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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 46.779 - RJ (2014/0073387-0)

RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA

RECORRENTE : SVERRIR THOR GUNNARSSON ADVOGADO : HAE KYUNG KIM - SP177077 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMENTA

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS

CORPUS . 1. COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL.

OITIVA DO RECORRENTE. NACIONAL ISLANDÊS. ALEGAÇÃO DE INSTRUÇÃO DEFICIENTE. PEDIDO DE TRADUÇÃO E NOMEAÇÃO DE TRADUTOR EM ISLANDÊS. RECORRENTE QUE SE EXPRESSA SATISFATORIAMENTE EM INGLÊS. PEDIDO DE COOPERAÇÃO COM TERMOS CLAROS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 2. PEDIDO FORMULADO EM INVESTIGAÇÃO PRÉVIA. AÇÃO PENAL AINDA NÃO INICIADA. POSSIBILIDADE DE AUTODEFESA NA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. 3. RECURSO EM HABEAS CORPUS IMPROVIDO.

1. As instâncias ordinárias registraram que os termos do pedido

de cooperação jurídica internacional eram claros. Consignou-se, outrossim, que o pedido veio traduzido em inglês, língua na qual o recorrente consegue se expressar satisfatoriamente. Dessa forma, não se verifica o alegado constrangimento ilegal, uma vez que o recorrente tinha condições de se manifestar do pedido de cooperação jurídica internacional, tendo, no entanto, preferido permanecer em silêncio.

2. Ademais, constando dos autos que o recorrente ainda não está

sendo processado, tendo apenas sido indiciado, terá condições de exercer sua autodefesa no momento apropriado, durante a instrução processual, razão pela qual nem ao menos há se falar em prejuízo.

3. Recurso em habeas corpus improvido. ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, Felix Fischer e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

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Superior Tribunal de Justiça

Brasília (DF), 21 de fevereiro de 2017(Data do Julgamento)

Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 46.779 - RJ (2014/0073387-0)

RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA

RECORRENTE : SVERRIR THOR GUNNARSSON ADVOGADO : HAE KYUNG KIM - SP177077 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA (Relator):

Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus interposto por SVERRIR THOR GUNNARSSON contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

Consta dos autos que foi distribuído na origem pedido de Cooperação Jurídica Internacional, com a finalidade de ouvir o ora recorrente, por meio de Carta Rogatória extraída do Processo n. 2/2011-E, em trâmite perante o Juizado de Instrução n. 3 de Barcelona/Espanha, no qual lhe é imputado crime contra a saúde pública por tráfico de estupefacientes.

Aduz o recorrente, no entanto, que o pedido estava incompleto, porquanto não veio instruído com documentos e não narrou de forma clara o que está ocorrendo nos autos do procedimento investigativo. Dessa forma, pugnou-se pelo adiamento da audiência de interrogatório, requerendo-se, outrossim, a tradução da carta rogatória para o idioma islandês, bem como a nomeação de intérprete do idioma para acompanhar o recorrente durante a audiência. Os pedidos, entretanto, foram indeferidos.

Na audiência, o recorrente permaneceu em silêncio, uma vez que não tinha conhecimento pleno das acusações, o que inviabilizou o exercício do seu direito de defesa. O Magistrado de origem, por seu turno, "considerou cumprida a diligência, com ressalva de que o interrogando informou que, caso venha novo pedido de cooperação jurídica internacional, instruído com a integralidade das peças que foram o procedimento investigatório na Espanha, bem como traduzido em sua língua pátria, dispõe-se a colaborar com a Justiça".

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A defesa, no entanto, entende não ter sido cumprida a diligência, asseverando que "o recorrente não tem conhecimento pleno das acusações em seu desfavor, na medida em que a Justiça Rogante não instruiu na rogatória peças importantes do processo em discussão, sem levar em conta ainda que a narrativa está incoerente, sem nexo". Ademais, afirma que o fato de o recorrente ter sido interrogado em inglês não elide a ilegalidade do interrogatório, uma vez que seu inglês é precário.

Impetrado prévio mandamus , a ordem foi denegada, nos termos da seguinte ementa (e-STJ fl. 95):

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL FORMULADO PELO PODER JUDICIÁRIO ESPANHOL. OITIVA DE ISLANDÊS CONDENADO PELO CRIME DE TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. DESNECESSIDADE DE OUTROS DOCUMENTOS PARA EMBASAR O PEDIDO E DE INTÉRPRETE DA LÍNGUA ISLANDESA. ORDEM DENEGADA. I - O Pedido de Cooperação Jurídica Internacional, no qual a Espanha (Juzgado de Instrucción n° 3 - Barcelona) solicita a oitiva de SVERRIR THOR GUNNARSSON, expõe com clareza o objeto das investigações encetadas pelas autoridades visando apurar a existência de uma organização criminosa dedicada ao tráfico ilícito de entorpecentes, da qual o paciente supostamente faz parte. II - Não merece prosperar a alegação defensiva acerca da necessidade de nomeação de um intérprete da língua islandesa, já que este Relator teve a oportunidade de ver na íntegra o interrogatório do paciente nos autos da apelação criminal n° 2012.51.01.030821-0 e não observou qualquer dificuldade do mesmo em entender ou se expressar em inglês, idioma no qual foi realizada a oitiva requerida. III - Inexistência de constrangimento ilegal a ser sanado. Ordem denegada.

No presente recurso, o recorrente reitera sua irresignação com relação à oitiva realizada sem a devida instrução da Carta Rogatória, bem como sem o intérprete do idioma islandês, asseverando que "o interrogatório judicial é o único momento de o réu apresentar a sua versão dos fatos diretamente ao Magistrado", sendo, portanto, de suma importância para sua autodefesa.

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Juízo Rogante a complementação do pedido de cooperação jurídica internacional, com cópia integral do processo traduzido para o idioma Islandês e Português, e nomeação de intérprete.

O Ministério Público Federal manifestou-se, às e-STJ fls. 145/148, pelo desprovimento do recurso, nos seguintes termos:

RHC. COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL. OITIVA DE ISLANDÊS PRESO NO BRASIL POR TRÁFICO INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES. PEDIDO PROVENIENTE DO JUDICIÁRIO ESPANHOL PARA SUBSIDIAR INVESTIGAÇÃO EM ANDAMENTO. DOCUMENTO QUE EXPÕE DE FORMA MINUCIOSA OS FATOS EM APURAÇÃO. OITIVA REALIZADA NA PRESENÇA DE INTÉRPRETE DE LÍNGUA INGLESA, IDIOMA QUE O PACIENTE TEM PLENO DOMÍNIO. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL A SER SANADO. PELO DESPROVIMENTO DO RECURSO.

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RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 46.779 - RJ (2014/0073387-0) VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA (Relator):

Os presentes autos tratam da oitiva do recorrente pela Justiça Federal, em cooperação jurídica internacional solicitada pela Espanha. Contudo, o recorrente assevera não ter tido condições de se manifestar adequadamente, haja vista a deficiente instrução do pedido bem como a ausência de intérprete do idioma islandês. Conclui, assim, estar sofrendo constrangimento ilegal em virtude de não ter conseguido exercer a contento sua autodefesa.

No entanto, a insurgência não merece prosperar.

Com efeito, compulsando os autos, verifico que o Magistrado de origem considerou serem claros os termos do pedido de cooperação formulado, informando, ademais, que o recorrente já havia sido interrogado anteriormente em inglês, tendo se expressado de forma satisfatória (e-STJ fl. 51). Assentou-se, outrossim, que pela leitura das peças do pedido de cooperação, o recorrente "não foi processado criminalmente, ou seja, ele figura na qualidade de indiciado em inquérito" (e-STJ fl. 52). O Tribunal de origem, por seu turno, registrou que (e-STJ fls. 92/93):

O pedido de cooperação jurídica internacional, no qual a Espanha (Juzgado de Instrucción nº 3 – Barcelona) solicita a oitiva de SVERRIR THOR GUNNARSSON, expõe clareza o objeto das investigações encetadas pelas autoridades visando apurar a existência de uma organização criminosa dedicada ao tráfico ilícito de entorpecentes composta por dois grupos: um de nacionalidade brasileira e outro de nacionalidade islandesa, sendo o paciente um dos supostos integrantes deste último. Reafirma que não há necessidade de qualquer outro esclarecimento que não esteja no documento de fls. 20/28, que, inclusive, foi traduzido para o inglês (fls. 41/50). Quanto a este idioma, não merece prosperar a alegação defensiva, já que este Relator teve a oportunidade de ver na íntegra o interrogatório do paciente nos autos da apelação criminal n° 2012.51.01.030821-0 e não observou qualquer dificuldade do mesmo em entender ou se expressar em inglês. Deste modo, como não há qualquer elemento de prova novo que me faça rever o entendimento esposado na decisão que indeferiu o pedido de liminar, ratifico que

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cooperação jurídica internacional com outros documentos, tampouco de se nomear um intérprete da língua islandesa para a realização de novo interrogatório, cumprindo asseverar, neste viés, que a diligência não está eivada de qualquer nulidade, devendo ser reputada cumprida.

Observo, portanto, que as instâncias ordinárias registraram que os termos do pedido de cooperação jurídica internacional eram claros, visando "apurar a existência de uma organização criminosa dedicada ao tráfico ilícito de entorpecentes composta por dois grupos: um de nacionalidade brasileira e outro de nacionalidade islandesa, sendo o paciente um dos supostos integrantes deste último". Consignou-se, outrossim, que o pedido veio traduzido em inglês, língua na qual o recorrente consegue se expressar satisfatoriamente.

Dessa forma, não se verifica o alegado constrangimento ilegal, uma vez que o recorrente tinha condições de se manifestar do pedido de cooperação jurídica internacional, tendo, no entanto, preferido permanecer em silêncio. Ademais, constando dos autos que o recorrente ainda não está sendo processado, tendo apenas sido indiciado, terá condições de exercer sua autodefesa no momento apropriado, durante a instrução processual, razão pela qual nem ao menos há se falar em prejuízo.

Por oportuno:

Admitir a nulidade sem nenhum critério de avaliação, mas apenas por simples presunção de ofensa aos princípios constitucionais, é permitir o uso do devido processo legal como mero artifício ou manobra de defesa e não como aplicação do justo a cada caso, distanciando-se o direito do seu ideal, qual seja, a aplicação da justiça. (HC 117952/PB, Relator o Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/06/2010).

Ante o exposto, nego provimento ao recurso. É como voto.

Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA

Número Registro: 2014/0073387-0 PROCESSO ELETRÔNICO RHC 46.779 / RJ

MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 00001543520144020000 00274672820134025101 00308219520124025101 1543520144020000 201351010274678 201402010001548 274672820134025101 308219520124025101 EM MESA JULGADO: 21/02/2017 Relator

Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER Subprocuradora-Geral da República

Exma. Sra. Dra. ELIZETA MARIA DE PAIVA RAMOS Secretário

Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : SVERRIR THOR GUNNARSSON

ADVOGADO : HAE KYUNG KIM - SP177077

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico Ilícito e Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso."

Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, Felix Fischer e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

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