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A Saúde no Brasil: o que devemos esperar do SUS?

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Academic year: 2021

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A Saúde no Brasil: o que devemos esperar do SUS?

Temos no Brasil um Sistema Único de Saúde (SUS), desde a Constituição de 1988, cujos princípios são Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde. No entanto, é preciso tentar entender o que isto tudo significa.

Universalidade significa que este sistema precisa ser acessível a toda a população, uma vez que entre outras características ele é financiado a partir dos impostos pagos, direta e indiretamente, por todos. Não basta ter o direito garantido (como é o caso) para que o acesso seja disponível a todos. É preciso conseguir que os serviços sejam efetivamente oferecidos para a população e informar/educar, com diferentes campanhas sobre doenças e sobre a utilização de medicamentos.

Equidade tem a ver não com tratar igualmente toda a população, mas sim com tratar desigualmente os desiguais. Um dos melhores exemplos que se verifica atualmente é o chamado envelhecimento da população, que hoje pode ser considerado como uma espécie de democratização da sobrevivência, independente de renda, educação e local de residência. Os cidadãos são desiguais a priori, a partir de carga genética. É diferente vir de uma família com antecedentes de câncer, com alta concentração de diabéticos, hipertensos ou portadores de problemas cardíacos. Além dos genes, porém, existe na sociedade uma grande desigualdade entre as pessoas e grupos sociais. Por exemplo, é muito mais comum ocorrer gravidez em adolescentes de classe baixa ou mortalidade de menores de um ano entre filhos de mães com baixo grau de educação formal.

Integralidade de atenção tem a ver com um modelo que desenvolva desde ações de promoção à saúde (como situações de vida que permitam controlar a presença de mosquitos da dengue no ambiente, condições de higiene em locais que servem alimentos e acesso a preservativos), até a continuidade de cuidados quando os pacientes podem ter alta de hospitais, mas

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não necessariamente podem ir para sua casa sem necessidades de outro tipo de acompanhamento. Entre essas duas situações ainda há o acesso a vacinas, saneamento básico, alimentação saudável e oportunidades de detecção precoce de doenças sempre que possível bem como disponibilidade de serviços de emergência para ocorrências agudas.

Para fazer valer a Integralidade, é necessário ter pessoal capacitado em número suficiente, recursos para a produção das ações de saúde e financiamento que permita realizar e controlar essas ações, entre as quais sistemas de regulação para orientar os fluxos de cidadãos saudáveis e de pacientes em relação ao consumo de bens e serviços de saúde. Cabem nesta questão atividades de vigilância ambiental, sanitária e epidemiológica (de cunho populacional) e de assistência a indivíduos. O SUS tem componentes públicos e privados. Não é possível o setor público fazer tudo o que foi descrito e muitas vezes são realizados convênios e contratos com a iniciativa privada. No entanto, há situações diferentes. Por exemplo, clínicas privadas de imunização têm todo o direito de aparecer no mercado, e conseguir sua própria demanda, embora o setor público se proponha a cobrir de forma total as necessidades da população nesta área. Por outro lado, não há leitos públicos em número suficiente para fazer frente a todas as necessidades; portanto, convênios com hospitais privados, com ou sem finalidade lucrativa, são firmados para dar resposta a elas.

No século 20, boa parte dos chamados convênios ou planos de saúde não era controlada pelo Estado, mas desde 1998 este controle passou a ser atribuição pública, em tese para a proteção dos cidadãos. Num primeiro momento, tentava evitar a irresponsabilidade financeira. Num segundo, passou a buscar a qualidade dos serviços contratados. Atualmente, pode-se dizer que esteja lutando pela qualidade das próprias operadoras.

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mereceriam ser imitados) há muitas reclamações dos cidadãos com relação aos sistemas de saúde. As necessidades de saúde mudam, pois sua definição tem a ver com o conhecimento técnico existente, mas costumam ser maiores que as ofertas, pelo menos em algumas áreas; as demandas em geral são orientadas pelos mecanismos de informação, desde a educação formal, nas escolas, até os meios de comunicação amplos, passando pela comunicação interpessoal e o acesso à internet. A oferta, porém, é (quase) sempre diferente do que as pessoas necessitam ou gostariam de consumir, às vezes além, e muitas outras, aquém. O que costuma chegar à opinião pública é a falta, a insuficiência.

O que é suficiente? O que é necessário? O que é desnecessário? Quem define de fato o que é cabível consumir ou utilizar? A satisfação sempre é definida em relação às expectativas. Assim, uma primeira pergunta é o que cabe esperar efetivamente de um Sistema como o SUS que se propôs Universal, Equânime e Integral. Talvez precisemos voltar a esta questão inicial antes de propormos qualquer solução neste setor.

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Criado há 25 anos, SUS ainda enfrenta desafios na qualidade de

atendimento

Para garantir saúde pública de qualidade a toda população, o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho. Mas, se de um lado tem desafios como a carência de médicos em muitas regiões, a distribuição irregular dos profissionais em seu território e a falta ou inadequação da estrutura de atendimento em diversas unidades, do outro tem o mérito de ser o único país com mais de 100 milhões de habitantes que assumiu o compromisso de contar com um sistema universal, integral, igualitário e gratuito de saúde.

Para conhecer melhor a realidade da saúde pública, a Agência Brasil enviou uma equipe de reportagem ao Amazonas, Maranhão e Piauí. Durante sete dias, os repórteres percorreram capitais e cidades do interior dos três Estados das regiões Norte e Nordeste para conhecer a realidade dos moradores e de indígenas que dependem da saúde pública. Também foram mobilizadas equipes do Distrito Federal, de São Paulo e do Rio de Janeiro.

No Maranhão, a dona de casa Graça Mendes, 56 anos destacou a importância de a população local poder contar com o atendimento integral e gratuito. Segundo ela, embora não tenha nenhum vínculo empregatício, pode recorrer a um posto de saúde ou a um hospital quando precisa de atendimento. Nem sempre foi assim: há algumas décadas, somente pessoas formalmente empregadas e seus dependentes podiam utilizar a rede de saúde mantida pelo Estado, por meio do antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). Os outros brasileiros, que quisessem ou precisassem de atendimento, deveriam pagar diretamente por ele.

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"A saúde pública, claro, poderia e deveria melhorar, mas é melhor a gente ter esse direito do que ficar sem ele. Temos que cobrar melhoria dos serviços e lutar por isso", disse Graça, que é usuária da rede pública há três anos, desde que ficou viúva e não teve mais como pagar o plano de saúde.

A Constituição Federal de 1988 instituiu o Sistema Único de Saúde (SUS), que tem sua origem no movimento conhecido como Revolução Sanitária, nascido nos meios acadêmicos na década de 1970. Seu principal pilar era a defesa da saúde como direito de todos. O movimento teve como marco a 8º Conferência Nacional de Saúde, em 1986, que, além de ajudar a propagá-lo, produziu um relatório final que serviu de base para os debates na Assembleia Constituinte.

Defensores da reforma, como o sanitarista Sérgio Arouca, que foi presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tiveram grande destaque à época e ajudaram o Brasil a implantar o modelo de atenção à saúde como conhecemos hoje.

A lavradora Raimunda Ferreira de Oliveira, de 79 anos, que nunca trabalhou com carteira assinada, lembra como era a saúde antes da criação do SUS. "A gente tinha que pagar para ver o médico. Aqui, em Rosário - município maranhense -, tinha um médico só e a gente ia na casa dele para ser atendida quando acontecia alguma coisa", contou.

Na estratégia adotada pelo SUS não há hierarquia entre os níveis de governo, mas cada uma das esferas - federal, estadual e municipal - tem competências distintas. O principal financiador da saúde pública no país é a União que, também, tem a

responsabilidade de formular políticas na área. Essas políticas devem ser implementadas por Estados e municípios. Cabe aos governos estaduais organizar o atendimento em seu território e aos municípios gerir as ações e os serviços ofertados à

população. Eles - os municípios - são os principais responsáveis pela saúde de seus habitantes. Se um município não tem todos os serviços, deve pactuar com cidades vizinhas o encaminhamento das demandas a outras localidades onde eles são

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encontrados.

Atualmente, segundo dados do Ministério da Saúde, são feitos, a cada ano, na rede do SUS, 3,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 531 milhões de consultas médicas e 11 milhões de internações. O Sistema Único de Saúde também é

considerado o maior sistema público de transplantes de órgão do mundo, além de responder por 98% do mercado de vacinas e por 97% dos procedimentos de quimioterapia. Entre os anos de 2010 e 2012, foram feitos 32,8 milhões de procedimentos oncológicos por meio do SUS.

Diante da dimensão do SUS, para que a rede funcione em harmonia, a porta de entrada deve ser a atenção básica, formada pelos postos e centros de saúde, além das unidades do Programa Saúde da Família. Estudos demonstram que esse estágio de atendimento é capaz de resolver aproximadamente 80% dos problemas de saúde. Somente após passar pela atenção básica, o paciente deve ser encaminhado, se necessário, a outros serviços de maior complexidade, como hospitais e clínicas

especializadas, onde são feitos exames, consultas e algumas cirurgias (média complexidade) e procedimentos que envolvem tecnologia mais avançada, como os de traumato-ortopedia, cardiologia, terapia renal substitutiva e oncologia (alta

complexidade).

Um dos principais problemas na implantação do SUS, segundo especialistas, autoridades e profissionais, é que a atenção básica não dá conta desse papel inicial, de funcionar como porta de entrada do sistema, e as unidades de média e alta complexidade acabam sobrecarregadas. Muitas vezes, as doenças dos pacientes encaminhados aos hospitais poderiam ser evitadas, com ações mais efetivas na área da prevenção ou tratadas em estágio inicial. Nesse primeiro nível de atenção à saúde, segundo o modelo brasileiro, a população tem acesso a especialidades básicas: clínica geral, pediatria, obstetrícia e ginecologia.

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Conheça os 5 maiores problemas de saúde pública no Brasil

Todos nós temos uma pequena noção dos problemas de saúde pública no Brasil. São exames que demoram, filas de esperas imensas, médicos que estão na escala, mas não estão no dia do plantão marcado. Basta pegar um jornal ou uma revista que esses e outros pormenores estarão lá, provavelmente na primeira página.

Por conta disso, muitas pessoas acabam preferindo tirar do próprio bolso o dinheiro para uma consulta particular ou pagar um plano de saúde. O objetivo é ter um atendimento mais digno, sem esperas infinitas e, acima de tudo, ser respeitado não só como paciente mas também como indivíduo.

Portanto, se você tem uma clínica ou consultório médico, preste atenção nos problemas de saúde pública que listaremos abaixo e que nunca, em nenhuma hipótese, podem estar presentes em clínicas particulares.

Quadro de profissionais desqualificados

Apesar de hoje termos mais acesso à educação, principalmente por conta dos recursos de ensino a distância (EAD), há muitos profissionais desqualificados – sobretudo aqueles que se preparam em faculdades que não oferecem a aparelhagem ou o suporte educacional necessário.

Longo tempo de espera

Uma pesquisa realizada pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips) mostrou que 39,8% dos entrevistados resolveram contratar um plano de saúde para se livrar do longo período de espera do Sistema Único de Saúde (SUS).

Má administração financeira

De acordo com o economista Paulo Feldmann, a administração do sistema público é uma tragédia. Já não há muitos recursos financeiros para prover tudo o que uma saúde de qualidade precisa e a má gestão ainda desperdiça o pouco que tem. Outro problema é a presença de pessoas despreparadas e incapacitadas para atender ao público.

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O indivíduo chega ao hospital porque está com dor ou alguma doença – o que já o deixa fragilizado, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. É neste ponto que entra a humanização e capacitação dos profissionais durante o atendimento, desde a recepção até a alta do paciente.

Há muitos deles que se acomodam e passam anos sem fazer cursos de atualização ou uma especialização na área de atuação.

Desperdício de tempo

Os hospitais acabam gastando muito tempo sem necessidade. É preciso determinar o tempo a ser gasto por cada

profissional para o atendimento ao paciente. Há uma grande falta de controle desse tempo e também na distribuição de profissionais por paciente.

Alto número de mortes

Quando a má administração da saúde pública no Brasil é somada com o quadro de profissionais desqualificados, o resultado é um crescimento do número de mortes – sobretudo por infarto.

A falta de agilidade e o despreparo para um atendimento que deve ser feito em até duas horas (período de maior

possibilidade de sobrevivência) são o grande problema no momento de atender aos pacientes com problema no coração. Com mudanças simples e melhora na estrutura, é possível reduzir consideravelmente o número de óbitos nesses casos. Agora você já sabe quais são os principais problemas de saúde pública no Brasil. Quer saber mais dicas sobre gestão em saúde?

Referências

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