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Percurso interior : paisagem

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Artes

ANDREA THOMAZELLA RIBEIRO

PERCURSO INTERIOR - PAISAGEM

CAMPINAS 2015

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ANDREA THOMAZELLA RIBEIRO

PERCURSO INTERIOR – PAISAGEM

CAMPINAS 2015

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FI-NAL DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA SRA. ANDREA THOMAZELLA RIBEIRO E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. LYGIA ARCURI ELUF

Dissertação apresentada ao

Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em

ARTES VISUAIS

Orientadora: PROFA. DRA. LYGIA ARCURI

ELUF

______________________

Profa. Dra. Lygia Arcuri Eluf

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Para minha família DEDICATÓRIA

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Para meus pais, Anézio e Vera, sempre comigo. À Régis e Marlene, meus pais em São Paulo.

A Leopoldo, meu esposo, Raphael e Isabel, por tanto amor e carinho. A minha orientadora Lygia Eluf.

Em especial a Evandro Carlos Jardim, meu mestre. A Edna, Audízio e Maria Angela.

Ao Tomás.

Às professoras Ivanir e Luise.

Ao Danilo e a todo o PPG Artes do IA da Unicamp, colegas e funcionários. AGRADECIMENTOS

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RESUMO

Esta pesquisa é o relato de uma experiência com um novo meio expressivo dentro da trajetória da artista, no caso, a gravura em metal. Está calcada na prática do desenho com paisagens e registros do entorno. A cor preta destaca-se como um motivo ou tema

importante no desenvolvimento do percurso criativo, no qual consta uma série de desenhos com escritos numa perspectiva de mistura ou hibridação.

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ABSTRACT

This research is the report of the experience of a new creative medium in the artist’s trajectory, the engraving. The work is grounded in the practical drawing of landscape scenery and recordings of the environment. The colour black stands as a reason of or important theme in the development of the artist’s creative journey, in which there is a series of drawings with writings; following a perspective of a mixture or hibridization.

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s/ título, 2013, lápis, esferográfi ca preta, bico de pena e aguada s/ título, 2013, pena de bambu e aguada

Montanha da Lapinha, 2014, lápis, pena de bambu e aguada Montanha e caminho, 2014, lápis, pena de bambu e aguada Cidade e montanha, 2013, bico de pena e aguada

Vários caminhos até as montanhas, 2013, lápis Viralatas na calçada, 2013, bico de pena e aguada s/ título, 2013, bico de pena e aguada

Linha do mar e serra, 2012, lápis e pastel seco s/ título, 2013, pena de bambu e aguada

Praia Cachadaço, 2012, caneta esferográfi ca roxa

s/ título, 2014, pena de bambu, aguada, pastel seco e pastel oleoso s/ título, 2014, pena de bambu, aguada, pastel seco e oleoso s/ título, 1985, crayon preto

Janela, 2014, pena de bambu, aguada e extrato de nogueira Sol no mato, 2014, pena de bambu e aguada

Escombros, 2013, bico de pena e aguada Solidão, 2013, bico de pena e aguada

Obra – construção, 2013, pena de bambu e nanquim azul Série “Paisagem Outra”, 2015, pena de bambu e aguada

Série “Paisagem Outra”, 2015, a) Gerdau, 08:00 hs, Divinópolis, 2012 caneta hidrográfi ca preta; b) grafi te, 2012

Rosa Seca, 2012, lápis grafi te

s/ título, 2012, caneta esferográfi ca azul

Vista geral – Divinópolis no inverno, 2012, caneta esferog. roxa s/ título, 2012, caneta esferog. azul e preta

Série “ Paisagem Outra”, 2015, lápis, pena de bambu e aguadas s/ título, 2013, cianotipia

Beira d`água na Lapinha, 2013, pena de bambu e aguada Boca da noite, 2014, pena de bambu e aguadas

Anoiteceu, 2014, pena de bambu, aguada e crayon preto Paisagem com lua, 2014, pena de bambu e aguadas Obra, 2014, pena de bambu e aguadas

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 17 18 19 21 22 23 25 26 27 29 31 35 36 37 39 40 41 42 43 44 45 47 49 50 51 52 53 54 57 58 60 61

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Obra, 2014, pena de bambu, giz cera, extrato de nogueira e aguadas Noite, 2013, bico de pena e aguadas

Noite, 2013, bico de pena e aguadas Pássaro, 2013, água-forte

Visão, 2013, caneta esferográfi ca preta e aguadas 17:45 Garças na paisagem, 2013, grafi te

Aparição, 2012, grafi te e pastel seco

s/ título, 2013, lápis, bico de pena e aguadas

2ª Aparição ou Aproximação da chuva, 2012, grafi te e pastel seco s/ título, 2013, caneta esferográfi ca preta

s/ título, 2012, lápis aquarela preto Cidade mata e chuva, 2013, grafi te

Amanhecer de inverno, 2012, lápis grafi te

Poente a partir do terraço, 2012, lápis grafi te e pastel seco Enlace... 2013, lápis grafi te

s/ título, 2013, bico de pena e aguada s/ título, 2013, bico de pena e aguada s/ título, 2013, lápis, bico de pena e aguada Noite 19:35, 2012, grafi te e pastel seco s/ título, 2012, grafi te e pastel seco 18:00 h,2012, grafi te e pastel seco

Primeiras luzes no poente em brumas, 2012, grafi te e lápis branco s/ título, 2012, pastel seco

Na janela, 1982-2014, água forte, água tinta

Cidade, céu e fumaça II, 2012, lápis aquarela branco s/ título, 2013, bico de pena e aguada

s/ título, 2013, bico de pena e aguada Primeiras luzes, 2013, ponta seca Fuzarca, 2013, água forte, água tinta Vista do ateliê, 2014, aguadas

Pássaro amassado, 2013, papel amassado pintado de amarelo Fotografi a, 2014

Recorte aquarelado, 2012

Pássaro na calçada, 2015, água forte, água tinta e ponta seca Entardecer sobre a cidade, 2012, grafi te, sanguínea e lápis branco Chuva sobre a cidade e rio, 2012, lápis branco

Auto-retrato, 2012, aquarela

s/ título, 2014, pena de bambu e aguada Aos poucos, 2012, grafi te

s/ título, 2013, caneta esferográfi ca preta e aguada s/ título, 2013, bico de pena e aguada

s/ título, 2013, caneta esferográfi ca preta

62 63 64 66 68 69 70 72 73 75 77 79 80 82 83 84 86 87 89 90 91 94 98 103 104 106 108 110 111 112 116 117 117 118 120 121 122 124 126 130 131 132

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s/ título, 2013, bico de pena e aguada s/ título, 2013, bico de pena e aguada

Cavalos na Lapinha, 2013, pena de bambu e aguada Várzea Lapinha, 2013, grafi te

Vista do mercado, 2013, caneta esferográfi ca preta Paisagem distante, 2012, caneta esferográfi ca roxa Belo Horizonte, 2012, caneta esferográfi ca roxa Dia cinza, 2011, grafi te

Morro (Aiuroca), 2012, caneta hidrográfi ca preta Fumaça e mata, 2012, caneta esferográfi ca azul Floripa, 2014, grafi te e lápis de cor

Prova de estado: Transformação, 2013, água forte, água tinta e ponta seca

Paisagem Outra, 2015, pena de bambu, café e aguada

Paisagem Outra, 2015, pena de bambu, ecoline, pastel oleoso, aguada Paisagem Outra, 2015, pena de bambu e aguada

Paisagem Outra, 2015, pena de bambu, pastel oleoso e aguada Siderúrgica, 2013, pena de bambu, café e aguada

Paisagem Outra, 2015, pena de bambu e aguada

Paisagem Outra-Amanhecer, 2015, pena de bambu, aguada e café Paisagem Outra-Perfi l das montanhas, 2015, grafi te

Casa-barco, 2014, grafi te e lápis de cor

Paisagem castanho e azul, 2014, grafi te e lápis de cor Céu em pedaços, 2014, grafi te e lápis de cor

s/ título, 2014, grafi te e lápis de cor

s/ título, 2012, giz litográfi co, pastel seco e aguada Entardecer de inverno, 2012, grafi te e pastel seco Pedaço de qualquer lugar, 2013, maneira negra s/ título, 2014, pena de bambu e aguada

s/ título, 2013, pena de bambu e aguada Provas de estado

Arquitetura Conjunta, 2014, verniz mole, água forte, água tinta, ponta seca

Provas de estado

Noite, 2014, água tinta de açúcar, ponta seca 18:15 no céu, grafi te e pastel seco, 2012 No céu I, água forte, água tinta

Prova de estado (No céu... azul turquesa) No céu, 2014, água forte, água tinta Prova de estado

s/ título, 2013, ponta seca

Vista azul Divinópolis,2012, caneta esferog. Roxa

133 134 136 137 138 142 144 146 147 148 149 153 156 157 158 159 160 162 163 164 167 168 169 170 181 183 184 186 188 192 193 195 196 198 200 201 202 204 205 206

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s/ título, 2012, ponta seca

s/ título, 2013, água forte, água tinta, lavis e ponta seca Prova de estado com aguada de café

Escombros, 2013, água forte, verniz mole e água tinta Desenho Antigo, 2014, provas de estado

Desenho Antigo, 2014, transferência de Xerox com thinner, verniz mole, água tinta, ponta seca / tinta preta com Alizarim Crinsom Vista para a Liberdade; 2014, água forte, água tinta de saltar, lavis s/ título, 2013, pena de bambu e aguada

207 209 210 211 212 213 214 233

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SUMÁRIO

Introdução

Percurso Interior - Paisagem Paisagem outra

Desenho com escritos Construindo com o negro

Ponta seca Água forte

Água tinta de saltar Linguagem

Algumas refl exões

Referências Bibliografi cas Apêndice: Afi nidades Visuais

15 16 155 165 189 203 208 215 216 219 222 229

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Em meio à minha prática artística, que se baseava até então no desenho e na pintura, fi z umas paisagens crepusculares da cidade com grafi te, aquarela, pastel seco e giz. Essas imagens me despertaram o desejo de realizá-las em calcogravura ou gravura em metal. Isso se tornou uma motivação para realizar este trabalho, defi nindo-se assim um caminho. O relato deste caminho se desenvolveu nesta pesquisa de mestrado em Poéticas Visuais e Processos de Criação intitulada PERCURSO INTERIOR – PAISAGEM. Percurso interior no sentido de uma traje-tória em busca de meios e recursos expressivos para o desenvolvimento do meu próprio trabalho artístico: processos técnicos e conhecimentos que mobilizo para que se realize uma poética. Essa trajetória está calcada na prática do desenho da paisagem do entorno. Paisagens onde o elemento atmosférico me interessa. A isso se somam, numa perspectiva de mistura e hibridação, as imagens de so-nho e imaginação que busco introduzir na poética visual, criando-as através dos esboços que realizo na natureza, na observação ou na manipulação das formas através de desenhos e colagens. Também introduzo pequenos poemas, frases e escritos que anoto enquanto trabalho com os desenhos, havendo assim também uma série mista de pesquisa visual com escritura.

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Percurso Interior - Paisagem

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da tua vida, ninguém exceto tu, somente tu. Existem por certo inúmeras veredas e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te do outro lado do rio, mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Para onde leva? Não perguntes: segue-o.

F. Nietzsche O artista, a meu ver, tem que descobrir por si mesmo tudo o que servirá à sua expressão, porque essa necessidade de expressão é o que o fará descobrir os valores da gravura, e tudo o que vier de fora ou é desnecessário ou é prejudicial.

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20 O que esses caminhos sugerem é ir mais além. Para isso o meu encontro com

as montanhas foi fundamental. O plano longínquo me atrai, acho-o belo, paro para contemplá-lo. Fui surpreendida pela paisagem deste lugar. Cerrado, montanha, centro–oeste, Minas Gerais.

A fonte refl exiva desta pesquisa se origina no meu fazer artístico. No entanto, con-forme o sentido da citação inicial de mestre Goeldi - afi nidade pessoal importante nesta pesquisa - é preciso realizar descobertas próprias a respeito do que servirá à expressão de cada artista para constituir uma poética pessoal. Empreendi es-forços neste sentido, encontros e escolhas pessoais aconteceram e com isso se defi niu o que denomino um percurso interior.

No dicionário de etimologia percurso quer dizer - trecho a correr ou a andar. Sobre o gravador O. Goeldi: “(...) Não acredita no ensino que recebeu nem no que poderá dar (...). Só acreditava no ensinamento dado pela atitude fi rme do artista, e de certo modo também pela obra do artista com quem se tem afi nidade. Por isso reconhece ensinamentos de Alfred Kubin, com quem mantêm correspondência e visita em 1930.(...)”

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A cidade que existe aqui tem o charme de chaminés e trens. Mostra em seus edifícios e casas a fuligem das chaminés da Gerdau e outras siderúrgicas. Um pó fi no e escuro polui esse local luminoso, cercado por montes e onde correm dois grandes rios, o Pará e o Itapecerica. Quando faz frio estes se cobrem de neblina em grandes novelos brancos e garças, também brancas, refugiam–se em bandos na vegetação das suas margens. Percorro, respiro e habito esse local. Relevo de sobe e desce: mirantes dentro da cidade. Morros, matas verdes de cerrado, torres, antenas. Gente de olhar claro e bom. Gente hospitaleira. Cidade simples, rústica. Cães soltos por toda parte, pequenos amigos, amados por uns, abominados por outros. Livres. Capim por toda parte, cimento furado de vida.

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(...) Não é a linha reta, dura e infl exível, feita pelo homem, que me atrai. O que me chama a atenção é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas monta-nhas do meu país, nas margens dos seus rios, nas nuvens do céu e nas ondas do mar. O universo está cheio de curvas, um universo de Einstein.

A curva, diz Oscar Niemeyer é o que o seduz. Reconheci-a como parte importan-te desimportan-te caminho. Deixei-a manifestar-se. Sob o ritmo das linhas das encostas ou sob as volutas da fumaça que as chaminés expelem, deixei-a acontecer.

Essa é uma pesquisa que se poderia dizer em linha curva também, parafrasean-do o poema em Linha Reta de Álvaro de Campos (Pessoa,1978, pg.268).

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Do meio de um fazer arte, do meio de uma necessidade de aprendizado, do meio de uma busca por recursos expressivos, do meio de uma inquietação... Assim como sugere Jean Lancri (Brites;Tessler, orgs. 2002) em seu texto sobre metodologia de pesquisa em Artes Plásticas, iniciarei pelo meio.

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Um direcionamento espontâneo para as artes desde cedo – desenho e pinto desde pequena – fortaleceu meu interesse pelo campo das artes plásticas. Con-sidero que buscar fazer arte, ser artista e conseguir me expressar artisticamente defi niu um percurso interno onde experiência, aprendizado e amadurecimento somaram-se constituindo um “corpo de descobertas”, para se utilizar o bonito termo de Stravinsky sobre sua própria poética musical. Neste sentido, este tra-balho descreve uma trajetória em torno do aprendizado de uma técnica artística, a gravura em metal, para acrescentá-la ao meu próprio rol de recursos expres-sivos ou linguagens artísticas. Para isso, recorro principalmente à paisagem, ao desenho que é um meio essencial em minha prática artística e docente, em uma oportunidade de aprofundamento e ampliação desta linguagem que possibilitou também a pesquisa da construção de imagens na gravura em metal.

O que é signifi cativo não nos abandona por mais que o tempo passe.

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Tempo! Denominador comum de tudo que se experimenta ou cresce. Durante a graduação no curso de artes dediquei-me a desenvolver minha capacidade para o desenho. Tê-lo como ferramenta ou instrumento para o trabalho artístico tor-nou-se muito importante e busquei veementemente o amadurecer, seja através do exercício diário registrando o mundo ao meu redor, seja através de aulas de modelo vivo.

Observar, aprender a ver, buscando a síntese expressiva no desenho foi o des-cortinar-se de uma linguagem nova…

Neste aprendizado contínuo e decisivo passei a fazer gravuras: xilogravuras, gravura em metal e serigrafi a principalmente que faziam parte do currículo do curso de Artes. A descoberta da obra gráfi ca de Oswaldo Goeldi (1895 - 1961) nessa época e a orientação do mestre Evandro Jardim (São Paulo,1935), meu professor na graduação, foram decisivas neste momento.

Desenho: Prazer em obter a forma. Prazer em vê-la acontecer sob minhas mãos e gestos!

Eu havia descoberto uma vocação! Luigi Pareyson (1994, pg.85) comenta sobre a alegria de criar como um sentimento que acontece concomitante à atividade artística.

Desenho e paixão pela cor: Como lidar com isso? Mergulhei em Matisse (1869 – 1954). Admirei Picasso (1881 – 1973). Havia ainda Cézanne (1839 –1906) ... E a gravura me parecia escura, repleta de negros, meticulosa, talvez rigorosa... Sentia que me faltava a cor.

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exposições. No entanto, aos poucos, o universo gráfi co adormeceu suplantado pelo interesse pela pintura. Mergulhei nas cores e busquei experimentá-las sob várias técnicas. Sonhei-as todas, como diria um poeta. Misturas. Superfícies di-ferentes. Amadureci cromaticamente.

O desenho permaneceu como um recurso sempre à mão, no entanto, transfor-mou-se pouco a pouco em anotação rápida ou estrutural para a pintura e até mesmo prescindi dele. O interesse pela cor com uma pincelada estruturando a forma mais que um desenho linear era o objetivo para o qual eu dirigia meus esforços (Serullaz,1989, pg.16).

O elemento atmosférico da paisagem me interessava e experimentei a paleta impressionista. Suspendi o uso do preto, aproximei-me da teoria de cores de Goethe (1749 – 1832) . A cor e a luz possuíam-me. Mestre Turner (1775 – 1851). Paisagens e atmosferas. Um clima subjetivo forte estava sempre presente. Tra-balhei com bastante liberdade e fi z experimentações técnicas e de estilos. Eu trabalhava no sentido de constituir uma poética pictórica própria. Foi um período rico que me propiciou um background especial. Senti necessidade de expor o trabalho e mostrá-lo a outros artistas e estudiosos. Acolhi algumas considerações críticas e sugestões e mudei o método de trabalho:

Liberei o uso do preto.

Deixei a tela de algodão e passei a pintar sobre papel.

Voltei à impressão direta utilizando a observação para trabalhar. Sensação direta.

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“(...) O artista, mesmo não possuindo nenhum critério objetivo e mesmo não dispondo de um projeto preestabelecido está em condições de reconhecer e distinguir, no curso da produção, aquilo que deve cancelar ou corrigir ou mo-difi car, e aquilo, pelo contrário, está bem conseguido e pode considerar como defi nitivo.”

(Pareyson,1984, pg.141 in Cattani,, pg 37 a 49.)

No processo de criação artística o artista é o primeiro observador, também o pri-meiro crítico de sua produção, o pripri-meiro olhar. Exercício de objetividade faz-se necessário para orientação do próprio fazer. Sobre esse fenômeno Aldo Bonadei (1906 - 1974) recomenda: “O melhor é deixar que a mente siga seus próprios conselhos e ensinamentos, suas próprias intuições... “ (Gonçalves, 1990, pg 153). Abandonei–me à intuição criativa...

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Alguma coisa se pensa em mim

No silêncio...

se constitui

Em segredo...

forma-se

Irrompe...

Pequena e forte

Como um botão...

Rebento

Flor.

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Surpreendentemente, reacendeu-se o desejo de fazer gravura. “Mexer com o negro” era o que me vinha constantemente à imaginação. Mas que pensamento era esse que me solicitava atenção? Alguma coisa sem caráter defi nido, típica coisa Macunaíma, diria Gruzinski. (2001, pg. 27, 28).

O “Elogio das Trevas”, (Coli, 2001) fala sobre o pensamento visual descreven-do-o como uma refl exão sobre as coisas que não se dá no âmbito da razão e do conceito. Passei a ver gravuras novamente e a vontade de “falar” através daqueles negros e cinzas cresceu. A gravura como forma de linguagem artística interessava-me novamente.

Buscando por um material mais fi rme e resistente que a tinta e o pincel, voltei a desenhar: com lápis B, lápis F, H, 4H, caneta esferográfi ca, bico de pena, etc... Enquanto isso as diferentes técnicas da gravura em metal pareciam-me tão be-las... O gosto pelo desenho retornava... Eu desejava ver acontecer meu desenho sobre o metal... Então, dócil a isso tudo, procurei retomar o universo gráfi co, voltando a desenhar e a gravar.

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Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mer-gulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector

Algo diferente me chamava e era preciso seguir e buscar em outras direções. Curvas, caminhos e descaminhos. Rendi-me à solicitação deste impulso criativo e mergulhei... Em trevas azuis, marrons e cinzas, de aguada e nanquim.

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Como método de trabalho, estabeleci um espaço de procura e pesquisa: a cidade onde moro, as paisagens do meu entorno e a prática do desenho de observação, que já na pintura mostrara-se um caminho promissor para o trabalho.

Penso noventa e nove vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – e eis que a verdade se revela.

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Realidades díspares

Como tratar delas?

A linguagem se torna naturalmente poética

Para abarcar tal amplitude.

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Após a ouvir atentamente, voltou-se e disse:

--- Então quer dizer que você é um pássaro de papel ...?

--- Amassado... Ela completou baixinho.

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Pássaros. Pássaros por toda parte vivendo na cidade, a revoar nos céus, movi-mentando o espaço com a passagem do seu voo. Intermediários entre o aqui e o acolá? Recebo – os como um acontecimento feliz no meu desenho. Aparição.

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Algum mistério, incógnitas e deslumbramentos persistem e são importantes aqui. Um clima de incerteza e não obviedade também. Há imagens que surgem e movem-se silenciosamente como miragens em paisagens na imaginação. Vislumbro-as e reco-lho seus indícios nos esboços que realizo por toda parte, na rua, na cidade, em casa. Fernando Pessoa (1978, pg. 73, 74) fala de uma dupla paisagem: a percebida, avis-tada fora pelo olhar, mais a interna que surge a partir dos estados da alma. Ambas fundem-se em sobreposição e mistura. As paisagens internas possuem as qualidades da introspecção e da sensibilidade que se volta para perceber o mundo interior. Aqui, imaginações e fantasias vivem e assumem relevância. Talvez as imagens fantásti-cas sejam as mais apropriadas para as representar... Um artista que atente a esse universo imaginativo próprio, possuirá um olhar perscrutador de si. - Nos retratos de Lucian Freud (1922-2011) tive a experiência deste olhar. Pareceu-me que essas obras devolviam-me a observação que eu aplicava a elas, fi tando-me também em perscrutação e exame.

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Antes do nome

Não me importa a palavra, esta corriqueira Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe

Os sítios escuros onde nasce o “de,” o “aliás” (...)

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Palavra, território frustrante e banal. Palavra-abrigo / casa (Melo, 2011) do sen-tido e do signifi cado. Mas estreito, limitado, empobrecedor. O que desejo é um sentido mais profundo, o “sentido bruto ” (Ponty, 1980, pg. 86). Sentido espessa-do de conteúespessa-do e experiência. Substância completa.

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Choveu esta noite toda e ao longe, nas montanhas, a bruma se deposita branca sobre a paisagem. A linha do horizonte sumiu, esvaneceu-se indefi nida. É o que me leva a trabalhar, inspiração para os meus cinzas. Busca de defi nição com grafi te em meio ao indistinto e indefi nido da neblina e da fumaça. Isso encontrei aqui através da presença inspiradora das serras e montanhas. Diferentemen-te de minha Diferentemen-terra natal, região plana, esta paisagem chama à conDiferentemen-templação... Mirantes nas serras, alturas importantes de onde é possível des – cortinar, des - cobrir, modalidades do apaixonadamente VER, des - velar. Como é maravilhosa a revelação da paisagem no caminho! Sou aquela que apreciando o espetáculo natural, esse prazer de andarilha e viajante, senta-se para rabiscar e desenhar.

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A chuva aproxima-se rápida e está prestes a cair. Ventos e nuvens grossas engo-lem casas e árvores. A paisagem corriqueiramente avistada, muda. Agora é outro esse lugar... Desenho-o em meio a esse movimento e posso contemplá-lo então, em sua inteireza própria e cambiante.

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Anoitecer.

O dia transcorre uniforme, entre afazeres, cuidados e compromissos. No entanto, anoitece..

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O céu tinge-se de cores surpreendentes e a luz nos convida à contemplação... Dia e noite fi nalmente próximos... Talvez haja agora algum segredo que possa-mos fi nalmente ouvir e guardar... Por que estapossa-mos aqui? Por que as coisas são assim, com a visibilidade com que se me apresentam neste instante? ...Silêncio.

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Acho o meio tom difícil, especial e laborioso. Perdê-lo signifi ca perder muito no meu desenho: delicado equilíbrio entre o contraste dos claros e escuros, “intermezzo,” passagem. Conseguir realizá-los grafi camente foi uma mudança importante porque antes, eu os queria pintar. Minha tela enchia – se de um todo indeterminado de meios tons acinzentados ou esverdeados e a pincelada macia não ajudava a determinar muito mais a paisagem. Eu avizinhava – me a uma es-pécie de “magma” colorido, conforme Maurice Serullaz (1989, pg 59) comenta a respeito do trabalho de mestre Monet (1840-1926). Com isso me considerei enri-quecida expressivamente com a mudança que empreendi no sentido de retomar o trabalho gráfi co: - Fazer a mesma coisa de outro jeito, disse mestre Evandro.

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Não preciso ver completamente mas vislumbrar... Entrego um pouco à indefi ni-ção do branco, um pouco ao mistério da treva. O desenho surge assim por entre contrastes... Não há exclusões, constrói – se com preto, branco e cinza. Só isso.

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Acho importante tudo que borra. Acho importante tudo que ultrapassa. Acho im-portante tudo que se confunde. Limites demarcados rigidamente defi nidos, não me agradam.

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É tudo inteligível quando desenho? Não. Rabisco até cansar e sentir correspon-dência... Há cinza no céu e no chão. Há amarelo no céu e no chão. Tudo junto em uma só imagem. Diferenciado, dissimile e uma coisa só, igual. É difícil. É assim para mim.

Gruzinski quando estuda o território complexo das mestiçagens adverte: “(...) que o que assume as aparências da incoerência pode perfeitamente ter um sig-nifi cado, e que é no coração da metamorfose e da precariedade que se aloja a verdadeira continuidade das coisas” (2001, pg.28).

Nesta paisagem cinza percebo-me como que em território mestiço, mesclado de meios tons... Realizo o meu trabalho com o desenho e me sinto emergir por entre traços e formas – alguma defi nição em meio ao todo que me cerca e toma, uma participação física/sensorial do paisagista que pratica o desenho de observação como uma imersão (Lhote, 1955, pg 28).

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Arrumo a mesa. Pego todos os materiais que considero que possa vir a utilizar... Sobre essa parafernália de crayons, nanquins e penas, dúvidas e interrogações... Não sei por onde começar e nem ao certo o que fazer... Inicio mesmo assim. Mexo - me experimentando uma tinta qualquer... Não, não é isso. Quem sabe melhor com outro nanquim?.. Este agora parece bem... Começo novamente. Rabisco e surpresa! Encorpa-se a linha em defi nição e amor com o papel: jun-tam-se suavemente. Por quanto tempo aguardo e procuro por essa ponta macia a deslizar assim sobre o papel para se constituir o desenho?... Um ano? Dois? Cinco anos?... Nada sei dizer sobre isso agora... Concentro–me. Encontrei algu-ma coisa e estou interessada... A hesitação anterior transforalgu-ma-se em prontidão e ação. Ainda vagamente recordo-me de Picasso: “eu não procuro, eu encontro” (1980, pg. 74). Quanta confi ança na criatividade essa frase expressa! Os ensina-mentos dos mestres estão sempre a ecoar na pesquisa de hoje... Conhecer- lhes o processo de criação é muito importante. Rearranjo a mesa toda e decido por uma direção em minhas tentativas. É muito concreto esse fazer, muito objetivo. Sento-me para trabalhar e desenhar.

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101

O desenho me apanha

A paisagem me conduz.

Deixo inacabado.

Espaços.

Ausências.

Branco percorrido

de significado.

Já.

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Aprender? Mais que tudo os desenhos de Rembrandt (1606- 1669). O movimen-to das linhas que mais sugerem que defi nem claramente... Esboços. Eloquência. É o que vejo.

O espaço amplo da diminuta paisagem: 98mmx218mm. O pé sobre o degrau e também a pressa, o peso da criança e o esforço do equilíbrio. Vê-se tudo isso em esparsas linhas, contrastes e manchas.

Homens trabalhando, pessoas se movendo. Gestos, sorrisos e olhares. Linhas leves, incertas e desiguais. Linhas certeiras, claras e fl uidas.

Impossível repeti-las.

Por que aquele peixe está lá em cima no alto do papel? Truta a nadar no espaço branco da folha... E o caixote a boiar no rio? Cubo a se sustentar em refl exo de água tinta: mestre Evandro.

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Quando eu estiver me tornando banal.

Procurar-te-ei

Silente e pedinte...

Esmola.

Sentido.

Luz não és... Ao contrário...

És espesso, profundo e não sorris...

De novo te apalpo.

Indago sobre mim em ti.

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...E se eu não tratasse das paredes que avisto recortando a paisagem? Mas ouso fazê-lo, registro o sol contido pela parede - obstáculo inconveniente ao olhar idílico. Também antenas e calhas, parafernália feiosa a levantar–se con-tra o céu. Ouso também. Vão escuro de obra, textura caótica de construção a erguer–se.

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“Mexer com o negro”, é isso tudo para mim, direcionamento que meu olhar ele-geu. Trevas transparentes, trevas coloridas de aguada e negro, fuligem molhada a espalhar-se no papel. Também na gravura, pesquisa de pretos coloridos.

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Nas aquarelas passei a reservar o branco com giz cera e pastel oleoso. Tudo para preservar a luz. Disso para o verniz protetor do claro na água tinta, foi sim-ples desdobramento. Aos poucos descobri que assim eu manipulava o branco para desenhar e que o meio tom tinha o seu lugar e o preto também.

Às vezes se falha um pouquinho no tom das aquarelas e aguadas. Ao olhar, isso surge como uma ausência, como uma intensidade que ainda não se obteve... É o tom da cor que ainda não está bem. Então, deixo o trabalho adormecer. Esqueço–o por ali para mais tarde, outro dia, surpreendê-lo com um olhar novo, fresco. Esse hiato de tempo se mostra sempre importante e produtivo. Camada após camada chega-se ao ponto ótimo, devagar. Sintonia de tons.

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114

O olhar aguça-se.

A mão realiza.

Linhas que se misturam

Desenho que se forma.

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No caminho descubro pássaros incrustados. São buraquinhos ou passarinhos? Há alguém que os viu enquanto passava - presos que estão no cimento da calça-da - e os libertou em forma de desenho. A arte é mesmo um outro modo de olhar. A imaginação tem um papel importante neste trabalho. Não me ocorre outro ter-mo senão trabalho criativo. Passeio pelos lugares atenta às formas e desenhos. Olho os musgos que crescem nos troncos das árvores. Mestre Leonardo (M. Claret,1985).

Avistei na esquina do trabalho um pequeno pássaro no chão... Pequeno origami feito de guardanapo amassado, expulso do boteco por alguém que sem querer o pisou e modelou...

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Defi nir e materializar as imagens que encontro e se formam através do meu olhar é muito importante. Para isso desenho na rua, seleciono, ajunto, fotografo, recorto e pesquiso intensamente a construção da imagem que vislumbro. Faço esboços e aquarelas, colagens, rabiscos, reviro papéis, procuro antigos desenhos que me ocorrem à memória, esquecidos completamente que nunca estão. Procuro ver sem esforço isso tudo que produzo, observando a imagem defi nir-se. Vou cercando essa visibilidade possível vislumbrada no mundo à volta ou em sonhos e imaginação... Aos poucos encontro a forma almejada. Busco concretizá-la... “Atividade de risco” (Buti, 1992), oscilando sempre entre êxito e fracasso. Mira-gens... são muitas vezes o que avisto e persigo materializar. Paisagens internas outra vez e para isso é preciso ousar um percurso interior.

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Nos “Escritos e Refl exões sobre Arte”, mestre Matisse, fala-nos: (...) amo os de-senhos, estudo-os; procuro neles revelações sobre mim próprio. Considero-os como as materializações do meu sentimento.” (1972, pg 150.) Também Mário Quintana, poeta gaúcho (1906 – 1994) afi rmou que até mesmo as vírgulas em seus poemas eram confi ssão (Quintana, 2000, pg.11). Até as vírgulas... Como pequeninos desenhos reveladores de quem os fez... Os meus também.

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Minha mãe parecia uma cientista, fazedora incansável. Sua casa, uma ofi cina, verdadeiro laboratório. Produtos e procedimentos manuais para tudo: curar e reproduzir plantas, confecção de manteigas e licores: jabuticaba e marolo chei-rosos a borbulhar no álcool. Bolinha de massa sacudindo-se aerada chamando para assar o pão. A matemática dos moldes de costura: desenho sobre o tecido. Goma laca para as pátinas. Betume para escurecer as peças. Arte.

Enquanto isso meu pai, esculpia e modelava com lâminas de cera vermelha e gesso. Havia ouro, prata, porcelana e mercúrio na nossa casa. Sob o cheiro forte de produtos químicos de protético e odontólogo rodavam coisas num motor maluco. Alquimia.

Um dia, reapareceu um querido e velho amigo nosso e perguntou: – Quem era a pequena de olhos grandes que fi cava aqui observando tudo?

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Arte como ofício sempre foi a perspectiva que me interessou. Processos inte-ressantes e manuais para se realizar as coisas. Vida. Aprendi com meus pais e avós, com minha família italiana, lavradores empenhados nos segredos do solo e da lavoura. Busca por um fazer concreto e prático para defi nir e objetivar no campo das artes. Métier. Vocação: ato de chamar (do lat. Vocatio-onis: tendência, aptidão. Dic. Etim. Nova Fronteira, 1986, RJ).

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128

(...) A visão não constitui um registro mecânico de elementos, senão um apoderar-se de estruturas signifi cativas (...)

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Olhar. Ver. É preciso entender o que se vê, disse o mestre desenhista... Não me esqueci jamais... Para entender, desenho muitas vezes as mesmas coisas... A mesma rua, a mesma árvore, o mesmo lugar. E sempre é novo, sempre é uma outra vez. Assim, aprendo sempre.

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Alteio o olhar. Espaço de procura: meu entorno. Assim que encontro, visito tudo novamente, rodeio, buscando surpresas e revelações. Arabescos. Estou à dis-posição.

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139 Observar o real é exercer um olhar ansioso por descrever pormenores e detalhes

realísticos? Não é assim para mim. Observo, mas me sensibiliza mesmo é o todo, o aspecto geral da paisagem. Um olhar perscrutador sim, mas um olhar que percorre o mundo visível buscando traduzi-lo enquanto síntese, registro de uma impressão à sensibilidade. Essa é a liberdade que procuro ao desenhar. Um espaço para a expressão que me interessa.

“Desenhar é concretizar uma ideia.” ‘‘(...) Uma obra sem desenho é uma casa sem madeiramento”

(Matisse, 1972, pg. 152).

Desenhar é algo do passado, dizem alguns. Não. O desenho é algo cultivado, conservado e aperfeiçoado. Uma prática que exige dedicação. O desenho é uma arte, uma linguagem.

(...) Não, Josino, a rima não é um recurso ultrapassado, mas um recurso adqui-rido e conservado. Por que o poeta não haverá de usar esse mágico anzol de imagens?

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140

O desenho é tagarela, “explicita ideias”, disse mestre Matisse. Quando ele real-mente diz, pode-se entender muito.

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Desenho. Desígnio, Intenção. Entendo isso como gesto, traço, registro, movi-mento e ritmo. Na paisagem, rendo-me ao ritmo. Se o ritmo me toma quando estou passeando por aí com os meus cadernos, há sempre um impacto. Como a sensação de um susto: impacto visual. É forte, é signifi cativo, não penso em nada, rendo-me à paisagem e registro as relações que me suscitaram o ritmo. Quando desenho sinto algo musical, uma música visível à qual dedico-me silenciosamente.

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A ideia das rimas plásticas como contrastes e analogias que conduzem o nosso olhar e despertam a sensibilidade (Lhote,1955, fi g. 19) aproxima-se ao que expe-rimento quando pratico o desenho.

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O esboço como anotação primeira, vívida e expressiva, é muito importante no meu pensamento, no modo como concebo o desenho. Muitas vezes acho que é o sufi ciente. Agrada-me tanto o que produzo assim que não cultivo o hábito do retoque. Conservo a impressão de que aquela anotação é produto do momento específi co em que a realizei, por isso basta estar como está. A palavra “esboço“ dá uma falsa ideia de incompletude e indefi nição, mas é onde se pode atingir um alto nível de expressividade. (Clarke, 1961, pg.134)

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Assim que iniciei este trabalho e voltei a utilizar os materiais gráfi cos, quis usar o nanquim. Mas o que me vinha à imaginação era o desenho todo em marrom e não o nanquim preto comum. Mas não o comprei. Passei a misturar o preto com o vermelho e a pesquisar os tons de marrom que me agradassem. Feito isso passei a usá-los nos desenhos. Um clima bonito surgiu, quente, linha escura mas nem tanto... Ainda assim faltava algo... Quando diluí a tinta e a linha se formou leve e transparente achei bom mas ainda faltava algo também...

Experimentei o azul que tinha no ateliê. Azul ultramar grave e escuro, lindo. Sua-vizei – o em aguadas leves e pintei os céus... Mais tarde adquiri um nanquim azul celeste que passei a usar e os céus fi caram mais claros e alegres. Marrons, dois azuis, vermelho, preto. Quando misturei tudo em camadas leves superpostas surgiu um lindo cinzento, encorpado ora em azuis, ora em vermelhos, ora em marrons. Índigo? Corri olhar mestre Piranesi (1720 – 1781) mais uma vez: cárce-res... Onde essa cor, esse tom?... Quando viu esses trabalhos, mestre Evandro disse: - Essa cor é sua...

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Foi a primeira pessoa que ao observar as aguadas, comentou sobre a cor... Cor que me chamou lá de longe da paisagem cinza do papel e que fui buscar em pesquisa e intenção... Sensibilidade do mestre – espectador. Um olhar especial, preparado, sábio.

Cor - segue sendo para mim a expressão primeira de um clima ou atmosfera. Mergulho, submersão, sentir. Mestre Ianelli (1922 – 2009).

A respeito da busca que move o artista tentando concretizar seu trabalho assim escreveu Marco Buti (1996, pg. 107): “À manifestação no plano material

corres-ponde uma rede de associações, infl uências, memórias, anseios, conhecimen-tos, refl exões, que justamente ao realizar-se atinge a máxima concentração e exigência: torna-se forma.”

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Forma. Sobre isso Paul Klee (1879 – 1940) nos deixou uma frase importante:

Boa é a formação, má é a forma porque a forma é fi m, é morte

(Bosi, 2006, pg.71).

A forma sempre me chama a atenção, ocupa - me os pensamentos e impres-sões. No entanto, o sentimento que guardo sobre isso possui afi nidades com o que Klee disse: a forma é difícil e realizá-la é sempre perder alguma coisa que fi ca de fora do que se imaginou ou viu... Busco um ritmo que arrebate a forma e a conduza. Como um pássaro branco que escapole da caixa – expressão.

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Um todo

Partir de um todo

Transmitir com a linha

Suas qualidades:

embaçado, preto forte, tiquinho de cor, clarinho

azul.

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Paisagem Outra

Desfi z alguns cadernos de desenho para poder ver lado a lado as paisagens num impulso de ver mais completamente o todo que elas defi niriam. Isso aconteceu porque algumas destas foram inicialmente desenhadas em duas partes, em duas folhas vizinhas. Essa experiência possibilitou romper com a ideia incômoda de segmento na paisagem e assim descortinaram-se novas paisagens, a mais além, e a outra, conforme denominei.

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Em meio à paisagem, a geringonça feia, absurda, monstrenga. Cidade suja, im-pessoal, alheia. Esfi nge urbana, devoradora, prisão.

Fugir daqui onde o olhar não vê horizontes. Fugir para onde haja espaço aberto; planos sucedendo-se infi nitos. Libertar o olhar em recolhimento e silêncio. Res-pirar tranquilidade, paz e beleza. Natureza.

Kenneth Clarke (1961, pg. 25) comenta que a emoção da qual tanto depende a existência da pintura da paisagem é o desejo de fugir à agitação para a paz dos campos.

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Desenho com Escritos

Escrevo nos desenhos, desenho nos poemas... Misturo desenho com escritura. Isso acontece devido à minha afi nidade com a linguagem poética a qual pratico há tempos, assim como tantos outros artistas visuais, Cândido Portinari e Aldo Bonadei por exemplo... Acontece desta maneira dentro do fl uxo do meu fazer artístico. “As imagens engendram as palavras que engendram as imagens em um movimento sem fi m.“ (Joly, 2012, pg. 121). Busco com essa mistura de lin-guagens uma complementação, uma justaposição? Não sei. Sei que hibridação é um conceito importante na criação artística para mim. Considero que para criar estamos sempre efetuando misturas de elementos diversos. Disso resultou essa pequena série.

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166

São pequenos escritos ou poemas feitos enquanto desenho pelo caminho. Anoto-os nas costas das folhas dos desenhos ou mesmo ao lado das imagens. Agradam-me a fl uência da escritura e as linhas da caligrafi a que me fornecem às vezes o tom de cinza sobre o qual gosto de desenhar, um pequeno palimpsesto particular. São práticas que entendo como auxiliares para submergir em mim mesma, concentrando-me para trabalhar com arte. Como uma espécie de afi na-ção, de um instrumento musical, que antecede o concerto. Hibridação. De toda maneira, uma poética.

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Receita

Vou juntando várias coisas

Fazendo pequeninos desenhos

Costuro um cavalo com fábrica,

Um pássaro com caixinha.

Vou somando essas

Pequeninas partes

E uma hora elas me

Definirão.

Se aglutinarão...

E um sentido mais amplo

Surgirá...

É preciso humildade,

É preciso esperar,

trabalhar

É preciso rezar,

È preciso fazer...

Minhas pobres mãos, em algum momento

Se modificarão,

Serão capazes de unificar

TUDO

E das partes

Surgirá o TODO

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172

Trabalho o tempo todo

Faço almoço

Vou ao xerox

Meto as chaves nas fechaduras

E degrau por degrau

Subo e desço as escadas.

Não sei o que estou fazendo...

Muitas vezes não sei o que estou fazendo...

Ando perdida.

Quando debruço - me sobre esse vazio,

Encontro tudo.

Cores, paz, trabalho, alegria.

Ser artista é uma tarefa infinita *.

(sorriso)

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173

Rabisco, esboço

1ª impressão

Registro.

Os cinzas se superpõem –

Desenho

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174

O mestre tinha razão...

Sem caneta, dois lápis

Lápis bem duro 4H

Cores escuras

Marrom

Tudo misturado a cinza e pardo

Muito pardo

-Casa junto com barco,

Barco junto com calçada –

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175

Problema

É preciso redigir

Operar em dois sistemas diferentes

O linguístico

E o não verbal –

O tal pensamento visual...

Francamente...

O que esse “povo” intelectual

Acadêmico

Pensa que a gente é?

É preciso ter “personal training”

Na universidade.

Será que serve um artista sincero

De meia idade e meio louco?

Forma

“nóis num have”

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Em arte

NADA

É o que parece ser; e é exatamente o que é.

É por isso que interessa a tantas gentes.

Para o artista é uma complicação...

Para ele a realidade

- normal para todos –

É diferente.

Há brilhos,

Espaços,

Interstícios,

Ausências...

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177

Querem acabar com as oposições...

Eu também...

Preto e branco.

Realidades absolutas.

Não existem, mas as concebemos...

Afinal

A gente se move sobre o quê?

Lúgubre:

Terreno alagadiço e movediço.

Aprendi isso ontem.

Será isso?

O processo é a verdadeira

realidade

treva e luz.

Processo

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178

A subversão das categorias

Rótulos

Modismos

E classificações.

Figurativo X Abstracionismo

Cor X Desenho

Velho X Novo

Razão X Emoção

Separar parece um vício maléfico

A Arte é uma atividade que parte e acontece no meio:

No meio de um fazer

No meio de um sentir.

Disso advirá um saber.

Mas um saber inteligente, profundo e intuitivo

Que não fica separando elementos e categorias.

Sabe-os, mas não os alija de seus contextos.

Não existe nisso o que se poderia chamar “situação impura”.

É tudo mistura, mestiçagem

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179

Em tom desabusado

E loquaz

Perfuro até o muro:

Uma ótica da razão ou

Um parâmetro acadêmico.

Tédio.

Esse poema é para se ler

Ouvindo música.

Senão...

Não há sentido.

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180

Um matinho

Um capim

Pequeninas coisas.

Todas fazem parte de mim

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182

Para representar a cidade envolta em negros e meio-tons, cravejada de pontos de luzes brilhantes, uma maneira óbvia de trabalhar com o negro como desejava, experimentei o papel preto e o lápis de cor branca para esboços. O resultado levou-me a experimentar, na gravura em metal, a Maneira Negra seduzida pelo método direto do Berceaux. Ainda busco essa cidade espetacular de luzes, estre-las faiscantes, diamantes. As luzes no seio da escuridão me fascinam. Contraste.

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Aprender sobre a paisagem fantástica foi importantíssimo no decorrer deste mes-trado. Signifi cou um aprofundamento da compreensão acerca da afi nidade com a arte expressionista que sempre dirigiu o meu interesse, Van Gogh (1853-1890), e Oswald Goeldi especialmente: o sofrimento humano, “as cenas noturnas e a ex-citação da imaginação” (Clarke, 1961, pg. 76). Entendi porque também Leonardo da Vinci e Cézanne são mestres importantes para mim, referências tanto no de-senho como na pintura. A respeito do usual confl ito entre a linha e a cor, Cézanne disse: “O desenho e a cor não são mais distintos, pintando, desenha – se; (...) Realizada a cor em sua riqueza, atinge a forma sua plenitude.” (Merleau-Ponty, 1980, pg 118). Como chegar a essa vivência que o mestre de Aix aponta supe-rando divisões e incongruências dentro do próprio fazer artístico? Oscilações, alternâncias, dúvidas. Estas últimas têm acompanhado intensamente o percurso deste trabalho. A aparente contradição entre observação - imaginação, linha - cor, desenho - pintura, começou a encontrar caminhos mais sábios transformando-se em entendimento acerca do paradoxo e da antinomía, onde existe a contradição mas não há incompatibilidade. Isso ampliou horizontes e possibilitou uma com-preensão mais abrangente dos impulsos criativos que agem dentro de mim e dirigem meu fazer artístico.

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187

Certa vez fi z um desenho da cidade à noite com pena e aguada: – É isso que quero fazer! Imediatamente senti. No fazer artístico acontecem indícios e pis-tas como esse. É assim que avanço, discernindo o caminho a seguir. Como na história de João e Maria, que recolhiam as migalhas de pão para encontrar o caminho... Para fazer a cidade à noite mergulhada em luzes e sombras, busquei a gravura. Eu que pintava para construir com a cor, fui “gravurar” para construir com o negro.

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Estava tudo negro, mas deslumbrante (...)

Edgar A. Poe, O Homem da Multidão, pg 96

Encontro. Um dia na rua encontrei um pedaço de entulho. Havia um desenho incrustado nele, um buraco rústico de massa de cimento e terra. Pareceu-me bonito aquilo – um ramo talvez – pequeno fragmento de ladrilho antigo. Surpre-endi-me com aquela coisa como se houvera visto pedra lustrosa e bela e não um caco estranho e opaco. Agarrei-o e levei-o para casa. Depositei-o em um canto e o esqueci ali. Reencontrei - o aqui hoje, pequeno pedaço de visibilidade futura. Que qualidade dorme aqui nesta pedra que meu olhar já reconheceu mas eu ainda não vi? Incógnita. Pesquisa. Porque em algum momento despertei para a tridimensionalidade da gravura. Isso aconteceu - me assim, inadvertidamente... Como um paladar na boca... Um sabor. Hummm... Gravura...

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190

O anseio por esse encontro me levou a sonhar e a imaginar algo de diferente no trabalho que estava realizando. A pintura se queria diferente. Passei a pintar sobre papel... Melhor? Passei a imprimir nesse papel, relevos e marcas, uma espécie de palimpsesto próprio, pesquisa visual. Mas onde o encavo? A talha? Risquei papéis úmidos com a ponta de videa e derramei tinta sobre eles... Queria o sulco, a terceira dimensão. Então, após esse percurso testando matérias, constatada a impossibilidade da folha rasa do papel, fi nalmente entendi... Encavo, entalhe, gravura.

Na gravura busco trabalhar sobre marcas. Gravo linhas e depois as suavizo. Ar-ranho e depois apago. Escureço e depois lixo retirando o preto. Avesso... Procuro chegar à forma pelo avesso. Um “sujo inicial” me auxilia muito nesse procedimento e pode ser um cinza feito com água tinta ou uma textura qualquer feita com verniz mole. Penso a gravura assim, construo-a desta maneira. Meu projeto inicial deverá dialogar com esse campo marcado para se defi nirem juntos, fi gura e fundo. Ob-servo muito e trabalho devagar. A forma vai se defi nindo aos poucos e sempre há surpresas...

Descobrir a gravura como linguagem pessoal foi muito importante para ampliar o espaço das minhas experimentações, inicialmente desajeitadas e tímidas.

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191

Há um processo amplo de descobrir e transformar, inventar. Por isso falei em sur-presas... Atividade envolvente onde mergulhada no fazer, a poética que procuro realizar encontra os meios para se materializar.

A arte é uma produção, logo supõe trabalho. Movimento que arranca a forma do amorfo, o ato da potência, o cosmos do caos.

(Bosi, 2006, pg 13)

Um caminho tortuoso, por entre esboços, manchas, impressões e marcas... as-sim percebo o desenrolar do processo de criação desta pesquisa com a gravura em metal. Espaços brancos e apagamentos são importantes. Brumas, neblinas. Des-desenho.

O desenho que trago comigo da rua, anotação primeira, se desfaz para ressurgir transformado. Uma paisagem interna molhada de cidade e poesia, emerge deste fazer. Gravura – sonho – invenção.

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O que mais dizer sobre gravura em metal? Os processos técnicos são tão bonitos e ricos, diferentes também. Envolvem um universo de conhecimentos e materiais incomuns... Há cheiros fortes no ar. Aguarrás. Sal e vinagre. Lixas. Fogo. Água. A técnica estimula, exaspera e envolve. É um métier a explorar.

Cada etapa de procedimento técnico possibilita uma parte do que se constituirá a gravura. Benefi cio-me deste ritmo de trabalho para à ideia inicial acrescentar contribuições: da própria ação do ácido, do breu, de gravações inadvertidas e surpreendentes, texturas, etc. Antoni Tàpies (1982) diz que a valorização das texturas é contribuição do movimento surrealista. De fato, percebo que isso tudo possibilita surpresas meio fantásticas que me interessam. A imagem da gravura por entre banhos de ácido e entintagem – revelação.

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A linha que se produz através do metal é muito especial. As qualidades tridimen-sionais que o encavo da gravação ou da ponta acrescentam à imagem fazem com que esta pareça, ao meu olhar, sustentar - se acima do papel, constituindo uma massa rica de linhas, negros e cinzas encorpados. Ao olhar do apreciador a gravura revela-se generosa, qual anfi triã abastada .

Aquarelas borradas, é o que às vezes acho que as minhas imagens são: mira-gens. Quero que a linha aconteça, mas leve, transparente, fi na, vacilante e clara. Como concretizar isso? Como chegar a esse resultado? É o que eu mesma me pergunto e pelo qual trabalho.

Minha mente precipita-se em mil procedimentos criativos estimulada pelo con-tato com a técnica. De ideia em ideia, tentativa após tentativa, vou testando e fazendo a técnica ser minha. Procuro- a para fazê-la procedimento que sirva às qualidades que busco para realizar a poética que desenvolvo. Com isso, riscos, tentativas, fracassos, encontros e descobertas.

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A concepção não pode preceder a execução

(Merleau-Ponty, 1980)

Essa refl exão norteou por muito tempo meus esforços na pesquisa em Artes Plásticas. Tornou–se parte de uma verdade pessoal. Se se pudeste saber cla-ramente antes de fazer... Mas é impossível... Não acontece assim... Lidamos com os materiais, experimentando-os em profundidade. Extraímos com isso qualidades sensivelmente organizadas e signifi cativas para nossas poéticas. Debruçamo-nos sobre os materiais e arriscamos... “É duvidoso que a arte possa ser melhor defi nida do que uma espécie de sensibilidade espiritual em contato com a matéria”. (Maritain apud Read,1981, pg.102).

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Referências

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