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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: INCIDÊNCIA E PERFIL DAS VÍTIMAS EM UM MUNICÍPIO DO OESTE BAIANO

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Academic year: 2021

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES:

INCIDÊNCIA E PERFIL DAS VÍTIMAS EM UM MUNICÍPIO DO OESTE

BAIANO

Carine Jamile Feitosa da Silva Maia¹ Hortência Rebeca Matos Nascimento2 Keith de Almeida Bernardes Lopes3 1- Especialista em Saúde Pública e PSF, Professora da Faculdade São Francisco de Barreiras.

2- Enfermeira, Egressa da Faculdade São Francisco de Barreiras. 3- Enfermeira, Egressa da Faculdade São Francisco de Barreiras.

Endereço para Correspondência

1- Faculdade São Francisco de Barreiras, Avenida São Desidério, nº 2440, Bairro Ribeirão, CEP 47.808-180. E-mail: carinejamile@hotmail.com

RESUMO

Introdução: A violência doméstica é geralmente caracterizada por abuso do poder disciplinador e coercitivo dos pais, ou responsável. Todos os dias novos casos surge na mídia, e na maioria das vezes os principais agressores suspeitos são os pais e padrastos. Algo que chamou atenção e despertou a curiosidade em saber a realidade no nosso município. Objetivo: Identificar a incidência da violência doméstica em crianças e adolescentes e o perfil das vítimas, segundo registros do Conselho Tutelar de um município do Oeste Baiano Método: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, baseada em análise documental, de caráter descritivo e de cunho transversal. Os dados foram coletados através do instrumento do tipo CHECK LIST. A amostra foi constituída por 903 registros e destes 162 foram identificadas como violências associadas, estando mais de uma violência envolvida. Resultado: O estudo apontou que as violências na forma pura somaram 741 casos, destes, 388 foram do gênero feminino e 353 do gênero masculino. A faixa etária mais acometida foram aquelas que compreendem de 0 à 11 anos com 554 casos (74,8%), e com maior proporção entre 0 e 7 anos com 388 casos (52,4%). Entre as violências denunciadas, a negligência apresentou o maior número de casos, compreendendo 531 (71,6 %). O local de ocorrência destas violências predominou nas próprias residências, 623 (84,1%). No que diz respeito aos agressores, foi constatado que o

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165 doméstica em sua maioria acomete crianças indefesas, incapazes de viabilizar seu próprio alimento e cuidados pessoais, muitas ainda em fase de marcha impossibilitada quanto à locomoção; e pode estar relacionada ao fato da total dependência que têm dos adultos, principalmente dos genitores, que na grande maioria são os que cometem as violências no próprio seio familiar.

Palavras-chave: Violência Doméstica- Incidência- Criança - Adolescente.

ABSTRACT

Introduction: Domestic abuse is generally characterized by the abuse of disciplining or coercive power from the parents, or guardians. There are new cases emerging in the media every day, and most of the times the main suspect aggressors are the parents or guardians. It is something that has drawn attention and curiosity in understanding the reality of our county. Objective: To identify the incidence of domestic abuse in children and teenagers and to profile the victims, according to the Council of Guardianship (tutelary council) of a certain county in the west of Bahia. Method: A quantitative research was done, based on documental analysis, of explanatory character and transversal nature. The data were collected through the CHECK LIST tool. The sample was comprised by 903 registers, of which 162 were identified as associated victims, where more than one occurrence was involved. Result: the study has shown that abuses in its pure form added 741 cases, of which, 388 were from the female gender, and 353 from the male gender. The age group that was recorded as the most tormented was from children between 0 to 11 years with 554 cases (74,8%), and with the higher ratio between 0 and 7 years with 388 cases (52,4%). Amongst the reported abuses, the negligence presented the biggest number of cases, containing 531 (71,6%). The place of occurrence of said abuses prevailed within their own homes, 623 (84,1%). Regarding the aggressors, it was observed that the most common was the mother, with an occurrence of 466 (62,9%). Conclusion: Domestic abuse occurs, most of the times against helpless children, incapable of producing their own food and managing their personal care, many of them still with their transport options limited; it can be related to the fact of the total dependency they have on adults, especially on their parents, that are the usual perpetrators of the abuse within their family household.

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Keywords: Domestic violence – Incidence – Child - Teenager. Introdução

Durante séculos, a violência foi identificada como um fenômeno social. Apenas recentemente passou a ser reconhecida como agravante da condição de saúde. Devido aos consideráveis índices crescentes de morbidade e mortalidade decorrentes da violência, está se tornou um problema de saúde pública¹.

A violência contra crianças e adolescente percorre a história do mundo, desde os acontecimentos mais primitivos se tem registro, expressando-se por inúmeras e diferentes modalidades dentro de diversidades culturais. Os exemplos de violência praticados contra a infância estão presentes na História, na Mitologia, na Antropologia e nos Processos Religiosos. Entretanto somente no século XX a problemática da violência contra crianças e adolescentes começou a ser estudada, devido aos novos valores atribuídos à família moderna².

No Brasil, a violência doméstica que é dividia em física, sexual, psicológica e negligenciada, é apontada, desde a década de 1970, como uma das principais causas de morbimortalidade em crianças e adolescentes despertando no setor saúde, uma grande preocupação com essa temática que, progressivamente, deixa de ser considerada um problema exclusivo da área social e jurídica para ser também incluída no universo da saúde pública³.

Diante do exposto surge então o seguinte questionamento: Qual a incidência da violência doméstica contra crianças e adolescentes e o perfil das vítimas de um Município do Oeste Baiano?

Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo identificar a incidência da violência doméstica em crianças e adolescentes e o perfil das vítimas, segundo registros do Conselho Tutelar de um município do Oeste Baiano, assim como caracterizar os tipos da violência doméstica contra crianças e adolescentes nos últimos cinco anos, traçar o perfil sócio demográfico das vítimas e identificar a existência e o tipo de relação parenteral.

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167 Método

Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, baseada em análise documental, de caráter descritivo e de cunho transversal. Realizada no Conselho Tutelar de um Município do Oeste Baiano. A população do estudo correspondeu a 1.017 registros de crianças e adolescentes de 0 a 18 anos de idade atendidas pelo Conselho Tutelar. Dos 1.017 registros de violência doméstica contra crianças e adolescentes, 114 foram excluídos por não comtemplarem os critérios de inclusão, constituindo assim uma amostra final de 903 registros correspondentes aos anos de 2010 a 2014, na qual 741 somaram as violências na forma pura e 162 registros foram identificados como violência associadas.

O instrumento para a coleta de dados foi um CHEK LIST elaborado pelas pesquisadoras, permitindo o registro das seguintes variáveis para estudo: ano de ocorrência; gênero; faixa etária; tipo de violência sofrida; local de ocorrência e agressor.

Por se tratar de um estudo envolvendo seres humanos, mediante autorização do presidente da instituição expresso na Carta de Aceite Institucional, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB) para apreciação. A coleta de dados foi feita após a aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de Ética e Pesquisa da FASB, sendo realizado no Conselho Tutelar do Município de Barreiras- BA após ser aceito o Termo de utilização de dados de prontuário ou processos jurídicos. Assim forneceu os registros para a coleta de dados.

Após a coleta, os dados foram tabulados e em seguida transcritos para planilha que foram configurados o banco de dados. Os achados foram selecionados e as variáveis descritas para possíveis relações e conexões com o referencial teórico e indicadores sociodemográficos oficiais deste país, analisando os resultados comparativamente e discutindo-os. O banco de dados foi trabalhado com recursos da estatística descritiva e uso de percentuais, apresentados por meio de recursos com tabelas utilizando-se o programa Microsoft Excel, viabilizando a análise dos dados com validade e fidedignidade.

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Resultados e Discussão

Os tipos de violências domésticas sofridas por crianças e adolescentes, são classificados como: violência sexual, violência psicológica, violência física e negligência. Estas por sua vez podem ocorrer na forma pura, quando se trata de somente uma violência envolvida em um caso, ou ainda de forma associada, quando em um caso são identificadas mais de uma violência.

De acordo com os registros do Conselho Tutelar, foram denunciados 1.017 casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes no período de 2010 a 2014. Destas, 162 foram identificadas como violências associadas, estando mais de uma violência envolvida. E, 114 casos foram excluídos do estudo por não contemplarem o critério inclusão da amostra. Constituindo assim amostra final com 903 registros.

Diante dos números apresentados abaixo, a Tabela 1 aponta que as violências na forma pura somaram 741 casos, destes, 388 (52,4%), foram do gênero feminino e 353 (47,6%), do gênero masculino. As faixas etárias mais acometidas foram aquelas que compreenderam de 0 a 11 anos com 554 casos (74,8%), e destes com maior proporção entre 0 e 7 anos com 388 casos (52,4%). Entre as violências denunciadas, a negligência apresentou o maior número de casos, compreendendo 531 (71,6 %); seguido pelas violências física, 100 (13,5%); sexual, 57 (7,7%) e psicológica, 53 (7,2%). O local de ocorrência destas violências predominaram nas próprias residências, 623 (84,1%); na escola, 41 (5,5%); na via pública, 38 (5,1%); no bar, 03 (0,4%); e outros somando 36 casos, representando (4,9%). No que diz respeito aos agressores, de acordo as diferentes formas de violência, foi constatado que o agressor com maior prevalência foi a mãe, com 466 (62,9%); seguido do pai, 91 (12,3%); desconhecido, 16 (2,2%); madrasta, 10 (1,3%); amigo/conhecido com 10 (1,3%); padrasto com 09 (1,2%); namorado com 05 (0,7%); e outros com 134 (18,1%).

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169 Tabela 1 - Distribuição dos casos de violência doméstica entre 2010 e 2014 registrados no Conselho Tutelar, de acordo com gênero, faixa etária, tipo de violência, local de ocorrência e tipo de relação entre vítima e agressor.

2010 2011 2012 2013 2014 Total N 69 157 163 202 150 741 N % N % N % N % N % Gênero Feminino 34 49,3 88 56 81 49,7 109 54 76 50,7 388 Masculino 35 50,7 69 44 82 50,3 93 46 74 49,3 353 Faixa etária 0 -3 13 18,9 38 24,2 48 29,4 43 21,3 55 36,7 197 4-7 19 27,5 41 26,1 47 28,8 48 23,8 40 26,7 195 8-11 15 21,7 37 23,6 30 18,4 53 26,2 29 19,3 164 12-15 16 23,2 30 19,1 29 17,8 47 23,3 18 12 140 16-18 06 8,7 11 7 9 5,6 11 5,4 08 5,3 45

Tipo de violência sofrida

Física 14 20,3 22 14 26 15,3 31 15,3 07 4,7 100 Psicológica 03 4,3 13 8,3 21 12,9 10 5 06 4 53 Negligência 45 65,2 103 65,6 109 66,9 144 71,3 130 86,6 531 Sexual 07 102 19 12,1 07 4,3 17 8,4 07 4,7 57 Local de ocorrência Residência 59 85,6 130 82,8 142 87,1 157 77,7 135 90 623 Escola 01 14 04 2,5 03 1,8 - - - - 08 Bar 01 1,4 06 3,8 04 2,5 - - 04 2,7 15 Via Pública 06 8,7 15 9,6 12 7,4 20 9.9 06 4 59 Outros 02 2,9 02 1,3 02 1,2 25 12,4 05 3,3 36 Agressor Pai 09 13,1 23 14,6 22 13,5 22 10,9 15 10 91 Mãe 36 52,2 89 56,7 102 62,6 129 63,9 110 13,4 466 Padrasto 01 1,4 03 1,9 03 1,8 02 0,9 - - 09 Madrasta - - 04 2,5 03 1,8 01 0,5 02 1,3 10 Irmão - - - - Namorado - - 02 1,3 - - 03 1,5 - - 05 Ex-Namorado - - - - Amigo/conhecido - 05 3,2 02 1,2 01 0,5 02 1,3 10 Desconhecido 2 2,9 07 4,5 02 1,2 03 1,5 02 1,3 16 Outros 21 30,4 24 15,3 29 17,9 41 20,3 19 12,7 134

Fonte: Conselho Tutelar

É possível observar na Tabela 1 que a violência por negligência foi a mais prevalente, com o maior número de notificações 531 (71,6%), já a violência física teve uma menor frequência 100 (13,5%), mas, significativamente maior em relação à violência sexual com 57 (7,7%) e a violência psicológica com 53 (7,2%).

Resultados diferentes foram encontrados, onde apontou que dos 7.271 casos denunciados, a negligência foi a segunda violência mais notificada representando 941 casos (12,9%)4.

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A violência sexual encontra-se em maior percentual representando 43,6% dos casos, seguida da psicológica 38%, a negligência em terceiro 33%, e finalizando a física com 28,5% 5. Em outro estudo, a violência mais acometida entre as crianças e adolescentes foi a física representando 65,7%, em seguida a psicológica com 28,3%, a sexual 18,5%, e por último com um menor número a negligência com 2,8%6. Diante disso, é possível salientar que os resultados encontrados nos estudos citados são diferem dos resultados encontrados no presente estudo.

A ocorrência da violência por negligência é a mais prevalente, e pode estar associada ao fato de muitas mães trabalharem fora, assim não tendo onde deixar seus filhos, e muitos, ainda pequenos em idade escolar. Outro fato a ser analisado, é a falta de conhecimento dos pais diante das necessidades básicas e cuidados a serem empregados à criança em cada faixa etária. O estudo ainda revela que a maior incidência da violência doméstica é do gênero feminino8. Este resultado corrobora com outro estudo em que afirma que as crianças e adolescentes do gênero feminino são submetidas a situações de violências com mais frequência que as do gênero masculino. Isto pode ser explicado pelo fato de o gênero feminino estar mais vulnerável às agressões e pela ideologia de uma suposta fragilidade feminina9.

Sobre a faixa etária, o estudo mostra que a maior frequência é de 0-3. Coincidindo com outra pesquisa, em que obteve um maior índice entre os menores de três anos, podendo ser explicado pelo fato de estarem mais vulneráveis e por dependeram totalmente dos adultos10.

Quanto ao local de ocorrência dessas violências, o estudo demonstrou que a maioria das práticas violentas acontece nas próprias residências das vítimas. Dados que se assemelham com outras pesquisas8, 11.

O casuístico estudo apontou que o agressor que mais comete a presente violência é a mãe. Resultados similares também foram encontrados em outros estudos apontando a mãe como a principal agressora dessas violências12,13,5.

A mãe cometeu entre 31 à 48% dos casos de violência doméstica. Acredita estar relacionado devido a genitora passar mais tempo com a criança, acarretando a resolução de questões cotidianas e falta de realização pessoal7.

Foi observada maior frequência da mãe como agente agressor 86,49% sendo as diferenças estatisticamente significantes 14.

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171 Conclusão

A violência doméstica contra crianças e adolescentes constitui um sério problema de saúde pública, se tornando grandes desafios para a sociedade, órgãos públicos de defesa e os serviços de saúde.

A conceituação de violência vem mudando ao longo do tempo, pois os valores culturais vão se diferenciando. O que era considerado antigamente como forma de educação, hoje é um ato de violência contra a criança, pois o modo de disciplina da educação tomou rumos diferentes. Os responsáveis têm como papel cuidar e zelar por essas crianças indefesas. Mas em alguns casos acaba se desvinculando desse papel e passa a maltratar esses seres indefesos. Em contrapartida esses responsáveis alegam estar educando e dando o castigo como forma de punição. Toda violência física, mesmo sendo de baixa intensidade gera um transtorno que afeta diretamente o psicológico dessa criança.

Levando em consideração o que foi observado diante de relatos que os registros possuíam, é notável que um fator relacionado a essas violências, é o número do padrão familiar desestruturada atualmente, pois muitas mães não têm parceiro fixo o que consequentemente dificulta a criação da criança. A má relação entre os pais também é um fator importante para caracterização dessas violências, onde a criança vive em meio as brigas e posteriormente acaba sendo a vítima da história.

Além das famílias desestruturadas, foi observado através dos registros que há casos de envolvimento dos responsáveis com drogas licitas e ilícitas. O que consequentemente interfere diretamente no comportamento psicossocial e consequentemente atinge as crianças e adolescentes. Porém, é possível afirmar também que os governos e a sociedade têm uma contribuição com a prevalência destas violências que as crianças e adolescentes vêm sofrendo, pois diante da educação em decadência, falta de projetos de incentivos para menores e familiares e falta de oportunidades de empregos para uma melhor estruturação dos mesmos, acaba deixando os jovens vulneráveis a marginalidade, ao uso de drogas, ao trabalho escravo e até mesmo a prostituição para se sustentarem, assim colocando-os expcolocando-ostcolocando-os a todcolocando-os colocando-os tipcolocando-os de violências.

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No presente estudo foi constatado que a violência se perpetua nas famílias barreirenses, uma vez que a violência por negligência foi a de maior incidência no município. Através dos registros que foram utilizados para obter informações foi possível observar que o fator dessa violência está agregada a omissão de cuidados e ao abandono, principalmente aquelas que não possuem qualquer estrutura familiar e desprovida de recursos financeiros suficientes para conseguir dar os seus filhos alimentação adequada, moradia, saúde e educação de qualidade. A residência foi o local de maior ocorrência destas violências, com evidência as mães e os pais configuraram os principais agressores desses atos. Um dado relevante é no que se refere a faixa etária, observou-se que as crianças de 0 a 7 anos representaram as maiores vítimas.

Nesse contexto, verificou-se que essa faixa etária é na sua grande proporção crianças indefesas, incapazes de viabilizar seu próprio alimento e cuidados pessoais, muitas ainda em fase de macha impossibilitando a locomoção. E pode estar relacionado pelo fato da total dependência que têm dos adultos, principalmente dos genitores, que na grande maioria são os que cometem as violências no próprio seio familiar.

Através da literatura, foi possível observar que, as violências abrangem ainda outros pilares da sociedade, como por exemplo, questões sociais que perpetuam entre as famílias. Outros fatores importantes ainda são pais envolvidos em criminalidades, usuários de drogas e mães profissionais do sexo, essas situações estão diretamente associadas à negligência, uma vez que acabam deixando seus filhos mais vulneráveis ao descaso e a falta de cuidados, e mais expostos a outras violências como a física, sexual e psicológica, sendo ainda praticados pela coletividade.

Percebemos ainda partir da literatura que um dos maiores desafios é a falta de denúncias, o receio da população, algum integrante da família em denunciar, ou até mesmo o medo das próprias crianças e adolescentes em falarem que sofrem algum tipo de agressão em casa, muitas vezes pelo fato de serem punidas posteriormente e ameaçadas, isso faz com que elas se calem, ficam em silêncio e continuam a serem agredidas enquanto seus direitos de pessoa humana e de viver com dignidade são violados no mais íntimo da sua essência. Tal fato pode resultar

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173 em grandes prejuízos para o crescimento e desenvolvimentos destas vítimas, podendo assim, acarretar em danos biopsicossociais.

Por fim, consideramos que o profissional de enfermagem exerce um grande papel diante da identificação de casos de violência doméstica entre crianças e adolescentes. É importante que o enfermeiro saiba olhar para o sujeito e identificar sinais que surgiram ou até confirmem a violência doméstica, tomando medidas de acordo com o código de ética, e assim, exercendo seu princípio básico que é o cuidar, fazendo com que essas crianças e adolescentes tenham seus direitos garantidos.

Referências

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