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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ENFERMAGEM CONSIDERANDO OS SIGNIFICADOS.

Por: Patrícia Corrêa Azevedo

Orientador Prof. Flavia Cavalcanti

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ENFERMAGEM CONSIDERANDO OS SIGNIFICADOS.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior.

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A presente pesquisa é dedicada com muito carinho à amiga Andréia Sodré da Silva, pois graças a ela consegui realizar minha inscrição na AVM e ultrapassar diversas barreiras encontradas no decorrer de todo curso. Nada mais justo do que retribuir esta grande amizade depositada a cada sábado da minha vida!

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Sempre acreditei que todos os momentos da vida, sejam eles fáceis ou difíceis, têm um motivo. Na conclusão deste curso pude perceber que as dificuldades que encontrei pelo caminho me fizeram ter certeza das minhas escolhas.

Mais uma etapa na construção do meu conhecimento se realizou, superado assim mais um desafio, o qual me fez pensar sobre a gratificação de ser uma docente capaz de sensibilizar-se pelo outro.

Quero dividir essa vitória com todos que souberam me entender, apoiar e estimular para a continuidade desta caminhada.

Agradeço primeiramente a Deus, por poder cumprir mais esta etapa.

À minha mãe, que me segurou pelas mãos, nas horas em que as forças me falharam e que sempre se manteve presente nas diversas situações vividas durante todo o curso.

À minha família, em especial à minha avó, que se manteve atenciosa e participante nessa caminhada me auxiliando e ao meu pai, que sempre se mostrou solícito e atencioso.

Ao meu namorado Dudu, por todo companheirismo, incentivo, apoio e por me receber sempre com muito carinho, mesmo pelas diversas vezes que o fiz esperar para sair da aula.

Ao Corpo Docente da AVM, por me conduzir no caminho do conhecimento com valiosas contribuições para o aprimoramento e refinamento do estudo, enriquecendo meu trabalho.

Aos colegas do Curso de Especialização de Docência do Ensino Superior, pela amizade.

Finalizando, agradeço a todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional.

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“Compartilhe o que de melhor exista em você, para que a vida seja reproduzida.”

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SUMÁRIO

Introdução...07

Cap. I - Aspectos Fundamentais do Interacionismo Simbólico...11

Cap. II - Educação em Saúde e o Enfoque do Enfermeiro como Educador...15

Conclusão...17

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Introdução

Educar é cuidar e o cuidado é uma relação amorosa para com a realidade.

O cuidado simboliza uma atitude de responsabilidade, preocupação e ocupação que exige o envolvimento afetivo com o outro. No que diz respeito ao cuidado em saúde, este deve transcender a aplicação das técnicas e a administração de recursos, tendo a finalidade de solucionar os problemas identificados.

O cuidar na perspectiva de Hesbeen (2000), deve ser entendido como uma orientação de natureza filosófica. Assim o cuidar deve ser entendido como um valor.

Segundo Silva 2002, Existem algumas atitudes importantes na arte do cuidar: Aprender a escutar, acolher o outro, aprender a lavar não só as mãos a cada paciente, mas também as mágoas do próprio coração. A comunicação vai além das palavras, é composta também de nossos gestos, atitudes, expressões faciais, tom de voz e até do silêncio.

A educação em saúde é apenas um recurso para transmitir à sociedade o conhecimento científico no âmbito da saúde, por meio da atuação do enfermeiro, sendo considerada um conjunto de saberes e práticas destinadas para ações de prevenção e promoção da saúde. (COSTA; LÓPEZ, 1996 apud ALVES, 2005).

Vale enfatizar que o enfermeiro é um educador em saúde em potencial, sendo essencial que este reconheça seu papel no processo educativo (ALVES, 2005).

Assim sendo, uma vez que a enfermeiro está em contínuo relacionamento humano, necessitando do processo interativo para o exercício pleno de seu ofício, acreditamos que o marco teórico que melhor embasa a prática de enfermagem na educação em saúde é o Interacionismo Simbólico, porque ele valoriza, sobretudo o significado que o ser humano atribui às suas experiências.

Muito se discute sobre educação em saúde e perspectivas de cuidado, porém, para a realização dessas ações depende do comportamento, da interação e do envolvimento dos indivíduos no processo a que se destinam, tornando-se de extrema importância conhecer previamente as maneiras de agir, sentir e pensar de forma individual e coletiva.

Se um indivíduo acreditar que a doença que o atinge é um ato punitivo à ações cometidas pelo mesmo de forma erronia e que de nada adianta se tratar porque não ficará curado, remeterá ao enfermeiro a necessidade de descontrução desta esta crença, que em geral, se mostrará fortemente arraigada e de difícil mudança. Assim, a

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argumentação técnica a ser utilizada deve ser elaborada com base no conhecimento dessas variáveis e na linguagem popular, ao invés da linguagem científica.

Considera-se, portanto, ser tarefa do enfermeiro a identificação do repertório de conhecimentos e vocábulos comumente empregados para a criação de um vínculo enfermeiro-cliente possibilitando um feedback, constituindo desta maneira o primeiro passo para uma comunicação eficiente.

Nem sempre o simples acesso a serviços educativo-assistenciais assegura, por si só, um nível de saúde satisfatório de um indivíduo. A importância que as pessoas conferem a saúde e aos cuidados para preservá-la depende, em especial, de padrões socioeconômicos, de conhecimentos, hábitos, atitudes e crenças aprendidos culturalmente. Porém, o simbolismo que o enfermeiro representa para este indivíduo, terá forte influencia nos cuidados para preservação da saúde.

No exercício do cuidar em suas várias dimensões, o enfermeiro necessita aliar conhecimento técnico/científico ao entendimento do objeto de seu cuidado, ou seja, o ser humano. O Interacionismo Simbólico é uma abordagem que permite ao enfermeiro compreender o outro, considerando os significados que esse outro atribui às suas experiências.

Sendo o enfermeiro um profissional do cuidar, suas implicações psicoafetivas, histórico existenciais e profissionais com as pessoas por eles cuidadas referem-se ao respeito à sua humanidade, condição desejável para educar, aprender, logo, ensinar a cuidar, favorecendo a interferência do Interacionismo Simbólico na interação entre as pessoas no cuidado em enfermagem no processo de educação em saúde.

Pensando compreender a educação em saúde na enfermagem considerando os significados, surgiu o interesse em desenvolver um estudo que buscasse compreender de que maneira o significado do enfermeiro no processo de educação em saúde interfere no cuidado.

Considerando que o cuidado relaciona-se com a maneira de lidar, de interagir, de assistir, de realizar e perceber o indivíduo como um todo (MOLINA, 2004, p.290).

Para Wanda Horta (1979, p.3) o ser-enfermeiro, ao possui conhecimento, habilidades e formação de enfermeiro recebe da sociedade o direito de cuidar de gente, de outros seres humanos, assumindo o seu papel de gente que cuida de gente. Esse cuidado é oferecido ao ser-cliente, que pode ser tanto um indivíduo, quanto uma família ou, ainda, uma comunidade, necessitados do cuidado de outro ser humano em qualquer

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Na perspectiva da enfermagem, cuidar do outro significa atender às suas necessidades com sensibilidade, presteza e solidariedade, mediante ações e atitudes de cuidado realizadas para promover o conforto e o bem-estar, auxiliando o ser humano a superar as dificuldades encontradas, promovendo a recuperação da sua saúde. Quanto mais acurada for a percepção do profissional, tanto mais poderá prestar o cuidado de acordo com as peculiaridades e singularidades de cada indivíduo (BAGGIO, 2006 p.13).

Desta maneira e diante dos sentimentos desenvolvidos, cabe ao enfermeiro desenvolver sensibilidade para compreender o significado da educação em saúde, elaborando um planejamento eficaz, compreendendo a necessidade de orientar o indivíduo, devendo fazer parte do perfil do profissional enfermeiro.

No entanto, esta prática não pode ser realizada de forma técnica e rotineira, deve ocorrer através da interações da assistência, considerando o planejamento da educação em saúde como uma etapa importante da sistematização da assistência de enfermagem que possibilita a prestação de um cuidado qualificado.

Muitos estudos tem focado a educação em saúde promovida pelo enfermeiro e à implementação deste processo. Porém são incipientes pesquisas que buscam analisar a ótica do indivíduo diante da interação com o enfermeiro e seu significado na educação em saúde.

É importante salientar que o enfermeiro, além de estar sensível as necessidades do outro, deve ser capaz de perceber a melhor maneira de educar e ensinar. Observando em qual contexto os indivíduos estão envolvidos, entendendo que a cultura influência a forma como as informações serão compreendidas ou não.

Neste momento, cabe retomar a importância da comunicação como principal estratégia para elaboração do planejamento de educação em saúde e como fator essencial para o relacionamento entre enfermeiro e cliente.

Para Vasconcellos et al. (2002) a comunicação é um processo contínuo, cuja significação dos fatos é uma consequência da interação social estabelecida entre indivíduos. Ao desenvolver uma comunicação terapêutica, o profissional de enfermagem promove a adesão ao tratamento e a consequente obtenção de qualidade de vida, compreendendo as atitudes, dificuldades, medos e angústias dos clientes.

Considerando que através da interação e da comunicação terapêutica o enfermeiro consegue apreender as necessidades do ser cuidado, ele torna-se apto a

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coordenar e elaborar a educação em saúde como atividades de ensino e transmissão de informações abordando as condições específicas deste cliente.

Zago e Casagrande (1997, p.70) consideram a comunicação como objeto essencial para o relacionamento enfermeiro/cliente. Consideram ainda, que o ensino do cliente é um processo de desenvolvimento de habilidades com as quais ele pode ter favorecida a sua reabilitação.

Neste caminho, o estudo em tela tem como eixo central a análise do significado do enfermeiro no processo de educação em saúde buscando compreender sua interferência no cuidado por ele prestado.

Compreendendo que está em poder da enfermagem, enquanto profissão que enfatiza o tratamento individualizado e holístico, realizar ações que viabilizem o entendimento e a compreensão do indivíduo na proposta de educação em saúde, ao desenvolver este estudo busco evidências que fundamentem as decisões, as ações e as interações, colaborando para a melhoria da assistência de enfermagem.

De tal modo, em que pese à contextualização do objeto de pesquisa, foi traçada a seguinte questão norteadora: Considerando a importância da educação em saúde para um efetivo cuidado de enfermagem, quais os significados do enfermeiro nesse processo?

A partir das inquietações originárias das reflexões acima expostas, foram elaborados os seguintes objetivos:

• Conhecer o processo de educação em saúde;

• Discutir como o enfermeiro atua na educação em saúde;

• Identificar o significado do enfermeiro no processo de educação em saúde para os indivíduos envolvidos no processo;

• Propor a elaboração de uma prática pedagógica de educação em saúde, evidenciando as possibilidades da atuação do enfermeiro buscando a integralidade do cuidado;

O presente estudo é de grande relevância, tendo em vista que poderá subsidiar contribuições através da apreensão dos significados dessas experiências, trilhando caminhos com o propósito de qualificar tanto o ensino quanto a assistência prestada.

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I. Aspectos Fundamentais do Interacionismo Simbólico

Toda e qualquer atividade desenvolvida em grupo baseia-se no comportamento cooperativo. Na associação humana cada indivíduo percebe a intenção do outro e assim, constrói sua própria resposta (MARRIS; MELTZER, 1972). Essas intenções, são transmitidas através de gestos que se tornam simbólicos e portanto, passíveis de serem interpretados.

Para Mead (1962), a relação dos seres humanos entre si surge do desenvolvimento de sua capacidade de responder aos seus próprios gestos. Tal capacidade possibilita que diferentes indivíduos respondam da mesma forma ao mesmo gesto, permitindo a compartilhar de experiências, a incorporação entre si do comportamento. Haguette (2007, p.28), ao citar Meltzer, afirma que comportamento não é meramente uma resposta aos outros, o ser humano responde a si mesmo da mesma forma que as outras pessoas lhe respondem e, ao fazê-lo, compartilha a conduta dos outros.

Esta breve reflexão me permite apresentar o Interacionismo Simbólico (IS) como sendo a teoria mais adequada a este estudo. Esta teoria tem sido utilizada com sucesso pela enfermagem uma vez o significado é o seu conceito central, sendo as ações individuais e coletivas construídas a partir da interação entre as pessoas, que ao definir situações, agem no contexto social a que pertencem (LOPES; JORGE, 2005, p.103).

O Interacionismo Simbólico (IS) considera o ser humano como ser ativo no meio ambiente, que age com os outros e consigo mesmo, capaz de definir as situações de acordo com as perspectivas desenvolvidas e alteradas em suas interações sociais (CHARON, 2007).

Neste caminho, acredito que ao interagir o ser humano incorpora o comportamento e percebe as necessidades do outro, a utilização do interacionismo simbólico se faz necessária quando pretende-se compreender os significados do planejamento da alta para o familiar cuidador. Entendo que quando o enfermeiro age no sentido de se por no lugar do outro e de compreender as experiências ele torna-se apto a prestar um cuidado sensível e eficiente.

Diante do exposto, apresento o Interacionismo Simbólico como uma perspectiva da psicologia social, que valoriza o significado que o ser humano atribui as suas experiências. Teve origem no final do século XIX com raízes filosóficas no pragmatismo de John Dewey sendo seu principal destaque George Mead. Enfoca a maneira pela qual o indivíduo dá sentido às interações sociais e as interpretações que

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atribuem aos símbolos sociais e a linguagem (POLIT; BECK; HUNGLER; 2004, p.209).

Segundo Blumer (1969, p.2) o interacionismo simbólico tem seus fundamentos em três premissas a saber: o ser humano age em relação as coisas com base nos sentidos que tais coisas têm para ele; o sentido das coisas é derivado, ou se origina, da interação social que o indivíduo estabelece como os outros; estes sentidos são manipulados e modificados através de um processo interpretativo, usado pela pessoa ao lidar com as coisas e situações que encontra.

Ao contrário das posturas apresentadas por muitas abordagens das ciências psicológicas, o interacionismo simbólico designa uma importância fundamental ao sentido que as coisas têm para o comportamento humano. O sentido emerge do processo de interação entre os indivíduos, ao invés de percebê-las seja como algo intrínseco ao ser, seja como uma expressão dos elementos constituintes da psique, da mente, ou de organização psicológica.

O Interacionismo Simbólico emerge no contexto da Escola de Chicago com Mead, tendo como principal obra Mind, Self and Society (1934) abordando questões relacionadas à sociedade e ao indivíduo, destacando a origem do self, o desenvolvimento de símbolos significantes e o processo de comportamento da mente. A Escola de Chicago, segundo Coulon (1995, p.8), foi reconhecida como um berço da pesquisa sociológica de natureza empírica, produzindo conhecimentos fundamentais aos problemas sociais à despeito da natureza moralista e jornalístico-investigativa atribuídos a época (1915-1940).

As idéias de Herbert Blumer, discípulo de Mead, estão consolidadas e expostas na obra Simbolic Interacionism: perspective and method (1969), onde expõe que o ser humano conta com o self para interagir, sendo portanto, o objeto de suas próprias ações e adquirindo capacidade de tornar-se um objeto, vendo a si mesmo de fora, colocando-se no lugar do outro. Ao afirmar que o colocando-ser humano possui um colocando-self, o autor pretende enfatizar que, da mesma forma que o indivíduo age socialmente com relação as outras pessoas, ela interage socialmente consigo mesma, podendo tornar-se o objeto de suas próprias ações.

Mead (1962, p. 49) enfatiza que a mente é um processo que se manifesta sempre que o indivíduo interage consigo próprio usando símbolos significantes, surgindo do processo social de comunicação permitindo que o indivíduo selecione aquilo que parece relevante as suas necessidades, desconsiderando os estímulos irrelevantes.

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Esclarece ainda, que todo comportamento implica em uma percepção seletiva de situações, que não pode ser concebida como uma mera impressão de alguma coisa de exterior no sistema individual.

A necessidade de as partes integrantes assumirem o papel do outro é destacado por Blumer (1969) como um aspecto fundamental para que as indicações dirigidas às outras partes sejam feitas a partir do ponto de vista desta outra parte, de modo que a intenção seja percebida. Ao fazer indicações, o individuo indica objetos significantes para ele. Assim, Haguette afirma que o sentido dos objetos para uma pessoa surge fundamentalmente da maneira como eles lhe são definidos por outras pessoas que com ela interagem. Desta forma, a autora certifica (2007, p.37) que para que a ação das pessoas é necessário que se identifique seu mundo de objetos.

Ao ressaltar as implicações metodológicas da visão interacionista sobre o grupo humano e a ação social, Blumer (1969, p.50) destaca quatro concepções centrais: as pessoas, individual ou coletivamente, estão preparadas para agir à base dos sentidos dos objetos que compreendem seu mundo; a associação das pessoas se dá, necessariamente, sob a forma de processo no qual elas estão fazendo indicações uma à outra e interpretando as indicações uma da outra; os atos sociais, não importa se individuais ou coletivos, são construídos através de um processo no qual os atores notam, interpretam e avaliam as situações que eles confrontam; e a inter-vinculação complexa dos atos que compreendem organizações, instituições, divisão de trabalho e redes de interdependência são questões moventes e não-estáticas.

Diante disto, cito Bettinneli (2002, p.32) ao dizer que o ser humano, a partir da sua própria vivência, emprega significados as coisas desenvolvendo sua forma de agir e que para entender a natureza da interação é preciso reconhecer a existência do self e da mente do indivíduo, que uma vez definindo a realidade e a situação é capaz de assumir o papel do outro. Dantas (2008, p.75) justifica que os símbolos são representações que refletem o interagir a partir do significado que é atribuído a cada um de modo, que permite a interação entre os indivíduos.

Ao definir símbolos, Charon (2007, p.61) enfatiza que estes são blocos de construção da sociedade humana. Aprendemos, em toda nossa vida, funções, regras, valores e idéias para interagir e compreender os outros. Desta forma, quando interagimos, acabamos por ser objetos sociais uns para com os outros, utilizando os símbolos, direcionando o self, tomando decisões e reconhecendo possibilidades e perspectivas capazes de nos fazerem permitir assumir o papel do outro.

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Segundo Charon (op.cit. 2007), o interacionismo simbólico possibilita uma imagem mais ativa do ser humano e não destaca a imagem deste como um ser passivo, ao contrário, o ser humano manifesta-se no presente baseado em experiências passadas e atuais, no momento em que ocorre a interação, ressaltando que os indivíduos interagem e a sociedade destaca-se. Segundo os interacionistas, a sociedade é constituída de indivíduos que interagem uns com os outros, quando as atividades dos membros ocorrem como resposta de um ao outro, ou em relação ao outro.

Lopes e Jorge (2005, p.104) afirmam:

Nas pesquisas de enfermagem podemos notar a aplicação da teoria interacionista tem a finalidade de ampliar conhecimentos na construção de ações e estratégias voltadas para um relacionamento interativos e humanizado entre as pessoas.

De acordo com autoras (op.cit, 2005, p. 105) as coisas passam a ter significado para o indivíduo quando este as consideram conscientemente, refletindo e pensando sobre o objeto, ou o interpretando. Tudo isto processa-se numa interação interna do indivíduo, pois ele seleciona, confere, suspende, reagrupa e transforma os significados à luz da situação em que se encontra.

A enfermagem é uma profissão que preza pelo cuidado da vida e que requer interação entre os profissionais, o cliente e a família, primando pela existência de um cuidado interativo, onde o profissional apreende o ser humano de forma ampla e integral. Acredito que a partir dos significados que os familiares dão ao processo de hospitalização e alta o profissional de enfermagem age no sentido de se colocar no lugar do outro, interagindo e oferecendo o cuidado. Diante deste pensamento, o interacionismo simbólico permitirá que eu compreenda o fenômeno, descobrindo o significado que o familiar concede a alta hospitalar e o seu preparo para este momento.

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II. Educação em Saúde e o Enfoque do Enfermeiro como Educador

A educação e saúde no Brasil possuem dois pressupostos, no qual o primeiro refere-se às medidas preventivas e curativas que visam à obtenção da saúde e o enfrentamento das doenças; o segundo, às estratégias da promoção da saúde que objetiva a construção social da saúde e do bem estar. (GUEDES; SILVA; FREITAS, 2004).

Quando se fala em educação em saúde, na maioria das vezes, se pensa em cuidados pessoais que objetivam evitar doenças, parecendo que a saúde em si se revela em um problema individual podendo ser resolvido apenas pela educação dos indivíduos. Atenta-se que nessa vertente a educação em saúde seria vista como uma maneira de se obter mudança de algumas características individuais como a falta de higiene, alimentação copiosa, enfim, a não obediência aos cuidados preventivos importantes e necessários para a promoção em saúde, segundo Lima (1996).

Pereira (2003), ressalta que educação em saúde pressupõe uma combinação de oportunidades que favoreçam a manutenção da saúde e sua promoção, não entendida somente como transmissão de conteúdos, mas também como a adoção de práticas educativas que busquem a autonomia dos sujeitos na condução de sua vida, ou seja, educação em saúde nada mais é que o pleno exercício de construção da cidadania. Destaca ainda, que ao longo do tempo, a educação em saúde trouxe em sua prática uma maior influência das ações médicas, focalizada apenas na parte doente se esquecendo da idéia que o indivíduo é um todo, precisando ser atendida e mudada para uma perspectiva para uma área temática integrando a ciência social e as ciências da saúde envolvendo profissionais com formações distintas, num trabalho interdisciplinar, complementar e cooperativo.

Lima (1996) resgata a historicidade do papel do enfermeiro como educador em saúde. O enfermeiro enquanto agente do processo de trabalho em saúde desempenha um papel importante na questão da educação e saúde. O surgimento da enfermagem moderna no Brasil, e do profissional enfermeiro está diretamente vinculado ao trabalho da enfermagem numa dimensão educativa, já que as enfermeiras foram formadas na finalidade de suprir a falta de um profissional envolvido com as atividades educativas sanitárias, iniciadas por médicos sanitaristas na década de 1920.

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Embora os enfermeiros assumam seu papel de educador considerando às vezes este como fundamental para tornar o usuário o máximo possível independente do cuidado de enfermagem, a prática cotidiana apresenta algumas limitações justamente pelo enfoque utilizado pela enfermagem nas questões referentes á educação e saúde que privilegia os aspectos preventivos responsabilizando o individuo pela suas condições de saúde, afirma a autora.

Na década de 80, na enfermagem a visão de educação e saúde que resgata o indivíduo com direitos de cidadania, começa a ser apontada num amplo aspecto que possibilita o individuo ter uma compreensão de si mesmo enquanto cidadão, enquanto membro ativo em sua participação na sociedade, com direitos a adequadas condições de saúde e de vida (ALMEIDA et al 1989 apud LIMA 1996).

Na medida em que ocorreu a mudança social o papel da profissão, o enfermeiro começou a se atentar cada vez mais para a educação e saúde. Isto se deu a partir em que as escolas de enfermagem passaram a ensinar baseadas na concepção pedagógica e inovadora de Paulo Freire que repudiava a educação bancária, segundo Lima (1996).

Hoje as ações educativas em saúde constituem-se em um dos instrumentos utilizados pela enfermagem, num contexto abrangente tanto no processo de trabalho individual e coletivo cuja preocupação vai do corpo individual ao controle da doença entendida como fenômeno coletivo. No modelo individual e essas ações se voltam para o desenvolvimento do individuo e no modelo da saúde coletiva há preocupação com a cidadania (ALMEIDA et al 1989 apud LIMA 1996).

Para instituir a educação em saúde como medida eficaz de intervenção no processo saúde doença e para estabelecer uma prática educativa satisfatória, como enfatiza Silva (2004), é imprescindível conhecer a realidade dos indivíduos com as quais se deseja realizar uma ação educativa bem como suas potencialidades em suscetibilidades avaliadas em um âmbito holístico.

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17 Conclusão

Acreditamos que esta monografia, em forma de revisão bibliográfica, possa subsidiar um processo reflexivo a cerca do ser e fazer enfermagem em seus aspectos da educação em saúde e seus significados.

A construção do conhecimento, em relação à educação em saúde, é um processo que precisa ser realizado de forma constante tendo a participação individual e coletiva, na esfera familiar, no grupo de trabalho, nos grupos sociais, nas comunidades ou até mesmo nas organizações sociais (CEGANO; SIQUEIRA; CÉZAR VAZ, 2005).

Dentre os profissionais que desempenha um significativo papel nas relações entre seres humanos, sociedade, pesquisa e saúde, educação, encontra-se o enfermeiro. Este como uma de suas funções tem o papel de promover a formação seja no aspecto individual e coletivo considerando os problemas que envolvem a saúde, oportuniza com isso, uma interação, evidenciando atitudes e significados saudáveis no modo de se viver. As práticas de educação em saúde hoje requerem diretrizes afastadas do poder coercivo e normativo, objetivando transformar as oportunidades de educar a clientela em momentos prazerosos, favorecendo para que a aceitação de mudança no estilo de vida, para manter a saúde ou mesmo prevenir a doença, seja realizada de forma consciente.

É preciso que nós enfermeiros ultrapassemos o mundo burocrático de nosso cotidiano levando ao individuo cada vez mais uma autonomia em suas escolhas numa percepção crítica onde está inserido utilizando à educação em saúde como estratégia para aumentar a qualidade saudável na vida de nossa clientela.

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18 Bibliografia

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Referências

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