Título original: Pen and Ink. Contemporary Artists,
Timeless Techniques. Publicado originalmente por
Frances Lincoln em 2016 Tradução: Mariana Bandarra
Preparação de texto: Maria Luisa de Abreu Lima Paz Revisão de texto: Grace Mosquera Clemente Design da capa: Toni Cabré/Editorial Gustavo Gili, SL Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transformação desta obra só pode ser realizada com a autorização expressa de seus titulares, salvo exceção prevista pela lei. Caso seja necessário reproduzir algum trecho desta obra, seja por meio de fotocópia, digitalização ou transcrição, entrar A Editora não se pronuncia, expressa ou implicitamente, a respeito da acuidade das informações contidas neste livro e não assume qualquer responsabilidade legal em caso de erros ou omissões.
© RotoVision SA, 2015 © da tradução: Mariana Bandarra para a edição em português: © Editorial Gustavo Gili, SL, 2016 lmpresso na China
ISBN: 978-85-8452-065-7 Editorial Gustavo Gili, SL
Via Laietana 47, 2º, 08003 Barcelona, Espanha. Tel. (+34) 93 3228161
Editora G. Gili, Ltda
Av. José Maria de Faria, 470, Sala 103, Lapa de Baixo
CEP: 05038-190, São Paulo-SP-Brasil. Tel. (+55) (11) 3611 2443
Créditos das imagens (esquerda para a direita): Imagens da capa:
Pamela Grace, Sabine Israel, Chris Lee, Joan Roman Farre, Jedidah Dore, Michael Lukyniuk, Loui Jover, Marina Gretchanik
Imagens da quarta capa:
Fred Kennett, Caroline Didou, Ramon Farre, Loui Jover Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Hobbs, James
Caneta e tinta : artistas contemporâneos, técnicas atemporais / James Hobbs ; [tradução Mariana Bandarra]. -- 1. ed. -- São Paulo : Gustavo Gili, 2016.
Título original: Pen and Ink : contemporary artists, timeless techniques
Vários colaboradores. ISBN 978-85-8452-065-7
1. Artes 2. Desenhos 3. Desenhos - Técnicas I. Título.
16-02013 CDD-741
Índices para catálogo sistemático: 1. Desenhos : Artes 741
JAMES HOBBS
ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS, TÉCNICAS ATEMPORAIS
CANETA
E
TINTA
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Como utilizar este livro
Além do sumário na página ao lado, incluímos um índice visual e outro dos artistas para ajudar você em suas consultas a este livro. Utilize esses índices para encontrar rapidamente uma determinada informação ou desenho.
Índice visual
Uma vez que este livro se propõe a servir tanto de inspiração visual quanto técnica, incluímos um índice visual nas páginas 6 a 9. Se você estiver procurando
uma imagem que já viu no livro, ou um estilo, cor ou fundo específico, use esse índice para ir diretamente à página correta. O números das páginas aparecem na miniatura de cada desenho. Observe que, nos casos em que há mais de um desenho ilustrando um mesmo item, apenas um deles está incluído no índice visual.
Índice de artistas
Se você preferir procurar as imagens pelo nome do artista, nas páginas 204 e 205 há um índice em que
eles estão relacionados em ordem alfabética, pelo sobrenome. Nele você encontrará uma lista completa das páginas em que as obras de cada artista aparecem, além de links para o blog ou site de cada um, caso queira conhecer mais sobre suas obras.
CHRIS LEE, LINZ, ÁUSTRIA Técnica: caneta de pigmento e aquarela Dimensões: 28 × 20 cm
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5
Índice visual
6
O que é caneta e nanquim? 10
Desenhos
14
Linhas 16 Tons 54 Cores 86 Texturas e padronagens 114 Monocromia 146 Técnica mista 178Fundamentos 196
Índice de artistas 204 Índice remissivo 206 Agradecimentos 208 1 2 3 5 6 4www.ggili.com.br
17 25 31 39 47 19 33 41 49 57 21 27 35 43 51 59 23 29 37 45 53 55 61
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63 71 79 85 93 99 65 73 81 87 95 57 101 67 75 97 59 103 69 77 83 91 89 61 105
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115 107 121 129 137 145 109 123 131 139 147 117 125 133 141 149 111 113 119 127 135 143 151
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153 161 169 175 183 189 155 163 171 177 185 147 191 157 165 179 187 193 159 167 173 181 151 195
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10
Caneta e nanquim é uma técnica que resistiu ao teste do tempo. Ela se fundamenta no simples ato de mergulhar um graveto em um pote de líquido pigmentado para traçar uma linha sobre um papel ou outra superfície e, em sua essência, esse processo se manteve inalterado ao longo de vários séculos. O nanquim foi desenvolvido no Egito e na China há mais de 4 mil anos e há séculos tem sido um elemento importante da cultura oriental, por meio da caligrafia e de imagens desenhadas. No Ocidente, essa tradição perdurou através das obras de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rembrandt, chegando a Picasso, Warhol e Mehretu.
Enquanto os artistas chineses do século VII, digamos, tinham ao seu dispor uma gama limitada de materiais que pudessem ser utilizados em seus esforços criativos, no século XXI há um número imenso (e cada vez maior) de opções para se criar uma obra bidimensional, dentre as quais a mais recente são os aplicativos de desenho para celulares e tablets. Então, por que usar caneta e nanquim hoje em dia?
O que é caneta e nanquim?
Sua simplicidade e baixo custo são muito atraentes. Trata-se de uma técnica que pode ser tão modesta quanto um rabisco com uma caneta esferográfica no verso de um envelope. Tão simples quanto uma caneta de ponta fina e uma caderneta de esboços que você pode guardar facilmente dentro da bolsa ou no bolso de um casaco. Certamente não se trata de uma técnica cara, a não ser que você resolva adquirir a maior variedade de produtos disponíveis no mercado. A intensidade e a permanência do nanquim preto também fazem com que a técnica se destaque. As marcas escuras e opacas aparecem em linhas longas e fluidas, que resistem ao apagamento. O nanquim não requer fixação sobre o papel como algumas técnicas secas. As marcas são
fortes e definitivas e você precisa se acostumar com isso.
FRED KENNETT, DEMITAM O PINTOR DE PLACAS
Técnica: canetas técnicas Dimensões: 51 × 35,5 cm
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Trata-se de uma técnica que estimula a trabalhar de forma confiante – você pode fazer um esboço
preparatório a lápis para planejar a composição, mas um trabalho premeditado à exaustão provavelmente não terá a vitalidade e a energia de um desenho feito a nanquim desde o início. É uma técnica que serve como um constante lembrete de nossas falhas e, ainda assim, nos oferece armas para contorná-las.
É preciso tempo para acostumar-se a um bico de pena – a forma como ele retém a tinta, o modo como a descarrega e a maneira como reage ao papel. Com uma caneta bico de pena, precisamos descobrir quanto tempo a tinta dura até que precise ser recarregada, bem como a pressão e o ângulo em que seguramos a caneta e como esses fatores afetam a qualidade dos traços que ela produz. O fluxo de tinta constante e mecanizado de uma caneta de ponta sintética ou uma caneta tipo marcador pode ser tanto uma vantagem quanto uma desvantagem, e a imprevisibilidade do traço pode ser uma virtude. Desenhando com gravetos ou canetas de bambu, podemos produzir os traços mais diferenciados. Eu desenhei a lápis durante anos até começar a usar marcadores pretos. Adoro a qualidade orgânica dos
lápis, a grande variedade de tons e espessuras de linha que eles oferecem, mas descobri que prefiro o pretume intenso e o caráter permanente da tinta que sai de uma caneta de ponta grossa e as oportunidades expressivas que esse tipo de material proporciona. Elas me inspiram a ser ousado, a transformar o papel branco em preto de uma maneira que o aspecto rabiscado de um lápis, mesmo os mais macios, jamais conseguiria reproduzir. Este livro examina a técnica caneta e nanquim de maneira ampla. Atualmente existe uma variedade enorme de canetas descartáveis, algumas recarregáveis ou de ponta dupla; há canetas-tinteiro com cartuchos e reservatórios, nanquim solúvel em água, nanquim colorido e muito mais. Muitos artistas utilizam também pincéis em seus trabalhos com caneta e nanquim, para criar camadas de aguada em nanquim ou acrescentar aquarelas em contraste com as linhas pretas do desenho. Este livro
abrange tudo isso.
James Hobbs
PAMELA GRACE, ALPENDRES DE TERRA
Técnica: nanquins com aquarela Dimensões: 48 × 38 cm
ÒSCAR JULVE, BAR OLLER
Técnica: caneta e nanquim Dimensões: 89 × 23 cm
Desenhos
Linhas
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A ENCRUZILHADA (ONDE VOCÊ FICA SABENDO DE TUDO)
Técnica: caneta-tinteiro, pincel e nanquim Dimensões: 30,5 × 21,5 cm
Basta olhar para este desenho para sentir-se como se estivesse contemplando esse tranquilo vilarejo espanhol à beira de uma sacada ou através de uma lente objetiva grande angular. Por causa do efeito “olho de peixe”, conseguimos ver a rua lá embaixo praticamente em linha reta, bem como os telhados distantes no lado oposto. O resultado é uma simpática distorção que captura a personalidade da rua em uma teia de linhas e ângulos. Um forte elemento de padronagem também captura o olhar. Cada telha foi desenhada meticulosamente e há linhas nas listras do toldo sobre o bar e nas persianas fechadas. Fios elétricos passam de um lado ao outro da rua, conduzindo o olhar ao longo da figura em linhas duplicadas pela inclusão de sombras pintadas com uma aguada em tom mais claro.
Foi impossível para Swasky não escutar as conversas que aconteciam lá embaixo enquanto ele trabalhava: “Enquanto eu desenhava, fiquei sabendo que alguém tinha estado no hospital, que o tempo naquele ano estava ótimo, que o dono do bar é de Maiorca e muitas outras histórias que não vou comentar”, conta ele.
Swasky
Perspectiva grande-angular
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Este desenho foi criado combinando-se elementos digitalizados a partir de uma seleção de naturezas-mortas da Cachetejack, organizados com o uso do Photoshop. A simplicidade óbvia das linhas feitas com uma caneta tipo marcador, em comparação às marcas mais sutis proporcionadas por uma caneta pincel ou um bico de pena, por exemplo, faz com que os temas sejam simplificados até suas formas mais diretas, tornando-se praticamente uma forma de hieroglifos modernos.
Os itens – em sua maioria, objetos familiares do cotidiano, com alguns elementos mais surreais – são imediatamente reconhecíveis e, no entanto, reduzidos aos seus contornos mais absolutos, o que se acentua ainda mais pela ausência de cor ou variação tonal. Há o preto e o branco, sem
Cachetejack
Hieroglifos modernos
qualquer tom intermediário. “Os desenhos são como símbolos – tudo é reduzido à sua forma mais simples”, afirma a dupla Cachetejack. “O efeito que queríamos era simples e descritivo. Os marcadores permitem ficar desenhando com muita facilidade e oferecem a sensação perfeita de uma linha.”
Embora as canetas permanentes não deixem margem alguma para correções ou ajustes, há um certo grau de flexibilidade quando se opta por organizar digitalmente a disposição dos desenhos. O símbolo do cigarro é copiado, virado e aplicado várias vezes por toda a imagem para trazer um elemento consistente à composição, que foi usada pelas ilustradoras como folhas de guarda em um fanzine.
Linhas
VANITAS
Técnica: caneta tipo marcador Dimensões: 12,5 × 12,5 cm
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Linhas
WESENDAHL_ GINETTE_070315
Técnica: caneta-tinteiro e nanquim à prova d’água Dimensões: 18 × 12,5 cm
Qual a diferença entre desenhar animais e pessoas? Rolf admite que pode ter dificuldades com a anatomia dos cavalos, mas nesta obra ele abordou a tarefa da mesma maneira que o faria se estivesse desenhando uma figura humana: através da observação cuidadosa.
Ele usou nanquim à prova d’água em uma caneta-tinteiro com pena fina e flexível sobre um papel muito fino e liso de 50 g/m². A figura foi composta sobre a página do caderno de esboços de modo que o corpo em escorço do cavalo ficasse de um lado da lombada, e a cabeça com os arreios, do outro lado.
Este desenho é um excelente exemplo do efeito direto e sutil que pode ser obtido com o uso de caneta e nanquim. As linhas que descrevem o lombo do cavalo evocam uma sensação caligráfica à medida que vão se abrindo e afunilando. Os longos arcos descritivos de seu contorno e o topete da crina geram contraste com os traços mais claros e curtos que representam os pelos nas patas, na traseira e no focinho. Este desenho não diz respeito apenas à personalidade do cavalo, ele trata do ato expressivo de desenhar: a partir dos traços deixados, podemos imaginar o deslizar e riscar da caneta à medida que Rolf desenha.
Encontrar linhas expressivas
Rolf Schroeter
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