A TRADIÇÃO
“Porque todavia segundo a ordem da divina providência se atribui a cada um o modo de alcançar seu fim segundo a conveniência de sua natureza, concedeu-se também aos homens um modo congruente de obter o que esperam de Deus,
segundo a disposição da condição humana. E por isso se impôs ao homem a oração, pela qual os homens obtêm de Deus o que esperam alcançar por ele. [...]
Com efeito, ao orarmos, não intentamos manifestar nossas necessidades ou desejos a Deus, que é conhecedor de todas as coisas. A vontade divina
tampouco se dobra a palavras humanas para querer o que antes não queria. Mas a oração para obter de Deus é necessária ao homem por causa daquele que
ora, ou seja, para que ele mesmo considere seus defeitos, dobre seu ânimo para desejar ferventemente e piamente o que pela oração espera obter. A oração que
lançamos a Deus nos faz familiares a Deus, enquanto nossa mente se eleva até ele, e conversa com Deus por certo afeto espiritual adorando-o em espírito e
verdade, e tal afeto familiar prepara para o orante uma porta para que ore novamente com mais confiança”
NAS FONTES DA ORAÇÃO
A Igreja «exorta com ardor e insistência todos os fiéis [...] a que
aprendam "a sublime ciência de Jesus Cristo" (Fl 3, 8) pela
leitura frequente das divinas Escrituras [...]. Lembrem-se, porém,
de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de
oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem,
porque "a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando
lemos os divinos oráculos"» (4). (CIC. 2650)
Os Padres espirituais, parafraseando Mt 7, 7, resumem assim as
disposições do coração, alimentado pela Palavra de Deus na
oração: «Procurai na leitura e achareis na meditação; batei à
porta na oração e ela abrir-se-vos-á na contemplação» (5).
(CIC. 2651)
2655. A missão de Cristo e do Espírito Santo que, na liturgia
sacramental da Igreja anuncia, atualiza e comunica o mistério da
salvação, prossegue no coração de quem ora. Os Padres
espirituais comparam, por vezes, o coração a um altar. A oração
interioriza e assimila a liturgia, durante e depois da sua
celebração. Mesmo quando vivida «no segredo» (Mt 6, 6), a
oração é sempre oração da Igreja; é comunhão com a
AS VIRTUDES TEOLOGAIS
FÉ
ESPERANÇA
CARIDADE
FÉ
Entra-se na oração como se entra na liturgia: pela porta
estreita da fé. Através dos sinais da sua presença, é a face
do Senhor que nós buscamos e desejamos, é a sua Palavra
que nós queremos escutar e guardar. (CIC. 2656.)
ESPERANÇA
O Espírito Santo, que nos ensina a celebrar a liturgia na expectativa do regresso de Cristo, educa-nos para orar na esperança. E vice-versa, a oração da Igreja e a prece
pessoal nutrem em nós a esperança. Particularmente os salmos, com a sua linguagem concreta e variada, ensinam-nos a fixar em Deus a nossa esperança: «Esperei no Senhor com toda a confiança, e Ele atendeu-me. Ouviu o meu clamor»
(Sl 40, 2). «Que o Deus da esperança vos encha de toda a alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança pela força do Espírito Santo» (Rm 15, 13).
CARIDADE
«A esperança não engana, porque o amor de Deus foi
derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos
foi dado» (Rm 5, 5). A oração, formada pela vida litúrgica, vai
haurir tudo no amor com que fomos amados em Cristo e que
nos dá a graça de Lhe corresponder, amando como Ele amou.
O amor é a fonte da oração; quem bebe dessa fonte atinge os
cumes da oração: (CIC. 2658)
“Meu Deus, eu vos amo, e meu único desejo é amar-vos até o
último suspiro de minha vida. Meu Deus infinitamente
amável, eu vos amo e preferiria morrer amando-vos a viver
sem vos amar. Senhor, eu vos amo, e a única graça que vos
peço é amar-vos eternamente... Meu Deus, se minha língua
não pode dizer a cada instante que eu vos amo, quero que
meu coração vo-lo repita tantas vezes quantas eu respiro”
HOJE
“Oxalá ouvísseis hoje a sua voz! Não
endureçais vossos corações”
A
ORAÇÃO
AO PAI
“Ó Deus
, nosso Pai,
enviando ao mundo a
Palavra da
verdade
e o
Espírito santificador
, revelastes o vosso
inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira
fé, reconheçamos a glória da
Trindade
e adoremos a
Unidade onipotente
. Por nosso Senhor
Jesus Cristo
,
vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo”
“Pedimos, pois, que esse nome seja santificado. Não que
caiba aos homens desejar o bem a Deus, como que
alguém lhe possa dar qualquer coisa. Ou que Deus passe
necessidade, sem os nossos votos. Mas é muito
conveniente que Deus seja bendito em todo tempo e
lugar pelo homem”
A
ORAÇÃO
A JESUS
“Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento nos
deixastes o memorial da
vossa
paixão. Dai-nos venerar
com tão grande amor o mistério do
vosso
Corpo e do
vosso
Sangue, que possamos colher continuamente os
frutos da
vossa
redenção.
Vós, que sois Deus com o Pai,
na unidade do Espírito Santo
”
A ORAÇÃO
AO
“O Espírito Santo, ao contrário, torna os
corações capazes de compreender as línguas de
todos, porque restabelece a ponte da
comunicação autêntica entre Terra e Céu. O
Espírito Santo é Amor”
A ORAÇÃO À MÃE DE DEUS
E AOS SANTOS
Se Deus-Trindade é o fim último
de toda oração, é correto “orar”
à Virgem Maria
e aos santos?
Ninguém é santo como o Senhor (1Sm 2,2),
Cristo é verdadeiramente o único Mediador entre Deus e homens
(1Tm 2,5),
Após a Ressurreição, muitos foram santificados
(Mt 27,52), isto é, vieram a partilhar a santidade de Deus,
participando da vida divina.
O testemunho está em Paulo quando chama os cristãos de “santos”
(Fl 1,1), pois estes estão EM CRISTO, Cristo é Deus, e Deus é santo.
Participamos da natureza de Deus porque Ele aceitou participar da
nossa natureza humana (2Pd 1,4).
O corpo de Cristo é o novo Templo, é a Igreja, onde todos são seus membros. Esses membros estão em Cristo, e Cristo está neles. Nos tornamos santos no único Santo: Deus; porque passamos a partilhar da natureza divina de Cristo na
vida da Igreja, nos sacramentos. É pelo Batismo que passamos a viver em Cristo. Portanto, nenhum de nós vive sozinho com Deus, mas juntos, como
Igreja, somos portadores de Deus e de todas as “coisas santas”. Nesta
COMUNHÃO existe uma relação entre os santos que já alcançaram a plenitude no Céu e os fiéis que militam sobre a Terra. Nesta relação de vida plena e amor
em Cristo, há uma comunhão de bens espirituais entre os batizados. Os que estão “mortos” rezam a Deus por aqueles que ainda estão na Terra
“À vossa proteção
recorremos, Santa Mãe
de Deus.
Não desprezeis as
nossas súplicas em
nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre
de todos os perigos, ó
Virgem gloriosa e
bendita.
Amém!”
O ROSÁRIO
“Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus,
vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os
assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te
deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia.
Seja para ti o último beijo da vida que se apaga. E a última palavra
dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do
Rosário de Pompeia, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos
pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em
todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu”
REZANDO COM OS
SALMOS
Os salmos eram para Israel a resposta do povo às intervenções de Deus na sua história: êxodo, deserto, dom da terra, eleição de Davi e Sião. Os salmos nascem do
desejo de comunhão. O uso que a Igreja faz dos salmos foi herdado da oração
judaica. Como judeus, Jesus, Maria, os apóstolos e os primeiros cristãos rezavam os salmos. Existindo, inclusive, uma grande influência dos salmos no NT.
Os salmos ocupam na Sagrada Escritura o lugar que a liturgia ocupa na vida da Igreja. Para nós cristãos, os salmos cantam, celebram e alimentam esse diálogo entre Deus e o povo em que Cristo é o Mediador: Cristo é a chave de interpretação
Os salmos entram na composição de todos os livros litúrgicos. Eles fazem parte da Palavra que ao encarnar se torna Sacramento. São necessários à liturgia, e portanto,
a oração cristã.
Em razão de sua origem, os salmos têm a virtude de elevar até Deus a mente das pessoas, despertar nelas piedosos e santos afetos, ajudá-las maravilhosamente a agradecer na prosperidade e dar-lhes, na adversidade, consolo e fortaleza de ânimo.