• Nenhum resultado encontrado

CONTRIBUIÇÃO DO FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA COMERCIAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CONTRIBUIÇÃO DO FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA COMERCIAL"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

Roselene Anelise Kelzenberg¹ Clari Schuh²

RESUMO

Este estudo tem como tema a utilização do fluxo de caixa como instrumento de gestão financeira e apoio à tomada de decisão. A empresa objeto de estudo é uma empresa do ramo comercial. A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa-ação, de natureza descritiva, documental com abordagem qualitativa e quantitativa dos dados. Para tanto, procurou-se identificar os controles financeiros do estabelecimento de um ambiente de controle. De posse destas informações, se identificou uma estrutura de fluxo de caixa adequada às necessidades da organização, que resultassem na elaboração do Fluxo de Caixa projetado para o primeiro trimestre de 2011, e posteriormente comparado com o realizado. Os resultados encontrados permitem a comprovação de que a empresa possui um grande potencial financeiro, porém necessita um melhor gerenciamento financeiro. Conclui-se que o fluxo de caixa proposto e comparado com o realizado, despertou interesse dos gestores em relação a sua credibilidade, demonstrando que a empresa pode melhorar a qualidade do processo decisório da organização. Desta forma pode aumentar a rentabilidade da empresa.

Palavras-chave: Fluxo de Caixa; Planejamento Financeiro; Tomada de Decisão. ABSTRACT

This study has as its theme the use of cash flow as an instrument of financial management and decision-making support. The company object of study is a commercial company. The search is characterised as a research-action, of a descriptive nature, documentary with qualitative and quantitative approach. For both, tried to identify the financial controls of the establishment of a control environment. Possession of this information, if identified a cash-flow structure appropriate to the needs of the Organization, which resulted in the preparation of projected cash flow for the first quarter of 2011, and subsequently compared with the accomplished. The results found allow a demonstration that the company has a great financial potential, but needs a better financial management. It is concluded that the proposed cash flow compared with the accomplished, aroused the interest of managers in relation to your credibility, demonstrating that the company can improve the quality of the decision-making process of the organization. In this way increasing the profitability of the company.

Key-words: Cash Flow, Financial Planning, Decision-Making.

Graduanda do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Dom Alberto ² Mestre em Ciências Contábeis e professora da Faculdade Dom Alberto

(2)

1 Introdução

Perante a atual realidade econômica e financeira, em que a concorrência é acentuada, o lucro está minimizado e a difícil tarefa de sobreviver no mercado exige dos gestores a busca de instrumentos que auxiliem em seus negócios, as empresas estão cada vez mais dependentes de informações gerenciais que estejam disponíveis em tempo hábil, por isso a empresa transforma essas informações em negócios financeiros.

Para ter essas informações em curto prazo é necessário um perfeito gerenciamento do Fluxo de Caixa, que é uma ferramenta adequada para controlar os recursos financeiros das organizações e importante instrumento de análise para os dirigentes na tomada de decisão. A continuidade da empresa e a satisfação de seus proprietários estão diretamente ligadas à gestão financeira, o resultado financeiro interfere diretamente no resultado final da empresa. Nesta perspectiva, Gitman (1997) explica que por meio da utilização de um controle de caixa pode obter informações capazes de auxiliar o gestor na avaliação do negócio.

Contudo, há casos em que este instrumento de controle não é utilizado de forma adequada. E a não observância de uma avaliação correta do fluxo de caixa pode inviabilizar a organização, uma vez que a falta de recursos pode implicar na maximização das despesas, por meio do acréscimo no pagamento de juros e outros gastos (ZDANOWICZ, 2002). Desta forma, constata-se a importância do fluxo de caixa para as organizações, uma vez que este instrumento pode auxiliar o gestor no estabelecimento de ações que busquem a perenidade da organização.

Neste sentido, o presente estudo concentra-se na área de controladoria, abrangendo a análise da utilização do fluxo de caixa como ferramenta de apoio a tomada de decisão de uma empresa comercial estabelecida no município de Santa Cruz do Sul/RS. Para tanto, de modo mais específico busca-se: evidenciar a importância do fluxo de caixa na gestão financeira; realizar um levantamento histórico, do período de outubro-dezembro/2010 dos ingressos e desembolsos de caixa; propor uma estrutura de fluxo de caixa projetado para o primeiro trimestre de 2011, indicando as tendências de queda e crescimento dentro do período analisado e analisar os resultados da mesma no período objeto do estudo, buscando contribuir na melhoria do processo de gestão.

(3)

Diante deste tema, considerando que o fluxo de caixa revele-se um dos principais instrumentos de análise e avaliação financeira das organizações, busca-se responder a seguinte questão de pesquisa: A utilização do fluxo de caixa como instrumento de gestão e decisão, pode melhorar o processo decisório da empresa?

A realização do presente estudo justifica-se por apresentar uma contribuição para a empresa objeto de estudo e está estruturado da seguinte forma: inicialmente apresenta-se a fundamentação teórica da pesquisa; a seguir, descrevem-se o método e os procedimentos do estudo; por fim, apresentam-se os resultados e as considerações finais encontradas na pesquisa.

2 Fundamentação Teórica

2.1 A Contabilidade como Sistema de Informação

De acordo com Iudicíbus, Martins e Gelbcke (2007, p.29), “contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização”. Neste sentido, a Contabilidade fornece informações de maneira organizada num sistema de controle adequado e planejado às atividades da empresa, ao mesmo tempo em que são estruturados os principais relatórios que devem fazer parte do processo contábil.

Tais informações devem atender os diferentes usuários da organização, fornecendo informações úteis e oportunas. Segundo Iudicibus, Martins e Gelbcke (2007), a existência da Contabilidade decorre da necessidade de se conhecer e controlar os componentes e as variações do patrimônio, através do registro dos fatos contábeis, para demonstrar a qualquer momento, seu estado e suas variações, prestando colaboração imprescindível, não apenas para a boa administração, mas até para a própria existência da empresa.

Os autores explicam que “a finalidade da Contabilidade é assegurar o controle do Patrimônio, fornecer informações sobre a composição e as variações patrimoniais bem como, apurar o resultado das atividades econômicas desenvolvidas para alcançar seus fins”. Dentre os relatórios contábeis produzidos pela contabilidade, um dos principais é a demonstração do fluxo de caixa (SANVICENTE, 2002).

(4)

O planejamento financeiro é um importante instrumento de gestão para as empresas. É através deste que se realizam as projeções desejadas pelos gestores, para prospecção de resultados futuros. Desta forma, é possível comparar os resultados previstos, assim como os resultados realizados por determinado período.

Entretanto, Welston e Brigham (2000) evidenciam que, para um planejamento financeiro ser eficiente, é preciso que o gestor observe algumas variáveis que podem influenciar a entrada e saída de recursos do caixa das empresas. Informações relacionadas às vendas da empresa, lucros desejados e/ou retorno sobre os ativos investidos, muitas vezes recebem influencia do mercado.

Segundo Ross, Westerfield e Jaffe, (2002, p.523), “O planejamento financeiro estabelece o método pelos quais as metas financeiras devem ser atingidas. Possui duas dimensões: prazo e nível de agregação”. Os autores destacam que o plano deve ser feito num período futuro, este período pode ser de curto prazo que é representado pelos próximos 12 meses e em longo prazo que pode ser de dois a cinco anos.

De acordo com Gitman (2006), o planejamento financeiro é importante porque estabelece orientação para a direção, coordenação e o controle das decisões da administração da empresa. Os dois elementos essenciais que envolvem o planejamento financeiro são a elaboração de orçamento de caixa e o planejamento de resultados, os quais são úteis para fins de planejamento interno.

Nesta perspectiva, Zdanowicz (2002) complementa explicando que a otimização das aplicações de recursos próprios e de terceiros nas atividades que mais geram retorno para a empresa, faz com que seus recursos não fiquem ociosos. Ao que se refere às necessidades de caixa, Campos Filho apud Gitman (1997, p. 586) afirma que o planejamento de caixa “ é a espinha dorsal da empresa. Sem ela não se saberá quando haverá caixa suficiente para sustentar as operações ou quando se necessitará de financiamentos bancários”.

Oportunizar o administrador com a possibilidade de visualizar as atividades desenvolvidas dentro da empresa é a principal vantagem da utilização do fluxo de caixa, além de demonstrar as operações financeiras diárias e possibilitar a programação dos ingressos e desembolsos de caixa (ZDANOWICZ, 2002). Percebe-se assim a importância do planejamento financeiro nas organizações, uma vez que, por meio deste, torna-se possível avaliar a organização como um todo, projetar seu desempenho, identificando assim resultados.

(5)

2.3 Fluxo de Caixa

Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002), o fluxo de caixa é a diferença entre a quantidade de dinheiro que entrou no caixa e a quantidade de dinheiro que saiu. Com este tipo de controle torna-se possível identificar qual o valor líquido que sobrou no final do período analisado.

Para Zandowicz (2002, p. 40), fluxo de caixa é “o conjunto de ingressos e desembolsos de numerários ao longo de um período projetado. Consiste na representação dinâmica da situação financeira de uma empresa”.

Desta forma, pode-se entender que a projeção do fluxo de caixa contribui como um instrumento de gestão que auxilia a identificação antecipada de eventual necessidade de recursos, a qual pode afetar o desempenho da empresa. Logo, uma organização sem recursos poderá ter dificuldades em honrar compromissos, ou ainda, ter um acréscimo adicional em seus custos e/ou despesas operacionais, em função de encargos de financiamento.

Com relação às principais transações que diminuem o caixa, Zdanowicz (2002), destaca: pagamentos de dividendos aos acionistas; pagamento de juros e amortização da dívida; aquisição de item do ativo permanente; compras à vista; pagamentos a fornecedores; pagamento de despesa, custos e contas a pagar. Para o autor, as maiores causas da falta de recursos na empresa se dão pela crescente nas vendas de forma descontrolada aumentando o custo, aumento do prazo de pagamento das vendas para conquistar uma fatia maior do mercado e a excessiva distribuição dos lucros ou rendimentos dos sócios.

Desta forma entende-se que o fluxo de caixa pode ser considerado um instrumento de apoio financeiro, estimando as entradas e saídas de valores do caixa em determinado período de tempo, onde estas entradas e saídas são oriundas das contas a pagar e contas a receber. Com relação as contas a receber, ingressos da organização, Assaf Neto (2003) explica que estas por sua vez nada mais são do que um direito adquirido decorrente da venda de mercadorias, bens e serviços, em que também podem ser retratadas as vendas ainda não realizadas pela empresa. Já as contas a pagar são obrigações adquiridas mediante compras de mercadorias realizadas pela empresa, que podem ter seu fim para a revenda ou industrialização, também decorrentes de impostos, despesas fixas e investimentos.

(6)

Para Ross, Westerfield e Jaffe, (2002), o saldo ótimo de caixa envolve um equilíbrio entre custo de oportunidade e a manutenção de saldos elevados de caixa e os custos de negociação decorrentes a manutenção de saldos baixos. Neste sentido, com os saldos baixos a empresa precisa vender títulos para acumular caixa aumentam os custos de transação, e por outro lado os custos de negociação serão cada vez menores quanto maior for o saldo de caixa, e os custos de oportunidade crescem com o saldo mantido, pois é uma aplicação que não rende juros à empresa.

2.4 Utilização do fluxo de caixa como ferramenta de gestão

Com a crescente necessidade em se obter cada vez melhores produtos e serviços a preços competitivos, torna-se necessária uma melhor organização dos recursos disponíveis nas empresas. Em relação às questões de ordem financeira, estas precisam ser monitoradas constantemente, visto que das disponibilidades da organização é que se realizarão os investimentos.

De acordo com Gitman (2006), o fluxo de caixa é um dos instrumentos de gestão que podem ser utilizados pelas empresas no planejamento financeiro de seus recursos. Em face desta necessidade, a elaboração de um fluxo de caixa se torna uma ferramenta importante, uma vez que este poderá auxiliar grandes, micros e pequenas empresas a obter um maior controle sobre suas operações e suas disponibilidades ou até mesmo, ausências de caixa na organização.

Segundo Frezatti (1997), a situação financeira da empresa só é analisada no momento em que esta se encontra com dificuldades, é quando o fluxo de caixa parece ser a única salvação, em que os gestores esperam obter informações de quando a empresa terá caixa disponível para honrar com suas obrigações ou realizar novos investimentos. Sendo que no momento em que esta empresa se encontra em uma situação econômica satisfatória, não se preocupa com o lado financeiro, quando na realidade os dois resultados deveriam estar integrados.

Utilizar o fluxo de caixa como ferramenta gerencial em uma organização, não significa substituir a contabilidade e seus relatórios gerenciais, mas sim tornar este um aliado no processo de tomada de decisão. O fato de reconhecer o fluxo de caixa como um subsídio de informações adequadas já pode ser considerado um grande passo dado pelos gestores da empresa (FREZATTI, 1997).

(7)

Observa-se a importância do fluxo de caixa, no processo decisório de uma organização. É por meio deste que a empresa como um todo é avaliada, ou seja, por meio de seus resultados.

Frezatti (1997) sugere que o fluxo de caixa pode ser utilizado de duas formas pelos gestores das organizações, como um instrumento tático ou estratégico. Na abordagem tática, o autor explica que o fluxo de caixa é utilizado apenas como um instrumento de acompanhamento no dia-a-dia das empresas, onde é possível negociar entradas e saídas de caixa, podendo antecipar ou postergar pagamentos quando necessário. Já na abordagem estratégica, o fluxo de caixa é visto como uma ferramenta que auxilia os gestores em decisões ligadas a novos projetos e investimentos, não apenas em curto prazo, mas principalmente em longo prazo.

De uma maneira geral, para que o fluxo de caixa possa ser uma ferramenta realmente útil para gestores, é preciso que todas as áreas da empresa estejam interligadas e colaborem para que as informações cheguem até o setor responsável pelo financeiro. De nada adianta a área de compras fechar bons negócios sem se comunicar com a área financeira, pois poderá não haver dinheiro para saldar os valores empenhados na data necessária.

3 Metodologia

Neste item apresenta-se a metodologia utilizada na realização da pesquisa. Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica, com a finalidade de se obter conhecimento e embasamento científico sobre o assunto pesquisado, de forma a auxiliar no desenvolvimento do trabalho. Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 66), a pesquisa bibliográfica “constitui parte da pesquisa descritiva ou experimental, quando é feita com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura resposta”.

O trabalho proposto surgiu da necessidade de demonstrar aos gestores da organização pesquisada a importância da utilização do fluxo de caixa como instrumento de gestão financeira, em que se procurou acompanhar o ambiente de negócios e a cultura dos gestores com a finalidade de se obter informações sobre quais ferramentas de gestão financeira que a empresa utiliza. O período de análise e realização do estudo compreendeu os meses de outubro de 2010 a março de 2011.

(8)

A pesquisa caracteriza-se ainda como uma pesquisa-ação, de natureza descritiva, documental, com abordagem qualitativa e quantitativa dos dados, pois identifica um determinado problema, realiza-se uma ação para resolver este problema e após com análise do sucesso desta ação, caso não tenha sido satisfatório, tenta novamente. Beuren (2003, p. 90) explica que “é importante promover a participação de todos, mergulhando profundamente na cultura e no mundo dos sujeitos da pesquisa”. Desta forma, a interação entre pesquisador e o pesquisado, proporciona a maturidade do tema.

Para obter informações sobre a cultura da organização, modelo de gestão, a coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas, não estruturadas, com os gestores da organização. Nesta, procurou-se colher informações e dados não constantes em documentos, ou que não seriam possíveis de coletar em uma abordagem formal. As informações das atividades operacionais também foram coletadas nestes encontros, quando os gestores forneceram planilhas de controles da empresa, dados utilizados nas projeções do fluxo de caixa.

A análise dos dados foi realizada por meio de uma abordagem qualitativa, em que se estudaram o ambiente, o modelo de gestão e os recursos existentes, assim como também houve um tratamento quantitativo no que diz respeito à elaboração do fluxo de caixa. Como limitação da pesquisa, destaca-se a falta de fornecimento das demonstrações contábeis da organização, fator que pode ter influência na tabulação e análise dos resultados de determinado período.

4 Análise e Interpretação dos Resultados da Pesquisa 4.1 Caracterização da Empresa Pesquisada

A empresa pesquisada está situada no município de Santa Cruz do Sul/RS e é do ramo do comércio, com grande diversificação de mercadorias, entre outras, utilidades para o lar; eletrodomésticos; eletrônicos; bazar; e móveis. Sua visão foca em ter atendimento diferenciado aos seus clientes.

Atualmente, o quadro de colaboradores é constituído de quarenta e oito pessoas, mais os três gestores que são responsáveis pelo processo de gestão e supervisão. Cada setor tem um responsável e os demais são subordinados a ele, o que facilita no gerenciamento das atividades. A empresa não possui um rodízio relevante de seus colaboradores, o que facilita as atividades desempenhadas por

(9)

cada um deles e não sendo necessário novo treinamento. Em relação à credibilidade perante seus clientes, passa uma visão de empresa comprometida com o seu negócio, organizada e com um ambiente propício para se trabalhar.

4.2 O Fluxo de caixa na empresa em estudo

Na escolha do tema deste trabalho, foi analisada inicialmente a necessidade da empresa pesquisada e, mediante algumas análises com os gestores, foi possível verificar que a empresa não utilizava o fluxo de caixa como ferramenta e controle de gestão e tomada de decisão.

O fato de a empresa ter disponibilidade de capital de giro para atender necessidades financeiras imediatas faz com que os gestores não se preocupam em utilizar o instrumento do fluxo de caixa no controle, gestão e tomada de decisão. Na ocasião das entrevistas, destacou-se aos gestores que, por meio destas informações, estes conseguiriam visualizar os números da empresa, beneficiando-se destas informações no momento de tomar suas decisões estratégicas e de desenvolvimento do negócio.

Após as entrevistas, o primeiro passo foi coletar os dados quantitativos fornecidos pelos gestores, para propor uma estrutura de fluxo de caixa. E então, a partir do estudo aprofundado da teoria do fluxo de caixa e considerando-se a inexistência desse instrumento financeiro na empresa, elaborou-se um fluxo de caixa histórico, apresentado no Quadro1 para avaliar a situação financeira da empresa em estudo. Para fins deste estudo, o fluxo de caixa apresentado a seguir mostra analiticamente as receitas e despesas mais representativas para a organização.

QUADRO 1 – Fluxo de caixa histórico da empresa pesquisada

Descrição/Períodos outubro-10 novembro-10 dezembro-10 [1] Saldo inicial do caixa 545.386,00 604.899,64 668.384,64

dinheiro 187.934,00 198.572,00 265.782,00

cheques pré-datados 56.438,00 98.375,00 217.487,25

duplicatas a receber 239.638,00 263.594,00 321.087,00 cartões de créditos 265.698,45 230.769,00 240.674,00 outros recebimentos 212.976,00 207.269,00 455.256,23

[2 ] TOTAL DAS ENTRADAS 962.684,45 998.579,00 1.500.286,48

impostos s/vendas 185.873,00 192.537,00 280.647,00

fornecedores 326.835,00 310.267,00 428.254,23

(10)

água 1.975,00 2.056,00 3.540,00 luz 6.821,00 6.586,00 6.843,29 telefone 3.865,00 3.694,00 7.287,97 propaganda e marketing 6.496,00 7.594,00 7.600,00 despesas bancárias 4.583,00 4.200,00 4.900,56 comissões vendedores 12.436,00 15.342,00 25.746,00 pagamento de serviços 15.849,00 13.642,00 23.000,00 combustíveis 13.756,00 14.803,00 27.198,49

despesas com veículos 11.867,00 13.968,00 21.765,00 despesas com transporte 5.120,00 6.486,00 12.864,00

material de escritório 3.895,87 3.291,00 4.782,00 compra de equipamentos 12.875,00 7.495,00 8.534,00 outras despesas 176.387,00 167.301,00 171.584,00 [3] TOTAL DE SAÍDAS 903.170,81 935.094,00 1.214.189,54 [4] SALDO OPERACIONAL 59.513,64 63.485,00 286.096,94 [5] SALDO FINAL 604.899,64 668.384,64 954.481,58

Fonte: Adaptado de Zdanowicz (2002).

Destaca-se que, na composição do fluxo de caixa, tanto o saldo inicial quanto o saldo final não são apresentados sob o conceito amplo de caixa, pois não estão englobando as contas correntes e aplicações financeiras.

O saldo Inicial é o valor constante no caixa no início do período considerado para a elaboração do fluxo de caixa. É composto pelo dinheiro na “gaveta” mais os saldos bancários disponíveis para saque.

As entradas de caixa correspondem às vendas realizadas à vista, bem como a outros recebimentos, tais como duplicatas, cheques pré-datados, faturas de cartão de crédito etc., disponíveis como “dinheiro” na respectiva data. As saídas de caixa correspondem a pagamentos de fornecedores, pró-labore (retiradas dos sócios), aluguéis, impostos, folha de pagamento, água, luz, telefone e outras.

O saldo operacional representa o valor obtido de entradas menos as saídas de caixa na respectiva data. Possibilita avaliar como se comportam seus recebimentos e gastos periodicamente, sem a influência dos saldos de caixa anteriores. E o saldo final de caixa representa o valor obtido da soma do saldo inicial com o saldo operacional. Permite constatar a real sobra ou falta de dinheiro no período considerado e passa a ser o saldo inicial do próximo período.

Conforme pode-se visualizar no Quadro 1 houve um aumento considerável nos recebimentos do período de dezembro de 2010, sendo que é o mês de maior movimento no comércio, justifica-se pelo recebimento do 13º salário e festas de final de ano. Da mesma forma como teve aumento das despesas com salários e

(11)

encargos no mesmo período. Os demais itens que influenciam o fluxo de caixa apresentaram comportamento dentro do que era esperado.

A partir da elaboração do fluxo de caixa histórico verifica-se que a entidade vem apresentando bons resultados em termos financeiros. Contudo, percebe-se que a empresa carece de um instrumento de gestão financeira que propicie aos seus gestores uma visão antecipada dos fatos. Diante desta necessidade realizou-se a projeção do fluxo de caixa para o período janeiro a março de 2011, para comparar com o realizado neste período, buscando-se evidenciar a relevância desse instrumento como meio de programação das atividades e investimentos previstos para o período, como também para servir de mecanismo de controle.

Considerando que a empresa em estudo não utiliza o fluxo de caixa como instrumento de gestão, foi necessário diagnosticar a situação financeira da empresa por meio da elaboração do fluxo de caixa histórico, bem como para projetá-lo, foi preciso estabelecer algumas premissas orientadoras, que refletem os objetivos e metas a serem cumpridos no período de Janeiro-março/2011 para posteriormente comparar os resultados. Essas premissas foram identificadas e validadas por meio das entrevistas com os gestores e são a seguir apresentadas.

QUADRO 2 – Premissas orientadoras da projeção do fluxo de caixa 01- 03/2011

Descrição/Período Janeiro Fevereiro Março

Recebimento de duplicatas a receber 10% 2% 2%

Recebimento de cheques pré-datados 5% -

-Aumento dos recebimentos à vista - com promoções - - 15% Redução das despesas com salários e encargos 10% 10% 25%

Redução das despesas com energia elétrica 20% 20% 10%

Aumento das receitas com promoções 10% 10% 10%

Redução das despesas com comunicação 20% 20%

-Redução das despesas com propaganda 30% 20%

-Redução das despesas com combustíveis 30% 20% 5%

Redução das despesas com serviços 10% 10%

-Redução das despesas com transportes 10% 10% 5%

Redução das despesas com outras despesas 10% 10%

-Conforme o Quadro 2 percebe-se que se têm premissas com ajustes relevantes. Considera-se que o período-base para projeção dos valores posteriores foi dezembro de 2010, mês atípico aos demais meses do ano em função das festas de final de ano, pagamento de 13º salário; comércio mais aquecido.

(12)

Após a identificação das premissas partiu-se para a elaboração do fluxo de caixa da empresa para o período janeiro-março/2011.

QUADRO 3 – Fluxo de caixa projetado da empresa pesquisada

Descrição/Períodos janeiro-11 fevereiro-11 março-11 [1] Saldo inicial do caixa 545.386,00 671.087,43 781.705,81

dinheiro 187.934,00 198.572,00 265.782,00

cheques pré-datados 59.259,90 98.375,00 217.487,00

duplicatas a receber 263.601,80 268.865,88 327.508,74 cartões de créditos 265.698,45 230.769,00 240.674,00 outros recebimentos 212.976,00 207.269,00 523.544,66

[2 ] TOTAL DAS ENTRADAS 989.470,15 1.003.850,88 1.574.996,40

impostos s/vendas 185.873,00 192.537,00 280.647,00 fornecedores 326.835,00 310.267,00 458.254,23 salários e encargos 103.083,25 149.248,80 176.773,59 água 1.975,00 2.056,00 3.540,00 luz 5.456,80 5.268,80 6.158,96 telefone 3.092,00 2.955,20 7.287,97 propaganda e marketing 4.547,20 6.075,20 7.600,00 despesas bancárias 4.583,00 4.200,00 4.900,56 comissões vendedores 12.436,00 15.342,00 25.746,00 pagamento de serviços 14.264,10 12.277,80 23.000,00 combustíveis 9.629,20 11.842,40 25.838,57

despesas com veículos 11.867,00 13.968,00 21.765,00 despesas com transporte 4.608,00 5.837,40 12.220,80

material de escritório 3.895,87 3.291,00 4.782,00 compra de equipamentos 12.875,00 7.495,00 8.534,00 outras despesas 158.748,30 150.570,90 171.584,00 [3] TOTAL DE SAÍDAS 863.768,72 893.232,50 1.238.632,68 [4] SALDO OPERACIONAL 125.701,43 110.618,38 336.363,73 [5] SALDO FINAL 671.087,43 781.705,81 1.118.069,54

Fonte: Adaptado de Zdanowicz (2002).

Ressalta-se que a projeção contemplada no Quadro 3 foi baseada nas premissas orientadoras identificadas pelos gestores. Desta forma, após transcorrido o período projetado, foi feita a comparação do que realmente foi realizado, ou seja, se as premissas estabelecidas pelos gestores ocorreram da forma prevista. A comparação das projeções com o realizado está contemplado no Quadro 4.

QUADRO 4 – Fluxo de caixa projetado/realizado Janeiro a março/2011

jan/11 fev/11 mar/11

projetado realizado projetado realizado projetado realizado [1] Saldo inicial do caixa 545.386,00 671.087,43 133.338,00 781.705,81 230.898,00

dinheiro 187.934,00 193.764,00 198.572,00 201.621,00 265.782,00 279.130,00 cheques pré-datados 59.259,90 57.836,00 98.375,00 96.306,00 217.487,00 213.806,00

(13)

duplicatas a receber 263.601,80 253.761,00 268.865,88 258.265,00 327.508,74 332.069,00 cartões de créditos 265.698,45 268.294,00 230.769,00 238.362,00 240.674,00 250.120,00 outros recebimentos 212.976,00 209.643,00 207.269,00 205.287,00 523.544,66 500.942,00

[2 ] TOTAL DAS ENTRADAS 989.470,15 983.298,00 1.003.850,88 999.841,00 1.574.996,40 1.576.067,00

impostos s/vendas 185.873,00 192.656,00 192.537,00 180.580,00 280.647,00 292.746,00 fornecedores 326.835,00 331.328,00 310.267,00 322.078,00 458.254,23 464.931,00 salários e encargos 103.083,25 106.964,00 149.248,80 153.065,00 176.773,59 180.534,00 água 1.975,00 1.695,00 2.056,00 2.079,00 3.540,00 4.093,00 luz 5.456,80 4.365,00 5.268,80 5.876,00 6.158,96 6.973,00 telefone 3.092,00 2.958,00 2.955,20 3.010,00 7.287,97 7.790,00 propaganda e marketing 4.547,20 4.063,00 6.075,20 4.967,00 7.600,00 7.427,00 despesas bancárias 4.583,00 3.901,00 4.200,00 3.876,00 4.900,56 5.496,00 comissões vendedores 12.436,00 13.021,00 15.342,00 13.901,00 25.746,00 28.641,00 pagamento de serviços 14.264,10 10.647,00 12.277,80 15.386,00 23.000,00 25.915,00 combustíveis 9.629,20 7.369,00 11.842,40 10.025,00 25.838,57 28.610,00 despesas com veículos 11.867,00 10.746,00 13.968,00 11.028,00 21.765,00 25.961,00 despesas com transporte 4.608,00 4.756,00 5.837,40 4.864,00 12.220,80 10.965,00 material de escritório 3.895,87 4.042,00 3.291,00 2.997,00 4.782,00 4.280,00 compra de equipamentos 12.875,00 8.584,00 7.495,00 8.090,00 8.534,00 6.981,00 outras despesas 158.748,30 142.865,00 150.570,90 160.459,00 171.584,00 157.823,00

[3] TOTAL DE SAÍDAS 863.768,72 849.960,00 893.232,50 902.281,00 1.238.632,68 1.259.166,00

Fonte: Adaptado de Zdanowicz (2002).

A análise dos resultados se realizou em um curto período de tempo (de janeiro a março de 2011), porém anteriormente a esta etapa, houve um trabalho intenso no sentido de conscientização da importância das projeções e comparações do realizado. Destaca-se que o tempo de permanência dentro da empresa para que se chegasse a este resultado foi de 11 meses.

Comparando-se o fluxo de caixa projetado com o realizado, constata-se que, no item cheques pré-datados, houve um menor valor de recebimentos do que os projetados, assim como o item duplicatas a receber. Considera-se este item, um ponto crítico, por se tratar de previsão de inadimplência. Os demais itens não tiveram consideráveis variações entre o projetado e realizado.

Observa-se excesso de caixa nos períodos analisados, fato que chama atenção, e confirma o depoimento dos gestores em não utilizar o fluxo de caixa como instrumento de gestão. Neste caso, se recomenda que a empresa aplique os excedentes de caixa em operações rentáveis. Logo, além de a empresa estar obtendo ganhos de produtividade, estará também obtendo ganhos financeiros, desta forma maximizando seus resultados.

(14)

5 Considerações finais

O fluxo de caixa é construído a partir das informações relativas a todos os dispêndios e entradas de caixa já conhecidos e dos projetados. Para a elaboração do fluxo de caixa, a empresa precisa dispor internamente de informações organizadas que permitam a visualização das contas a receber, contas a pagar e de todos os desembolsos geradores dos custos fixos.

A forma de obtenção e organização dessas informações auxiliares passa pela utilização de ferramentas de gestão, cuja forma dependerá do tipo da empresa, do seu porte e da disponibilidade financeira. O fluxo de caixa é um grande sistema de informações para o qual convergem os dados financeiros gerados em diversas áreas da empresa. A maior dificuldade para se ter um fluxo de caixa realmente eficaz é gerenciar adequadamente este sistema de informações.

Neste sentido, uma projeção adequada a realidade do negócio, em que os problemas possam ser detectados antecipadamente, muito pode se fazer para eliminar definitivamente a falta de recursos, como também aplicar os excessos. Um dos benefícios obtidos a partir desse estudo foi o entendimento por parte dos gestores da empresa de que as reflexões advindas de um processo de elaboração de fluxo de caixa são de grande valia para a gestão administrativa e financeira da entidade. A proposta do estudo, depois de comparada com o realizado, foi bem aceita pelos gestores, uma vez que se pode ter uma visão mais clara dos ingressos e desembolsos de caixa, o que possibilitará melhorias na gestão financeira e administrativa. Desta forma a empresa, além de ganhos na produtividade, terá ganhos financeiros, assim, aumentando sua a rentabilidade

Os resultados encontrados permitiram a constatação de que a empresa tem um grande potencial financeiro, e que há necessidade de melhor aplicação dos excessos de caixa através de seus gestores. A empresa está disposta a melhorar o seu modelo de gestão financeira, tendo em vista que podem aumentar os seus rendimentos financeiros em aplicações em longo prazo.

Recomenda-se que a empresa mantenha um controle sistemático do seu fluxo de caixa, com um controle para que, assim, possa dimensionar a qualquer momento o volume de pagamentos e recebimentos, bem como fixar o nível desejado de disponibilidades para o período. Desta forma acredita-se que o objetivo do estudo foi atingido, pois gerou reflexões por parte dos gestores de que o fluxo de caixa é uma

(15)

ferramenta eficaz, e com seu gerenciamento pode-se aumentar os ganhos financeiros da empresa.

Conclui-se que não existe um modelo de fluxo de caixa melhor que o outro, tudo depende da necessidade de informação do usuário. Ressalta-se que apesar de sua validade o fluxo de caixa apresenta limitações em oferecer informações que diz respeito ao lucro e aos custos dos produtos da empresa.

6 Referências

ASSAF NETO, A. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. BEUREN, Ilse Maria. Gerenciamento da Informação: um recurso estratégico no processo de gestão empresarial. São Paulo: Atlas, 2003.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica: para uso dos estudantes universitários. 3. ed.SP: MCCRAW-HILL do Brasil, 2002. FREZATTI, Fábio. Gestão do fluxo de caixa diário. São Paulo: Atlas, 1997. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira; 7.ed.; Ed. Harbra; São Paulo; 1997.

______. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Education, 2006.

IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de Contabilidade. 7 ed. atual. São Paulo: Atlas, 2007.

ROSS, Stephen A; WESTERFIELD, Randolph W; JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira: Corpore Finance. São Paulo: Atlas, 2002.

SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração Financeira. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. 10 ed. São Paulo: Makron, Books, 2000.

ZDANOWICZ, José Eduardo; Fluxo de Caixa: Uma decisão de planejamento e controle financeiro. 9. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002.

Referências

Documentos relacionados

Diante da análise dos processos de medicação realizados no Hospital Universitário de Lagarto, a equipe de saúde foi questionada pela presença de dúvidas sobre

As questões tinham como base levantar procedimentos de controle financeiro, registro de entradas e saídas, software de registro, controle de contas a pagar,

ce ‘alexitímico’" (p.88), pelo contrário, as crianças são, geralmente, hipertí- micas e, progressivamente, vão aprendendo "através dos actos e, mais tarde, das palavras

Quanto as limitações desta pesquisa, destacam-se: (i) os dados foram coletados dos Relatórios de Gestão das Universidades Federais, no entanto, algumas

Apesar de possuir até 1992 apenas uma espécie descrita, há muito vinha sendo relatada a grande diversidade genética presente no gênero Bradyrhizobium (Hollis et al., 1981; Keyser

Medical records were reviewed years after diagnosis of fungus ball, we considered that those patients didn’t outcome to chronic necrotizing aspergillosis or invasive

Por que não reduzir a jornada de trabalho igualmente para homens e mulheres, de forma que ambos possam usufruir a companhia e os cuidados com os filhos pequenos e

3.1. O concurso consiste na criação de uma família de marcas para a Coordenadoria de Design e seus respectivos cursos, Bacharelado em Design, Técnico em Comunicação Visual e Técnico