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Reforma Tributária Contribuições de um Contador, Objetivando Melhoria de Prestação de Contas

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Academic year: 2021

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Reforma Tributária – Contribuições de um Contador, Objetivando

Melhoria de Prestação de Contas

Autor: Charles B. Holland, Contador, Conselheiro do CRC-SP, Sócio Diretor da Holland Consulting, Coordenador de Grupo de CEOs, e MBA – Wharton Business School, EUA. Ex-Diretor da 5ª Seção Regional, e da Nacional, do IBRACON. Email

charles@holland.com.br

Contribuições no Campo de Pessoas Jurídicas - Empresas, de Direcionamento Focado na Reforma Tributária, Objetivando Melhoria da Democracia por meio da Harmonização de Direitos e Obrigações entre as Empresas

O IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, é a entidade técnica que congrega os auditores independentes do País. Prestação de contas com ética e transparência é o foco de ação do nosso Instituto.

Sempre estivemos envolvidos no melhoramento de prestação de contas, via contabilidade, prestando serviços essenciais para a nossa Sociedade, e para o desenvolvimento de negócios, como um todo, e em particular, para a Comissão de Valores Mobiliários, Banco Central do Brasil, Secretárias da Receita, Federal, Estadual e Municipal, e nossos legisladores. Todos os assuntos que concernem ao exercício de cidadania, tomados no seu aspecto mais amplo, são motivos de atenção, discussão e busca de soluções em nossos Comitês Técnicos. Somos uma entidade focada na prestação de contas de empresas para os acionistas, a Sociedade, e o Estado, sempre com ética e transparência.

Conhecemos melhor as atuais mazelas praticadas no País, no que tange prestação de contas das empresas. Temos melhor conhecimento de práticas de desvios de retidão das empresas junto ao Estado. Onde os controles são frágeis, impera os desvios de retidão. Como auditores independentes tem acesso às melhores práticas de sistemas tributários em outros países, estamos em condições de prestar serviços relevantes para o melhoramento das atuais propostas de Reforma Tributária. Estamos aqui para contribuir para a melhoria das propostas de Reforma Tributária.

Sabemos que no mundo dos negócios, prestação de contas éticas pressupõe com contabilidade. Investimentos, crescimento sustentado e juros baixos somente são viáveis quando há prestação de contas.

Dito isto, as atuais propostas de Reforma Tributária não estão contemplando medidas para a melhoria da prestação de contas das empresas. Pelo contrário, estão omissas. As propostas atuais mantêm muitas mazelas e vícios.

Neste sentido, reportaremos questões que necessitam de reflexão e ação corretiva na elaboração e implantação da nova Reforma Tributária, no que tange às empresas.

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Fatos:

1. Onde há prestação de contas e contabilidade, há mais aderência às leis e menos sonegação. Onde não é obrigatória a prestação de contas e contabilidade (empresas no presumido e no simples), há menos aderência às leis, e mais sonegação. Compartilharemos, a seguir, algumas informações fornecidas pela Receita Federal, que comprovam esta afirmação e que merecem reflexão.

Declarações de pessoas jurídicas em 2001:

Modalidade Quantidade % de declarações % de arrecadação

Lucro real 208.929 7,3% 83%

Presumido 629.226 22,7% 10%

Simples 1.988.788 70,0% 7%

Movimento bancário (créditos nos extratos bancários), em relação à receita declarada para a Receita Federal:

Empresas no “Simples” 3,2 vezes

Empresas no “Presumido” 2,1 vezes

Empresas no “Real”, com contabilidade 1,6 vezes

Empresas no “Real”, com contabilidade e auditadas ? Menos que 1,6 vezes Companhias abertas, auditadas e transparentes ? Sonegação é mínima.

Movimento bancário de empresas (créditos nos extratos bancários), em relação à receita declarada para a Receita Federal, segmentos selecionados:

Serviços pessoais 5,9 vezes

Atividades imobiliárias 5,2 vezes

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Transporte e agências de viagens 4,4 vezes

Alojamento e alimentação 3,3 vezes

2. A Receita Federal, em conjunto com a Previdência Social, responsável pela arrecadação de 69% dos tributos do Brasil, não tem os recursos humanos necessários para desempenhar o seu trabalho, a fim de permitir harmonização dos direitos e das obrigações entre as empresas (vide Anexo 1).

3. O esforço de arrecadação é exercido nas companhias abertas e nas empresas que reportam pelo “lucro real”. Como esse número de empresas está diminuindo, o Governo está continuamente aumentando os impostos sobre as empresas que reportam no “formal”. Por exemplo:

Nas empresas de serviços, as médias e grandes empresas recolhem sobre receitas em torno de 31% de impostos (sobre que reportam), as microempresas recolhem 4,6% a 6,6% (sobre que reportam), e as pequenas 14,2% (sobre que reportam) (vide tabulação acima de sonegação, preparado pela Receita Federal).

Nas empresas de manufatura, as empresas com faturamento anual acima de R$1.200.000 recolhem ou pagam indiretamente impostos em torno de 43% sobre suas receitas “reportadas”, as microempresas pagam em torno de 10,7% de impostos sobre as receitas “reportadas” (no cálculo incluímos o ICMS e IPI não compensados nas compras de matérias-primas), e as pequenas até 31% de impostos (assumindo o ICMS de 18%), sobre as receitas “reportadas” (vide tabela de sonegação, preparada pela Receita Federal).

4. Na maioria dos países desenvolvidos, a auditoria estatutária é obrigatória para todas as empresas, excluindo as microempresas. No Brasil, somente 0,3% das empresas são auditadas (um dos países menos auditados no mundo) (vide Anexo 2).

5. A carga tributária atual está em torno de 37% do PIB (25,7% em 1993, e sempre crescente, até os níveis atuais). Segundo estudo da ATKearny, as cargas tributárias dos nossos futuros parceiros da ALCA são: Argentina – 20%, Canadá – 35%, México – 22%, Uruguai – 16%, Paraguai – 11% , Estados Unidos – 29%. Com a introdução da ALCA, a partir de 2005, a carga tributária do Brasil terá de ser competitiva, para atrair/manter investimentos, num mercado aberto para livre comércio, movimentação de capitais e negócios, na região das Américas.

6. Dos 37% do PIB arrecadados, em torno de 8/9% do PIB são utilizados pelo Governo para pagar juros sobre suas dívidas (vide comentários no parágrafo abaixo).

7. As taxas de juros praticadas no mercado refletem o grau de desconfiança dos aplicadores. Países com credibilidade/prestação de contas obrigatória, via contabilidade, praticam juros reais baixos – 0% a 3%. Países com baixa credibilidade e pouca prestação de contas via contabilidade praticam juros reais acima de 3% (no Brasil, o próprio Governo financia sua dívida, pagando juros de 26% ao ano, enquanto a inflação é inferior a 10% ao ano). As

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empresas estão pagando juros reais de 20% a 100% anuais. Indivíduos estão pagando juros reais anuais em torno de 30% a 200%.

8. Segundo se noticia, menos de 20% das empresas, excluindo as microempresas, têm um sistema compreensível de prestação de contas, por meio da contabilidade. O Governo, com uma Secretaria da Receita Federal subdimencionada em termos humanos, tem dispensado a prestação de contas por meio da contabilidade (vide Anexo 3 – Benefícios da obrigatoriedade da contabilidade para as empresas e para a sociedade.

9. O sistema tributário para empresas que reportam pelo lucro real (208.729 empresas em 2001) é complexo e oneroso, e particularmente para empresas auditadas, onde há mais retidão na prestação de contas. Exemplos de impostos e contribuições criados nos últimos vinte anos, objetivando o aumento da arrecadação:

• Contribuição social sobre lucros (na realidade é um imposto de renda, com outra denominação).

• PIS e Cofins sobre receitas, em adição ao ICMS e IPI.

• Diversas novas contribuições e taxas sobre as folhas de pagamento. A carga tributária para empresas que reportam no lucro real é bem superior àquela de outros países das Américas.

Com tanta tributação no mercado formal, mais de 50% das pessoas estão trabalhando na informalidade.

Recomendações para o Direcionamento Focado na Reforma Tributária para Empresas

1. Eliminar, em bases graduais – digamos, em três anos -, a opção de empresas com receitas de até R$48 milhões de entregarem declarações de imposto de renda pelo “presumido”, com dispensa de prestação de contas, por meio da contabilidade.

Benefícios: Detalhadas no anexo 3. Redução de sonegação. Vide extenção de sonegação, na páginas 1 e 2, item 1.

2. Simplificar e reduzir o número de impostos, taxas e contribuições, no âmbito federal, estadual e municipal.

Benefícios: Aumento de produtividade e competitividade, via redução de burocracia e do “Custo Brasil”.

3. Introduzir tratamento diferenciado para empresas que optarem em não prestar contas para a sociedade e/ou o Governo, por meio da contabilidade. Aumentar a arrecadação daqueles que optarem pela informalidade, tributando com base na movimentação bancária. Reduzir concomitantemente os impostos sobre o mercado formal.

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Benefícios: Medida eficiente para estimular a “retidão”.

4. Introduzir um quadro, inicialmente opcional, nas declarações de imposto de renda, para fornecer os detalhes das contas bancárias, e os montantes de CPMF recolhidos no ano. Esses optantes teriam o benefício de alíquotas de imposto de renda menor. Os não-optantes teriam o benefício de maior atenção da Secretaria da Receita Federal.

Benefícios: Medida eficiente para estimular a “retidão.

5. Fortalecer a Secretaria da Receita Federal para atender às necessidades efetivas, e promover melhor a harmonização de direitos e obrigações entre todas as empresas no Brasil. A própria Secretaria da Receita Federal tem estudos, que não têm sido aproveitados, por motivos políticos (lobby do mercado informal forte, que não quer melhorias de prestação de contas).

Benefícios: Aumento de “retidão” das empresas, melhoria de prestação de contas, e maior harmonização de direitos e obrigações entre todas as empresas

Essas contribuições estão em consonância com a nossa visão de que todos os assuntos que concerne ao exercício da cidadania, tomados no aspecto mais amplo, são motivo de atenção, discussão e busca de soluções. Estamos colaborando para uma nova bandeira “Reforma Tributária com Transparência e Ética. A Sociedade Brasileira Exige. Os Legisladores atendem aos anseios da Sociedade”.

Anexo 1 – Deficiências de Recursos Estruturais e Humanos na Secretaria da Receita Federal Anexo 2 – Campo de Atuação da Auditoria Independente no Brasil e no Resto do Mundo Anexo 3 – Benefícios da Obrigatoriedade da Contabilidade para as Empresas e para a Sociedade

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Anexo 1 - Deficiências de Recursos Estruturais e Humanos na Secretaria da Receita Federal

A Receita Federal, órgão público do Governo Federal, há mais de 10 anos tem tido restrições para novas contratações. Este órgão é responsável pela fiscalização da arrecadação de todos os impostos, taxas e contribuições de responsabilidade da União, junto às 3 milhões de empresas, 25 milhões de contribuintes, fiscalizando todos as entradas e saídas dos portos, aeroportos, fronteiras, e nosso litoral. Conseqüentemente, com falta de fiscais, a Receita Federal teve de ser criativa, para simplificar o processo de arrecadação. Para fins de recordação, em 1970 a Receita Federal tinha 20.000 fiscais, em 1990 tinha 5.500, e em 2003, segundo se noticia, tem 7.000 fiscais. A Bahia tem 20.000 fiscais para fazer trabalho semelhante, no âmbito estadual.

Portanto, nos anos 90, por iniciativa da Receita Federal, devidamente transformadas em leis, criou-se a forma de arrecadação pelo sistema “Simples”, para empresas com receitas até R$1.200.000, e pelo sistema “Presumido”, para empresas com receitas anuais até R$48.000.000. Em ambos os casos, as leis que criaram o “Simples”, e o “Presumido” dispensaram a necessidade de registros contábeis. Muitos, erroneamente, interpretaram que se o fisco não exigia contabilidade, para que fazer contabilidade, ou continuar fazendo contabilidade?

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Anexo 2 – Campos de Atuação da Auditoria Independente, no Brasil e no Resto do Mundo

O Brasil ainda não entrou na era da auditoria independente. Aqui, apenas 3.000 empresas - 0,3% das existentes - são obrigadas a prestar contas, o que representa um desestímulo à prática da ética. Além desse forte apelo social, recorrer a essa especialidade também se mostra altamente saudável do ponto de vista econômico. Exemplo: ajudaria a reduzir o risco Brasil, diante do capital internacional voltado para investimentos produtivos. Nada mal, nesses tempos de globalização. A auditoria estatutária faz bem em todos os sentidos. O país trabalharia muito melhor e, é claro, teria um sono bem mais tranqüilo.

AUDITORIA INDEPENDENTE

População para cada

Extensão da obrigatoriedade auditor independente

Exceto

Abertas por exigência de acionistas,

pequenas credores ou Holanda 899

Sem exceções Exceto pequenas e médias outros Inglaterra 1.316

Hong Kong 1.386

• Arábia Saudita • Inglaterra • Alemanha • Holanda • Áustria • EUA Canadá 1.508

• Argentina • Índia • Bolívia • Japão • Bélgica EUA 2.327

• Egito • Nova Zelândia • Canadá • México França 4.310

• Equador • Cingapura • Espanha • Noruega Alemanha 4.558

• El Salvador • Tailândia • Filipinas • Portugal África do Sul 4.591

• Guatemala • Finlândia • Suécia Chile 8.711

• França • Suíça Argentina 13.205

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Anexo 3 - Benefícios da Obrigatoriedade de Contabilidade para as Empresas e para a Sociedade

Para as empresas:

• Melhoria da qualidade das informações de negócios.

• Transparência dos negócios para todos os acionistas e quotistas, de forma clara e compreensível, aderindo à linguagem universal de negócios, a contabilidade.

• Prestação de contas e controles internos melhores.

Para a sociedade:

• Redução da evasão fiscal

• Democratização das responsabilidades de pagamento de impostos, mediante melhor aderência às obrigações junto ao Estado, por parte da Sociedade.

• Promoção de mais confiança nos negócios, fundamental para atrair e reter investimentos produtivos no Brasil.

• Redução de riscos e, conseqüentemente, redução das taxas de juros. • Viabilização da implantação da lei de participação de lucros.

• Viabilização de políticas governamentais que vinculam aumentos salariais a aumentos de produtividade.

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Anexo 4 - Tributação Atual nas Empresas de Serviços e de Manufatura Empresas de Serviços

Uma empresa de serviços de médio porte para cima, com faturamento acima de R$1.200.000 anuais, está sujeita aos seguintes impostos: sobre o faturamento, até 5% a título de ISS; 0.65% de PIS, e 2% a 3% de Cofins; sobre o lucro tributável de 27% a 37%; encargos trabalhistas, excluindo FGTS, de 27,8% sobre os salários pagos, mais CPMF de 0,38% sobre pagamentos.

Enquanto isto, as microempresas de serviços estão sujeitas a 4% a 6% de imposto “Simples” sobre o faturamento, e as pequenas, até R$1.200.000 de faturamento anual, de 5,4% a 8,6% de imposto “Simples”, ISS de até 5%, mais CPMF de 0,38.

As diferenças de tributação são enormes. Enquanto as médias e grandes empresas recolhem sobre receitas em torno de 31% de impostos, as microempresas recolhem 4,6% a 6,6%, e as pequenas, em torno de até 14,2%.

Empresas de Manufatura

As empresas de manufatura com faturamento acima de R$1.200.000 anuais estão sujeitas aos seguintes impostos: sobre faturamento - ICMS de até 18% (na média 17%), IPI variável, dependendo do produto (na média 10%), PIS de 0,65% e Cofins de 2% a 3%; sobre o lucro tributável de 27% a 37%; encargos trabalhistas, excluindo FGTS de 27,8% sobre os salários pagos, mais CPMF de 0,38% sobre pagamentos.

As micros e pequenas empresas, com faturamento de até R$1.200.000 anuais, não estão sujeitas a ICMS, ou sujeitas a ICMS reduzido. Todos os impostos e taxas federais e os encargos trabalhistas estão substituídos pelo imposto único “Simples”, de 3,5% a 9,1% sobre o faturamento, mais CPMF de 0,38%.

Novamente, as diferenças de tributação são enormes. Enquanto as empresas com faturamento anual acima de R$1.200.000 recolhem ou pagam indiretamente impostos de em torno de 43% sobre suas receitas, as microempresas pagam em torno de 10,7% de impostos (no cálculo incluímos o ICMS e IPI não compensado nas compras de matérias-primas), e as pequenas até 31% de impostos (assumindo ICMS de 18%).

X X X

Apesar da carga tributária para os pequenos empresários ser diminuta, muito abaixo do praticado em outros países desenvolvidos, a evasão tributária é enorme, segundo estudos da Secretaria da Receita Federal. Vide página 2 para compreender a extenção da sonegação.

Referências

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