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Sistema penitenciário e os direitos humanos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

LUAN MATEUS FARIAS

SISTEMA PENITENCIÁRIO E OS DIREITOS HUMANOS

Santa Rosa (RS) 2019

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LUAN MATEUS FARIAS

SISTEMA PENITENCIÁRIO E OS DIREITOS HUMANOS

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DEJ- Departamento de Estudos Jurídicos.

Orientador: Luis Gustavo Gomes Flores

Santa Rosa (RS) 2019

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Dedico este trabalho à minha família, pelo incentivo, apoio e confiança em mim depositados durante toda a minha jornada.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, que sempre esteve presente me apoiando e me incentivando, com quem aprendi que os desafios são meros obstáculos em nossa vida para que assim possamos evoluir.

Ao meu orientador Luis Gustavo Gomes Flores, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação e disponibilidade, me guiando pelos caminhos do conhecimento.

Aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado me apoiando e incentivando nas mais duras batalhas da vida.

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“O primeiro passo em direção ao sucesso é dado quando você se recusa a ser prisioneiro do ambiente no qual você inicialmente se encontra”. Mark, kaine

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RESUMO

O presente artigo tem como tema ―O estudo do Sistema Penitenciário Brasileiro a partir de uma reflexão crítica à luz dos Direitos Humanos‖. Para tanto, buscou-se responder ao problema que cita: A consideração acerca do Sistema prisional Brasileiro vem se transformando ao longo do tempo. Os efeitos referentes ao cárcere acumulam deficiências estruturais dos estabelecimentos, bem como a superlotação, garantias não oferecidas aos presos e inúmeros outros que acabam sendo prejudicial à ressocialização do condenado. Os direitos humanos que devem constar como o principio de uma nova era para aqueles que querem deixar de lado os delitos já cometidos. Trata-se de um trabalho critico reflexivo que tem como objetivo estudar o cárcere brasileiro e analisar as situações daqueles que ali estão inseridos, bem como procurar alternativas para os problemas do mesmo, para que este sistema possa de tal modo cumprir seu dever e oferecer o mínimo de dignidade aos encarcerados. Deste modo, para sua realização foi utilizado o método de abordagem hipotético-dedutivo, por meio de pesquisa bibliográfica. Tem-se como resultado o motivo da superlotação dos presídios bem como possibilidades de ressocialização para que estes que cometem delitos não sejam inseridos diretamente atrás das grades. Levando em conta ainda, a contribuição para enriquecer o debate e aumentar a reflexão sobre a matéria.

Palavras-Chave: Sistema Penitenciário. Direitos Humanos. Ressocialização. Superlotação. Encarcerados.

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ABSTRACT

This article has as its theme "The study of the Brazilian Penitentiary System based on a critical reflection in the light of Human Rights". In order to do so, we sought to respond to the problem that it mentions: Consideration about the Brazilian Prison System has been changing over time. The effects of prison imply structural deficiencies of establishments, as well as overcrowding, guarantees not offered to prisoners and countless others that end up being detrimental to the resocialization of the condemned person. Human rights must be seen as the beginning of a new era for those who want to put aside the crimes already committed. This is a critical work that aims to study the Brazilian Prison System and analyze the situations of those who are there, as well as look for alternatives to the problems of the same, so that this system can so fulfill its duty and offer the minimum of dignity to those incarcerated. Thus, the hypothetical-deductive approach was used to achieve this, through bibliographic research. The result is the overcrowding of the prisons as well as possibilities for resocialization so that those who commit crimes are not inserted directly behind the bars. Taking into account still, the contribution to enrich the debate and to increase the reflection on the matter.

Key words: Penitentiary system. Human rights. Resocialization. Overcrowded. Incarcerated.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 Sistema Penitenciário no Brasil ... 11

1.1 A superlotação do Sistema Carcerário Brasileiro ... 11

1.2 Problemas das instalações do Sistema Carcerário ... 15

2 Direitos Humanos e a situação atual de alguns presídios no Brasil ... 19

2.1 Direitos Humanos dos Encarcerados ... 20

2.2 Obstáculos para realização dos Direitos Humanos no Sistema Penitenciário Brasileiro: O exemplo da Lei de Drogas como problema do Sistema ... 24

3 Direitos Humanos e um novo paradigma para Ressocialização ... 27

3.1 Direitos Humanos e a superação dos maus tratos no Cárcere ... 28

3.2 Direitos Humanos e Ressocialização ... 30

Considerações Finais ... 35

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise do Sistema Penitenciário relacionado aos Direitos Humanos. A situação do Sistema Carcerário Brasileiro é algo que está sendo discutido demasiadamente no decorrer dos últimos anos. O fato das más condições deste sistema e da não ressocialização dos indivíduos ali presentes, é a causa dessas discussões, de tal modo que os Direitos Humanos que constam nas leis brasileiras, não são aplicados as estes detentos, os deixando de tal forma, fora do contexto da sociedade em que vivem.

No mesmo sentido, estuda o Sistema Prisional Brasileiro e analisa as situações daqueles que ali estão inseridos, bem como procura alternativas para os problemas do mesmo, para que este sistema possa de tal modo cumprir seu dever e oferecer o mínimo de dignidade aos encarcerados, em conformidade com o propósito e comprometimento de realização dos direitos humanos pelo estado brasileiro.

Verifica quais são os problemas do Sistema Penitenciário Brasileiro. Esclarece o que seja os Direitos Humanos em sua relação com o Sistema Penitenciário. Desenvolve uma crítica construtiva com base nos problemas abordados. A fim de repensar o sistema prisional brasileiro desmistificando equívocos em torno dos direitos humanos e acentuando a sua importância construtiva para eventuais problemas que o tema compreende.

No primeiro capítulo busca trazer a realidade do cárcere brasileiro, bem como alguns dos motivos pelo qual ao decorrer dos anos foi se tornando cada vez mais superlotado e de tal

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modo difícil de serem aplicados os direitos humanos. No mesmo sentido relata os problemas nas instalações dos presídios brasileiros e quais as alternativas para que o mesmo tenha uma melhoria significativa, para que assim possam ser aplicados os direitos fundamentais de todo o ser humano.

Os direitos Humanos são conceituados e tratados no terceiro capitulo, sendo relatada a situação dos encarcerados bem como o estado em que se encontram alguns cárceres brasileiros. No mesmo sentido relata a forma com que o Brasil trata estes detentos sendo que o objetivo do nosso país referente a ressocialização está posto apenas em teoria e não na prática.

No que se refere à ressocialização o estudo é apontado no terceiro capitulo, onde são citados os principais objetivos do Estado na teoria referente à ressocialização e como isto se da na prática. Ainda no mesmo capítulo, são expostos os maus tratos que ocorrem dentro do sistema penitenciário brasileiro, bem como a superação para isto.

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1 SISTEMA PENITENCIÁRIO NO BRASIL

O Sistema Penitenciário Brasileiro é hoje um dos mais superlotados do mundo, de tal modo que as situações do mesmo é precária. Muitos destes cárceres são esquecidos pelo poder público, pois não só para eles, mas como para a sociedade toda em si, estes que ali estão vivendo não tem os mesmos direitos que qualquer outro cidadão que vive fora dali.

São vários os fatores que nos fizeram chegar a esta situação, mas o que mais intimida é realmente o fato do abandono, como podemos ver a seguir:

Vários fatores culminaram para que chegássemos a um precário sistema prisional. Entretanto, o abandono, a falta de investimento e o descaso do poder público ao longo dos anos vieram por agravar ainda mais o caos chamado sistema prisional brasileiro. Sendo assim, a prisão que outrora surgiu como um instrumento substitutivo da pena de morte, das torturas públicas e cruéis, atualmente não consegue efetivar o fim correcional da pena, passando a ser apenas uma escola de aperfeiçoamento do crime, além de ter como característica um ambiente degradante e pernicioso, acometido dos mais degenerados vícios, sendo impossível a ressocialização de qualquer ser humano (RIBEIRO, JUCIANE 2014).

Deste modo fica evidente que é impossível a ressocialização de qualquer ser humano em situações deste tipo. O abandono por parte do Poder Público torna esse sistema cada vez mais precário e com inúmeros problemas, deixando de lado assim aquilo que deveria ser o básico, os direitos humanos para todos os cidadãos.

1.1 A superlotação do Sistema Carcerário Brasileiro

Um dos principais problemas do nosso Sistema Carcerário é sem dúvida, a superlotação do mesmo. Esta que causa inúmeras doenças aos detentos e situações em que é impossível um ser humano viver, como podemos ver no trecho a seguir:

A superlotação é um dos problemas mais graves do sistema prisional. Existem aproximadamente 80 penitenciárias em São Paulo, nas quais a maioria possui mais que o dobro de presos em relação a sua capacidade. A população carcerária cresce muito e poucos presídios são construídos para amenizar a situação da superlotação. Dentro das penitenciárias ocorre pouca ventilação, não existe iluminação, a água dura poucas horas por dia. Existem casos de presos dormindo em redes amarradas ou penduradas nas celas por não existir espaço para deitar. Doenças se proliferam rapidamente devido ao atendimento médico precário. Ou seja, a superlotação viola as normas e princípios constitucionais encontrados na Lei de Execução Penal, art. 88 que estabelece que o condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. São requisitos básicos da unidade celular: salubridade do ambiente pela concorrência

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dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; área mínima de 6,00m² (VILLEGAS, LARISSA 2015).

No mesmo sentido, a superlotação é a principal causa da proliferação de doenças dentre do sistema carcerário Brasileiro e o nosso sistema de saúde muitas vezes não é capaz de resolver este problema, como se pode ver abaixo:

O Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2014 — o último produzido pelo Ministério da Justiça — aponta que o sistema prisional brasileiro tem 607.731 presos. O mesmo estudo revela ainda que a oferta de vagas é de apenas 375.892. A superlotação das unidades se tornou uma fonte de proliferação de doenças infectocontagiosas, como explica Natália Madureira Ferreira, médica e docente do curso de medicina da Universidade Federal de Uberlândia. ―Sobre o número de pacientes dentro do sistema prisional, existe uma correlação direta entre a quantidade de presos e a qualidade de vida dentro do presídio‖, afirma a médica. No último mês, uma infestação de doenças de pele no presídio da Papuda, no Distrito Federal, acometeu mais de 2 mil pessoas detidas, em cinco unidades do complexo, de acordo a Secretaria de Segurança Pública da capital nacional (BERNARDES, JOSÉ 2017).

O que assusta referente a esta superlotação é que ela só deve aumentar com o passar dos anos, pois precisa de um investimento muito alto para a melhoria das mesmas, como é colocado no trecho a seguir:

O Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira (20) que o país "caminha para se tornar refém do sistema carcerário".

Jungmann deu a declaração durante evento em que apresentou dados sobre a situação das prisões no Brasil.

Segundo o ministro, a população carcerária do Brasil cresce 8,3% ao ano. Nesse ritmo, de acordo com ele, até 2025 serão mais de 1,4 milhão de presos, uma população maior do que a das cidades de Goiânia e Belém (ANDREOLLA, ANA 2018).

Ainda no mesmo sentido em reportagem feita pela Rede Globo em Julho de 2018, o Ministro da Segurança Pública cita que:

Jungmann afirmou que para absorver o crescimento da população carcerária, o sistema prisional deveria investir R$ 25 bilhões em sete anos.

Hoje, o país tem mais de 700 mil presos e deve fechar o ano de 2018 com 841 mil presos, segundo o governo. Além disso, há mais de 500 mil mandados de prisão em aberto, que ainda não foram cumpridos.

O déficit de vagas com base na população encarcerada hoje é de 358 mil, o que representa uma superlotação de 200% nas penitenciárias federais e estaduais. Segundo o ministro, cerca de 60% dos presos foram presos em flagrante, por crimes como o pequeno tráfico de drogas, roubos e furtos (ANDREOLLA, ANA 2018).

São várias as causas dessa superlotação do nosso Sistema, sendo uma das principais a prisão de criminosos sem ao menos terem sido julgados, como podemos ver a seguir:

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Outro aspecto crítico para a superlotação, segundo os especialistas, é o número elevado de presos que não foram julgados. Isso ocorre porque falta uma legislação que garanta que qualquer pessoa detida seja imediatamente levada à presença de um juiz, que determina se ela pode ser solta sob fiança ou deve ser presa preventivamente até o julgamento (JANSEN, ROBERTA 2017).

Do mesmo modo, em um artigo realizado pela Carta Capital, é citado que:

Quatro em cada dez das 726 mil pessoas presas no Brasil não foram condenadas pelo Judiciário. Esses 292 mil homens e mulheres são os presos provisórios, que foram encarcerados no sistema prisional, mas ainda aguardam julgamento. A informação é do novo relatório do Infopen, o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias, divulgado nesta sexta-feira 8 pelo Ministério da Justiça.

A quantidade de presos provisórios no Brasil tem variado pouco recentemente. No levantamento do Infopen de junho de 2014, essa população representava 41% do total. Em dezembro do mesmo ano, representava 40%. Em dezembro de 2015, as pessoas sem julgamento somavam 37% do total. Historicamente, o Brasil tem uma taxa de presos provisórios alta. De 2000 a 2004, a taxa caiu de 35% para 22% do total, mas desde então vem crescendo: 26% em 2004, 32% em 2009 e, agora, 40% (RAMOS, BEATRIZ 2017).

Outro grande problema que causa a superlotação no Sistema Prisional Brasileiro é o fato do Poder Público manter em regime fechado aqueles presos que podem ter penas alternativas, e é dai que surge o fato do ―abandono‖, pois não tem necessidade de manter em regime fechado os presos que tenham outra possibilidade, ainda mais com tamanha superlotação que vivemos hoje, vejamos abaixo:

Prevista em lei há 18 anos, a aplicação de penas alternativas para crimes cometidos sem violência ainda não foi suficiente para diminuir a ocupação das penitenciárias no Brasil. A cada dez pessoas condenadas por tribunais estaduais em 2015, só três receberam esse tipo de punição, segundo os dados mais recentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), enquanto sete foram para a cadeia. Especialistas dizem que os juízes, de forma geral, resistem em utilizar a medida em casos como os de pequenos traficantes e estimam que uma nova postura de magistrados poderia reduzir a população carcerária em até 20% (DANTAS, TIAGO 2017).

Ainda no mesmo sentido, podemos ver a grande diferença em relação a alguns países da Europa:

Em países da Europa, a proporção de penas restritivas de direitos no universo de condenações é o oposto do que no Brasil. Na Inglaterra, por exemplo, análise dos julgamentos realizados em 2014 mostra que em 79% dos casos réus receberam penas alternativas e em 20% eles foram para a cadeia. Segundo estudos ingleses, a taxa de reincidência é maior do que se o condenado estivesse na prisão. Enquanto a porcentagem de sentenças com as chamadas penas restritivas de direito ficou estável

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entre 29% e 34% desde 2009, de acordo com o CNJ, a população carcerária aumentou 28,3% no período, segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (DANTAS, TIAGO 2017).

Outro grande problema referente a superlotação seria a Lei de Drogas criada em 2006, esta acaba por criar um certo ―inchaço‖ nos presídios, de tal modo que os traficantes considerados ―pequenos‖ e que muitas vezes não causam tanto na sociedade, acabam sendo detidos e neste sentido os maiores traficantes, estes que comandam o tráfico todo, acabam ficando livres e colocando cada vez mais pequenos representantes nas ruas. Neste sentindo, vejamos:

A Lei de Drogas de 2006 (11.343) é uma das principais responsáveis pelo inchaço dos presídios no país. Desde que começou a ser aplicada, o número de pessoas presas por tráfico de drogas cresceu 348%. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça em 2014, 64% das mulheres e 25% dos homens presos no Brasil respondem a crimes relacionados às drogas. Antes da lei, os índices eram, respectivamente, de 24,7% e 10,3%.

Especialistas afirmam que, do jeito que está, a lei endurece as penas para pequenos traficantes (muitas vezes dependentes químicos que comercializam drogas) que nem sempre representam perigo para a sociedade. Para reduzir essas distorções, os especialistas pedem ajustes na lei. Alguns deles vão além e defendem a descriminalização das drogas como uma solução para frear a avalanche de prisões que provoca a superlotação do sistema. "Simplesmente descriminalizando o uso e o consumo você tira 30% das pessoas das cadeias do país", afirma o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, Paulo Cesar Malvezzi Filho (STRUCK, JEAN 2017).

Ainda com base na superlotação, fica evidente que as condições não são as recomendadas, de tal modo que é impossível uma ressocialização nessas condições, sendo necessária uma reforma desses presídios, como cita alguns especialistas na área:

Apesar de encararem a construção de novos presídios como uma solução enganosa, especialistas afirmam que as atuais unidades precisam passar por reformas e ter seu gigantismo reduzido para que um controle mais efetivo seja exercido. As Nações Unidas recomendam que um presídio deve ter no máximo 500 vagas. Mas muitos presídios do Brasil extrapolam esse número. O Complexo do Curado, No Recife, por exemplo, abriga mais de 7 mil presos. Para especialistas, a atual configuração dos presídios brasileiros escancara a ausência do Estado no interior das unidades. Como o Estado falha em prover os presos com proteção e produtos básicos, as facções acabam assumindo esse papel. "A União Europeia, por exemplo, impõe uma série de princípios para as prisões dos seus estados-membros. Os presos têm seu próprio espaço e chuveiro. Têm privacidade. As condições são muito similares às que se têm na vida exterior. Isso é importante para ressocializar e combater a subcultura criminosa nas cadeias", afirma Stippel (STRUCK, JEAN 2017).

É com base em tudo que foi abordado que se percebe tamanho abandono dos presídios pelo nosso Poder Público, de tal modo que somente eles podem acabar com essas situações

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degradantes em que vivem os encarcerados, pois estes também são cidadãos dotados de Direito.

1.2 Problemas das instalações do Sistema Carcerário

Inúmeros são os problemas referentes às instalações do Sistema Penitenciário Brasileiro, de tal modo que seria necessária uma reforma desse sistema, pois nem lugar para tantos presos hoje ali se tem, e sim está se tornando cada vez mais superlotado e nesse sentido acaba por gerar mais problemas ainda.

Nas penitenciarias deveriam haver um controle social, porém em apenas dois Estados isso é implantado, como podemos ver a seguir:

Proibição das revistas vexatórias de familiares nos dias de visita para garantir a manutenção do direito à visita, indispensável à reintegração do preso; criação e fortalecimento das corregedorias e ouvidorias do sistema penitenciário, que devem ser externas e inspiradas em resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; criação de mecanismos estaduais e independentes de prevenção e combate à tortura conforme parâmetros estabelecidos no "Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos e Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes" da Organização das Nações Unidas (ONU), ratificado pelo Brasil em 2007. Hoje, só os estados do Rio de Janeiro e Pernambuco possuem um órgão nesses moldes em operação, selecionados através de consulta pública (RODRIGUES, CAMILA 2017).

Diversas vezes nas maiorias dos presídios Brasileiros, o preso provisório não é separado do preso condenado e com isso acaba que fica impossível uma ressocialização e ainda acaba havendo a chamada ―Escola do Crime‖, como cita a seguir:

A separação entre presos provisórios e condenados, e, dentre os condenados, a separação de detentos por natureza e gravidade do crime cometido, está prevista na Lei de Execuções Penais (LEP) e em tratados de Direito Internacional. ― Esta é uma obrigação legal historicamente descumprida pelo Estado brasileiro‖, explica Maria Laura Canineu, diretora da ONG Human Rights Watch no país. Para ela, tal prática evita que inocentes e réus primários convivam com criminosos de carreira e facções, gerando as chamadas ―escolas do crime‖ (MENA, FERNANDA 2017).

Hoje nosso país não está nem a cumprir as leis referente aos presídios, de tal modo que gera ainda mais indignação e mais sofrimento aqueles que deveriam ser considerados seres humanos e assim serem tratados como um, vejamos abaixo:

Inúmeros fatores sobre a precariedade do sistema carcerário estão clarividentes desde a superlotação nos presídios, o espaço físico inadequado, a falta de estrutura

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do sistema, a falta de fiscalização dos agentes penitenciários, atendimento médico precário, assistência da defensoria, o tráfico dentro do sistema prisional, a falta de alimentação necessária para a sobrevivência dos apenados. É possível notar claramente que o sistema brasileiro está falido, por inúmeros fatores, uma vez que não fornece aos presos sequer os direitos previstos na Lei de Execução Penal, em seu artigo 41, o que acaba dificultando, e muito, a ressocialização do apenado que vive em condições precárias no sistema penitenciário brasileiro (DUTRA, DIEGO 2016).

Inúmeras são as cidades Brasileiras que sofrem com o problema do sistema carcerário, algumas são citadas em destaques, vejamos:

Neste mês de novembro, uma cadeia pública em Sergipe foi interditada judicialmente após pedido da OAB local. Os argumentos são de que o local não é seguro e apresenta extremo estado de degradação humana e de ca lamidade pública, gerando grave risco de abalo da ordem e da segurança pública. Com capacidade para 160 detentos, o Cadeião (como é conhecido o local) chegou a abrigar 300: nas celas em que cabem 15 pessoas, estavam amontoadas mais de 40. Na contramão, em Natal (RN), um juiz autorizou a transferência de 25 presos para uma unidade prisional interditada. O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte possui atualmente 8.000 presos para 3.700 vagas. Das 33 unidades prisionais, 11 foram interditadas pela Justiça e não podem receber novos internos. Em Peruíbe/SP, os presos viveram por quase 4 anos sem água e sem luz. A cadeia anexa à delegacia da cidade, foi interditada judicialmente desde para reforma, mas chegou a abrigar 48 presos e 9 adolescentes em quatro celas onde caberiam apenas 24 detentos. Neste período, o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Praia Grande tem se recusado a receber os presos de Peruíbe, com a justificativa de estar superlotado e não realizar mais a escolta dos presos. A situação, como s e vê, vai muito além de meros números. E não se pode dizer que há perspectiva de melhoras, pois o aumento da população carcerária tem grau muito maior que a melhoria das condições dos estabelecimentos (PIMENTA, LUCIANA 2016).

Inúmeras são as causas das mortes nos presídios Brasileiros, porém muitas delas não são reveladas, como cita a seguir:

A violência é responsável por menos da metade das mortes dentro do sistema penitenciário no Brasil. Das outras causas, quase não se tem notícia. Segundo os últimos dados do Ministério da Justiça, 62% das mortes são provocadas por doenças, como HIV, sífilis e tuberculose. Essas três doenças são comuns no Complexo Penitenciário de Salvador, por exemplo. É o maior presídio do estado, com mil presos. Segundo a administração, só 3 deles foram diagnosticados com tuberculose e 11 com sífilis. Não é o que os presos dizem. Lá, eles convivem com baratas na caixa d'água, esgoto dentro das celas e dezenas de ratos nos corredores. A Bahia tem uma das maiores populações carcerárias do país, com cerca de 14 mil presos. A cada mil presos no estado, 60 têm alguma doença contagiosa (G1, GLOBO 2017).

Esse problema no nosso Sistema ainda acaba gerando rebeliões por parte dos presos, o que acaba gerando mais mortes, mais violências e mais situações precárias até mesmo

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dentro de um sistema penitenciário, como podemos ver na rebelião que ocorreu em Natal no Rio Grande do Norte:

Em dez anos, a população carcerária do Rio Grande do Norte subiu de 2.145 para 8.242, um crescimento de 260%. No mesmo período, a taxa de homicídios subiu de 13,5 para 48,6 por 100 mil habitantes, um aumento de 285%. O IML (Instituto Médico Legal) de Natal não comporta mais tantos mortos. Vários corpos são deixados no pátio do IML, sob o sol e um calor de mais de 30 graus. A situação do Presídio de Alcaçuz, também em Natal, não é muito melhor. Pelo menos 27 presos morreram durante uma rebelião ocorrida em janeiro desse ano numa rebelião provocada pela rivalidade entre duas facções, uma do Rio Grande do Norte e outra de São Paulo. Durante seis dias, os presos tomaram conta do presídio. Antônio Filho é agente penitenciário há 15 anos e conta que já foi refém numa rebelião. "Me colocaram no telhado lá e eu só vi a morte, todo dia, até me liberarem. Foi o trauma que ficou pra mim", diz ele (G1, GLOBO 2017).

Um dos principais casos de rebelião se deu no complexo de Pedrinhas no Maranhão, onde o sistema era tão precário de tal modo que as facções tomaram o poder do local e fizeram dele uma verdadeira Chacina, como podemos ver:

Pedrinhas, como era chamado o atual Complexo Penitenciário de São Luís, foi palco das maiores atrocidades humanas recentes no Brasil. Em apenas uma rebelião em 2013, 60 detentos foram assassinados por facções criminosas e três foram decapitados. Houve inquéritos abertos, em 2015, para apurar a denúncia de dois casos de canibalismo dentro do presídio que teriam acontecido dois anos antes. O ambiente carcerário era marcado pela barbárie onde todos: detentos, famílias e agentes penitenciários eram vítimas. Em entrevista à revista Época, o juiz Edmar Fernando Mendonça, da 2ª Vara de Execução Penal de São Luís, que trabalhava na investigação dos crimes de canibalismo, denunciou que só a partir de 2014 é que o governo do estado começou a investigar as mortes nos presídios do Maranhão. ―Tivemos a decapitação de 2002. Depois, tivemos rebelião e decapitação em 2009, 2011 e 2013. Se o senhor procurar algum inquérito policial concluído desse período, não vai encontrar nenhum. Parecia que as coisas que aconteciam dentro do sistema penitenciário não eram da alçada do estado do Maranhão. É muito esquisito‖. Desde que o governador Flávio Dino assumiu mudar a realidade de Pedrinhas foi colocado como um dos principais desafios, e os resultados vieram rápido. Em menos de dois anos de gestão, os casos de violência já foram reduzidos quase em 100%. Em 2015 não foi registrada nenhuma morte dentro do presídio, as fugas foram reduzidas em 75% e as disputas entre as facções criminosas foram apaziguadas (SERAFINI, MARIANA 2017).

Deste modo fica evidente que no momento que o Poder Público começar a agir, as coisas tendem a melhorar, pois em questão de dois anos o presídio de Pedrinhas mudou drasticamente. Contudo, o Brasil espera para agir após tragédias, deste modo, no momento em que houver mais tragédias dentro dos presídios, mais mudanças haverão, infelizmente.

Alguns anos atrás Brasil, já ocorriam mais mortes dentro dos presídios por doenças pela precariedade do Sistema, do que por violência mesmo, como podemos ver:

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De acordo com o referido autor, o contágio das doenças infecciosas ocorre no sistema prisional devido a alguns fatores relacionados ao próprio encarceramento, tais como: celas superlotadas, mal ventiladas e com pouca iluminação solar; exposição frequente à micro bactéria responsável pela transmissão da tuberculose; falta de informação e dificuldade de acesso aos serviços de saúde na prisão (MORAES, 2015).

Ainda no mesmo sentido, referente às doenças, vejamos:

Quase 10% dos detentos do Presídio Estadual de Lajeado (PEL) estão infectados pela tuberculose, de acordo com os dados mais recentes da Unidade Básica de Saúde (UBS) do presídio e do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do município. As pessoas privadas de liberdade, segundo o Ministério da Saúde, têm 28 vezes mais risco de adoecer por tuberculose do que o restante da população. O vírus está em todo lugar e é ainda mais comum no ambiente prisional, que tem aglomeração de pessoas e celas com pouca incidência de sol e úmidas, mas não é a única que acomete os presos. No PEL também há casos de portadores de vírus da imunodeficiência humana (HIV) - causador da AIDS, sífilis e hepatites, que sem controle podem causar mais vítimas do que a própria violência (NISSEN, NATÁLIA).

Com todo exposto acima fica evidente tamanho problema no Sistema Carcerário Brasileiro, seja a superlotação, doenças, nosso cárcere precisa ser revisto e alterado de tal modo que os detentos possam ao menos ter as condições previstas em lei que todo ser humano tem direito.

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2 DIREITOS HUMANOS E A SITUAÇÃO ATUAL DE ALGUNS PRESÍDIOS DO BRASIL

Não é necessário aprofundar muito para saber que a situação referente ao Sistema Penitenciário do Brasil é de tamanha precariedade, tornando-se assim difícil a preservação dos Direitos Humanos a todos indivíduos encarcerados nesse sistema. Essa precariedade na maioria das vezes se da pela superlotação do mesmo, sendo esse um dos principais fatores que ocasionam os problemas do Sistema Penitenciário Brasileiro.

Direitos Humanos são aqueles necessários para que todo cidadão possa usufruir de uma vida digna, seja ele um criminoso ou não, são aqueles direitos atribuídos a todos sem qualquer distinção de natureza. ou seja, é o direito fundamental de qualquer cidadão, ainda que o mesmo tenha cometido algum crime perante a sociedade. Vejamos abaixo o significado dos Direitos Humanos:

Direitos humanos são os todos os direitos relacionados à garantia de uma vida digna a todas as pessoas. Os direitos humanos são direitos que são garantidos à pessoa pelo simples fato de ser humana. Assim, os direitos humanos são todos direitos e liberdades básicas, considerados fundamentais para dignidade. Eles devem ser garantidos a todos os cidadãos, de qualquer parte do mundo e sem qualquer tipo de discriminação, como cor, religião, nacionalidade, gênero, orientação sexual e política. Direitos humanos é o conjunto de garantias e valores universais que tem como objetivo garantir a dignidade, que pode ser definida com um conjunto mínimo de condições de uma vida digna. São direitos humanos básicos: direito à vida, à liberdade de expressão de opinião e de religião, direito à saúde, à educação e ao trabalho (LENZI, TIÉ).

Neste sentido, fica evidente que os encarcerados, ou a maioria deles, não tem o mínimo previsto para constatar que o mesmo vive de forma digna, sendo que muitos acabam morrendo sem ao menos saber e ter os seus direitos como todo cidadão necessita. pois muitos dos encarcerados acabam adquirindo doenças ao decorrer do tempo dentro deste sistema ou até em uma situação mais crítica ainda, acabam se rebelando um contra os outros por ter seu psicológico afetado, ou até mesmo se suicidando para não mais viver nessa situação, deixando para trás famílias que os esperam do lado de fora. Segue abaixo a situação de alguns presídios brasileiros referente à superlotação:

Para dar uma ideia da gravidade da situação: Ribeirão Preto, por exemplo, tem uma penitenciária com capacidade para 865 presos. E sabem quantos presos nela estão? 1.875. Em outra cidade também da região de Ribeirão Preto, Serra Azul, uma penitenciária tem capacidade para 853 presos e abriga 1.831; outra tem capacidade para abrigar 856 presos, e a população carcerária é de 1.734. É mais do que o dobro das capacidades para as quais foram projetadas. As duas, juntas, comportariam 1.709 presos e, no entanto, contam com 3.565. Na unidade masculina da

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penitenciária de Ribeirão Preto, o cenário não é diferente: para 865 vagas existem 1.875 presos (GASPARINI, WELSON).

Neste sentido, algo deveria ser feito para que os mesmos não estivessem sofrendo tamanha superlotação. Acredito que o país deveria começar desde cedo, na educação, nas escolas, nas famílias, a implantar ensino de qualidade para que assim com um futuro não tão distante, possamos desfrutar de um país com menos criminosos, porém nada disso é feito, o que acaba se tornando uma espécie de ―bola de neve‖ e com o desencadear dos anos só vai aumentando tamanho prejuízo, pois cada vez mais aumenta o número de crimes em nosso país, e consequentemente aumenta o número de detentos. Não distante disso, inúmeras das vezes até a Religião é capaz de salvar cidadãos do crime e tornar a sociedade um pouco mais correta. Vejamos o depoimento abaixo:

Infelizmente, outra constatação triste: pouco ou nada tem sido feito para mudar essa situação. Poderia dizer: "Vamos construir mais presídios". Não seria mais adequado, talvez, evitar a proliferação de bandidos por meio de uma formação moral, ética e religiosa para a nossa população, começando nas unidades escolares? Levando aos jovens o entendimento sobre o grande mandamento ensinado por Cristo: "Amar o próximo como a si mesmo". Quem ama o próximo não rouba, não mata e, portanto, não será preso (GASPARINI, WELSON).

Como citado acima, pouco ou praticamente nada é feito para que isto melhore, sendo que a tendência em relação ao cárcere brasileiro é só de piorar e não melhorar.

2.1 Direitos Humanos dos Encarcerados

Como citado acima, os Direitos Humanos não estão sendo consagrados na prática aos encarcerados, de tal modo que os mesmos apenas estão normatizados em nosso código. A cultura do cárcere brasileiro difere de forma ampla daquilo que é amparado em lei, pois o objetivo do nosso país, na teoria é claro, sempre foi a ressocialização, a redução dos crimes, porém na prática, se tornou um hábito ferir esses objetivos como se fosse de fato algo normal, ou seja, algo que esteja de acordo com o propósito e as leis de nosso país. Contudo, além de ferir seus próprios objetivos, o país acaba ferindo o direito fundamental de todos os cidadãos presentes na sociedade, seja ele criminoso ou não, como podes ver no trecho a seguir:

Nas prisões brasileiras a realidade é realmente bem diferente do normatizado. Os cativos sofrem constantes agressões, tanto físicas quanto morais, por parte dos companheiros de cela e dos agentes do Estado, estes últimos impondo uma espécie de regulamento carcerário, que não está consignado na legislação, e funciona como uma sanção retributiva ao mau comportamento do preso (FILHO, CARVALHO).

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Como vimos no trecho acima, nem mesmo os agentes penitenciários que trabalham para o Estado, respeitam aqueles que estão encarcerados, inúmeras vezes também existem facções dentro deste sistema e estas facções acabam entrando em conflito e assim se dando diversas mortes, não só de indivíduos encarcerados, como também de agentes penitenciários. Inclusive, os agentes penitenciários inseridos dentro do nosso sistema, acabam sofrendo junto, pois os problemas que inserem o cárcere afetam não só os detentos, mas todos que ali se inserem ou estão inseridos, de tal modo que este sistema acaba ferindo não só o cidadão que cometeu o crime, o delito, como também fere aqueles que ali estão a trabalho.

Acaba se tornado impossível uma ressocialização dentro deste sistema. O Brasil é um dos países que mais preza a ressocialização do preso, mas apenas em normas, pois na prática com a precariedade do sistema penitenciário, fica difícil a ressocialização, de tal modo que para que haja uma ressocialização, é de suma importância um ambiente adequado, condições adequadas, para que o detento ali presente possa visualizar e acreditar que a sociedade ainda o espera de ―portas abertas‖. Contudo, a visão que os criminosos inseridos no cárcere tem, é de que a sociedade fechou as portas a partir do momento em que os mesmos foram inseridos no sistema penitenciário, como podemos ver no seguinte trecho:

No Brasil falta gerenciamento de qualidade dentro das penitenciárias, a precariedade das instalações físicas culmina com diversos processos judiciais acusando o Estado de ser displicente quanto aos direito humanos. O sistema penal se apresenta sob a roupagem de instituição responsável promotora de avanços sociais que contribui para a plena socialização do indivíduo infrator. Mas o que se apresenta não condiz com a realidade. As prisões nem sempre cumprem os objetivos propostos teoricamente almejados em termos de discurso: ―ressocializar aquele que cometeu o desvio social‖. Daí, talvez, a origem da problemática da reinserção na sociedade do preso pós-sistema carcerário (LEMOS, JORDAN).

Como visto acima, fica evidente que muitas das vezes as prisões brasileiras não correspondem com o esperado, deixando os Direitos Humanos apenas normatizados, não colocando-os em prática, o que se torna um problema ainda maior, pois a maioria dos detentos ao se inserir novamente na sociedade acabam cometendo novos crimes por serem vistos de tal modo como ―excluídos‖, pelo fato de que dentro do cárcere a sociedade e o Estado feriram todos os seus direitos, como e o mesmo não fosse cidadão daquela sociedade e por este motivo a ressocialização não é correspondida. No mesmo sentido vejamos o trecho abaixo:

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A ressocialização não pode ser conseguida numa instituição como a prisão. Os centros de execução penal, as penitenciárias, tendem a converter-se num microcosmo no qual se reproduzem e se agravam as grandes contradições que existem no sistema social exterior. [...] A pena privativa de liberdade não ressocializa, ao contrário, estigmatiza o recluso, impedindo sua plena reincorporação ao meio social. A prisão não cumpre a sua função ressocializadora. Serve como instrumento para a manutenção da estrutura social de dominação.‖ (MIRABETE).

A ressocialização necessita de um lugar adequado, onde os presos devam sim cumprir suas penas de acordo com o crime cometido, mas além disso, que o indivíduo encarcerado possa voltar a uma sociedade e se tornar um cidadão de bem, para não mais cometer qualquer tipo de crime, porém não é assim que funciona em nosso país, de tal modo que os indivíduos encarcerados são trataos apenas como criminosos e como aqueles que devem cumprir a pena da forma mais cruel pelo crime cometido, os privando de sua liberdade e de todos os seus direitos humanos, como podemos ver:

Quando o Estado efetua a ação de enviar o infrator à prisão, ele o faz sobre a prerrogativa de privar o indivíduovde seu direito de ir e vir, para que o mesmo passe por um processo de regeneração, para que mais tarde seja ressocializado. No entanto, apesar de tal medida nos parecer demasiadamente racional, no Brasil ela não passa de uma grande hipocrisia estatal e social. Tendo em vista que os presídios brasileiros, em sua grande maioria, não proporcionam de forma alguma as condições necessárias para a reabilitação do presidiário, o que se observa, na verdade, são condições que tornam o detento ainda pior do que quando entrou na penitenciaria (LEMOS, JORDAN).

Neste mesmo sentido, também existem os agentes penitenciários no qual inúmeras vezes, sequer estão capacitados para trabalhar no sistema carcerário brasileiro, pois há tamanha dificuldade de manter este sistema como deveria, o que acaba muitas vezes, deixando os agentes a mercê dos indivíduos encarcerados, podendo até serem mortos, podendo até serem mortos pelas facções que acabam se formando dentro do sistema carcerário.

O Estado acaba muitas vezes inserindo estes agentes na pressa de combater a violência dentro do sistema penitenciário, violência esta causada muito por influencia das más condições do cárcere. Isso acarreta em um descontrole total do sistema de tal modo que os agentes por terem sidos inseridos de forma ―qualquer‖, muitas das vezes nem estão preparados o suficiente para combater tamanho problema, o que acarreta até na entrega dos agentes ao mundo do crime. Vejamos o trecho a seguir:

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Outro grande problema estrutural é quanto aos agentes penitenciários, que não recebem o treinamento apropriado para lidar com os detentos, não possui rotina regulada por procedimentos operacionais e seus salários facilitam a corrupção dentro das cadeias, visto que o aliciamento por parte dos presos é uma realidade alarmante (LEMOS, JORDAN).

Nesse sentido, vemos que aquilo que está sendo normatizado em nosso sistema de leis, não é devidamente aplicado na prática, tornando-se impossível uma ressocialização e aplicação dos Direitos Humanos. Desta forma, muitos dos presos que estão encarcerados são reincidentes, pois o tempo que passaram encarcerados ajudou a piorar a situação dos mesmos, ao invés de mostra-los que aquilo que havia sido praticado era de tal forma um erro, um crime e que o mesmo não deveria ser feito novamente.

Em nosso sistema inúmeras vezes não há uma distinção do grau de cada crime, pois como o sistema penitenciário está superlotado, os indivíduos que ali vão sendo inseridos, são colocados em qualquer lugar, seja ele com criminosos mais cruéis ou não, o que acarreta em um descontrole de tal modo que os indivíduos que cometeram crimes de menor potencial, após serem inseridos novamente na sociedade, cometam crimes que se tivesse uma melhor condição dentro do cárcere não iriam cometer, como podemos ver a seguir:

A disciplinarização dos detentos não vem sendo observada nos presídios. Pelo contrário, o que se verifica é o aumento da criminalidade que supostamente deveria ser reduzido pela penitenciária. Nesse sentido o que se está amplamente comprovado é que o cárcere aumenta os crimes na sociedade, em vez de reduzi -los. É mais do que evidente que o sistema prisional acentua a marginalidade dos indivíduos que nele ingressam, aumentando aquilo que deveria combater. Nesse sentido o que se observa é uma ―eficácia inversa‖ de tal sistema. Logo, de fato, podemos inferir que o suposto escopo estatal de regeneração do marginal é hipócrita. Tendo em mente que isso nunca virá acontecer com o sistema penitenciário que existe hoje no Brasil, e em grande parte dos países ocidentais. Tal situação contribui com um fato alarmante: o detento vai sendo moldado e criando suas próprias aferições sobre o sistema, que o enclausura numa cela, muitas vezes, sem condições infraestruturais dignas de humanidade, permitindo que além da ociosidade, se crie uma mente capaz de arquitetar planos maléficos fora daquele recinto ou até mesmo dentro dele (LEMOS, JORDAN).

Com o trecho citado acima de Lemos, vemos que é possível até mesmo dentro do sistema carcerário que os indivíduos ali encarcerados arquitetem crimes para serem realizados fora do sistema, mostrando de tal maneira que os presídios brasileiros não ressocializam, não implantam os Direitos Humanos, pois se um preso é bem tratado, se este tem seus direitos garantidos e tem um ensinamento dentro do cárcere, dificilmente irá cometer um crime novamente.

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2.2 Obstáculos para a Realização dos Direitos Humanos no Sistema Penitenciário Brasileiro: o exemplo da Lei de Drogas como problema no Sistema

Inúmeros são os obstáculos enfrentados para que os Direitos Humanos possam ser colocados em prática dentro do nosso Sistema Penitenciário, como por exemplo, a Lei de Drogas, que é citada como um dos principais obstáculos referente a superlotação dos presídios brasileiros, como vemos a seguir:

Uma das razões apontadas para o encarceramento em massa de pessoas acusadas de tráfico é a mudança da tipificação da acusação na Lei de Drogas. A discórdia é entre o artigo 28 da lei, que se refere ao consumo pessoal e cuja pena vai da advertência, a prestação de serviço à comunidade e medidas educativas; e o artigo 32, que trata do tráfico propriamente, com penas que variam de cinco e 15 anos de reclusão. Diz o artigo 28 sobre o usuário: "Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar". E define como tráfico o artigo 33: "Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar". Entre os dois artigos, o inciso 2º do artigo 28 é apontado como a brecha da interpretação subjetiva entre usuário e traficante, sem estabelecer quantidade e considerando de modo pouco preciso as condições da apreensão: "Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente" "Em grande parte dos tribunais, só é preciso a palavra do policial para acusar alguém como traficante", disse Paulo César Malvezi, da Pastoral Carcerária. Para ele, a Lei de Drogas tem sido fundamental nesse processo, além de demonstrar que a política do encarceramento por tráfico de drogas é inútil e não tem obtido nenhum resultado positivo. Além da maioria dos tribunais de justiça do país aceitar apenas a palavra do policial como balizador do acusado ser usuário ou traficante, o desembargador Otávio Augusto de Almeida Toledo pondera que a falta de definição clara na Lei de Drogas de qual quantidade é para uso pessoal e qual é para venda, é outro fator determinante no alto índice de encarceramento (VELLEDA, LUCIANO).

Deste modo a Lei de Drogas ao invés de ser benéfica, acaba sendo prejudicial ao Sistema Carcerário, pois acaba superlotando o que já está lotado e tornando cada vez mais difícil a vivencia e a aplicação dos Direitos Humanos aos indivíduos encarcerados. Com esta lei, o sistema carcerário se torna cada vez mais superlotado, pois os chefes do tráfico deveriam ser o principal alvo e não aqueles que tem suas famílias ameaçadas de morte se não forem trabalhar para este chefes. O que acontece é que entra individuo, sai individuo e o principal de todo o crime continua gerando mais e mais sem que haja uma prevenção para isto.

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Outro obstáculo é a prisão provisória, que com o decorrer dos anos vem crescendo e tomando conta do sistema penitenciário brasileiro, o que também influencia na superlotação e qualidade de vida dos encarcerados, Temos leis que são capazes de gerar sanções mais brandas sem a necessidade da prisão provisória, porém estas não são colocadas em prática muitas vezes, o que vai acarretando cada vez mais em um sistema penitenciário superlotado e prejudicial aos indivíduos ali inseridos e obviamente que também a sociedade na qual serão inseridos após cumprirem suas penas. como vemos a seguir:

Um ano após uma ligeira queda na superlotação, os presídios brasileiros voltaram a registrar um crescimento populacional sem que as novas vagas dessem conta desse contingente. O percentual de presos provisórios também voltou a crescer, mostra um levantamento do G1, dentro do Monitor da Violência, feito com base nos dados dos 26 estados e do Distrito Federal. Desde a última reportagem do G1, publicada em fevereiro de 2018, foram acrescidas ao sistema 8.651 vagas, número insuficiente para acomodar o total de presos, que cresceu 2,6% em um ano, com 17.801 internos a mais. Há hoje 704.395 presos para uma capacidade total de 415.960, um déficit de 288.435 vagas. Se forem contabilizados os presos em regime aberto e os que estão em carceragens da Polícia Civil, o número passa de 750 mil. Os presos provisórios (sem julgamento), que chegaram a representar 34,4% da massa carcerária há um ano, agora correspondem a 35,9%. Os dados levantados pelo G1 via assessorias de imprensa e por meio da Lei de Acesso à Informação são referentes a março/abril, os mais atualizados do país. O último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), do governo, é de junho de 2016 – uma defasagem de quase três anos. Havia, na época, 689,5 mil presos no sistema penitenciário (e outros 37 mil em delegacias). (G1, GLOBO).

No mesmo sentido, a prisão provisória afeta a parte mais carente dos criminosos, de tal modo que aqueles que têm uma condição de vida melhor, paguem suas fianças e sejam liberados. Seria simples utilizar de sanções brandas e medidas possíveis para que não haja a prisão, porém o Estado fez com que se torna-se um hábito a prisão sem, inúmeras vezes, ao menos consultar as medidas que são capazes de gerar menos prisões provisórias, como o trecho abaixo mostra a forma abusiva com que é utilizada a prisão provisória:

As prisões provisórias são usadas de forma excessiva, chegam a durar até três meses e são majoritariamente destinadas a jovens, negros e pobres, que possuem baixa escolaridade e empregos precários. É que mostra o estudo Liberdade em Foco, produzido pelo Instituto de Defesa de Direito de Defesa. O Brasil tem atualmente cerca de 250 mil pessoas presas provisoriamente. Os dados apontam para a concretização de uma política criminal que, na contramão da eficácia, faz incrementar a criminalidade, ao passo que abarrota unidades prisionais com nenhuma estrutura que garanta o mínimo existencial. Fossem utilizadas as medidas cautelares alternativas à prisão, desde há quase cinco anos existentes, talvez o cenário fosse um pouco diferente‖, diz o estudo. A pesquisa registrou que 94,8% das prisões em flagrante foram convertidas em provisórias, e apenas 26,6% pessoas tiveram a liberdade provisória concedida em algum momento do processo. Atualmente, dados do Tribunal de Justiça de São Paulo apontam que a conversão de

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flagrantes em prisões provisórias caiu para a faixa de 53% (REVISTA JURÍDICO, CONSULTOR).

Desta forma podemos ver que a prisão em flagrante na maioria das vezes é destinada a prisão provisória e não a liberdade provisória, o que acaba superlotando os presídios brasileiros e deixando como muitos citam ―sem o mínimo de garantia existencial‖. O momento em que a prisão em flagrante de crimes mais bandos ser convertida de forma preferencial em liberdade provisória, a superlotação irá diminuir consideravelmente e assim auxiliando para uma melhora no Sistema penitenciário Brasileiro.

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3 DIREITOS HUMANOS E UM NOVO PARADIGMA PARA A RESSOCIALIZAÇÃO

O principal objetivo do Estado quando pune um individuo com a pena privativa de liberdade, é a ressocialização do mesmo, porém, esta dificilmente é possível em nosso país, pois nosso sistema penitenciário sequer tem condições para abrigar um criminoso de forma digna, respeitando seus direitos, quem dirá trabalhar para uma possível ressocialização para que o indivíduo não volte a cometer nenhum delito. A ressocialização no Brasil acaba não dando certo pelo fado de:

Infelizmente nos dias atuais a realidade retratada pelo sistema prisional brasileiro é de pura ineficiência, acarretando o descontrole e gerando problemas maiores como a ressocialização sem sucesso dos presos quando voltam para a sociedade e a forma de puni-los que se apresenta de maneira ineficaz. Essa falência apresentada pelas instituições prisionais tem por consequência o alto índice de negatividade na reabilitação de cada um deles, uma vez que muitas acabam já dentro se especializando no mundo do crime cada vez com mais frequência (RODRIGUES, YANDA).

Com base nisto, fica claro que com o sistema prisional que temos, o individuo ali presente acaba ao invés de ressocializar, se especializando cada vez mais em crimes, o que acaba acarretando em uma reincidência em massa destes indivíduos. A seguir veremos a forma correta da ressocialização:

Para que reduza a reincidência dos crimes, é preciso proporcionar ao infrator condições de tornar-se melhor e pronto para retornar à sociedade, não adianta apenas puni-lo. A ressocialização é tida como uma oportunidade que é dada ao detento para que este consiga se reerguer, e ao voltar ao convívio em sociedade não volte a cometer crimes. É conhecido que um número alto de pessoas, ao saírem das prisões voltam a praticar outro crime em pouco tempo. Verificando dados estatísticos pode se perceber que isso resulta num círculo vicioso de entradas e saídas do sistema penitenciário. A LEP (Lei de Execução Penal) em seu artigo 10 atesta que a assistência ao preso e ao internado é dever integral do Estado, com o objetivo de prevenir o crime e conduzir o retorno à convivência em sociedade de forma igualitária (RODRIGUES, YANDA)

Deste modo fica evidente que para haver uma ressocialização, inicialmente é necessário uma melhoria no cárcere, ou seja, que a estrutura do mesmo seja capaz de suprir as necessidades de qualquer ser humano. No momento em que houver uma melhora significante nessa estrutura, é necessário proporcionar ao encarcerado uma condição para tornar o mesmo de tal modo melhor para que possa retornar a sociedade e viver dignamente.

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3.1 Direitos humanos e a superação dos Maus tratos no cárcere

Muitos acham que maus tratos se da apenas através da agressão física realizada por agentes penitenciários não preparados o suficiente para exercer sua atividade no sistema prisional brasileiro, porém, esses maus tratos vão muito além do que ―apenas‖ agressões, Os maus tratos já se dão a partir do momento em que um individuo que cometeu um crime mais brando é inserido com aquele que cometeu um crime mais cruel, os maus tratos se da ainda no momento em que os detentos estão inseridos em um sistema que não tem sequer uma higiene adequada, muitas vezes colocados em celas no meio do esgoto, os maus tratos se dão no momento em que o indivíduo é colocado em um ambiente superlotado tendo que dormir um em cima do outro, enfim o trecho a seguir explica um pouco do que seria os maus tratos no cárcere:

Em uma cama de concreto, sem colchão na maioria das vezes, tem dois, até três corpos. Pessoas são tratados como coisa, embora estejam vivos. Ao menos respiram. Uma cela de aproximadamente 15 metros quadrados, onde deveriam estar 6 detentos, tem de 20 até 27 pessoas se amontoam para passar seus dias. A ausência de condições básicas de higiene somada ao calor de mais de 30°C de Fortaleza deixa o cheiro das galerias do presídio beirando o insuportável. Na maior parte das celas não há acesso à água potável. Esse é um pequeno retrato do sistema prisional do Ceará que aparece no relatório do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), feito a partir de inspeções realizadas entre 25 de fevereiro e 1º de março de 2019 (ORG, PONTE).

Como cita acima, os maus tratos vão muito além das agressões, de tal modo que indivíduos são colocados um em cima dos outros dentro de celas de tamanho pequeno, os mesmos não tem direito nenhum assegurado, estes direitos que todos cidadãos deveria exercer, sendo um cidadão encarcerado ou não. Contudo, direito algum é preservado entre os detentos, como podemos ver abaixo:

Nas inspeções, o MNPCT identificou ferimentos que depreendem de uma possível sistematização de agressão, o que seria análogo à tortura. ―Há algo deliberado acontecendo. No relatório, você consegue localizar uma série de fotos de mãos com aparentes lesões e fraturas. Nós tivemos acesso a um documento de maneira não oficial de 32 laudos que apontam para um conjunto de lesões sistemáticas nesse sentido. São dedos com lesões, fraturas na altura das falanges, algumas pessoas mostraram para a gente lesões na cabeça, na região de cima, que para nós está muito associado a posição do chamado ‗procedimento‘ que os presos são colocados [sentados, enfileirados, encaixados um ao outro e com as mãos na cabeça]. Não sou médico e não fiz o laudo, mas é possível relacionar onde houve as agressões e a forma com que eles ficam sentados. Não parecem que são lesões por enfrentamento como a secretaria quer fazer crer que são‖, explica Daniel Melo (ORG, PONTE).

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Neste sentido vemos tamanha precariedade e tamanho descaso com os detentos. Além de serem tratados de forma totalmente ineficaz, os mesmos muitas vezes são torturados por agentes penitenciários, o que pode levar até a morte de alguns indivíduos. Desta maneira fica difícil um individuo voltar à sociedade e viver de forma ideal, pois ao mesmo, ao invés de lhe ser ensinado o correto, são apresentadas formas de tratamento totalmente distintas daquelas fundamentas em nosso código. Nada do que o Brasil prega é colocado em prática e é por este fato que os indivíduos ali detidos, acabam voltando a sociedade e cometendo novamente o mesmo ou outra espécie de crime. Vejamos abaixo um trecho referente a isto:

Os dados mostram que a taxa de ocupação dos presídios brasileiros é de 175%, considerado o total de 1.456 estabelecimentos penais no País. Na região Norte, por exemplo, os presídios recebem quase três vezes mais do que podem suportar. Um número que chama atenção é o de estabelecimentos em que houve mortes, tendo como período de referência março de 2017 a fevereiro de 2018. Do total de 1.456 unidades, morreram presidiários em 474 delas. O sistema mostra, ainda, que em 81 estabelecimentos houve registro interno de maus-tratos a presos praticados por servidores e em 436 presídios foi registrada lesão corporal a preso praticada por funcionários (MOREIRA, RÔMULO).

Desta forma fica evidente que os maus tratos podem levar até a morte, sejam estes agressões físicas ou detentos que são colocados a situações não benéficas a saúde, ou melhor, são colocados a situações em que nenhum outro ser humano deveria ser colocado, pois o preso também é um ser humano. Os maus tratos podem levar a morte de diversas formas, seja ela por falta de higiene o que ocasiona inúmeras doenças, seja ela pela revolta de estar em um abiente precário e agindo de forma violenta contra agentes ali inseridos, causando a morte dos mesmos ou até de outros detentos. Vejamos o trecho a seguir:

Assim, a prisão não retira desse ser humano a sua condição ser um humano e, consequentemente, objeto de medidas assecuratórias da sua dignidade. A prisão, quando necessária, será executada de acordo com o comando sentencial transitado em julgado, não podendo ultrapassar tal limite, visto ser, o preso, ―titular de todos os direitos que não foram atingidos pelo internamento prisional (…).‖. Todos, mesmo o maior dos criminosos, são iguais em dignidade, no sentido de serem reconhecidos como pessoas, ainda que não se portem de maneira igualmente digna nas suas relações com seus semelhantes, inclusive consigo mesmos. A prisão tem o objetivo (ao menos teórico) de fazer com que o indivíduo seja sancionado por ter praticado um ilícito e saia de lá ―uma pessoa melhor‖ (apesar de estarmos longe disso). Para alcançar esses objetivos, alguns direitos dos presos serão restringidos, mas não ao ponto de não lhe ser garantida a sua dignidade humana (GANEM, PEDRO).

Neste mesmo sentido, o nosso sistema carcerário deveria ter uma condição adequada de higiene, um ambiente onde os detentos tivessem pelo menos a oportunidade de dormir de

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forma digna, ou melhor, de viver de forma digna e não amontoados uns em cima dos outros, um local onde os detentos de menor potencial agressivo pudessem ser separados daqueles de maior potencial agressivo, como podemos ver o trecho a seguir com base na situação ideal aos detentos:

Nesse sentido, além da Lei de Execucoes Penais, as Regras Mínimas de Tratamento de Presos (ONU), de 1984, ratificada pelo Brasil, estabelecem regramentos para que seja assegurado ao preso um tratamento digno, humano, tais como o direito a ter uma alimentação saudável, roupas limpas, local adequado para o repouso noturno, oportunidade de cuidar de sua higiene pessoal, opção de prática de exercícios físicos, tratamento médico quando necessário, proibição de punições disciplinares violentas, cruéis, desumanas ou degradantes (GANEM, PEDRO).

Contudo, da para citar que praticamente nada do que diz o trecho acima, é colocado em prática, de tal modo que as situações de higiene são precárias, não tendo sequer uma higiene pessoal adequada, muitas vezes não tem um espaço para a prática de exercícios físicos no qual faz bem a saúde, ainda inúmeras vezes nem um tratamento médico para aqueles que estão ali inseridos e contraíram de certa forma algum tipo de doença, que muitas das vezes leva até a morte. No mesmo sentido os detentos sequer tem uma alimentação adequada, enfim os indivíduos ali inseridos carecem de um tratamento digno que forneça a eles todos os direitos que um humano necessita, o que se torna algo cruel e nem um pouco digno.

3.2 Direitos humanos e Ressocialização

Ressocializar é algo que se torna cada vez mais difícil de ver nos dias atuais. Há anos o sistema carcerário brasileiro vem sofrendo com a superlotação, os maus tratos, a falta de higiene e isto engloba um fator que determinante em nosso sistema, a não ressocialização, pois esta se torna praticamente impossível nessas precárias situações, o que acarreta em diversos problemas, não só pelo fato de ferir os direitos humanos, como também pelo fato de que o detendo que dali sair, provavelmente irá cometer um novo crime, sendo assim reincidente e voltando novamente ao sistema precário do qual saiu, pois para ele a sociedade e o próprio Estado já o consideram como um ser não pertencente a este lugar, sendo que até para conseguir um emprego se torna difícil por ter sido um detento, como vemos a seguir:

A situação dos presídios brasileiros é singular na media mundial a cada 100 mil pessoas, 144 estão presas, por aqui os resultados beiram o dobro disso, alias o

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numero de detentos no Brasil mais que triplicou em 14 anos. A maior parte dos crimes está relacionada ao trafico de drogas, 74% das prisões por trafico em São Paulo os policiais militares que prenderam foram às únicas testemunhas de acusação. Grande parte dos presos não foi condenada ainda, até porque não há que os defenda não existem defensores o suficiente, quem não tem dinheiro para pagar um advogado acaba mofando. No Brasil temos 1/3 de defensores públicos necessários para suprir a demanda, mesmo quem e preso em flagrante acabam esperando 136 dias para uma primeira audiência, o que é preocupante já que quase 40% deles não são condenados no fim do processo. E apesar do que muita gente diz BANDIDO BOM NÃO É BANDIDO MORTO, ate porque isso é crime, a pena de morte não existe no Brasil, cuidado e bem estar do preso e responsabilidade do governo e lei, lei essa que na verdade não esta sendo cumprida a segurança de um detento e quase nula. O custo de um preso é em media R$1.600 por mês e esse custo não tem data para acabar, por causa de vários problemas que já citados, a cadeia brasileira não faz o papel que e proposto que e reabilitar o detento pra conviver em sociedade, 70% deles voltam a cometer crimes e são presos de novo, no fim das contas todo mundo sofre, mas principalmente eles. Com a superlotação dos cárceres, os detentos sofrem uma dupla penalidade, a primeira é a privação de liberdade em função da pena. A segunda é o incumprimento aos seus direitos fundamentais devidas às péssimas condições carcerárias, como: exposição às doenças falta de assistência médica, etc. (RESENDE, GABRIELA).

A ressocialização no nosso Sistema não é eficaz de fato, como cita o trecho acima, a ideia correta de ressocialização se da a partir do momento em que um ambiente carcerário tenha as devidas condições citadas anteriormente, sendo assim, deverá o detento ser trato como qualquer cidadão e não diferente daquele que não está ali inserido, deverá ser mostrado ao individuo preso o erro dele em ter cometido determinado crime, o quão foi prejudicial ao mesmo ter cometido tal crime, de tal modo que o indivíduo inserido no sistema penitenciário não volte a cometer crimes quaisquer novamente. Vejamos como cita abaixo:

Ressocializar é reestabelecer uma pessoa a convivência social por meio de políticas humanística, transformar-se sociável aquele que desviou por meio de condutas ilícitas. Reintegrar um indivíduo a sociedade é oferecer ao reeducando, condições para que ele consiga se regenerar e, desta forma, não voltar mais a realizar o mesmo crime ou outros. A ressocialização tem a intenção de propiciar a dignidade e tratamento humanizado, mantendo a honra e a autoestima do detento. Permitir que o individuo tenha um acompanhamento psicológico, projetos de profissionalização e incentivos que colaborem para que os direitos básicos do condenado sejam realizados e priorizados. A atuação da sociedade na inclusão do condenado a convivência social é essencial para que a ressocialização supra efeitos positivos. Os desafios enfrentados pelos presos após recuperar a liberdade são muitos. Lamentavelmente nota-se que a sociedade, a frente da violência e criminalidade, deixa levar-se pelo preconceito aparentemente criado pelos diversos meios de divulgação e acaba seguindo uma compostura (RESENDE, GABRIELA).

Em nosso país, termos alguns centros de ressocialização, porém são poucos. Os mesmos são tão benéficos que muitas vezes além de ressocializar o individuo condenado, reduz os custos ao Estado, o que se torna mais viável e se conduz para mais próximo dos tão

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