de validação do conhecimento científico ... 58

Figura 6 – Esquema de operação dos arquivos abertos ... 82

Figura 7 – Repositorium ... 88

Figura 8 – Dspace at MIT Libraries ... 89

Figura 9 – Dspace at Università di Parma ... 90

Figura 10 – Dspace at Universidade Federal do Paraná ... 91

Figura 11 – Hokkaido University Collection of Scholarly and Academic Paper ... 92

Figura 12 – OAISTER ... 93

Figura 13 – Portal OASISBr (IBICT) ... 97

Gráfico 1 – Distribuição dos entrevistados, segundo a profissão ...101

Gráfico 2 – Distribuição dos entrevistados, segundo o tempo no cargo ...102

Gráfico 3 – Número médio de publicações produzidas nos últimos 36 meses, por tipo de publicação ...103

Gráfico 4 – Distribuição dos profissionais entrevistados segundo a idade...103

Gráfico 5 – Distribuição dos profissionais entrevistados segundo a formação acadêmica ...104

Gráfico 6 – Grau de conforto dos profissionais ao trabalhar com ferramentas de busca ...105

Gráfico 7 – Instrumentos utilizados no processo de tomada de decisão ...106

Gráfico 8 – Opinião dos profissionais entrevistados quanto ao grau de acesso à informação científica no Brasil...107

Gráfico 9 – Volume de profissionais de SST que conhecem a iniciativa de Arquivos Abertos - AA ...109

Gráfico 10 – Forma com que os profissionais tomaram conhecimento dos arquivos abertos ...109

Gráfico 11 – Profissionais que publicariam artigos em um arquivo aberto...111

Gráfico 12 – Critérios adotados no processo de seleção de referências bibliográficas ...113

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Lista de abreviaturas e siglas

AA – Arquivos Abertos

BDB – Biblioteca Digital Brasileira

BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

CRIE – Centro de Referência em Inteligência Empresarial EPC – Equipamentos de proteção coletiva

EPI – Equipamentos de proteção individual FINEP – Financiadora de Estudos e Pesquisas

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina no Trabalho

GC – Gestão do Conhecimento

HUSCAP – Hokkaido University Collection of Scholarly and Academic Papers IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

IES – Instituições de Ensino superior INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IPEM – Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo ISO – International Standardization Organization

MIT – Massachusetts Institute of Technology

NDLTD – Networked Digital Library of Theses and Dissertations OAI – Open Archives Iniciative

OAI-PHM – Open Archives Iniciative – Protocol Metadata Harvesting OAMS – Open Archives Metadata Set

OASIS – Open Access & Scholarly Information System

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series ONG – Organização não governamental

PDCA – Plan, Do, Check, Act

REPEC – Research Papers in Economics SCI – Science Citation Index

SIG – Sistema Integrado de Gestão SSO – Segurança e saúde ocupacional SST – Segurança e saúde no trabalho

TCP/IP – Transmission Control Protocol / Internet Protocol UFPR – Universidade Federal do Paraná

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UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UPS – Universal Preprint Service

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Sumário 1. Introdução... 14 1.1 Justificativa ... 19 1.2 Objetivos... 21 1.3 Metodologia ... 22 1.4 Estrutura do Trabalho ... 24

2. A Gestão do conhecimento sob a ótica da saúde e segurança no trabalho. 26 2.1 O Conhecimento no ambiente organizacional: algumas definições... 28

2.2 O Ciclo da geração de conhecimento... 33

3. Os Benefícios da fusão entre os instrumentos de gestão da qualidade e a gestão do conhecimento ... 39

3.1 A Gestão do conhecimento na empresa e o ciclo PDCA... 40

3.2 Gestão da qualidade pelo método 5S... 48

3.3 A Fusão do ciclo PDCA + 5S = Benefícios para a empresa? ... 52

3.4 A Internet como fonte de dados em Saúde e Segurança no Trabalho .. 54

3.4.1 Direitos autorais em publicações eletrônicas ... 64

4. Arquivos abertos e a gestão do conhecimento em segurança e saúde no trabalho... 70

4.1 A Iniciativa de arquivos abertos e a gestão do conhecimento em SST ... 71

4.2 As Origens da Iniciativa de Arquivos Abertos ... 74

4.3 A Iniciativa de arquivos abertos como instrumento para facilitação do acesso à informação em SST... 77

4.4 A Estrutura de arquivos abertos ... 81

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5.1 Repositórios digitais... 85

5.2 O Software DSpace ... 86

5.3 Repositórios digitais: os casos de sucesso ... 87

5.4 A Experiência da Biblioteca Digital Brasileira ... 94

5.5 O Portal de Repositórios e Periódicos de Acesso Livre (OASIS) do IBICT ... 96

6. A visão dos gestores em segurança e saúde no trabalho sobre o acesso e uso da informação eletrônica: análise dos dados e resultados ... 99

7. Considerações finais ...118

Referências ...123

Apêndices ...132

Apêndice A – Lista das empresas participantes ...133

Apêndice B – Questionário aplicado nas empresas ...135

Apêndice C – Fontes de informação em SST...143

Anexos ...152

Anexo A – Estatísticas de acesso ao computador e a Internet – Brasil 2006 ...153

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Como resultado de inúmeros estudos desenvolvidos nas mais diversas áreas do conhecimento humano, nota-se uma crescente e contínua ascensão dos padrões de bem-estar social em âmbito mundial. Com isso, é constante o aumento do número de pesquisas que buscam descobrir métodos para a execução das mais diversas tarefas e o desenvolvimento de equipamentos de trabalho, com base em indicadores ergonômicos, formas de trabalho mais simplificadas e instrumentos correlatos que possam tornar a execução das atividades rotineiras e a vida de forma geral em algo mais simples e menos agressiva ao homem, seja psíquica ou fisicamente.

Todos estes avanços foram impactados pela aceleração decorrente da criação das redes de comunicação que facilitaram a transferência de dados, possibilitando o desenvolvimento do pensamento conjunto, que por sua vez, renderam diversos estudos e o amadurecimento de idéias, contribuindo para o saber humano como um todo, e neste sentido, a constante geração de dados científicos tornou-se o ponto crucial para a continuidade deste ciclo evolutivo.

Atualmente a informação é vital para a sociedade e representa sinônimo de vantagem competitiva, liderança e lucro. A busca informacional, ainda que da forma mais sutil e informal, é inerente a todas as pessoas, desde as donas de casa, até os altos gerentes executivos das multinacionais.

Esta transição foi notada e sentida, em especial pela comunidade científica, que começou a perceber que a informação poderia agregar valor a qualquer produto ou serviço, independente de sua natureza. Diante destas mudanças e descobertas que só foram possíveis graças aos resultados de estudos exaustivos, a ágil e simples disseminação da informação registrada tornou-se uma das maiores preocupações dos profissionais da ciência e tecnologia. A partir daí, a disponibilização de informação de qualidade e em grande escala, ganhou novas áreas de aplicação e conquistou novos horizontes, de forma a quebrar barreiras geográficas e temporais. O acesso aos dados se horizontalizou e multidimensionou, sendo que os aspectos qualitativos se sobrepuseram aos quantitativos neste sentido.

E assim, pela primeira vez na história da humanidade, a comunidade científica contou com um instrumento que tornou possível o intercâmbio científico, de modo a comprovar e solidificar as teorias já existentes, e favorecer a reflexão

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coletiva, o progresso do pensamento humano, bem como fomentar intelectualmente a geração do conhecimento e do saber. A Internet, desde o seu surgimento, apresenta cada vez mais vantagens para os pesquisadores das mais diversas áreas de atuação. A possibilidade de atualização constante do conteúdo postado e acesso simultâneo a diversos leitores nas mais diferentes localizações geográficas é a responsável pela ampla abrangência informacional e também pela alta rotatividade de conhecimento, que neste cenário é modificado e aprimorado em um ciclo contínuo.

Em contrapartida, há a queda dos índices de qualidade das informações aí registradas, coexistindo com tal processo de abertura de acesso aos dados. A popularização do acesso à Internet, da mesma forma em que promove inúmeras facilidades, pode provocar o sucateamento e transformação da rede em uma fonte de informações de baixo índice de confiabilidade, considerando que novos dados são inseridos a todo momento, por qualquer pessoa que se interesse em fazê-lo, sem que haja qualquer tipo de critério de seleção ou padrão mínimo de qualidade pré-estabelecido para a inserção de novos itens.

A democratização do acesso à informação, além de ampliar o número de pessoas atingidas, propiciou também o aumento do grau de comunicabilidade entre os formadores de opinião científica, e com isso, as linguagens, as experiências profissionais e todo o conhecimento técnico-científico foi aprimorado de forma conjunta entre os pares, tornando a linguagem científica cada vez mais técnica e de difícil entendimento pelo público do senso comum.

Simultaneamente a todo este processo, houve a deterioração gradativa das relações e condições de trabalho que são visíveis na sociedade atual. As estatísticas revelam de uma forma geral o crescente aumento dos casos de danos à saúde dos trabalhadores. Silva (2007, p. 10) ressalta que segundo os dados do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS, “houve um aumento de 54,73% no número de doenças ocupacionais entre 2000 e 2005”. Acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e mesmo a deterioração das relações do trabalho são fatores que poderiam ser amenizados com a interação entre a indústria e academia. A partir do momento em que há o seu uso efetivo, a informação disponível muito tem a contribuir neste sentido, em todos os aspectos ligados ao trabalho como uma forma de valorização e respeito pelo trabalhador.

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Entretanto, não somente a formação dos profissionais responsáveis pela gestão da saúde e segurança no trabalho depende das informações às quais tenha tido acesso durante sua formação, mas também a sua atualização profissional, visto que a soma de ambas será responsável pelas atitudes tomadas diariamente. Considerando que os profissionais fazem uso freqüente de estudos de casos, artigos técnico-científicos e diversos outros tipos de publicações acadêmicas para tomar como base para suas tomadas de decisão, é importante que haja fontes de informações confiáveis onde os profissionais possam recorrer para suprir suas necessidades informacionais, tal como os repositórios temáticos, que promovem o acesso aberto à informação científica, segundo padrões pré-estabelecidos de qualidade e rigor científico.

A unificação entre a informação científica de qualidade e livre acesso, e a atuação dos profissionais ligados à segurança e saúde no trabalho – SST – pode inspirar diversos programas de aprimoramento das condições de trabalho então praticados de forma a otimizar recursos e processos e acima de tudo, contribuir para a elevação dos padrões de qualidade de vida no trabalho.

Da mesma forma em que há o zelo pelas máquinas que recebem revisão e troca de componentes periodicamente, o trabalhador também necessita de alguns cuidados, como por exemplo, a manutenção de seus postos de trabalho. Afinal de contas, é ele quem detém o ativo mais valioso de qualquer organização, o capital intelectual. Sendo o operário o “detentor e guardião” desta preciosidade organizacional, que é o conhecimento, da mesma forma que a máquina demanda revisões periódicas, pequenos (ou mesmo grandes) reparos e até períodos de “descanso”, os operários também necessitam de condições satisfatórias de trabalho para que seu rendimento potencial seja aproveitado ao máximo

O fator psicológico também deve ser considerado quando da implantação de planos de gerenciamento de segurança e saúde no trabalho. A recomendação é que a alta administração preze pela manutenção de um ambiente de trabalho saudável, tanto no sentido físico, quanto mental, até mesmo porque a maior parcela do tempo diário do funcionário é dedicada às suas atividades laborais. Para tanto, diversas práticas e atividades podem ser adotadas: além do bom relacionamento interpessoal, há também as técnicas de relaxamento, participação nos lucros, incentivo à leitura e a prática de esportes, reuniões periódicas com a

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equipe de trabalho para identificar suas necessidades, dentre outras práticas que cativam o trabalhador.

A adoção de tais medidas, unidas à comunicação científica, pode auxiliar no desenvolvimento de instrumentos de gestão que favoreçam o trabalhador de maneira ampla, proporcionando melhores condições de trabalho e saúde, tanto física quanto mental. A informação, neste caso, tem o papel de complementar o conhecimento dos profissionais responsáveis pelo zelo à segurança e saúde dos trabalhadores, além de dar ampla divulgação às boas práticas adotadas neste sentido. Treinamentos, visitas técnicas, palestras, simulações e outras formas de aperfeiçoamento profissional também são de extrema valia. Somados a um fluxo de informações apropriado e a valorização e respeito ao trabalhador, que pode ser ilustrada até mesmo no fornecimento de equipamentos de proteção individual e coletiva (EPIs e EPCs), o ambiente de trabalho pode se tornar um local prazeroso e que proporcione bem estar, que aliás também pode contribuir para a prevenção de doenças e acidentes ocupacionais.

É importante fazer com que o funcionário se sinta importante e valorizado como se fosse parte da empresa, como na verdade, o é. Ainda que a palavra trabalho tenha origem do latim tripalium, um instrumento de tortura que não se sabe exatamente bem como era. De qualquer forma, os romanos não eram muito afeiçoados ao trabalho, e por este motivo, designaram um termo associado à tortura a esta atividade. Claro que em algumas situações, os romanos tinham e ainda têm razão, mas não é bem assim que devem ser vistas as relações trabalhistas. (LAHIRIHOY, 2007). Já adentrando o Século XXI, é possível tornar a conotação da tradução em história. O sofrimento não mais precisa estar vinculado ao trabalho, que agora, ao contrário do que ocorria nos tempos romanos, tem condições até de proporcionar prazer.

Justamente neste sentido, e tomando por base estas duas realidades, a importância da informação científica, e o cenário atual do mundo do trabalho, é que se deu a concepção deste estudo. A proposta é unir as duas esferas, de forma a identificar formas de utilizar a informação científica como um instrumento de apoio à gestão da saúde e segurança no trabalho, agregando valor não somente aos produtos finais, mas também às suas formas de produção, de modo a valorizar o trabalhador, e por meio desta, gerar benefícios organizacionais, que incluem a

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prevenção de acidentes e a construção de um ambiente de trabalho efetivamente confortável e seguro.

Considerando o intuito das organizações em alcançar a excelência nos serviços prestados e produtos desenvolvidos, é interessante desenvolver instrumentos que viabilizem tal propósito e que simultaneamente contribua também com os objetivos organizacionais, face a constante necessidade de atualização e desenvolvimento de habilidades gerenciais, tanto no que tange a processos, quanto a pessoas.

Neste cenário, a gestão do conhecimento e a disponibilização da informação muito tem a acrescentar no sentido de contribuir para o estabelecimento de padrões de qualidade, visando a oferecer boas condições de trabalho aos seus colaboradores. Com isso, haverá menos problemas de cunho humano, incluindo os decorrentes de acidentes e doenças ocupacionais como o estresse mental, e conseqüentemente menos interrupções na linha de produção, maior entrosamento entre os membros da equipe e satisfação pessoal por parte dos funcionários, além do sentimento de reconhecimento de seu valor para a organização. A soma destes fatores se traduz em vantagem competitiva, fluidez de processos e rentabilidade organizacional, sem contar a redução dos índices de acidentes e doenças do trabalho.

1.1 Justificativa

Considerando o panorama atual da Saúde e Segurança no Trabalho em âmbito nacional e as barreiras encontradas pelos profissionais de SST para recuperar informações científicas em sua área de especificidade, surgiu a necessidade de buscar novas formas de disseminação do conhecimento técnico-científico, de modo a viabilizar a formação do pensamento conjunto, possibilitando a melhoria contínua dos processos industriais e das condições de trabalho.

A apresentação da gestão da informação científica em SST como instrumento de gestão organizacional trouxe à tona novos horizontes até então inexplorados. É importante considerar e refletir sobre novos processos, novas formas de gerir, e novas competências, que tragam algum tipo de vantagem ao trabalhador. É justamente sob esta ótica, que se direciona a justificativa deste

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estudo, no sentido de evidenciar que por meio da gestão do conhecimento e do compartilhamento de informações, todos estes objetivos podem ser alcançados. Evidenciar a possibilidade de desenvolver qualquer atividade com maior qualidade, comodidade (conforto), agilidade (rapidez), responsabilidade social e ética corporativa (segurança e saúde no trabalho) são também alguns dos objetivos que justificam a execução deste trabalho.

Desta forma, a concepção deste projeto se deu a partir da percepção do grau de dificuldade dos profissionais de saúde e segurança ocupacional em recuperar informações científicas de seu interesse, relativas a tal área do conhecimento. As relações e condições de trabalho no Brasil, principalmente em alguns segmentos econômicos (como é o caso das refinarias de açúcar) estão deterioradas e os mais atingidos por tal situação são justamente os operários. Mesmo os órgãos de classe em saúde e segurança no trabalho, não são suficientes para suprir tal necessidade informacional em âmbito nacional. Os recursos são escassos e as necessidades de uma área do país para outra são bastante divergentes, até mesmo porque cada região atua em um setor econômico em especial, o que representa um obstáculo à ação das instituições governamentais neste sentido. Daí a deficiência da produção e disseminação do saber científico em SST.

Pensando nisto, surgiu a idéia de buscar um novo instrumento de gestão do conhecimento em saúde ocupacional, que ao mesmo tempo fosse capaz de erradicar ou pelo menos minimizar os impactos das barreiras, sejam físicas ou econômicas, do acesso à informação científica e favorecer o delineamento de um mundo do trabalho mais seguro e saudável, por meio da valorização da gestão do conhecimento organizacional como um canal para o alcance de índices satisfatórios de qualidade dentro de uma organização, tanto no que tange a pessoas, quanto a materiais e processos.

Diante destes pontos, é evidente que os investimentos na produção e disseminação do conhecimento científico são pertinentes no sentido de contribuir para a criação de condições satisfatórias para que a organização funcione com vigor total, em harmonia, como em uma orquestra. Para tanto, a discussão evidencia um dos inúmeros instrumentos de pesquisa e disseminação do conhecimento científico, visando tais objetivos. A Iniciativa de arquivos abertos (AA), originada do inglês

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Open Archives – também chamada Open Archives Iniciative (OAI) é uma prática relativamente recente, que possibilita o estabelecimento do elo entre o mundo do trabalho e o capital intelectual. Desta forma, se cria um campo de melhorias contínuas, compartilhamento de experiências, incentivo de desenvolvimento de novas técnicas de aprimoramento de processos, diálogo científico entre os pares, formação do pensamento conjunto, aprimoramento de conceitos, dentre tantos outros benefícios.

Basicamente, os arquivos abertos consistem em um conjunto de documentos científicos reunidos em um único ambiente eletrônico, com ou sem critérios de avaliação para inserção de novos dados. Da mesma forma, a permissão de acesso pode ou não ser limitada a um público específico, que tem a possibilidade de acesso e armazenamento e/ou transferência dos trabalhos aí depositados.

Partindo dos pontos abordados pela Gestão Empresarial, os arquivos abertos são abordados neste estudo como mais um instrumento para auxiliar na gestão organizacional, visando sobretudo a disponibilizar informações sobre a preservação da integridade física e mental do trabalhador e, por meio desta, favorecer o alcance das metas estabelecidas pela organização.

1.2 Objetivos

As condições de trabalho precisam ser constantemente monitoradas, visando melhorias, como uma necessidade, sendo que o trabalhador é o coração da entidade, o guardião do saber organizacional.

Os objetivos principais deste estudo enfocaram a filosofia de disseminação de informações utilizadas na iniciativa de arquivos abertos como uma alternativa para a promoção do giro do capital intelectual e da comunicabilidade científica entre os pares, enquanto os objetivos secundários foram a identificação da iniciativa em questão como instrumento de apoio à gestão da saúde e segurança no trabalho, aliada a dois instrumentos de gestão da qualidade: o PDCA e o 5S.

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1.3 Metodologia

O desenvolvimento do estudo envolveu em sua base inicial, levantamento bibliográfico e leitura crítica de diversos documentos pré-selecionados de diversas fontes.

Levando em consideração os objetivos que nortearam este trabalho, foi definido o público alvo para a execução desta investigação. A população, inicialmente selecionada, seriam os técnicos, engenheiros, médicos e enfermeiros do trabalho das empresas classificadas no ranking das 150 melhores organizações para se trabalhar segundo as revistas Exame e Você S/A., justamente por serem reconhecidas pelas boas condições de trabalho oferecidas aos seus colaboradores.

A intenção era detectar o valor da informação para tais companhias. Contudo, houve certa resistência por parte de algumas destas empresas na concessão das entrevistas, seja por políticas internas, seja por falta de disponibilidade de agenda de seus profissionais, considerando que grande parte destas passavam por processos de auditorias na ocasião, ou qualquer outro tipo de evento que impossibilitariam a participação dos profissionais em questão na entrevista. Evidentemente, tal situação não ocorreu na totalidade das organizações inicialmente selecionadas, motivo que justifica a presença do nome de algumas destas na lista das empresas efetivamente visitadas, que pode ser visualizada no apêndice A. De qualquer modo, o fato contribuiu para que o número de empresas visitadas não atendesse às necessidades quantitativas pré-estabelecidas no projeto de pesquisa.

Neste novo cenário, o escopo previamente delineado passou por adaptações, e desde então, o público entrevistado se concentrou nos profissionais ligados à SST, atuantes nas organizações da zona sul da cidade de São Paulo, mais precisamente na região de Interlagos e Santo Amaro, de modo a facilitar (e em alguns casos até possibilitar) a tarefa de locomoção de uma para outra empresa, no caso das entrevistas realizadas pessoalmente. Fatores temporais (indisponibilidade e/ou incompatibilidade de agendas) e geográficos justificam o fato de alguns questionários terem sido enviados e respondidos via correio eletrônico.

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A necessidade de levantar dados sobre a percepção dos profissionais ligados à área de segurança no trabalho acerca da geração, circulação e aplicação prática da informação científica como instrumento de trabalho e fonte de informação, requereu a elaboração de um questionário, que foi composto de questões tanto abertas quanto fechadas, perfazendo um total de 17 perguntas (apêndice B). Assim, o método consistiu na elaboração de questionário estruturado que foi pré-testado em uma sub-amostra e ajustado antes da aplicação para o restante da população. Os dados depois foram tabulados e analisados segundo os objetivos do estudo.

Houve alterações também no delineamento do público alvo para aplicação dos questionários: a inclusão de gestores de Recursos Humanos e administradores. Tal modificação é justificada pelo fato de serem estes os principais personagens tomadores de decisão de uma organização e muitas vezes, superiores imediatos dos profissionais responsáveis pela gestão da saúde e segurança no trabalho, quando não são estes os que respondem pela gestão da SST, ponto que não será aprofundado, para que o foco do estudo não se perca. A visão da forma com a qual a SST é vista pelos gestores das empresas é um ponto interessante, pois denuncia a maneira como a questão é tratada pelas altas gerências e até que ponto a integridade do trabalhador é considerada pelos dirigentes da organização.

Contudo, ainda que o levantamento bibliográfico tenha sido responsável pelo embasamento teórico do estudo, é nas entrevistas que reside toda a essência da reflexão.

As entrevistas estruturadas foram aplicadas a 23 gestores, de segmentos econômicos diversos, possibilitando delinear diferentes pontos de vista acerca do tema pesquisado, em um panorama ampliado. O questionário estruturado (apêndice B) foi o instrumento que garantiu a uniformidade em todas as entrevistas, de aproximadamente 15 minutos de duração cada, que foram gravadas no formato áudio, mediante permissão dos entrevistados, para posterior transcrição e análise qualitativa e quantitativa.

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1.4 Estrutura do trabalho

O trabalho está dividido em 7 capítulos, que delimitam o panorama do acesso à informação científica em SST no país. O capítulo 2 - a gestão do conhecimento sob a ótica da saúde e segurança no trabalho, discute a questão da gestão do conhecimento, no sentido de utilizar o capital intelectual do trabalhador para promover um ambiente de trabalho saudável e seguro. Explora o conceito de conhecimento e a forma com a qual este é gerado.

No capítulo 3 – Os benefícios da fusão entre os instrumentos de gestão da qualidade e a gestão do conhecimento, são apresentados os pontos fortes dos instrumentos de gestão da qualidade, aliados à gestão do conhecimento. O destaque é dado ao ciclo PDCA e ao 5S, dois instrumentos de gestão da qualidade já consagrados e bastante utilizados nas empresas. O capítulo propõe o elo entre a saúde e segurança no trabalho, gestão da qualidade e o acesso à informação, destacando a Internet como um meio para viabilização da proposta, com uma pequena consideração sobre direitos autorais.

Em continuidade à discussão sobre a Internet como fonte de dados em SST, o capítulo 4 – Arquivos abertos e a gestão do conhecimento em segurança e saúde no trabalho, apresenta a iniciativa de arquivos abertos, suas origens e estrutura, com destaque para seus pontos fortes.

No capítulo 5 – Repositórios digitais de informação – são apresentados os repositórios digitais e as diferenças entre estes e os arquivos abertos. Apresenta também alguns exemplos de repositórios gerenciados por instituições renomadas, como é o caso da Universidade do Minho, assim como iniciativas nacionais, como a Biblioteca Digital Brasileira – BDB – e o Portal de Repositórios e Periódicos de Acesso Livre – OASIS – do Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia – IBICT.

O sexto capítulo – A visão dos gestores em segurança e saúde no trabalho sobre o acesso e uso da informação eletrônica: análise dos dados e resultados – traz toda a análise qualitativa e quantitativa da coleta de dados realizada por meio dos questionários, bem como toda a discussão desenvolvida a partir das entrevistas realizadas.

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O fechamento da discussão é apresentado no capítulo 7 – Considerações finais, que apresenta de forma bastante sucinta, os resultados alcançados, e os pontos principais discutidos no estudo.

Os apêndices trazem dados que complementam a discussão apresentada, como a lista das empresas participantes, o questionário aplicado aos profissionais entrevistados, e uma compilação de fontes de informação em SST.

Os Anexos, em semelhança aos apêndices, ilustram dados estatísticos de acesso à Internet no ano de 2006, e de acidentes de trabalho em todo o território nacional, entre os anos de 2004 e 2006.

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2. A Gestão do conhecimento

sob a ótica da saúde

e segurança no trabalho

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Gerenciar significa fazer gestão de finanças, de negócios, estratégica, de pessoas, de segurança e saúde no trabalho. O objetivo é comum a todos: conduzir uma determinada atividade ou um grupo delas, para o alcance de uma ou mais metas, que podem variar de acordo com os propósitos da organização. Para tal, uma série de conformidades deve ser atendida, e caso isto não ocorra, as perdas são certas, em grande parte das situações, com dimensões e impactos que podem variar, de caso para caso. Estas perdas, tanto podem ser na esfera administrativa, quanto técnica, estratégica ou de processos. A esfera financeira, como um componente de uma estrutura coordenada e interligada, pode ser atingida em quaisquer dos casos.

Estes fatores evidenciam a importância de saber fazer gestão e aproveitar todos os recursos disponíveis, tendo sempre em mente as metas organizacionais, de modo a executar as tarefas, com o melhor coeficiente da relação prazo-custo-qualidade. A gestão, conforme aponta Magretta (2002, p. 16) tem a função de “construir organizações que funcionem” e para funcionar, todos os setores devem manter uma sinergia, para que como em uma engrenagem, uma única ação isolada, faça movimentar um todo. Esta, aliás, é a receita de sucesso ausente na gestão de muitas empresas. É importante que o trabalhador sinta a sua importância, e que seu trabalho tenha valor real para a organização, o que contribuirá com que trabalhe com motivação e determinação, e não por mera obrigação movida por interesse (ou dever) de cunho econômico.

Um funcionário bem motivado é pré-requisito para tarefas executadas com maior deleite. Tarefas executadas com maior deleite resultam em produtos e/ou serviços realizados de forma mais caprichosa, ou seja com elevados índices de qualidade. Produtos e/ou serviços de qualidade, por sua vez, resultam em valorização do produto, fidelização e ampliação da carteira de clientes, vantagem competitiva e reconhecimento do mercado. A fórmula de todos estes fatores se traduz em retornos financeiros e lucros. À exceção das instituições filantrópicas, e organizações não governamentais – ONGs – todas as empresas visam à geração de capital. E mesmo as primeiras, precisam de fundos financeiros para sustentar suas próprias necessidades. Entretanto, a vantagem econômica, aqui denominada lucro, somente pode ser alcançada por meio de uma fusão de técnicas e ações que resultem em soluções de conquista de melhorias para algum aspecto organizacional.

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É neste sentido que a gestão do conhecimento muito tem a contribuir não somente para os quesitos institucionais e estratégicos, como “arma de negócios”, mas também em aspectos igualmente importantes, que muitas vezes passam despercebidos pela sociedade, como acontece com a segurança e saúde no trabalho. Para Castro (2000), a implantação de um Sistema Integrado de Gestão (SIG) demanda a determinação de uma estrutura para geração do conhecimento explícito, presente nos processos de documentação e divulgação de políticas, objetivos e metas, além da elaboração e revisão de documentos.

2.1 O Conhecimento no ambiente organizacional: algumas definições

Peter Drucker1 considera que os negócios podem parecer um jogo de azar aparentemente ilógico que qualquer idiota pode vencer. De fato, qualquer pessoa pode vencer, mantida a condição de que as estratégias corretas sejam tomadas em seus devidos tempos. Uma pequena ação equivocada pode colocar um projeto inteiro à prova, quando não à perda.

Para que isto não aconteça, é necessário que algum tipo de ação seja conduzida. Este alvo pode ser facilmente alcançado por meio do conhecimento, definido como:

Qualquer coisa valorizada pela organização que esteja contida nas pessoas, ou seja, derivada de processos, de sistemas e da cultura organizacional – conhecimento e habilidades individuais, normas e valores, bases de dados, metodologias, software, know-how, licenças, marcas e segredos comerciais, para citar alguns. (BUKOWITZ, WILLIAMS, 2002, p. 18)

Ou ainda: “Conhecimento é um dos conceitos importantíssimos, positivos, promissores e de difícil definição. Não é simples compilação de fatos, mas um processo humano singular e irredutível, que não se reproduz com facilidade.” (VON KROGH 2001, p. 14-15).

O conhecimento é algo que cada um já possui, uns com mais profundidade, outros menos. Ele é derivado da fusão entre a informação acessada e a experiência de cada profissional. Logo, quanto mais informações cada indivíduo tiver acesso, e quanto mais antiga e profunda a sua experiência profissional, maior e

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também mais saliente será o conhecimento adquirido. O próprio cotidiano também pode ser considerado uma fonte de aprendizagem muito valiosa, e deve ser considerado neste processo.

Sendo assim, é importante para a empresa investir no saber de seus funcionários, sobretudo os responsáveis pela segurança e saúde no trabalho. Isso se deve ao fato de que qualquer não-conformidade que leve um trabalhador a sofrer um acidente, ainda que não seguido de afastamento ou mesmo óbito, gera prejuízos para a organização, embora “o trabalhador simples, quase sem formação, transforma-se de repente num responsável absoluto por falhas que se iniciam muito antes de sua entrada na história” (p. 96), ao passo que “a formação da engenharia valoriza as regras e a obediência cega como fontes de toda correção e adequação, impossibilitando ou reduzindo uma avaliação mais coerente com os princípios fundamentais da segurança real.” (BAUMECKER, p. 95, 2003).

Desta forma, o trabalhador acaba pagando um preço alto, que muitas vezes corresponde à sua própria vida, por algo que foge ao seu alcance, ao passo que há ainda bastante resistência por parte dos gestores na adoção de certas medidas preventivas e principalmente na transmissão do conhecimento aos demais colegas de trabalho. Não se pode desprezar o fato de que um acidente não ocorre de maneira isolada. Para Binder e Almeida (2005, p. 770) “na quase totalidade dos casos, fatores capazes de desencadear acidentes do trabalho encontram-se presentes na situação de trabalho muito tempo antes que ocorram”. Os mesmos autores lembram que na década de 1930, Heinrich esboçou a teoria do dominó, que apresenta

o acidente como o último evento de uma seqüência linear, constituindo tentativa de sistematização que se contrapunha à noção de fatalidade. Essa teoria representa o acidente por uma seqüência de cinco pedras de dominó posicionadas de modo que a queda de uma desencadeia a queda das subseqüentes (HEINRICH, 1959, apud BINDER, ALMEIDA, 2005, p. 770)

Assim, um acidente do trabalho, apesar de ser um evento de extrema complexidade, não pode ser atribuído a um fato isolado, mas a um conjunto deles. O desencadeamento de um acidente pode se dar devido a uma série de fatores, como por exemplo: a falta de treinamento, a inexperiência do trabalhador,

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atos inseguros na execução de tarefas, falhas de equipamentos, dentre tantos outros determinantes para tal evento.

Acidentes ocupacionais, assim como quaisquer outros tipos de acidentes, são eventos indesejados, imprevistos e que são geralmente acompanhados de danos físicos e/ou materiais. Evitar acidentes, e também doenças ocupacionais, é a preocupação principal dos profissionais da área da saúde e segurança no trabalho e também o dever de qualquer cidadão. Segundo Silva (2007), uma das preocupações dos higienistas ocupacionais é justamente com o aparecimento de doenças ocupacionais, decorrentes por ruídos, temperaturas excessivas, radiação, substâncias químicas tóxicas, etc. Braga (2007) complementa que uma prevenção eficaz, resulta na queda dos índices de acidentes, e por conseqüência, das despesas com os reparos e indenizações decorrentes de um possível acidente.

Neste sentido, o compartilhamento de informações é fundamental. Uma situação aparentemente de rotina pode ser identificada como atividade de risco por uma outra organização que pode até já ter tido a desagradável experiência de um acidente ocupacional em decorrência daquela atividade. Uma informação como esta deve ser disseminada ao máximo, ainda que o nome da organização seja preservado, para evitar que outros acidentes semelhantes aconteçam em outras plantas, seja daquela, ou de outras organizações. Entretanto, o medo da superação intelectual, a cultura organizacional ou mesmo o receio de expor pensamentos às críticas acadêmicas muitas vezes sobrepõe-se aos relatos, e o profissional acaba se omitindo frente à certas situações em específico, deixando de contribuir para a melhoria das condições de trabalho como um todo.

Claro que informações estratégicas são e devem ser mantidas em sigilo, até mesmo para manter o clima de competitividade entre as organizações. Mas, na área de saúde e segurança no trabalho, seria interessante se a competitividade fosse mantida no nível estratégico-financeiro e as organizações, sobretudo as do mesmo ramo de atuação, se unissem em prol da defesa da integridade física e mental do trabalhador. O fluxo de informações é de extrema importância para o bom andamento das atividades programadas no chão de fábrica, e o gerenciamento do conhecimento pode ser visto como instrumento desencadeador de benefícios organizacionais, tanto no que diz respeito à estratégia

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e qualidade, quanto à saúde e segurança no trabalho, por associação aos demais privilégios.

Gerar riqueza e promover melhorias a partir de ativos intangíveis, é justamente a missão da gestão do conhecimento – GC – definida por Silveira (2004) “como uma nova forma de se trabalhar, uma nova cultura organizacional, na qual o ambiente e os valores permitam gerar a motivação necessária à aprendizagem, ao compartilhamento ou mesmo à transferência e à aplicação do conhecimento”. Almeida, Leal e Pinho (2006, p. 175) ressaltam que “à medida que o conhecimento se torna um patrimônio essencial e estratégico, o sucesso organizacional depende cada vez mais da capacidade da empresa de produzir, reunir, armazenar e disseminar conhecimento”. Desta forma, cabe à empresa promover os meios para que o conhecimento seja compartilhado entre a equipe de trabalho, promovendo o giro do capital intelectual dentro dos limites de sua própria planta. Este ponto, por si só já é uma justificativa plausível para a construção de um repositório institucional.

O conhecimento é um dos componentes organizacionais que têm sofrido grandes alterações ao longo dos últimos tempos. Segundo Pereira (2005, p. 39) os ativos intangíveis, “podem ser entendidos como tudo o que cria valor e crescimento para uma empresa, mas que não é um ativo físico, como: idéias, marcas, formas de se trabalhar, franquias, o conhecimento dos funcionários, etc”. Segundo o mesmo autor, a vantagem dos ativos intangíveis, sobre os tangíveis, ou seja sobre os insumos físicos, é que os primeiros podem trazer um retorno altamente satisfatório para a organização, visto que estes não se perdem ou desgastam, não desvalorizam, e é individual: cada pessoa possui uma capacidade e uma forma diferente de ver e interpretar as situações, o que possibilita uma infinidade de soluções e inovações para um determinado episódio em específico, sobretudo no Brasil, onde a criatividade costuma ser sobressalente em seus habitantes. Daí, surgem os conceitos de capital intelectual e humano.

O capital intelectual é mais amplo e abrange os conhecimentos acumulados de uma empresa relativos a pessoas, metodologias, projetos e relacionamentos. O capital humano é um subgrupo de tal conceito... diz respeito, essencialmente, às pessoas, seu intelecto, seus conhecimentos e experiências. (DUFFY, 2000, p. 73)

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Logo, o instrumento de trabalho da gestão do conhecimento é também, o capital intelectual. Para Pereira (2005, p.40),

gerenciar o conhecimento nas organizações é propiciar condições para que este conhecimento seja constantemente produzido, codificado e compartilhado por toda a empresa. Facilitar os fluxos interativos de conhecimento na organização, agregando valor às informações e distribuindo-as é o papel da gestão do conhecimento, transformando o conhecimento em vantagem competitiva.

Entretanto, para que o conhecimento seja efetivamente convertido em vantagem competitiva, ele deve ser passível de aplicação e transmissão na empresa. Essa conversão se dá por meio da transformação do conhecimento tácito, em conhecimento explícito, e novamente em conhecimento tácito, e assim sucessivamente até que os resultados sejam palpáveis o suficiente para satisfazer, ou, de preferência, superar as necessidades da organização.

O conhecimento tácito é aquele adquirido individualmente por cada pessoa, seja por meio de cursos, leituras, palestras ou mesmo a própria experiência profissional. O acesso a tal conhecimento depende de alguns fatores, como o potencial de explanação pela pessoa que o detém. As “formas de se fazer as coisas” são um exemplo clássico: cada pessoa, desenvolve a sua própria forma de trabalhar, e muitas destas técnicas facilitam (e muito) o trabalho a ser desenvolvido. Tais procedimentos geralmente não são encontrados em livros, revistas, ou qualquer outro tipo de suporte informacional; somente a prática pode render o domínio de tal conteúdo.

Já o conhecimento explícito está disponível para quem quiser acessá-lo. Logo, sua visibilidade é maior em relação ao conhecimento tácito. É o caso dos livros, jornais e revistas. Uma definição mais formal de cada um destes termos é dada pelo Centro de Referencia em Inteligência Empresarial (CRIE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ):

Conhecimento explícito

O conhecimento explícito é o que conseguimos transmitir em linguagem formal e sistemática. É o conhecimento que pode ser documentado em livros, manuais ou portais ou transmitido através de

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correio eletrônico ou por via impressa. Na verdade, conhecimento explícito é informação.

Conhecimento implícito

O conhecimento implícito é um conceito mais recente e que serve para descrever um conhecimento que, embora ainda não tenha sido documentado, é passível de o ser. É conhecimento que possuímos e somos capazes de transmitir de forma mais ou menos assistida. Na verdade, é conhecimento que pode ser explicitado mas ainda não foi. Exemplo: O caminho entre o local de trabalho e moradia não está registrado em nenhum lugar. Mas você pode desenhar um mapa e/ou explicar à sua amiga como chegar lá. Este conhecimento está implícito: não está documentado mas pode ser, caso você se disponha a fazê-lo.

Conhecimento tácito

O conhecimento tácito, ao contrário, é o que temos, mas do qual não temos consciência. É pessoal, adquirido através da prática, da experiência, dos erros e dos sucessos, difícil de ser formulado e transmitido de maneira formal.

Uma mesma receita de quindim (conhecimento explícito), por exemplo, pode gerar resultados bem diferentes, dependendo da experiência e sensibilidade de quem a executa. Isto acontece porque a realização do quindim envolve também um conhecimento tácito, pessoal.

(CENTRO DE REFERÊNCIA EM INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL)

O conhecimento organizacional, por sua vez é a soma de todo capital humano, ou seja, conhecimento de seus funcionários. Daí a importância de incentivar e investir em treinamentos, palestras, programas de educação continuada e qualquer outra atividade que acrescente ao intelecto das pessoas. Não se pode esquecer que o conhecimento organizacional também é insumo para a vantagem competitiva, dentre outros benefícios abordados ao longo deste estudo.

2.2 O ciclo da geração de conhecimento

A conversão do conhecimento tácito em explícito, e vice-versa, como em um ciclo, promove além da circulação e socialização do capital humano, a oportunidade de renovação, aquisição de novos conhecimentos por meio deste intercâmbio, além de propiciar o aprimoramento de todo o conjunto de informações

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já reunidas. Desta forma, é imprescindível que os profissionais da área de saúde e segurança mantenham contato científico entre si, para que os processos possam ser otimizados, garantindo a melhoria contínua em todas as tarefas executadas. Isto se dá por meio da publicação de documentos, sejam eles livros, capítulos de livros, relatos de experiências, relatórios técnico-científicos, artigos científicos ou até mesmo teses e dissertações, além, é claro, da própria troca informal de dados, que pode ocorrer até mesmo nos corredores de uma planta industrial, ou em pronunciamentos em palestras, seminários, congressos e afins. Este intercâmbio informacional proporciona, segundo Nonaka e Takeuchi (1997), um giro no capital intelectual de forma a incentivar a socialização do conhecimento gerado, bem como a investigação e a reflexão levando a criação de novos conhecimentos. Os autores propõem um modelo de conversão do conhecimento, por meio do que ficou conhecido como espiral do conhecimento:

Externalização (Conhecimento conceitual) Socialização (Conhecimento Simpatizado) (Conhecimento operacionalizado) Combinação (Conhecimento Sistematizado) Tácito Tácito Tácito Explícito Explícito Explícito Explícito Empatia Diálogo Ligação Ação Tácito Internalização

Figura 1 – Espiral do conhecimento Adaptado de: (NONAKA; TAKEUCHI, 1997)

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Segundo o modelo proposto, o processo de aquisição do conhecimento passa por quatro etapas: (NONAKA; TAKEUCHI, 1997)

 Socialização (conhecimento tácito para conhecimento tácito):

A observação e a própria prática são formas de transmitir o conhecimento por meio da socialização. Neste processo há muita troca de experiência, que alias, é a grande tacada para a aquisição do conhecimento.

Treinamentos, brainstormings, e até mesmo a própria vivência profissional podem ser mencionados como exemplos de socialização do conhecimento.

 Externalização (conhecimento tácito para conhecimento explícito):

A externalização é o auge da transmissão do conhecimento. É quando ocorre a codificação do conhecimento tácito em conhecimento explícito para que outros profissionais possam fazer uso destas informações, convertendo-as novamente em conhecimento tácito. Uma das características do conhecimento tácito é justamente o elevado grau de dificuldade de verbalização. A elaboração de documentos científicos, por exemplo, é uma forma de facilitar a transmissão deste conhecimento.

 Combinação (conhecimento explícito para conhecimento explícito):

É justamente no processo de combinação que são concebidas as novas idéias, os novos questionamentos e projetos. Nesta fase, o conhecimento explícito é confrontado com outros conhecimentos explícitos. Daí o surgimento de novos dados. A combinação é bastante presente em reuniões, discussões seja pessoalmente, via Internet ou telefone, ou mesmo na leitura de um relatório, estudo de caso, ou qualquer outro documento.

 Internalização (conhecimento explícito para conhecimento tácito): A conversão do conhecimento explícito novamente em conhecimento tácito, se dá durante o processo de internalização. É quando se dá a

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absorção da informação adquirida, e sua conversão em conhecimento propriamente dito.

A cada vez que o ciclo é completo, ele deve ser recomeçado, e, a cada recomeço, em um grau mais elevado de complexidade, especificidade e consistência. Da mesma forma, a abrangência também é ampliada, podendo começar com um único indivíduo e se expandir vagarosamente, atravessando as fronteiras de pessoas, departamentos, setores, unidades e empresas. E assim, se solidifica o conhecimento, até que seu detentor se torne um especialista no assunto em questão, ponto este com o qual concorda Pereira (2005, p. 43): “para viabilizar a criação do conhecimento organizacional, o conhecimento tácito acumulado precisa ser socializado com os outros membros da organização, iniciando assim uma nova espiral de criação do conhecimento”.

Nonaka e Takeuchi (1997) dividem a criação do conhecimento organizacional em cinco fases principais:

• O compartilhamento do conhecimento tácito;

• A criação de conceitos;

• A justificação dos conceitos;

• A construção de um arquétipo e;

• A difusão interativa do conhecimento

Na fase do compartilhamento do conhecimento tácito, há a socialização, quando há o compartilhamento de informações por toda a empresa. A criação de conceitos corresponde à fase em que há conversão do conhecimento tácito em conhecimento explicito, como um novo conceito (externalização). Na terceira fase, justificação dos conceitos, a empresa avalia e decide pelo prosseguimento ou não do novo conceito e em caso de haver continuidade, há a construção de arquétipos, que mais tarde podem vir a gerar novos protótipos de produtos, serviços e afins. A última etapa, que corresponde à difusão interativa do conhecimento, é responsável pelo compartilhamento sistemático das informações cabíveis, na esfera extra-organizacional. No caso da SST, esta etapa é extremamente interessante e importante, visto que o foco desta área de estudo é pura e simplesmente promover o bem-estar e proteger a integridade física e mental

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do trabalhador durante a execução de suas tarefas laborais. O ganho de capital, e a vantagem competitiva originada daí, embora desejados e muito bem vistos, são apenas conseqüências. A interação não somente com outras empresas, mas também com a comunidade acadêmica, pode trazer grandes benefícios em matéria de aquisição de capital humano, considerando que os profissionais atuantes no mercado de trabalho, nem sempre têm a oportunidade de pesquisar e publicar novos conhecimentos. Sendo assim, a comunidade científica, que realiza, tradicionalmente esta tarefa, muito tem a contribuir com a divulgação dos resultados de estudos, para a gestão da saúde e segurança no trabalho dentro das organizações, chegando até o chão de fábrica que é justamente onde se encontra “a menina dos olhos” da SST.

Todo e qualquer uso do conhecimento tácito e explícito dos funcionários que a empresa puder fazer uso somente trará benefícios para a organização como um todo. Ainda que os especialistas desenvolvam teorias maravilhosas, o maior conhecimento de todos está internalizado no trabalhador, que conhece cada processo em profundidade. A atividade do trabalho, com o passar do tempo, passa a ser automática para esta pessoa, devido ao seu grau de intimidade com aquela atividade. Esta relação cria vínculos que somente a convivência e a prática podem estabelecer. A “melhor e mais eficiente forma de fazer” somente pode ser descrita por quem a realiza com freqüência.

A interação empresa-empregado neste sentido é imprescindível para que a aprendizagem organizacional apresente resultados tangíveis e satisfatórios, embora seja também necessário o empenho por parte do empregado, no sentido de se abrir a novas experiências, novas informações e afins. As relações com outras organizações no âmbito da SST, podem potencializar o giro da espiral do conhecimento, trazendo ganhos para todos os envolvidos, pois o conhecimento quando partilhado (em contradição às leis matemáticas) se multiplica, e passa a ser aplicado em outras áreas, como por exemplo, a gestão de riscos e a árvore de causas. Uma vez que há uma falha que pode culminar em um acidente do trabalho, não basta apenas corrigí-la, mas alertar toda a equipe de trabalho sobre o ocorrido, para que não haja reincidência evitando qualquer tipo de acidente, independente das proporções. A partir do momento que há a transmissão desta informação, esta passa a fazer parte do conhecimento de todos os integrantes, diminuindo a probabilidade da repetição da mesma ocorrência. Segundo Almeida, Leal e Pinho (2006, p. 175)

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“através do conhecimento as empresas tornam-se mais eficazes e eficientes na utilização que fazem de seus escassos recursos. Por outro lado, sem conhecimento tornam-se menos eficientes e eficazes no emprego de seus recursos e, por fim, fracassam”.

Um dos fatores que podem contribuir para a prevenção de acidentes em uma planta industrial é a adoção de um bom sistema de gestão da qualidade. Em contrapartida, não se pratica a qualidade sem o acesso à informação. A eficiência, nada mais é do que o cume de um conjunto de informações, muitas vezes provenientes de ocorrências indesejadas, responsáveis pela geração das lições aprendidas, aplicadas a um determinado processo, promovendo resultados satisfatórios no sentido de melhorias de produtos e processos. Considerando tais pontos é interessante estimular os investimentos em gestão da qualidade bem como em gestão do conhecimento, sendo esta a responsável por trazer à tona o conhecimento tácito e a experiência profissional dos trabalhadores, que geralmente ocultam dados valiosos para a gestão de forma geral. Esta fusão, aliás, pode trazer grandes benefícios para a organização nas suas mais diversas esferas.

No capítulo seguinte, são explorados os pontos positivos que a gestão do conhecimento pode trazer do ponto de vista dos instrumentos de gestão da qualidade.

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3. Os benefícios da fusão

entre os instrumentos de

gestão da qualidade e a

gestão do conhecimento

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