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Produção de trigo por modificação da dose e forma de liberação de nitrogênio

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEAg – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE AGRONOMIA

PRODUÇÃO DE TRIGO POR MODIFICAÇÃO DA DOSE E FORMA DE LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO

LUCAS LINCK MONTAGNER

Ijuí - RS Julho - 2011

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LUCAS LINCK MONTAGNER

PRODUÇÃO DE TRIGO POR MODIFICAÇÃO DA DOSE E FORMA DE LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI – como requisito para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. José Antônio Gonzalez da Silva

Ijuí - RS Julho - 2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

LUCAS LINCK MONTAGNER

PRODUÇÃO DE TRIGO POR MODIFICAÇÃO DA DOSE E FORMA DE LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia - Departamento de Estudos Agrários - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do

Sul, aprovado pela banca abaixo subscrita.

Ijuí, 22 de julho de 2011.

Prof. Dr. José Antônio Gonzalez da Silva __________________________________ DEAg/UNIJUÍ - Orientador

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Sidnei Montagner e Ana de F. Linck Montagner, minha irmã Bianca e demais familiares que estiveram sempre ao meu lado. Dedico também aos colegas e amigos do curso de agronomia que, de uma forma ou outra, contribuíram de maneira efetiva na realização deste trabalho.

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus, por estar sempre guiando meus passos, me dando forças para vencer todas as dificuldades da vida.

A minha família, de forma especial a meus pais, Sidnei Montagner e Ana de F. Montagner pela educação a que me foi dada, pelos conselhos, amor e compreensão, mas também pela rigidez e pulso firme ao me indicarem o melhor caminho e também pelos ensinamentos para que eu crescesse e me fizesse um homem de bem, humilde, honesto. A história de suas vidas, com certeza, serve como lição e espelho, pois se demonstrou cheia de dedicação, superação e força de vontade.

A minha namorada e colega de curso Tânia Carla Mattioni, pelo amor, carinho, compeensão e apoio durante o curso acadêmico.

Ao Sr. Edi Verner Jan por disponibilizar-se na realização deste trabalho, por permitir a realização deste trabalho em sua propriedade e auxiliar-me em todas as etapas.

À Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), pelo comprometimento com a pesquisa e com o desenvolvimento regional. Ao Departamento de Estudos Agrários, professores e funcionários, pelo apoio e disponibilidade, que se fizeram úteis e indispensáveis ao desenvolvimento das atividades pretendentes.

Ao professor Dr. José Antônio Gonzalez da Silva, pela paciência, coerência, clareza e dedicação em seus ensinamentos sempre disposto a atender minhas necessidades e dúvidas. Uma pessoa a quem sempre terei um enorme respeito em consideração por tudo àquilo que fez por mim na vida acadêmica, pelo apoio total e indispensável ao desenvolvimento e conclusão desta pesquisa.

Ainda agradeço a todos aqueles que de uma forma ou outra ajudaram na minha formação profissional.

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PRODUÇÃO DE TRIGO POR MODIFICAÇÃO DA DOSE E FORMA DE LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO

Lucas Linck Montagner

Orientador: Prof. Dr. José Antonio Gonzalez da Silva RESUMO

O trigo (Triticum spp.) é uma gramínea que é cultivada em todo mundo. Trata-se de uma planta de ciclo anual, cultivada durante o inverno e a primavera. O grão é consumido na forma de pão, massa alimentícia, bolo e biscoito. Também é utilizado como ração animal, quando não atinge a qualidade exigida para consumo humano. Com o avanço no melhoramento genético das novas cultivares em lançamento, os fatores que interagem com a planta representado pelo manejo de cultivo também deve evidenciar um ajuste visando suprir as necessidades destes novos padrões. A cultura do trigo apresenta resposta significativa na aplicação de nitrogênio, o que determina a necessidade de fornecimento adequado às plantas em diferentes épocas e doses deste elemento, representado por momentos mais específicos que são a adubação de base como a de cobertura. Atualmente diferentes formulações vêm sendo empregadas tanto na adubação de semeadura como a de pós-emergência, o que levanta a hipótese da eficiência destes mecanismos em maximizar a eficiência de utilização e aproveitamento do N. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi o de analisar o desempenho de expressão de caracteres ligados à produção de trigo e do rendimento final frente ao estudo de diferentes formas de disponibilização de N para as plantas na semeadura (normal e gradual) e de diferentes doses de aplicação de nitrogênio total em cobertura, o que envolveu seu parcelamento num sistema de manejo agrícola. Os estudos foram realizados na safra agrícola de 2010 constituindo um delineamento completamente casualizado, empregando uma área de lavoura comercial, que foi dividida para compor os fatores de tratamento testados, que foram: formulações de NPK com formulação de liberação normal (10-20-10) e formulação de NPK com liberação lenta (16-16-16), ambos com dosagem de 300 kg ha-1. Além disto, estas áreas foram divididas para compor os tratamentos que envolveram as doses de nitrogênio total aplicados em cobertura: 0; 31,5 e 76,5 kg ha-1. Cabe destacar que a dose maior foi parcelada em dois momentos, com 31,5 Kg de N no estádio V3 e 45 kg de N no estádio de emborrachamento. As parcelas foram constituídas por áreas de 20x50m e as amostragens realizadas de 1m2 para compor 5 repetições em cada nível de tratamento. A análise individual sobre as formas de adubação de base lenta e normal não influenciaram o rendimento de grãos e demais caracteres de importância agronômica na cultivar de trigo quartzo. Por outro lado, estas diferenças se tornam evidente quando combinadas a doses e parcelamento do nitrogênio em cobertura com base neste estudo. Os caracteres PE, TE e PGE foram os componentes do rendimento que mostraram maiores alterações na contribuição relativa na adubação de NKP com liberação lenta e o NGE, PGE e PE com maior efetividade no de liberação normal, sobre a variabilidade total dos caracteres em estudo. Na análise conjunta de caracteres, doses mais reduzidas de N combinadas com NPK de liberação normal são mais ajustadas, visto que, maiores contribuições do NKP com liberação gradual foi obtida com maiores doses de N, incluindo o seu parcelamento.

Palavras chaves: Triticum aestivum L., adubação de base, adubação de cobertura, época de aplicação de nitrogênio, componentes do rendimento e produção final.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Recomendação de adubação nitrogenada para a cultura do trigo e/ou triticale para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina ... 19 Tabela 2. Interpretação dos teores de fósforo e de potássio no solo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ... 19 Tabela 3: Resumo da análise de variância dos caracteres agronômicos mensurados em trigo. ... 28 Tabela 4: Teste de comparação de médias por Scott Knott nos caracteres de importância agronômica do trigo sobre diferentes formulações de NPK e de adubações nitrogenadas em cobertura. ... 30 Tabela 5: Resumo da análise de variância de regressão e estimativa do modelo linear sobre o desempenho do trigo em doses do nitrogênio em cobertura sobre semeadura de adubação de base de liberação lenta e normal. ... 32 Tabela 6: Autovalores e contribuição relativa dos caracteres de importância agronômica, análise multivariada e agrupamento de Tocher a partir da distância generalizada de Mahalanobis para os distintos tipos de adubação em trigo. ... 34

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 11

1.1A CULTURA DO TRIGO ... 11

1.2. CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS: origem e evolução ... 12

1.3.ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO ... 13

1.4.COMPONENTES DO RENDIMENTO EM TRIGO ... 15

1.5. NITROGÊNIO E SUAS FUNÇÕES NA PLANTA ... 16

1.6. INDICAÇÕES TÉCNICAS DE ADUBAÇÃO NA CULTURA DO TRIGO PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA ... 18

1.6.1. Nitrogênio ... 18

1.6.2. Fósforo e potássio ... 19

1.7. FORMULAÇÕES DE ADUBAÇÃO DE BASE: liberação normal e gradual .... 20

1.8. DOSES DE NITROGÊNIO E SEUS REFLEXOS NA PRODUÇÃO DE TRIGO ... 21

2. MATERIAL E MÉTODOS ... 23

2.1. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL ... 23

2.2. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS ... 23

2.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ... 24

2.4 DESCRIÇÃO DA CULTIVAR AVALIADA ... 24

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2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 27

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 28

Conclusão: ... 35

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INTRODUÇÃO

O trigo (Triticum spp.) é uma gramínea que é cultivada em todo mundo. Trata-se de uma planta de ciclo anual, cultivada durante o inverno e a primavera. O grão é consumido na forma de pão, massa alimentícia, bolo e biscoito. Também é utilizado como ração animal, quando não atinge a qualidade exigida para consumo humano. Atualmente, o trigo apresenta-se como a segunda maior cultura de cereais, ficando atrás apenas do cultivo de milho. Dentre os maiores produtores encontramos União Européia (27 países), China, Índia, Rússia, EUA e Canadá, sendo que EUA e Canadá também são os maiores exportadores e China, Índia, Rússia, Japão e o Brasil os maiores importadores do produto (CONAB, 2010).

No Brasil, a produção anual oscila entre 5 e 6 milhões de toneladas. É cultivado nas regiões Sul (RS, SC e PR), Sudeste (MG e SP) e Centro-oeste (MS, GO e DF). O consumo anual no país tem se mantido em torno de 10 milhões de toneladas. Em especial na região sul, os cereais de estação fria têm a função não apenas de cobertura do solo, a qual é essencial principalmente em propriedades rurais cultivadas em sistema de semeadura direta na palha, mas também, para agregar uma renda extra neste período do ano. Dentre as quais, o trigo tem uma grande participação.

A área cultivada com trigo na safra 2011/12 deve ficar ao redor de 2.060,9 mil hectares, 4,1% menor que a área cultivada na safra 2010/11, que foi de 2.149,8 mil hectares distribuídos em três regiões e oito estados da federação. A maior concentração de cultivo está localizada no Estado do Paraná, região Sul, com 1.169,6 mil hectares, seguido do Rio Grande do Sul com 859,8 mil hectares. A produção nacional para a safra 2011/12 esta estimada em 5.452,1 mil toneladas, com produtividade média de 2.645 kg ha-1, 7,3% menor do que foi colhido na safra

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anterior. Este número pode variar conforme as condições climáticas que ocorrerem até o final do ciclo da cultura (CONAB, 2011).

Nos últimos anos, a pesquisa vem somando esforços no que diz respeito ao melhoramento genético para a obtenção de cultivares de trigo cada vez mais produtivos. Com esse avanço no melhoramento das novas cultivares, o manejo também acompanha estas melhorias, buscando adequar as necessidades dos novos padrões de trigos brasileiros. Consequentemente, almejando ganhos efetivos na produção e no manejo de cultivo é importante a cultura do trigo apresentar respostas significativas na aplicação de nitrogênio tanto na base como de cobertura, fato que representa o elemento mais efetivo em alterar a produção de grãos. Portanto, a aplicação de nitrogênio determinado pelas diferentes épocas e doses deste elemento em momentos mais específicos como a adubação de base e a de cobertura potencializam o rendimento final. Atualmente diferentes formulações vem sendo empregadas tanto na adubação de semeadura como a de pós-emergência, o que levanta a hipótese da eficiência destes mecanismos em maximizar a eficiência de utilização e aproveitamento do N. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi o de analisar o desempenho de expressão de caracteres ligados a produção de trigo e do rendimento final frente ao estudo de diferentes formas de disponibilização de N para as plantas na semeadura (normal e gradual) e de diferentes doses de aplicação de nitrogênio total em cobertura, o que envolveu seu parcelamento num sistema de manejo agrícola.

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1.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1A CULTURA DO TRIGO

O trigo é um componente básico da alimentação humana principalmente pela grande demanda de seus derivados como: pães, massas, biscoitos, entre outros. Atualmente, apresenta-se como a segunda maior cultura de cereais, ficando atrás apenas do cultivo de milho. A produção mundial desta espécie de estação fria no último ano atingiu 647,6 milhões de toneladas (t.), mas, no entanto o consumo chegou a 662,2 milhões de t. (EMBRAPA TRIGO, 2011). Dentre os maiores produtores mundiais encontramos União Européia (27 países), China, Índia, Rússia, EUA e Canadá (CONAB, 2011).

O Brasil é um país que apresenta todas as condições para o cultivo de trigos de boa qualidade, principalmente na região sul onde se concentra quase toda a produção do país. A produção brasileira varia em torno de 6 milhões de toneladas por ano e possui uma demanda potencial de 10 milhões de toneladas o que correspondente a um consumo aproximado de 60 kg habitante-¹ ano-¹ (EMBRAPA TRIGO, 2011), por esse motivo, ocasionado pela defasagem da oferta em relação à demanda, se necessita de grandes quantidades do produto oriundo de outros países, principalmente aqueles vindos da Argentina.

Concentrando sua produção na região Sul, o Brasil tem como os principais estados produtores o Paraná e o Rio Grande do Sul com a participação de cada um, respectivamente de 49,85% e 41,25%, a qual é responsável por mais de 90% da produção nacional (CONAB, 2011). No Estado do Rio Grande do Sul, a produção de trigo, que teve seu auge na década de 70, decresceu significativamente tanto em área semeada, quanto na quantidade produzida. Na última década a cultura tem oscilado, com aumento de produção em alguns anos, principalmente devido à produtividade obtida nas safras. Muitos produtores da região sul estão migrando para lavoura de aveia, cevada e canola que apresentam melhores condições mercadológicas (CONAB, 2010).

Uma maior competitividade na triticultura nacional é de fundamental importância para o Brasil atingir a auto-suficiência em produção. No entanto, é

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necessário incrementar não apenas o potencial genético de rendimento de grãos em condições de lavoura, mas também a qualidade industrial. O melhoramento da qualidade representa uma oportunidade de agregar valor de mercado aos produtos agrícolas. No caso do trigo, em face do comércio internacional, existe uma forte interação entre a qualidade e o preço (FRANCESCHI, 2009).

1.2. CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS: origem e evolução

O trigo pertence à família das gramíneas – Poaceae, tribo Triticeae (Hordeae), sub-tribo Triticinae e gênero Triticum. Compreende quinze espécies que são reunidas em três grupos. A classificação das espécies é decorrente do seu número de cromossomos, como série diplóide (2n = 2x = 14 cromossomos), tetraplóide (2n = 4x = 28 cromossomos) e hexaplóide (2n = 6x = 42 cromossomos) (MORAES FERNANDES, 1999).

O trigo diplóide possui diferentes genomas que são A, B, D, G, que contribuíram para o desenvolvimento dos demais. Os tipos tetraplóide (AABB) são originários do cruzamento natural de duas espécies diplóides e cultivados principalmente em regiões da Europa e EUA, pois necessitam de grande quantidade de frio para se desenvolverem. Já o trigo hexaplóide, com genoma designado “AABBDD” evolui inicialmente do cruzamento natural entre dois trigos diplóides, um com genoma “AA” (Triticum monococcum ssp. urartu) e outro com genoma “BB” (Aegilops speltoides, não comprovado cientificamente) originando o trigo tetraplóide (Triticum durum L.) “AABB” (SCHMIDT, 2007). E, por último, o cruzamento natural entre a espécie tetraplóide com a espécie diplóide (Aegilops squarrosa L.) com genoma diplóide “DD”, originou o trigo hexaplóide. A espécie Triticum aestivum é a de maior importância comercial entre o trigo por ter uma maior produtividade aliada à maior qualidade em relação a teor de glúten e proteínas e por ter uma maior adaptabilidade em decorrência do seu elevado nível de ploidia (SOURDILLE et al., 2001).

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1.3.ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO

Os estádios de desenvolvimento são importantes, pois permitem definir de modo preciso as épocas ideais dos tratos culturais além de permitir sincronismo de entendimento das fases do desenvolvimento das plantas entre técnicos e produtores das plantas. Além disso, o estádio de desenvolvimento, em trigo, é um importante indicador do momento de aplicação do nitrogênio. No trigo várias escalas têm sido usadas, no entanto, o referido projeto está baseado segundo a proposta de (COUNCE et. al., 2000).

Estádios de desenvolvimento vegetativo:

V1 – Colar formado na 1ª folha do colmo principal V2 – Colar formado na 2ª folha do colmo principal V3 – Colar formado na 3ª folha do colmo principal V4 – Colar formado na 4ª folha do colmo principal V5 – Colar formado na 5ª folha do colmo principal V6 – Colar formado na 6ª folha do colmo principal V7 – Colar formado na 7ª folha do colmo principal V8 – Colar formado na 8ª folha do colmo principal Estádios de desenvolvimento reprodutivo

R0 – Iniciação da espiga R1 – Diferenciação da espiga

R2 – Formação do colar na folha bandeira R3 – Emissão da espiga

R4 – Antese

R5 – Elongação do grão R6 – Expansão do grão

R7 – Maturidade de um grão da espiga R8 – Maturidade completa da espiga

No estádio V3 a planta de trigo se encontra no início da diferenciação do primórdio floral e do afilhamento, sendo que nesta época é indicada a realização do manejo da adubação nitrogenada para que as gemas axilares possam desenvolver

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afilhos além de garantir, desde então, um bom desenvolvimento da estrutura reprodutiva, para que o rendimento seja maximizado. Além disso, compreende a fase de duplo anel, considerado um estádio não fenológico, mas que é de suma importância. A partir deste estádio, para cada folha emitida no colmo principal, pode corresponder à emissão de um novo afilho (MASLE, 1985). Nesse sentido Frank & Bauer (1996) relatam que no período compreendido entre a fase inicial até o início da diferenciação do primórdio floral, a falta de N reduz a formação de espiguetas. Assim, Mundstock (1998) reforça que, do afilhamento até o florescimento ocorre uma grande acumulação de N e é neste período em que o solo deve prover as maiores quantidades deste elemento.

O afilhamento além de ser estimulado pela elevada intensidade de luz e nutrientes (EVANS et al., 1983), é progressivo até atingir um número máximo, o correspondente ao potencial de cada genótipo, e a partir daí tende a decrescer e determinar um número de afilhos férteis, ou seja, que realmente formarão espiga. Os demais (afilhos inférteis) servem de suprimento de fotoassimilados para a planta mãe e depois morrem. Sendo que, a falta de qualquer nutriente, independentemente do estádio de desenvolvimento causa de imediato a interrupção do afilhamento e a redução da taxa de crescimento dos afilhos mais jovens (MASLE, 1985).

O número de afilhos férteis produzidos pela planta cessa quando o primeiro nó é visível no colmo, isto é, quando a planta de trigo está, em geral, no seu estádio de desenvolvimento V6 ou na fase de elongamento. Iniciando o elongamento do colmo, a planta aumenta sua estatura, pelo aumento da distância dos entrenós e, com o passar dos dias, ascende a espiga até o ápice da planta. O início da fase reprodutiva (estádio R0) ocorre com o início do intumescimento do colmo, fato denominado popularmente de “emborrachamento”, onde se inicia a diferenciação da espiga. Quanto ao “emborrachamento”, Dallabrida (2007) reforça que isto é ocasionado pelo grande tamanho da espiga que está envolta pela folha bandeira que, posteriormente atingirá a completa expansão. Sendo que, os afilhos que serão formados após esta fase serão inférteis, ou seja, não produzirão espiga. Neste período a absorção de nitrogênio está na fase linear da curva exponencial e representa máxima taxa de aumento de matéria seca da cultura (CUNHA & BACALTCHUK, 2000). Portanto, a boa adequação do manejo é essencial para que se tenha uma boa produção deste componente do rendimento, pois a fotossíntese

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realizada por afilhos inférteis geralmente não se traduzem em aumento da produtividade.

Em alguns casos onde o produtor efetua aplicações tardias de nitrogênio e em grandes quantidades pode ocorrer, dependendo da cultivar utilizada, incremento de amido e principalmente de proteína no grão de forma linear até próximo da maturação. Por outro lado, se o suprimento deste nutriente for limitado ocorre a remoblização do tecido da planta, principalmente de folhas e colmo, diminuindo assim a qualidade da palhada que ficará de cobertura para a cultura subseqüente. Após a formação do colar da folha bandeira, ocorre a emissão da espiga (R2), a qual ainda esta se desenvolvendo. Em seqüência, ocorre a fecundação que acontece antes da antese (R4), processo pelo qual se observa a exposição dos antécios. Concluído a fecundação tem início o processo de divisão celular que irá compreender as células do endosperma onde serão armazenados os fotoassimilados em seguida começa o processo de elongação do grão (R5) e a expansão do grão (R6). Encerrado o enchimento de grão inicia-se a maturação fisiológica, que na cultura do trigo, inicia-se do centro da espiga para as extremidades. Com a maturação de um grão na espiga corresponde ao estádio R7 e com a maturação fisiológica completa na espiga ao estádio R8, quando cessa a acumulação no grão.

1.4.COMPONENTES DO RENDIMENTO EM TRIGO

O rendimento de grãos foi descrito como produto de vários componentes de rendimento (Nedel, 1994), na cultura do trigo, ele esta associado ao produto, basicamente, dos componentes diretos: número de espigas férteis por unidade de área, o número de grãos por espiga e a massa média de grãos. A expressão destes componentes de rendimento resulta da interação de diversos fatores genéticos, fisiológicos e ambientais (Gondim et al. 2008).

Desde quando a planta estiver com o colar da terceira folha formada (V3), esses componentes já começam a ser definidos e dependendo do manejo utilizado nesta fase a produtividade final pode ser comprometida. O primeiro a ter seu número final definido será o número de afilhos férteis, que acontece em V6, seguido do número de grãos por espiga que se define na fecundação da oosfera pelo grão

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pólen, e a massa média de grãos que tem seu valor expresso em função da divisão celular ocorrida logo após a fecundação e pela quantidade de fotoassimilados que serão direcionados para o grão. Cunha & Balcaltchuk (2000) relatam que o enchimento de grãos possui duas sub-etapas: primeiramente a divisão celular, em que se formam todas as células do grão, com duração de uma semana aproximadamente e muito sensível a deficiências, posteriormente, o enchimento das células que tem duração de aproximadamente 25 dias.

Muitas vezes o não conhecimento do comportamento da cultivar que se esta trabalhando, principalmente em relação ao afilhamento, é o responsável por erros no manejo empregado, em especial a densidade, para que sua expressão seja maximizada, o que também é observado por Valério et al., (2008) quando relatam que esse problema está relacionado à grande diversidade no padrão de afilhamento dos genótipos de trigo, o que faz com que não haja clareza nos critérios para a escolha da densidade de semeadura mais adequada, e também sobre adubação nitrogenada que interfere na expressão dos componentes do rendimento da planta.

Sangoi et al., (2007) relatam que a aplicação de nitrogênio no momento adequado pode aumentar a eficiência de uso do nitrogênio pelo trigo, incrementando o número de grãos por espiga e o número de espigas por área. Porém existem cultivares que apresentam efeito compensatório e que, portanto compensam o número reduzido de um componente maximizando outro. Neste sentido Mundstock (1999) relata que a aplicação de N no emborrachamento é muito tardia para influenciar o número de espigas por área ou número de espiguetas por espiga, mas pode aumentar a quantidade de proteína no grão.

1.5. NITROGÊNIO E SUAS FUNÇÕES NA PLANTA

Entre os nutrientes necessários para a realização de todas as funções fisiológicas na cultura do trigo, o nitrogênio é o elemento que a planta absorve em maior quantidade. 1Harper (1994) apud Sangoi et al., (2007) relatam que o nitrogênio (N) é um elemento essencial para as plantas, pois participa de uma série de rotas

1 HARPER, J.E. Nitrogen metabolism. In: BOOTE, K.J. et. al. Physiology and determination of crop yield. American Society of Agronomy, 1994. Cap.11A, p.285-302.

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metabólicas-chave em sua bioquímica, sendo constituinte de importantes biomoléculas, tais como ATP, NADH, NADPH, clorofila, proteínas de armazenamento, ácidos nucléicos e enzimas.

Segundo Mielniczuk (1982), a matéria orgânica é a principal fonte de N do solo para as culturas. Pela ação microbiana o nitrogênio dos compostos orgânicos é liberado na forma amoniacal (NH4+), que é oxidada no solo para a forma nítrica (NO3 -). Porém devido à alta exigência de nitrogênio pela cultura do trigo deve-se complementar o nitrogênio fornecido pela matéria orgânica através de adubação nitrogenada. Neste sentido Ortiz-Monasterio (2002) considera que, nos países em desenvolvimento, a deficiência de nitrogênio nas lavouras é o problema nutricional mais observado na cultura do trigo. Kolchinski & Schuch (2002), relatam que o manejo do nitrogênio tem sido uma das práticas agrícolas mais estudadas no sentido de melhorar a sua eficiência de uso, pré-requisito para diminuir os custos de produção, para proteção ambiental e aumento no rendimento das culturas.

A qualidade do grão de trigo para a indústria esta relacionada, em partes, pelo teor de proteína presente no grão sendo que este pode ser influenciado em partes pelo manejo da adubação nitrogenada realizado. 2Soares Sobrinho apud Cazetta et al., (2008) observaram que as características físico-químicas e reológicas mais influenciadas positivamente pela adubação nitrogenada foram teor protéico e força de glúten.

Assim como o nitrogênio é indispensável para que haja incrementos significativos de produção em trigo, ele também é imprescindível na formação das proteínas no grão que conferem a qualidade industrial do grão. Portanto a correlação existente entre a produção de grão e o teor de proteínas acumuladas no grão é negativa, ou seja, à medida que um aumenta outro diminui (SOUZA et al. 2004) isso pode ser explicado pela partição de fotoassimilados entre a acumulação protéica e de carboidratos no grão.A maior disponibilidade de nitrogênio para a cultura do trigo tende a acarretar um aumento no nível de nitrogênio no grão. Cazetta et al., (2008) relatam que a adubação nitrogenada proporciona um aumento linear no teor de proteína nos grãos.

2 SOARES SOBRINHO, J. Efeito de doses de nitrogênio e de lâminas de água sobre as características agronômicas e industriais em duas cultivares de trigo (Triticum aestivum L.). 102p. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1999.

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O nitrogênio possui uma função estimuladora das gemas axilares e a aplicação precoce deste nutriente acarreta uma maior emissão de afilhos. Em cultivares de porte baixo e de padrão unicolmo, a aplicação precoce pode beneficiar a produção de afilhos férteis. Em cultivares onde o potencial de afilhamento é presente e de maneira bastante expressiva, aplicações de nitrogênio em fases mais tardias pode maximizar o número de afilhos férteis por planta. A perda deste nutriente se da principalmente pela lixiviação de nitrato, volatilização de amônia e emissão de N2, N2O e outros óxidos de nitrogênio (ANGHINONI, 1986). Normalmente, menos de 50% do nitrogênio aplicado sob a forma de fertilizante é utilizado pelas culturas (BREDEMEIER, 2000).

À medida que a quantidade de nitrogênio disponível torna-se insuficiente, começa-se a observar um amarelecimento nas folhas basais (mais velhas) fato observado por este nutriente ser bastante móvel nas células. Em alguns casos de deficiência mais severa, ocorre clorose destas folhas sendo que isso a afeta a quantidade de fotossíntese realizada pela planta, uma vez que o nitrogênio também esta presente na clorofila, responsável por este processo. Nesse sentido o teor desta na folha tem sido utilizado para determinar o nível de nitrogênio nas plantas (ARGENTA et al, 2001). Por outro lado, em cultivos onde há uma elevada disponibilidade de nitrogênio, o rendimento pode não ser acrescido na mesma proporção em que é fornecido este nutriente. Além disso, há um desenvolvimento vegetativo bastante intenso podendo acarretar em acamamento, e este reduzir o rendimento e a qualidade industrial do trigo (ZAGONEL et al., 2002). Além disso, com elevado desenvolvimento vegetativo ocorre maior transpiração pela planta o que pode ser bastante prejudicial em períodos de restrição hídrica.

1.6. INDICAÇÕES TÉCNICAS DE ADUBAÇÃO NA CULTURA DO TRIGO PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA

1.6.1. Nitrogênio

A quantidade de fertilizante nitrogenado a aplicar varia em função do nível de matéria orgânica do solo, da cultura precedente e da expectativa de rendimento de grãos da cultura, a qual é função da interação de vários fatores de produção e

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das condições climáticas. A dose de nitrogênio a ser aplicada na semeadura varia entre 15 e 20 kg ha-1. O restante deve ser aplicado em cobertura, complementando o total indicado na Tabela 1.

Tabela 1. Recomendação de adubação nitrogenada para a cultura do trigo e/ou triticale para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Fonte: Comissão de Química e Fertilidade do Solo – CQFS RS/SC. Manual de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 10 ed. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2004. 400p.

1.6.2. Fósforo e potássio

As quantidades de fertilizantes contendo P e K a aplicar variam em função dos teores desses nutrientes no solo. O limite superior do teor “Médio” é considerado o nível crítico de P e de K no solo, cujo valor deve ser mantido pela aplicação de quantidade adequada de fertilizante. A partir do limite superior do teor “Alto” a probabilidade de resposta à aplicação de fertilizante é muito pequena ou nula. Tabela 2. Interpretação dos teores de fósforo e de potássio no solo no Rio Grande

do Sul e em Santa Catarina.

Fonte: Comissão de Química e Fertilidade do Solo – CQFS RS/SC. Manual de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 10 ed. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2004. 400p.

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As doses de P2O5 e de K2O são indicadas em função de dois parâmetros básicos: a) a quantidade necessária para o solo atingir o limite superior do nível “Médio” em dois cultivos, e b) a exportação desses nutrientes pelos grãos e perdas diversas. Nas faixas de teores “Muito baixo”, “Baixo” e “Médio”, a diferença entre a quantidade indicada em cada cultivo e a manutenção é a adubação de correção, ou seja, é a quantidade necessária para elevar o teor do nutriente no solo ao nível crítico em dois cultivos.

1.7. FORMULAÇÕES DE ADUBAÇÃO DE BASE: liberação normal e gradual

A disponibilidade e dinâmica do N no solo são influenciadas pela atividade dos microrganismos. Nos fertilizantes amoniacais, quando aplicados ao solo, ocorre o processo de transformação do NH4+ para NO3- através da nitrificação, pela atuação das bactérias Nitrossomonas e Nitrobacter. O nitrato é mais facilmente lixiviado que o amônio, portanto, a inibição da nitrificação é importante, porque abre a possibilidade de manter o N na forma mais assimilável pela planta, ou seja, mantém o amônio por mais tempo disponível para a planta, proporcionando um fornecimento contínuo e equilibrado do N, otimizando a adubação nitrogenada com a diminuição da perda por lixiviação (LANA et al., 2006).

Os fertilizantes de liberação gradual ou controlada contêm o nutriente (normalmente nitrogênio) em uma forma que – depois da aplicação – demora significativamente mais tempo para o disponibilizar para a absorção da planta, comparada a um fertilizante comum, ou seja, o nitrogênio será disponível de acordo com o crescimento da planta. As principais vantagens dos fertilizantes de liberação gradual, segundo Shaviv (2001), são: fornecimento regular e contínuo de nutrientes na época necessária para as plantas; menor freqüência de aplicações; redução de perdas de nutriente por lixiviação, desnitrificação, imobilização e ainda volatilização; eliminação de danos causados a sementes e raízes devido à alta concentração de sais; maior praticidade no manuseio dos fertilizantes; redução da poluição ambiental pelo NO3-, atribuindo valor ecológico à atividade agrícola (menor contaminação de águas subterrâneas e superficiais); redução nos custos de produção. Dessa maneira, a eficiência da adubação nitrogenada pode ser ampliada através do uso de

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fertilizantes de liberação gradual, com significativa redução de perdas de N e melhor disponibilização às plantas.

1.8. DOSES DE NITROGÊNIO E SEUS REFLEXOS NA PRODUÇÃO DE TRIGO

Entre os principais nutrientes, o nitrogênio é um dos mais importantes para o desenvolvimento e a produção das plantas. Além de ser um macronutriente essencial, é absorvido e exportado para os grãos em grandes quantidades (SOUSA & LOBATO, 2004). É um dos elementos minerais de maior demanda pelas plantas e o que mais limita o seu crescimento (RAIJ, 1991). Esse elemento é necessário para a síntese da clorofila e, como parte da sua molécula, está envolvido no processo de fotossíntese. Desempenha ainda, segundo Sousa & Lobato (2004), a função de aumentar o teor de proteína nas plantas. Sua deficiência resulta em clorose gradual das folhas mais velhas e redução do crescimento vegetativo da planta, inicialmente, em detrimento das reservas da parte aérea, a planta promove alongamento do sistema radicular, como uma tentativa de absorver este nutriente (RAIJ, 1991).

São relativamente recentes os estudos da influência dos resíduos culturais deixados na superfície do solo sobre o rendimento de culturas semeadas em sucessão. Embora grande quantidade de nitrogênio possa existir na parte aérea das culturas de cobertura, a quantidade real de N que será aproveitada pela cultura em sucessão irá depender do sincronismo entre a decomposição da biomassa e a taxa de demanda da cultura (BRÁZ et al. 2006).

O suprimento adequado do nitrogênio no sistema plantio direto é mais complexo do que no sistema convencional de cultivo. A principal razão para isso está relacionada com a quantidade e qualidade de resíduos da cultura anterior remanescente sobre o solo, podendo disponibilizar ou imobilizar nitrogênio para a cultura subseqüente (WENDLING et. al. 2007).

A disponibilidade deste nutriente no solo está vinculada, entre outros fatores, à relação carbono/nitrogênio (C/N) dos resíduos culturais, principalmente no sistema plantio direto, onde os mesmos permanecem na superfície do solo (ROS et.al. 2003). E segundo o mesmo autor a disponibilidade do N no solo proveniente da adubação nitrogenada é influenciada, além da relação C/N, por outros fatores, como o tipo de solo e a precipitação pluviométrica, que variam conforme o ano e o local.

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As leguminosas desempenham um papel fundamental como fornecedoras de nutrientes ao solo. O uso de leguminosas, ou culturas com baixa relação C/N, tem a vantagem de colocar nutrientes prontamente disponíveis para as culturas sucessoras, devido à rápida decomposição dos resíduos (BRÁZ, et al. 2006). Já de acordo com Floss (2000), as palhadas de gramíneas, que possuem alta relação C/N, são fornecedoras de nutrientes às culturas sucessoras a médio e longo prazo, especialmente fósforo e potássio na camada superficial. A cultura do utilizada neste experimento, que é o nabo forrageiro é uma brássica rústica de crescimento rápido, apresenta relação C/N média, na faixa de 20 a 25 (Muzilli, 2002; Giacomoni et al., 2003), e, conseqüentemente, elevada taxa de mineralização, comparável à de leguminosas (Amado et al., 2002). Essa espécie caracteriza-se também por comportamento de planta recicladora e disponibilizadora de nutrientes, especialmente nitrogênio (Aita, 1997; Aita & Giacomoni, 2003) e potássio (Giacomoni et al., 2003). Além desses aspectos, o nabo forrageiro possui ainda raiz pivotante, o que lhe confere qualidade de planta descompactadora de solo (Muzilli, 2002), e semente pequena, fator que, ao contribuir para a redução dos custos de produção, torna a espécie altamente competitiva entre os adubos verdes.

Por estes e outros motivos, não há um consenso entre os pesquisadores sobre o nível ótimo de adubação nitrogenada para se obter o máximo rendimento sem a ocorrência de acamamento do trigo, porque a resposta deste cereal a diferentes níveis de N depende muito do manejo adequado da dose, fonte, época de aplicação do adubo, além da interferência exercida pelas condições edafoclimáticas e pelos microrganismos do solo, dentre outros (SILVA 2009). Considerando que há uma interação de genótipos de trigo na resposta ao nitrogênio quanto à produtividade e acamamento, há uma demanda para identificar a dose de nitrogênio ideal e seus efeitos para cada nova variedade lançada no mercado.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL

O presente trabalho foi desenvolvido em uma lavoura comercial no município de Nova Ramada – RS, onde foi destinada uma área delimitada para a realização do experimento, localizada geograficamente a 27º59’49” de latitude Sul e 53º39’21” de latitude Oeste. Apresenta ainda uma altitude próxima a 450 m.

O solo da unidade experimental se caracteriza por um Latossolo Vermelho distroférrico típico (U.M. Santo Ângelo). Apresenta um perfil profundo, bem drenado, coloração vermelha escuro, com altos teores de argila e predominância de argilominerais 1:1 e óxi-hidróxidos de ferro e alumínio.

De acordo com a classificação climática de Köeppen, o clima da região se enquadra na descrição de Cfa (subtropical úmido), com ocorrência de verões quentes e sem ocorrência de estiagens prolongadas. Apresenta ainda invernos frios e úmidos, com ocorrência freqüente de geadas. Os meses de janeiro e fevereiro são os meses mais quentes do ano, com temperatura média superior à 22º C, enquanto em junho e julho são os meses mais frios do ano, com temperatura superior a 3º C. Quanto ao volume de pluviosidade, ocorrem volumes médios próximos a 1600 mm anuais, com ocorrência de maiores precipitações na primavera.

A área na qual foi instalado o experimento tem como característica marcante a ocorrência de semeadura direta há mais de dez anos caracterizando, portanto, um sistema de semeadura direta na palha consolidado. No período do verão a área é ocupada com soja ou com milho, sendo que como culturas antecessoras no último ano neste local tinha-mos: trigo → soja → nabo forrageiro → trigo (experimento).

2.2. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS

Os estudos foram realizados na safra agrícola de 2010 constituindo um delineamento completamente casualizado de forma a alocar os diferentes níveis de cada fator ás suas unidades experimentais, empregando uma área de lavoura comercial, que foi dividida em seis parcelas para compor os fatores de tratamento

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testados. As parcelas foram constituídas por áreas de 20x50m e as amostragens nelas realizadas com dimensão de 1m2 para compor as cinco repetições em cada nível de tratamento. Portanto, nestas áreas, os fatores de tratamento testados foram:

1) Formulações de NPK

Níveis: i) formulação de liberação normal (10-20-10) e;

ii) formulação de liberação lenta (16-16-16), ambos com dosagem de 300 kg ha-1. OBS.: A adubação de base de liberação lenta deste experimento possui a combinação de duas fontes de nitrogênio, Nítrica e Amoniacal. Sua composição fornece um suprimento mais eficiente de Nitrogênio, pois apresenta uma combinação entre nítrico (41 a 44%), prontamente disponível para as plantas, e N-amoniacal (59 a 56%) para um fornecimento gradual ao longo do período (YARA FERTILIZANTES, 2009).

2) Doses de nitrogênio em cobertura: Níveis: i) 0; 31,5 e 76,5 kg ha-1 de N.

OBS.: Cabe destacar que a dose maior de B aplicado em cobertura foi parcelada em dois momentos, com 31,5 kg de N no estádio V3 e 45 kg de N no estádio de emborrachamento.

2.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O ensaio foi instalado a campo seguindo a época recomendada para semeadura da cultura. A densidade populacional utilizada foi de 400 sementes viáveis por metro quadrado. Para o tratamento de sementes utilizaram-se os produtos comerciais: Imidalcoprid 350 SC®, Proteat® e Break Thru®. Após a emergência das plantas, utilizou-se o produto comercial Hussar® para o controle de plantas indesejadas, Dimilin® e Connect® para controle de insetos, Ópera® e Tebuconazole® para o controle de moléstias fungicas; para tanto, sempre se levaram em consideração o nível de dano econômico e as indicações técnicas dos produtos.

A semeadura foi realizada de forma mecanizada, assim como as pulverizações necessárias.

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2.4 DESCRIÇÃO DA CULTIVAR AVALIADA

Cultivar: Quartzo

Ano de lançamento: 2008

Cultivo: Registrada para cultivo em todas as regiões tritícolas do RS, SC e PR

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS Hábito vegetativo: intermediário a semi-ereto.

Afilhamento: médio

Altura da planta: média (85 cm).

Reação ao acamamento: moderadamente resistente. Reação à debulha natural: moderadamente tolerante. Reação ao alumínio: moderadamente tolerante.

Resistência à geada na fase vegetativa: moderadamente resistente. Peso de mil grãos (média): 35g.

Ciclo (média): espigamento: 70 dias para regiões quentes e até 90 dias para regiões frias; ciclo total médio: 128 dias.

QUALIDADE INDUSTRIAL

Classificação: Trigo Pão (W médio de 272); Grão vermelho duro

Germinação natural na espiga: resistente a moderadamente resistente

REAÇÃO ÀS DOENÇAS

Ferrugem da folha - moderadamente resistente a moderadamente suscetível Oídio - moderadamente resistente a moderadamente suscetível

Giberela - moderadamente suscetível

Manchas foliares - moderadamente resistente

Mosaico - moderadamente resistente (informação preliminar) VNAC - moderadamente resistente a moderadamente suscetível Brusone - moderadamente resistente

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2.5 VARIÁVEIS ESTUDADAS

Foram analisados, tanto a campo como em laboratório, os seguintes caracteres que compõem o rendimento da cultura:

Número de Afilhos Férteis (NAF, por contagem)

Para esta avaliação foi realizada a contagem dos afilhos de duas linhas centrais por um metro linear dentro de cada amostra realizada, considerando as suas extremidades.

Tamanho da Espiga (TE, em centímetros)

Foram retiradas cinco espigas de cada amostra, posteriormente elas foram medidas com régua a partir de sua base até seu ápice.

Peso da Espiga (PE, em gramas)

Foram retiradas cinco espigas de cada amostra, posteriormente elas foram pesadas individualmente em balança de precisão para compor a média desta variável.

Número de Espiguetas Estéreis (NEE, por contagem)

Após realizada a pesagem da espiga, se realizou a contagem do número de espiguetas estéreis da mesma.

Número de Espiguetas Férteis (NEF, por contagem)

Após realizada a pesagem da espiga, se realizou a contagem do número de espiguetas férteis da mesma.

Número de grãos por espiga (NGE, por contagem)

Foram retiradas cinco espigas de cada amostra, posteriormente elas foram trilhadas individualmente e realizada a contagem do seu número de grãos por espiga e feito a estimativa média do caráter.

Peso de Grãos por Espiga (PGE, em gramas)

Após realizada a contagem do NGE, se realizou a pesagem dos grãos de cada espiga individualmente em balança de precisão.

Rendimento de grãos (RG, em Kg ha-1)

Para avaliação do rendimento de grãos foi realizada a colheita de cinco amostras de um metro quadrado de cada parcela e trilhadas individualmente para pesagem e definição do rendimento médio por metro quadrado. Posteriormente, o valor foi ajustado para a unidade kg ha-1.

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Massa de mil grãos (MMG, em gramas)

Foi determinado pela contagem de mil grãos (retirados aleatoriamente do RG de cada parcela) e pesagem em balança de precisão.

2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram submetidos à análise de variância para detecção da presença ou ausência de diferenças e interação entre os fatores. A partir daí, com base nestas informações procederam-se o teste de comparação de médias e ajuste de equação de regressão para explicar o comportamento de expressão dos caracteres em trigo segundo as formas de adubação de base e do nitrogênio em cobertura. Além disto, foram determinadas as contribuições relativas dos caracteres para a variação total observada no estudo e através do modelo de Tocher definido a formação de grupos para a dissimilaridade total com base na análise simultânea de caracteres.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através da tabela 3, é possível perceber diferença estatística no componente RG frente as diferentes doses de nitrogênio aplicadas em cobertura (AC), refletindo sua importância sobre esta espécie. Por outro lado, as diferenças promovidas na adubação de base (AB) não foram detectadas, a tal ponto que, tanto o nitrogênio (N) de liberação lenta ou normal não influenciaram no RG e demais caracteres de importância agronômica do trigo nas condições estudadas. Cabe ainda destacar que as diferenças observadas pelas doses de N em cobertura sobre o RG foram promovidas por alterações que, na planta, ocorreram sobre o NEF, NGE, PGE, NAF, TE, e PE. Contudo, os coeficientes de variação mostraram valores adequados, evidenciando correta condução experimental, o que incrementa em confiabilidade das informações obtidas.

Tabela 3: Resumo da análise de variância dos caracteres agronômicos mensurados em trigo.

Fonte

GL

Quadrado Médio

De RG MMG NEE NEF NGE PGE NAF TE PE

Variação (kg ha-1) (g) (n) (n) (n) (g) (n) (cm) (g) AC 2 4709784* 206,17 1,22 49,69* 237,02* 0,34* 82603,20* 17,76* 0,58* AB 1 2077437 217,83 0,26 47,12 340,03 0,32 2650,80 13,28 0,64 ACxAB 2 2184775 142,95 1,31 18,40 108,54 0,16 30435,60 7,39 0,24 Erro 24 737678 83,03 0,58 8,90 45,72 0,10 11326,65 2,71 0,14 Total 29 Média 3491,61 35,94 2,57 13,14 28,76 1,09 412,00 7,48 1,40 CV(%) 24,59 25,35 29,76 22,69 23,50 29,78 25,83 22,01 27,37

* Significativo a 5% de probabilidade; AC = adubação de cobertura; AB = adubação de base; CV(%) = coeficiente de variação; GL = graus de liberdade; RG = rendimento de grãos; MMG = massa de mil grãos; NEE = número de espiguetas estéreis; NEF = número de espiguetas férteis; NGE = número de grãos por espiga; PGE = peso de grãos por espiga; NAF = número de afilhos férteis; TE = tamanho da espiga; PE = peso da espiga.

Observa-se que a aplicação de nitrogênio no momento adequado pode aumentar a eficiência de uso desse elemento pelo trigo, incrementando o número de grãos por espiga e o número de espigas por área (SANGOI et al., 2007). No entanto, Silva (1991), ao estudar doses de N e cultivares de trigo, constatou que não houve efeito das doses sobre o número de grãos por espiga.

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O estabelecimento de práticas de manejo que otimize a ação dos insumos aplicados pode contribuir para aumentar a produtividade nas lavouras de trigo no Brasil, que tem se situado em valores próximos a 2.645kg ha-1(CONAB, 2011). Dentre essas, a adubação nitrogenada de cobertura é uma das mais importantes, pois afeta o crescimento e o desenvolvimento das plantas, influenciando o seu potencial produtivo. Além de sua importância biológica, o nitrogênio é o nutriente mais difícil de ser manejado nos solos de regiões tropicais e subtropicais, em virtude do grande número de reações a que está sujeito e a sua alta instabilidade no solo (ERNANI, 2003). Em função disso, o parcelamento da adubação nitrogenada pode proporcionar uma maior eficiência na assimilação do nutriente pelo trigo, diminuindo as perdas por lixiviação em anos chuvosos e por volatilização em anos secos (MUNDSTOCK, 1999). A época correta de aplicação do nitrogênio é fundamental para incrementar o rendimento de grãos, pois aplicações muito precoces ou muito tardias podem ser pouco aproveitadas pelas plantas (SILVA et al., 2005). No entanto Spiertz (1983) relata que normalmente a absorção mais tardia de N pelas plantas de trigo somente incrementa o teor de proteínas nos grãos e raramente promove aumento de rendimento.

Na tabela 4, do teste de médias, como observado na tabela 3, os efeitos da adubação de base (AB) não foram constatados nos diferentes caracteres agronômicos do trigo, corroborando em médias similares e estatisticamente iguais nas variáveis em observação. Por outro lado, no teste de médias, que envolve as doses de adubação de cobertura (AC), ficou constatado que estas diferenças foram obtidas apenas para a dose padrão (zero kg ha-1 de N). Assim, tanto a dose intermediária (31,5 kg ha-1 de N) como a inclusão da segunda época da adubação de cobertura, o que forneceu uma quantia total de 76,5 kg ha-1 de N, não mostraram diferenças entre si. Nesse sentido, ficou constatado que o parcelamento da dose mais elevada de N foi similar a uma única aplicação de menor adubação quando aplicado no estádio V3 (31,5 kg ha-1 de N), segundo escala de Counce et. al. (2000). Portanto, destaca-se que efeitos nas variáveis estudadas não foram observados nestas doses. Cabe ainda comentar que nos demais caracteres como NEF, NGE, PGE, NAF, TE e PE, as diferenças também não foram detectadas frente às doses 31,5 e 76,5 kg ha-1 de N. A partir disto, levanta-se a hipótese de que a cultura antecedente utilizada neste estudo (nabo forrageiro) possa estar suprindo às

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carências nutricionais da cultura, e dessa forma ocultando possíveis diferenças na ação das doses de adubações empregadas. Estes resultados se ajustam às conclusões de Kochhann (2003), que cita que o nabo forrageiro, cultivado como cultura intercalar à milho e ao trigo proporciona aumento significativo na produtividade de trigo, quando comparado ao pousio, independentemente, da dose de nitrogênio aplicada, desde que consiga chegar ao seu pleno desenvolvimento, gerando uma grande produção de fitomassa. Além disto, o mesmo autor comenta que o rendimento de trigo cultivado em seqüência ao nabo forrageiro e sem nitrogênio, foi equivalente ao obtido com a dose de 80 kg ha-1 de nitrogênio aplicada à cultura de trigo em seqüência ao pousio.

Tabela 4: Teste de comparação de médias por Scott Knott nos caracteres de importância agronômica do trigo sobre diferentes formulações de NPK e de adubações nitrogenadas em cobertura.

Adubação Variáveis Analisadas

de Base RG MMG NEE NEF NGE PGE NAF TE PE

(NPK) (kg ha-1) (g) (n) (n) (n) (g) (n) (cm) (g)

16-16-16 3754a 38,64a 2,66a 14,40a 32,13a 1,19a 421,40a 8,14a 1,55a

10-20-10 3228a 33,25a 2,48a 11,89a 25,40a 0,99a 402,60a 6,81a 1,26a

Adubação de Variáveis Analisadas

Cobertura RG MMG NEE NEF NGE PGE NAF TE PE

(N) (kg ha-1) (g) (n) (n) (n) (g) (n) (cm) (g)

Testemunha

2701b 30,72b 2,28a 10,58b 23,26b 0,88b 307,20b 5,94b 1,13b zero (kg ha-1)

V3

3833a 38,10a 2,48a 14,26a 30,54a 1,17a 459,60a 8,17a 1,50a 31,5 (kg ha-1)

V3/R0

3939a 39,00a 2,96a 14,60a 32,50a 1,22a 469,20a 8,32a 1,58a 31,5/45 (kg ha-1)

V3 = colar formado na 3ª folha do colmo principal e R0 = iniciação da espiga (emborrachamento) segundo a escala de Counce et al. 2000; RG = rendimento de grãos; MMG = massa de mil grãos; NEE = número de espiguetas estéreis; NEF = número de espiguetas férteis; NGE = número de grãos por espiga; PGE = peso de grãos por espiga; NAF = número de afilhos férteis; TE = tamanho da espiga; PE = peso da espiga; Médias seguidas da mesma letra não se diferem entre si estatisticamente a 5% de probabilidade;

Ros et al. (2003), ao testar diferentes métodos de adubação nitrogenada em plantio direto e avaliando a disponibilidade de N, verificaram que a aplicação deste nutriente totalmente na semeadura ou em cobertura não difere no que se refere à

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produtividade de grãos de trigo. Já, Peruzzo et al. (1994), que estudaram 18 fontes de N na cultura do trigo, observaram que ocorre maior absorção de N quando elas são aplicadas na semeadura e em cobertura, do que quando aplicadas somente na semeadura. Cabe ressaltar que segundo Longnecker et al. (1993), o N absorvido na fase inicial do crescimento de plantas de trigo promove maior afilhamento e maior percentual de sobrevivência desses afilhos, bem como, mantendo a taxa de desenvolvimento destes afilhos similar a do colmo principal, o que é indispensável, para contribuição efetiva no incremento do rendimento de grãos (ALMEIDA & MUNDSTOCK, 1998). Assim, Bredemeier & Mundstock (2001) concluíram que para os componentes de rendimento terem sua expressão favorecida o nitrogênio deve ser disponibilizado às plantas de trigo, preferencialmente, entre a emergência e a emissão da sétima folha do colmo principal. Além disto, Mundstock (2005) estudando distintos genótipos de trigo constatou que o nitrogênio aplicado no período de emborrachamento (R0) tem pouco ou nenhum efeito sobre o rendimento final, mas em algumas ocasiões pode resultar no aumento do peso de grãos (especialmente se as plantas apresentarem sintomas de deficiência) e no aumento da quantidade de proteína do grão, que poderá, eventualmente, melhorar a qualidade para panificação. Por outro lado, Sangoi et al. (2007) comenta que as diferentes épocas de aplicação de N, que inclui também adições na fase de emborrachamento não contribuiriam para incrementar o teor de proteína no grão.

Na tabela 5, do ajuste da equação de regressão linear, foi constatado que a liberação normal indicou um comportamento previsível na equação y=3586,58+2,27x e no ambiente com liberação lenta com estimativa do modelo linear de y=3491,18+8,00x. Cabe ressaltar que o ajuste estabelecido tem por base as doses totais aplicadas na lavoura, interagindo com o parcelamento do N na aplicação. A partir daí, foram interpolados nestas condições os pontos 30 e 60 kg ha-1 de N, permitindo as estimativas de valores médios como segue: i) liberação normal (y=a+b30 = 3654,68 kg ha-1 de RG; y=a+b60 = 3722,78 kg ha-1 de RG); ii) liberação lenta (y=a+b30 = 3491,18 kg ha-1 de RG; y=a+b60 = 3971,18 kg ha-1 de RG). Se destaca que os pontos estabelecidos para o cálculo no modelo (30 e 60 Kg ha-1 de N) mostram valores similares na condição sobre adubação normal, porém, uma maior contribuição entre os pontos que envolvem as doses sobre o ambiente de

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liberação lenta, levantando a hipótese de possível contribuição desta formulação sobre este sistema.

A nutrição mineral tem efeito na produtividade, sendo o nitrogênio o nutriente quantitativamente mais importante e o de maior impacto (LAMOTHE, 1998; SYLVESTER-BRADLEY et al. 2001). Dentre as várias culturas, o trigo tem apresentado resposta significativa à aplicação de N (GOEPFERT et al., 1974) e, em média, exporta em torno de 22 kg ha-1 de N (CQFSRS/SC, 2004) por tonelada de grãos retirados da lavoura. Para que não ocorra redução do estoque de N no solo, é importante que essa quantidade seja reposta em alguma fase do sistema produtivo. Mas, no entanto, a eficiência e a resposta dos genótipos de trigo ao N aplicado, em relação a rendimento e qualidade de grãos, dependem da disponibilidade de água, da dose de N aplicada, do genótipo, da cultura anterior, do tipo de solo, da região e entre outros fatores (FREITAS et al. 1994), caracterizando um elemento químico de forte instabilidade (SANGOI et al., 2007).

Tabela 5: Resumo da análise de variância de regressão e estimativa do modelo linear sobre o desempenho do trigo em doses do nitrogênio em cobertura sobre semeadura de adubação de base de liberação lenta e normal. Tratamento Quadrado

R2

Estimativa Interpolação Interpolação ( Adubação de

Base) Médio (y=a+bx) y=a+b30 y=a+b60

N P K (kg ha-1) (kg ha-1) Liberação Normal 76464,14* 0,91 y=3586,58+2,27x 3654,68 3722,78 (10-20-10) Liberação Lenta 947340,42* 0,98 y=3491,18+8,00x 3731,18 3971,18 (16-16-16)

Experimentos envolvendo diferentes cultivares de trigo, diversos autores (GOEPFERT et al., 1974; REIN et al., 1985; FRIZZONE et al., 1996; SANDHU et al., 2002;; TRINDADE et al., 2006) observaram resposta positiva a doses de nitrogênio, mas em alguns estudos realizados no Cerrado com o trigo sucedendo a soja, não se encontraram efeitos significativos do nitrogênio na produtividade (SILVA, 1991), em virtude da contribuição da soja no suprimento de nitrogênio do solo, similar ao observado neste que envolveu o nabo forrageiro, que talvez não tenha permitido

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distinguir com maior efetividade as alterações N nos tratamentos que envolveram a adubação de base.

Na tabela 6, de modo a explicitar mais efetivamente os efeitos da adubação de base sobre as doses de N com parcelamento, foi desenvolvida a análise de contribuição relativa e a distância de Tocher para explicar tais comportamentos. Na condição de adubação de base lenta (16-16-16) sobre as doses de N incluindo parcelamento, a maior contribuição relativa foi observada para as variáveis PE (26,31%), PGE (21,50%) e TE (18,35%). Por outro lado, a condição de adubação de base com liberação normal (10-20-10) destacou maior contribuição relativa direcionada para o RG (28,44%), e deste RG, contemplado com participação significativa sobre o NGE (20,66%) e PE (16,66%). O rendimento de grãos é um caráter complexo, cuja magnitude resulta da expressão e interação entre os diferentes componentes que o compõem, sejam eles diretos ou indiretos, que, interagindo entre si e com o ambiente, possibilitam a expressão do potencial genético da cultivar (CARVALHO & PISSAIA, 2002). Assim, parece este comportamento permite diagnosticar que a análise de forma cumulativa que envolve a adubação de base e cobertura de forma conjunta permite vislumbrar uma condição mais favorável na adubação na semeadura de NPK de liberação normal com reflexos mais positivos sobre a de cobertura, quando comparada a de liberação lenta.

Além disso, na tabela 6, pela distância morfológica analisada pelo modelo de Tocher se percebe a formação de dois grupos, com o grupo I representados pela dose 31,5 e 76,5 kg ha-1 N, ou seja, de forma simultânea foram similares entre si e diferentes da dose zero que representou o grupo II. Por outro lado, na liberação normal, fato relevante foi observado, a tal ponto que a dose zero e 31,5 kg ha-1 N da adubação de cobertura não mostraram diferenças pela análise simultânea de todos os caracteres, exceto do grupo II na dose mais elevada, reforçando a idéia que a liberação normal contribui a tal ponto a manifestar comportamento similar da dose zero de cobertura sobre a 31,5 kg ha-1 N. Por outro lado, sobre condição com parcelamento de N e promovendo uma dose maior aplicada na lavoura, a de liberação lenta se mostrou mais efetiva.

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Tabela 6: Autovalores e contribuição relativa dos caracteres de importância agronômica, análise multivariada e agrupamento de Tocher a partir da distância generalizada de Mahalanobis para os distintos tipos de adubação em trigo.

Condição Contribuição Relativa Variável Contribuição Relativa Condição Adubação

Base s.j s.j (%) s.j (%) s.j Adubação Base

(NPK) (NPK)

8,60 4,77 RG 26,14 28,44

16-16-16 3,12 1,73 MMG 4,70 5,11 10-20-10

18,72 10,39 NEE 2,00 2,18

Liberação 13,47 7,48 NEF 4,55 4,96 Liberação

Lenta 2,05 1,13 NGE 20,66 22,48 Normal

38,72 21,50 PGE 13,29 14,46

47,39 26,31 PE 16,66 18,13

14,95 8,30 NAF 11,33 12,33

33,05 18,35 TE 0,62 0,67

Condição Grupo Distância de Tocher (0; 31,5; 76,5 N Kg ha-1)

Liberação I 31,5 ; 76,5

Lenta II Zero

Liberação I zero ; 31,5

Normal II 76,5

RG = rendimento de grãos; MMG = massa de mil grãos; NEE = número de espiguetas estéreis; NEF = número de espiguetas férteis; NGE = número de grãos por espiga; PGE = peso de grãos por espiga; PE = peso da espiga; NAF = número de afilhos férteis; TE = tamanho da espiga.

(36)

Conclusão:

A análise individual sobre as formas de adubação de base lenta e normal não influenciaram o rendimento de grãos e demais caracteres de importância agronômica na cultivar de trigo quartzo. Por outro lado, estas diferenças se tornam evidente quando combinadas a doses e parcelamento do nitrogênio em cobertura com base neste estudo.

Os caracteres PE, TE e PGE foram os componentes do rendimento que mostraram maiores alterações na contribuição relativa na adubação de NKP com liberação lenta e o NGE, PGE e PE com maior efetividade no de liberação normal, sobre a variabilidade total dos caracteres em estudo.

Na análise conjunta de caracteres, doses mais reduzidas de N combinadas com NPK de liberação normal são mais ajustadas, visto que, maiores contribuições do NKP com liberação gradual foi obtida com maiores doses de N, incluindo o seu parcelamento.

(37)

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