Tonometria, Paquimetria, Curva Tensional Diária e Testes Provocativos
Daniel Meira-Freitas
Pós-Graduando, nível Doutorado, do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo
Luiz Alberto Soares Melo Jr.
Colaborador do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo
Introdução
A pressão intraocular é o resultado do equilíbrio dinâmico entre a produção e a drenagem do humor aquoso. A pressão intraocular média na população geral é 16 mmHg e tem uma distribuição não gaussiana, com assimetria à direita(1). O limite superior da normalidade mais frequentemente empregado nos estudos é 21 mmHg(2). Tal limite representa dois desvios-padrão acima da média populacional(3). A pressão intraocular é afetada pela variação do fluxo sanguíneo ocular. Redução da pressão arterial pode provocar redução da pressão intraocular, presumidamente como resultado da redução da perfusão coroidal(4). Estudos demonstraram que a compressão momentânea da carótida reduz dramaticamente a pressão intraocular(5,6). Por outro lado, o aumento da pressão venosa causado por colarinho apertado ou manobra de Valsalva provoca um aumento do volume sanguíneo na coróide que pode resultar em aumento transitório da pressão intraocular(4,7). A pressão intraocular pode ser afetada também pelo esforço acomodativo sustentado, devido ao aumento da drenagem do humor aquoso causado pela contração do músculo ciliar, o que causa uma significante redução pressórica em minutos(8).
Existem três métodos para avaliação da pressão intraocular: palpação, manometria e tonometria(1). A manometria é uma técnica invasiva que afere
precisamente a pressão dentro do olho, sendo referência para avaliação da acurácia dos tonômetros. Tonometria é a utilização de instrumentos para medida da pressão intraocular causando o mínimo de alteração ocular(1).
Com o descobrimento da associação entre hipertensão ocular e aumento da escavação do disco óptico, muitos tonômetros foram desenvolvidos a partir da segunda metade do século XIX. Dois princípios nortearam o desenvolvimento dos tonômetros. O princípio físico de Imbert-Fick declara que a pressão (P) no interior de uma esfera preenchida por fluído, perfeitamente seca, fina e polida, é diretamente proporcional à força (F) necessária para aplanar uma determinada área (A) de sua superfície (P = F/A)(9,10). O segundo princípio baseia-se no fato de que a indentação produzida por uma força pré-estabelecida é diretamente proporcional à pressão no interior da esfera (11).
Cada técnica de tonometria tem suas vantagens e desvantagens e a técnica ideal ainda não foi desenvolvida.
Tonometria de Aplanação
O princípio de Imbert-Fick permitiu a mensuração da pressão intraocular através da avaliação da força necessária para aplanar uma área pré-estabelecida (tonômetros de área fixa) ou através da mensuração da área aplanada por uma força fixa (tonômetros de força fixa). No final do século XIX, em Moscou, Alexei Maklakoff desenvolveu o primeiro tonômetro de aplanação, o protótipo do tonômetro de força fixa, um cilindro de metal com peso conhecido e extremidade plana(1). Um corante era instilado no olho e o cilindro posicionado sobre a córnea do paciente em posição supina. Em seguida, o cilindro era removido e a mancha tingida na superfície do tonômetro correspondente a superfície aplanada da córnea era mensurada para o cálculo da pressão intraocular através de tabelas de referência. A principal desvantagem do tonômetro de Maklakov era sua baixa reprodutibilidade (12).
Tonometria de Aplanação de Goldmann
Em 1955, Goldmann descreveu o seu tonômetro de aplanação de área fixa que até hoje é considerado o padrão ouro para a medida da pressão intraocular na prática clínica. A superfície de contato do tonômetro de aplanação de Goldmann é um cilindro plástico de 3,06 mm de diâmetro ligado a um braço metálico preso à lâmpada de fenda (Figura 1). A quantidade de força aplicada pelo cilindro é precisamente controlada através de um botão escalonado. Para determinar a pressão intraocular, anestésico tópico e fluoresceína são aplicados na superfície ocular. O corante se mistura ao filme lacrimal e fluoresce quando ativado pela luz azul de cobalto da lâmpada de fenda. Quando a superfície central da córnea é aplanada pelo cilindro, o filme lacrimal forma um menisco que é observado monocularmente através do centro do cilindro. O botão giratório escalonado então é ajustado até que a área de aplanação da córnea seja exatamente 3,06 mm de diâmetro. Isso é possível devido à presença de dois primas posicionados ápice com ápice dentro do cilindro, de tal forma que o anel fluorescente do menisco lacrimal é visto como duas miras semicirculares, uma superior e outra inferior. Quando, através do ajuste da força de contato do cilindro, as delimitações internas das miras se tocam, a orientação e poder dos prismas estão opticamente separados por exatos 3,06 mm(1). O método requer que o paciente esteja na posição sentada e deve ser usado acoplado a uma lâmpada de fenda(13).
Figura 1. Tonômetro de Goldmann.
Durante a aplanação, a rigidez da córnea empurra a ponta do tonômetro no sentido contrário. Essa força soma-se à pressão intraocular aferida e causa uma hiperestimativa. Já a tensão superficial do filme lacrimal gera uma atração por capilaridade que puxa a superfície do tonômetro na direção do olho, reduzindo a força necessária para aplanar a córnea, causando uma hipoestimativa da pressão intraocular. Goldmann assumiu uma espessura normal da córnea de 0,5 mm (medida com paquimetria óptica), que as forças da rigidez corneana e da tensão superficial do filme lacrimal se cancelariam e
que 0,1 g sobre uma área circular de 3,06 mm equivale a pressão de 1 mm Hg(14,15).
Astigmatismo corneano elevado pode induzir erro significante na tonometria de aplanação de Goldmann(16). Estudo com manometria evidenciou que a rotação do prisma fazendo um ângulo de 43º com o eixo do astigmatismo, em cilindro negativo, produz medidas mais acuradas. A marcação de 43º está indicada por um traço vermelho de cada lado da ponteira do tonômetro de Goldmann. Para se obter uma medida de pressão intraocular corrigida pela influência do astigmatismo corneano, deve-se girar a ponteira do tonômetro de Goldmann de forma a fazer coincidir o valor em graus do meridiano corneano mais plano (eixo do astigmatismo corneano em cilindro negativo) com um dos traços vermelhos da ponteira e depois aferir a pressão. Quando isso não é realizado, um erro pode ser induzido com hipoestimativa da pressão intraocular no astigmatismo a favor da regra e hiperestimativa no astigmatismo contra a regra(17). Córneas muito curvas demandam uma maior força para o aplanamento em relação a córneas mais planas, provocando uma hiperestimativa da pressão intraocular(18). Estudos que compararam a tonometria de aplanação de Goldmann com manometria evidenciaram que a espessura corneana avaliada através da paquimetria ultrassônica tem uma correlação positiva com a medida da pressão intraocular - cada 10 µm de espessura corneana causa um erro de 0,11 mm Hg a 0,71 mm Hg(19-22). Córneas edematosas têm elasticidade alterada, geralmente levando a hipoestimativa da pressão intraocular(15,23,24). Fluoresceína em excesso pode produzir miras mais largas resultando em hiperestimativa da pressão intraocular, enquanto que escassez de fluoresceína resulta em hipoestimativa (4). A determinação do ponto de encontro dos semicírculos é difícil em pacientes com córneas irregulares (devido a miras irregulares) ou pressão de pulso com amplitude aumentada(25,26). Alguns fatores podem falsear a pressão intraocular em qualquer método de tonometria, como o aperto das pálpebras pelo paciente, o movimento dos olhos ou o toque dos dedos do examinador
sobre o globo ocular(1). Quando um olho é submetido a aplanações repetidas com pequeno intervalos, ocorre uma redução da pressão intraocular, que é mais proeminente em olhos normais do que glaucomatosos(4,27). Tonômetros sem calibragem adequada induzem a erro, sendo recomendável aferição periódica da calibragem do tonômetro(28). Apesar das limitações, o tonômetro de aplanação de Goldmann é considerado o padrão ouro para o uso na prática oftalmológica. Estudos com manometria em olhos enucleados evidenciaram acurácia de 2-3 mmHg para esse tonômetro(15,29).
O contágio de doenças infecciosas é possível com todos os tonômetros de contato e por isso recomenda-se a desinfecção da cabeça do tonômetro, antes de cada paciente, com algodão umedecido com álcool isopropílico 70%(30) ou embebendo-se a ponteira do tonômetro por 5 minutos em peróxido de hidrogênio 3%, hipoclorito de sódio 0,5% ou álcool isopropílico 70%(1). Após a desinfecção do tonômetro, é recomendável a remoção do desinfetante da sua superfície para evitar dano ao epitélio corneano(31).
Tonômetro de Perkins
O tonômetro de Perkins utiliza o mesmo princípio da tonometria de Goldmann, porém é portátil, utiliza bateria, não necessita lâmpada de fenda e é provido de um sistema de contrapeso que permite medir a pressão intraocular com o paciente na posição supina ou sentado. Por isso ele é útil em crianças, idosos, pacientes acamados e na sala cirúrgica. Estudos com manometria evidenciaram boa acurácia desse tonômetro(4,19,32).
Tonômetro de sopro
O tonômetro de sopro (não-contato) aplana o ápice da córnea pela emissão de um jato de ar, também é baseado na lei de Imbert-Fick, e é classificado como um tonômetro de área fixa. A força aplicada pelo jato de ar aumenta linearmente durante uma fração de segundos, atinge uma área de superfície corneana pré-estabelecida causando uma aplanação e em seguida
uma leve concavidade. O momento da aplanação é detectado através de um sensor óptico posicionado para que um raio de luz obliqua seja refletido no sensor apenas quando a córnea estiver aplanada. Nesse exato momento, o pulso de ar é desligado. O computador calcula a força que foi necessária para aplanar a área da córnea e informa digitalmente na sua tela. Anestesia tópica é dispensável, entretanto, alguns pacientes referem desconforto com o jato de ar. Como o aparelho não entra em contato com o olho, a transmissão de doenças é improvável. A maioria dos tonômetros de sopro não é portátil e necessita que o paciente fique na posição sentada (Nidek NT-2000/3000/4000, Reichert AT 555 NCT). Porém já existem modelos portáteis como o Pulsair EasyEye (Keeler, Windsor, Reino Unido)(1).
Estudos demonstraram boa correlação entre os tonômetros de sopro e a tonometria de aplanação de Goldmann(33-37). Assim como o tonômetro de Goldmann, o tonômetro de não-contato de sopro também é influenciado pela espessura corneana(38). O tonômetro de sopro é mais preciso quando os níveis da pressão intraocular situam-se próximos aos limites da normalidade(39,40). Sua acurácia diminui nas pressões mais elevadas, em olhos com córneas irregulares ou na presença de nistagmo. Sua maior utilidade é para triagem, não sendo recomendado para diagnóstico e acompanhamento de pacientes com glaucoma(28).
Ocular Response Analyser
A estrutura da córnea humana tem características viscoelásticas. A variação dessa propriedade biomecânica teria potencial de provocar erro na medida da pressão intraocular ainda maior do que o provocado pela variação da espessura corneana(41). O Ocular Response Analyzer (ORA; Reichert Corporation; Depew, Estados Unidos da América) mede a resposta corneana a um jato de ar, utilizando o mesmo princípio do tonômetro de sopro. Um jato de ar padronizado atinge a córnea até que a aplanação seja atingida. Esse evento
ativa um dispositivo para desligar o pulso de ar. Porém antes que o pulso de ar seja efetivamente cessado, o aumento da pressão atinge um pico que provoca uma ligeira indentação na córnea. A pressão de ar, então, diminui progressivamente até parar completamente. O instrumento faz duas medidas da resposta corneana ao jato de ar: a força necessária para aplanar a córnea enquanto a pressão sobe (P1) e a força em que a córnea fica plana novamente enquanto a pressão diminui (P2). P2 sempre ocorre em uma pressão menor do que P1 e esse fenômeno é atribuído à propriedade viscoelástica da córnea. A média entre estas duas medidas é fornecida como um valor aproximado da medida da tonometria de Goldmann. O aparelho fornece duas medidas das propriedades biomecânicas da córnea: a histerese corneana e o fator de resistência corneana. A histerese corneana é a diferença entre P1 e P2, enquanto que o fator de resistência corneana é obtido através da fórmula P1 – k x P2, onde k é uma constante derivada de uma análise empírica entre a relação de P1, P2 e a espessura corneana central e foi desenvolvida com o propósito de obter um parâmetro corneano mais associado a espessura corneana do que a histerese(42). O fator de resistência corneana seria uma medida independente da pressão intraocular(42). O aparelho calcula também a pressão intraocular corrigida pela histerese corneana, que seria menos influenciada pelas propriedades corneanas(43). A variação normal da histerese corneana e a confiabilidade dos parâmetros das propriedades corneanas ainda estão indeterminadas.
Tono-pen
O Tono-pen® (Figura 2) é um tonômetro de aplanação portátil. Foi baseado no protótipo MacKay-Marg, no qual um gráfico era desenhado à medida que um pistão se deslocava devido ao contato com córnea, representando os estágios da aplanação da córnea. No Tono-pen, um microprocessador calcula a pressão intraocular baseando-se nessas curvas de aplanação.
Figura 2. Tono-pen.
A interface de contato é recoberta por uma capa de latex descartável e toca a córnea perpendicularmente. É especialmente útil em crianças, pacientes acamados, bem como naqueles com edema ou irregularidade corneana(44). Seu uso foi também descrito em olhos com lente de contato gelatinosa(45,46). Estudos mostraram uma boa correlação com a pressão aferida através de manometria e tonometria de Goldmann na faixa de variação fisiológica da pressão intraocular(47-50). Entretanto outros estudos evidenciaram que o Tono-pen hiperestima a pressão intraocular em níveis menores que 9 mm Hg e a hipoestima quando em níveis maiores que 21 mm Hg(51-53).
Tonometria de Indentação
O tonômetro de Schiötz foi baseado no princípio de que se um determinado peso é posicionado sobre uma esfera, a quantidade de indentação na sua superfície é diretamente proporcional à pressão no interior da esfera, considerando uma área de contato conhecida(11). O tonômetro de Schiötz é portátil, não necessita de lâmpada de fenda e é utilizado com o paciente na
posição supina. Seu pistão com peso padronizado entra em contato com a córnea provocando uma deformação. A quantidade de indentação é mensurada em uma escala, e as medidas são convertidas em milímetros de mercúrio através de uma tabela. Por ser econômico e fácil de usar, esse tonômetro foi rapidamente aceito no início do século XX e foi referência para medida da pressão intraocular durante décadas(11). Entretanto foi praticamente abandonado após o advento dos tonômetros de aplanação de Goldmann e de Perkins. Esse método tende a errar em olhos míopes, por exemplo, que tem rigidez menor que a média(54).
Tonometria de Contorno Dinâmico
A tonometria de contorno dinâmico (Pascal®) é uma técnica nova que realiza a medida da pressão intraocular através de um sensor piezo-elétrico externo (Figura 3). Como ela não se baseia na indentação ou aplanação da córnea, teoricamente independe das propriedades biomecânicas oculares(55). O mecanismo deste tonômetro se baseia no princípio de que um modelo corneano hipotético é alcançado quando a pressão é igual dentro e fora da câmara anterior. A distribuição da força necessária para adaptar a superfície corneana a esse contorno hipotético equilibra a distribuição de força gerada pela pressão intraocular. A ponta do tonômetro de contorno dinâmico tem essa concavidade hipotética, e ao tocar a córnea, a deformaria para atingir o equilíbrio entre a pressão intraocular e a pressão na interface córnea-tonômetro, e um sensor na ponta do tonômetro infere a pressão intraocular(55). O tonômetro de Pascal® é acoplado ao eixo óptico da lâmpada de fenda, fornecendo ao examinador, uma visão da interface de contato entre a córnea e a ponta do tonômetro. O sensor gera um sinal elétrico proporcional à pressão intraocular e a um ruído sonoro. A presença do som indica um contato ocular adequado. A medida dura aproximadamente 5 segundos e é finalizada pelo examinador ao afastar o tonômetro da córnea. O aparelho fornece a medida da pressão intraocular na diástole e a amplitude de pulso ocular, que é a diferença
entre a pressão intraocular medida na diástole e sístole do ciclo cardíaco. O papel da medida da amplitude de pulso ocular nas patologias oculares ainda não está bem estabelecido.
Figura 3. Tonômetro de Pascal.
Muitos estudos têm evidenciado que a tonometria de contorno dinâmico é menos influenciada pelas características corneanas como espessura(56-62) e alterações relacionadas à cirurgia refrativa(63-65). A tonometria de contorno dinâmico é uma tecnologia promissora, porém sua real utilidade na prática clínica ainda não foi determinada. Estudos serão necessários para avaliar a
confiabilidade e reprodutibilidade desse tonômetro em córneas com formatos anormais e com irregularidades de superfície.
Tonometria de Rebote
O tonômetro de rebote (iCARE®) foi introduzido recentemente, baseado em um novo método desenvolvido como uma forma não invasiva para mensurar a pressão intraocular, medindo o tempo de desaceleração de uma sonda ao tocar a superfície da córnea. Quanto maior a pressão intraocular, menor o tempo de desaceleração da sonda do aparelho após o impacto(1). O aparelho é portátil e não necessita de lâmpada de fenda. O examinador apóia o aparelho na testa do paciente, que deverá estar sentado, e ao acionar o dispositivo, atira um projétil de aço inoxidável revestido com uma capa plástica com uma ponta esférica. Essa sonda é mantida na posição por um campo magnético e é lançada na córnea através de uma mola propulsora. Um microprocessador então analisa a desaceleração da sonda após o impacto e calcula a pressão intraocular. A sonda é descartável, e o uso de anestésico não é necessário. O iCARE parece hiperestimar discretamente a pressão intraocular em relação ao tonômetro de Goldmann (66). Quanto a influência da espessura corneana, o iCARE parece ser mais influenciado do que os tonômetros de aplanação(67,68). O iCARE pode ser útil como ferramenta de triagem pelo seu fácil manejo e por ser confortável para o paciente.
Paquimetria Corneana
A medida da espessura da córnea é chamada de paquimetria corneana e pode ser realizada através de técnica óptica ou ultrassonográfica, sendo essa última mais fácil de executar e amplamente aceita como o método de escolha, com boa reprodutibilidade(69-71). Um problema prático para uso clínico da espessura central da córnea é se ela se mantém constante ao longo do tempo, se muda com a idade ou com o uso de medicações tópicas(72,73). Foi demonstrado que a espessura central da córnea diminui cerca de 0,3 a 0,7 µm
por ano(74,75), porém, essa pequena mudança não teria impacto na tonometria ou na tomada de decisão clínica(74). Inibidores da anidrase carbônica tópica podem aumentar a espessura da córnea, enquanto que análogos de prostaglandina podem reduzi-la(74). A espessura corneana central apresenta grande variação na população. Uma metanálise concluiu que a média da espessura corneana central normal em adultos é 535 µm variando de 473 a 597 µm(70). A espessura central da córnea pode variar entre populações. Por exemplo, os japoneses têm córneas mais finas do que os chineses e filipinos; brancos, chineses, hispânicos e filipinos têm valores de espessura corneana comparáveis, enquanto que as córneas dos afro-americanos são significativamente mais finas(76).
Tem havido muito interesse em caracterizar o impacto da espessura central da córnea na tonometria de aplanação. No entanto, nenhum método validado para corrigir a pressão intraocular com base nos valores da espessura corneana foi aceito universalmente para uso na prática oftalmológica. Os resultados do Ocular Hypertension Treatment Study (OHTS) indicaram que a espessura central da córnea pode ser um importante fator de risco para conversão de hipertensão ocular em glaucoma primário de ângulo aberto(77). Em um modelo de análise multivariada, que incluiu a pressão intraocular, a espessura central da córnea foi o componente mais importante do modelo preditivo. Os resultados do European Glaucoma Prevention Study (EGPS) apontaram que cada 40 µm de afinamento central da córnea conferem um risco duas vezes maior para o desenvolvimento do glaucoma em 5 anos(78). Apesar destes resultados, ainda há debate se o efeito da espessura central da córnea no risco de desenvolver glaucoma é através da sua influência na medida da pressão intraocular ou através da representação de características biomecânicas de tecidos oculares, ou ambas. Os estudos populacionais Early Manifest Glaucoma Trial (EMGT)(79) e o Barbados Eye Study(80) não encontraram associação significativa entre espessura central da córnea e glaucoma. Esses estudos tiveram em comum o fato de que o critério para
diagnóstico do glaucoma foi baseado em dano anatômico e funcional e não na pressão intraocular. No entanto, após 11 anos de seguimento dos pacientes do EMGT, a espessura central da córnea inicial foi um preditor de progressão do glaucoma em pacientes com maior pressão intraocular inicial(81).
A espessura corneana central tem sido considerada um fator de risco para o glaucoma. Pacientes com córneas mais finas teriam um pior prognóstico. No entanto, nem todos os pacientes com córneas finas terão glaucoma. Vários autores tentaram criar uma fórmula para estimar a pressão intraocular real através da correção da pressão intraocular medida pelo tonômetro de Goldmann utilizando a espessura corneana, porém nenhuma fórmula específica é empregada amplamente na prática clínica. Para cada mudança de 10 µm na espessura central da córnea, a mudança na leitura da pressão intraocular poderia variar de 0,1 a 0,7 mm Hg(23,71).
A possibilidade de criação de uma fórmula simples aplicável a todas as populações permanece incerta e com relevância clínica questionável(74). A decisão de tratar um paciente com hipertensão ocular depende da avaliação de fatores de risco, e a espessura central da córnea é parte importante e necessária para essa avaliação(82).
A Academia Americana de Oftalmologia sugeriu que a paquimetria corneana deve ser incluída no exame de todos os pacientes com hipertensão ocular(83). Em contrapartida, a Sociedade Européia de Glaucoma(84) sugere que a paquimetria corneana seja indicada quando houver divergência entre os parâmetros clínicos.
Curva Tensional Diária
A pressão intraocular é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento e progressão do glaucoma(85-87), e atualmente o único que pode ser tratado com comprovação científica de eficácia(88-90). A pressão intraocular sofre variações fisiológicas ao longo do dia(91-94). Em indivíduos normais os valores da flutuação diária variam de 3 a 6 mmHg(95,96), e essas
variações costumam ser maiores em pacientes glaucomatosos(97). Estudos indicam que os picos ocorrem principalmente pela manhã(98-100), ou no período da noite(94,101-103). Pacientes com a pressão intraocular aparentemente controlada em horário de consultório podem apresentar evolução do glaucoma(99,104-107). A aferição da pressão intraocular ao longo de 24 horas pode fornecer informações úteis para avaliação da efetividade do tratamento do glaucoma e esclarecimento diagnóstico(92). Essa avaliação é chamada de curva tensional diária, usualmente realizada com medidas da pressão intraocular com intervalos de 3 horas. Entretanto, devido à necessidade de internação do paciente, a curva tensional diária de 24 horas tem sido pouco realizada na prática clínica, sendo mais frequentemente utilizada uma curva tensional com medidas da pressão intraocular obtidas no horário de consultório.
Testes Provocativos
Teste de Sobrecarga Hídrica
O teste da sobrecarga hídrica tem sido considerado uma alternativa à curva tensional diária para identificar o provável pico da pressão intraocular, com a vantagem de ser relativamente de fácil realização e pouco desconfortável para o paciente(108-110). O teste consiste na ingestão de 1 litro de água dentro de um intervalo de 5 minutos, após jejum de sólidos e líquidos de pelo menos 2 horas(110,111). A pressão intraocular deve ser aferida com tonômetro de aplanação de Goldmann imediatamente antes e, após a ingesta hídrica, a cada 15 minutos durante uma hora. A redução da osmolaridade plasmática levaria a um aumento na produção do humor aquoso(109,111-113). Estudos evidenciaram que os valores de flutuação e pico da pressão intraocular encontrados no teste de sobrecarga hídrica se correlacionam com a curva tensional diária(108,109,114). O pico pressórico geralmente ocorre de 20 a 30 minutos após a ingesta hídrica e se mantém por no máximo 10 minutos(110,111,115). Um aumento pressórico de mais de 6 mm Hg excede a resposta de 2 desvios padrões da média e sugere que o indivíduo testado está
fora da normalidade(110,115). Um aumento maior que 9 mmHg é caracteristicamente patológico (116). Alguns autores sugerem que a positividade do teste não deve ser baseada no aumento da pressão intraocular em mm Hg, mas sim em percentual. Assim, um aumento de 20% na pressão intraocular basal sugere positividade no teste de sobrecarga hídrica(110). Alguns autores contestam sua reprodutibilidade(117), sua confiabilidade como teste para diagnóstico de glaucoma e o seu valor prognóstico(115,118). Outros sugerem que o teste de sobrecarga hídrica pode desempenhar um papel na avaliação do controle pressórico durante o tratamento do glaucoma(113,119). Deve-se ter cuidado na administração do teste de sobrecarga hídrica em pacientes com insuficiência autonômica ou idosos, pois pode acarretar numa elevação abrupta da pressão arterial sistêmica(120).
Teste da Ibopamina
A ibopamina (3,4 di-isobutirilester de N-metildopamina) é uma pró-droga da epinina (desoxiepinefrina), uma catecolamina que apresenta ação em receptores α-adrenérgicos causando uma midríase não cicloplégica, e em receptores D-1 dopaminérgicos, provocando um aumento na produção do humor aquoso(121,122). O teste consiste na instilação de duas gotas do colírio ibopamina a 2% com intervalo de 5 minutos. A pressão intraocular deve ser aferida imediatamente antes e após 45 minutos da última gota. O teste é considerado positivo quando ocorre um aumento da pressão intraocular de pelo menos 3 mm Hg, sugerindo uma disfunção no sistema de drenagem do humor aquoso(123). Estudos indicam que o teste é seguro e apresenta boa sensibilidade e especificidade para diagnóstico de glaucoma utilizando um aumento 3 mmHg aos 45 minutos como critério de positividade(123-127). Em comparação com o teste de sobrecarga hídrica, o teste da Ibopamina parece apresentar um aumento maior da pressão intraocular e uma maior sensibilidade e especificidade(128). Mais estudos são necessários para definir o real papel dos testes provocativos no glaucoma primário de ângulo aberto.
Referências Bibliográficas
1. Kniestedt C, Punjabi O, Lin S, Stamper RL. Tonometry through the ages. Surv Ophthalmol. 2008 Nov-‐Dec;53(6):568-‐91.
2. Tavares IM, Medeiros FA, Weinreb RN. Inconsistency of the published definition of ocular hypertension. J Glaucoma. 2006 Dec;15(6):529-‐33.
3. Leydhecker W, Akiyama K, Neumann HG. [Intraocular pressure in normal human eyes.]. Klin Monbl Augenheilkd Augenarztl Fortbild. 1958;133(5):662-‐70.
4. Whitacre MM, Stein R. Sources of error with use of Goldmann-‐type tonometers. Surv Ophthalmol. 1993 Jul-‐Aug;38(1):1-‐30.
5. Bain WE, Maurice DM. Physiological variations in the intraocular pressure. Trans Ophthalmol Soc U K. 1959;79:249-‐60.
6. Ytteborg J. The role of intraocular blood volume in rigidity measurements on human eyes. Acta Ophthalmol (Copenh). 1960;38:410-‐36.
7. Maurice DM. A recording tonometer. Br J Ophthalmol. 1958 Jun;42(6):321-‐35.
8. Armaly MF, Rubin ML. Accommodation and applanation tonometry. Arch Ophthalmol. 1961 Mar;65:415-‐23.
9. Fick A. Ueber Messung des Druckes im Auge. Archiv fuer die gesammte Physiologie des Menschen und der Tiere. 1888;42:86-‐90.
10. Imbert A. Theories ophthalmotonometres. Arch Ophthalmol. 1885;5:358-‐68. 11. Moses RA. Theory of the Schiotz tonometer and its empirical calibration. Trans Am Ophthalmol Soc. 1971;69:494-‐562.
12. Posner A. Practical problems in the use of the Maklakov tonometer. Eye Ear Nose Throat Mon. 1963 Apr;42:82-‐3.
13. Goldmann H. Un nouveau tonometre dapplanation. Bull Soc Ophtalmol Fr. 1955;67:474-‐8.
14. Goldmann H. Applanation tonometry. In: FW N, editor. Transactions of the Second Conference on Glaucoma. New York: Josiah Macy, Jr. Foundation; 1957. p. 167-‐220. 15. Moses RA. The Goldmann applanation tonometer. Am J Ophthalmol. 1958 Dec;46(6):865-‐9.
16. Holladay JT, Allison ME, Prager TC. Goldmann applanation tonometry in patients with regular corneal astigmatism. Am J Ophthalmol. 1983 Jul;96(1):90-‐3.
17. Schmidt T. [Practice of applanation tonometry to the slit lamp]. Ophthalmologica. 1972;165(3-‐4):271-‐6.
18. Mark HH. Corneal curvature in applanation tonometry. Am J Ophthalmol. 1973 Aug;76(2):223-‐4.
19. Ehlers N, Bramsen T, Sperling S. Applanation tonometry and central corneal thickness. Acta Ophthalmol (Copenh). 1975 Mar;53(1):34-‐43.
20. Ehlers N, Hansen FK. Central corneal thickness in low-‐tension glaucoma. Acta Ophthalmol (Copenh). 1974;52(5):740-‐6.
21. Rosa N, Cennamo G, Breve MA, La Rana A. Goldmann applanation tonometry after myopic photorefractive keratectomy. Acta Ophthalmol Scand. 1998 Oct;76(5):550-‐4.
22. Shah S, Chatterjee A, Mathai M, Kelly SP, Kwartz J, Henson D, et al. Relationship between corneal thickness and measured intraocular pressure in a general ophthalmology clinic. Ophthalmology. 1999 Nov;106(11):2154-‐60.
23. Kniestedt C, Lin S, Choe J, Bostrom A, Nee M, Stamper RL. Clinical comparison of contour and applanation tonometry and their relationship to pachymetry. Arch Ophthalmol. 2005 Nov;123(11):1532-‐7.
24. Simon G, Small RH, Ren Q, Parel JM. Effect of corneal hydration on Goldmann
applanation tonometry and corneal topography. Refract Corneal Surg. 1993 Mar-‐Apr;9(2):110-‐ 7.
25. Kaufman HE, West CE, Wood TO, Wind CA. Measurement and control of intraocular pressure in corneal disease. Int Ophthalmol Clin. 1970 Summer;10(2):387-‐401.
26. McMillan F, Forster RK. Comparison of MacKay-‐Marg, Goldmann, and Perkins tonometers in abnormal corneas. Arch Ophthalmol. 1975 Jun;93(6):420-‐4.
27. Bechrakis E. [On spontaneous decrease of pressure in applanation tonometry]. Ophthalmologica. 1966;151(5):604-‐14.
28. Paranhos A OC, Prata JA, Melo LAS, Teixeira SH. 3º Consenso Brasileiro de Glaucoma Primário de Ângulo Aberto. 2009.
29. Goldmann H, Schmidt T. [Further contribution to applanation tonometry.]. Ophthalmologica. 1961 Jun;141:441-‐56.
30. Smith CA, Pepose JS. Disinfection of tonometers and contact lenses in the office setting: are current techniques adequate? Am J Ophthalmol. 1999 Jan;127(1):77-‐84.
31. Soukiasian SH, Asdourian GK, Weiss JS, Kachadoorian HA. A complication from alcohol-‐ swabbed tonometer tips. Am J Ophthalmol. 1988 Apr 15;105(4):424-‐5.
32. Mendelsohn AD, Forster RK, Mendelsohn SL, Dennis JJ, Heidemann DG, Levine IK, et al. Comparative tonometric measurements of eye bank eyes. Cornea. 1987;6(3):219-‐25.
33. Forbes M, Pico G, Jr., Grolman B. A noncontact applanation tonometer. Description and clinical evaluation. Arch Ophthalmol. 1974 Feb;91(2):134-‐40.
34. Hansen MK. Clinical comparison of the XPERT non-‐contact tonometer and the
conventional Goldmann applanation tonometer. Acta Ophthalmol Scand. 1995 Apr;73(2):176-‐ 80.
35. Hollo G, Follmann P, Pap G. A clinical evaluation of XPERT NCT (Reichert) for glaucoma screening by optometrists. Int Ophthalmol. 1992 Sep;16(4-‐5):291-‐3.
36. Krupin T, Wax M, Moolchandani J. Aqueous production. Trans Ophthalmol Soc U K. 1986;105 ( Pt 2):156-‐61.
37. Moseley MJ, Thompson JR, Deutsch J, Misson GP, Naylor G, Tan-‐Yee A, et al. Comparison of the Keeler Pulsair 2000 non-‐contact tonometer with Goldmann applanation. Eye (Lond). 1993;7 ( Pt 1):127-‐30.
38. Ko YC, Liu CJ, Hsu WM. Varying effects of corneal thickness on intraocular pressure measurements with different tonometers. Eye (Lond). 2005 Mar;19(3):327-‐32.
39. Myers KJ, Lalle P, Litwak A, Campbell S, Ballinger R, Grolman B. XPERT NCT-‐-‐a clinical evaluation. J Am Optom Assoc. 1990 Nov;61(11):863-‐9.
40. Popovich KS, Shields MB. A comparison of intraocular pressure measurements with the XPERT noncontact tonometer and Goldmann applanation tonometry. J Glaucoma. 1997
41. Liu J, Roberts CJ. Influence of corneal biomechanical properties on intraocular pressure measurement: quantitative analysis. J Cataract Refract Surg. 2005 Jan;31(1):146-‐55.
42. Kotecha A. What biomechanical properties of the cornea are relevant for the clinician? Surv Ophthalmol. 2007 Nov;52 Suppl 2:S109-‐14.
43. Luce DA. Determining in vivo biomechanical properties of the cornea with an ocular response analyzer. J Cataract Refract Surg. 2005 Jan;31(1):156-‐62.
44. Browning AC, Bhan A, Rotchford AP, Shah S, Dua HS. The effect of corneal thickness on intraocular pressure measurement in patients with corneal pathology. Br J Ophthalmol. 2004 Nov;88(11):1395-‐9.
45. Mackay RS, Marg E. Fast, automatic, electronic tonometers based on an exact theroy. Acta Ophthalmol (Copenh). 1959;37:495-‐507.
46. Panek WC, Boothe WA, Lee DA, Zemplenyi E, Pettit TH. Intraocular pressure measurement with the Tono-‐Pen through soft contact lenses. Am J Ophthalmol. 1990 Jan 15;109(1):62-‐5.
47. Christoffersen T, Fors T, Ringberg U, Holtedahl K. Tonometry in the general practice setting (I): Tono-‐Pen compared to Goldman applanation tonometry. Acta Ophthalmol (Copenh). 1993 Feb;71(1):103-‐8.
48. Draeger J, Rumberger E, Wirt H. [Clinical and experimental evaluation of the so-‐called Tono-‐Pen tonometer]. Klin Monbl Augenheilkd. 1989 Sep;195(3):196-‐202.
49. Hessemer V, Rossler R, Jacobi KW. Comparison of intraocular pressure measurements with the Oculab Tono-‐Pen vs manometry in humans shortly after death. Am J Ophthalmol. 1988 Jun 15;105(6):678-‐82.
50. Hessemer V, Rossler R, Jacobi KW. Tono-‐Pen, a new tonometer. Int Ophthalmol. 1989 Jan;13(1-‐2):51-‐6.
51. Frenkel RE, Hong YJ, Shin DH. Comparison of the Tono-‐Pen to the Goldmann applanation tonometer. Arch Ophthalmol. 1988 Jun;106(6):750-‐3.
52. Kao SF, Lichter PR, Bergstrom TJ, Rowe S, Musch DC. Clinical comparison of the Oculab Tono-‐Pen to the Goldmann applanation tonometer. Ophthalmology. 1987 Dec;94(12):1541-‐4. 53. Kooner KS, Cooksey JC, Barron JB, Zimmerman TJ, Gupte RK, Wall JL. Tonometry comparison: Goldmann versus Tono-‐Pen. Ann Ophthalmol. 1992 Jan;24(1):29-‐36.
54. McBain EH. Tonometer calibration. II. Ocular rigidity. AMA Arch Ophthalmol. 1958 Dec;60(6):1080-‐91.
55. Kanngiesser HE, Kniestedt C, Robert YC. Dynamic contour tonometry: presentation of a new tonometer. J Glaucoma. 2005 Oct;14(5):344-‐50.
56. Doyle A, Lachkar Y. Comparison of dynamic contour tonometry with goldman applanation tonometry over a wide range of central corneal thickness. J Glaucoma. 2005 Aug;14(4):288-‐92.
57. Kamppeter BA, Jonas JB. Dynamic contour tonometry for intraocular pressure measurement. Am J Ophthalmol. 2005 Aug;140(2):318-‐20.
58. Kniestedt C, Kanngiesser HE. [Dynamic contour tonometry]. Ophthalmologe. 2006 Aug;103(8):713-‐21; quiz 22-‐3.
59. Ku JY, Danesh-‐Meyer HV, Craig JP, Gamble GD, McGhee CN. Comparison of intraocular pressure measured by Pascal dynamic contour tonometry and Goldmann applanation
60. Pache M, Wilmsmeyer S, Lautebach S, Funk J. Dynamic contour tonometry versus Goldmann applanation tonometry: a comparative study. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2005 Aug;243(8):763-‐7.
61. Schneider E, Grehn F. Intraocular pressure measurement-‐comparison of dynamic contour tonometry and goldmann applanation tonometry. J Glaucoma. 2006 Feb;15(1):2-‐6. 62. Kniestedt C, Nee M, Stamper RL. Accuracy of dynamic contour tonometry compared with applanation tonometry in human cadaver eyes of different hydration states. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2005 Apr;243(4):359-‐66.
63. Burvenich H, Burvenich E, Vincent C. Dynamic contour tonometry (DCT) versus non-‐ contact tonometry (NCT): a comparison study. Bull Soc Belge Ophtalmol. 2005(298):63-‐9. 64. Duba I, Wirthlin AC. Dynamic contour tonometry for post-‐LASIK intraocular pressure measurements. Klin Monbl Augenheilkd. 2004 May;221(5):347-‐50.
65. Siganos DS, Papastergiou GI, Moedas C. Assessment of the Pascal dynamic contour tonometer in monitoring intraocular pressure in unoperated eyes and eyes after LASIK. J Cataract Refract Surg. 2004 Apr;30(4):746-‐51.
66. Fernandes P, Diaz-‐Rey JA, Queiros A, Gonzalez-‐Meijome JM, Jorge J. Comparison of the ICare rebound tonometer with the Goldmann tonometer in a normal population. Ophthalmic Physiol Opt. 2005 Sep;25(5):436-‐40.
67. Garcia-‐Resua C, Gonzalez-‐Meijome JM, Gilino J, Yebra-‐Pimentel E. Accuracy of the new ICare rebound tonometer vs. other portable tonometers in healthy eyes. Optom Vis Sci. 2006 Feb;83(2):102-‐7.
68. Nakamura M, Darhad U, Tatsumi Y, Fujioka M, Kusuhara A, Maeda H, et al. Agreement of rebound tonometer in measuring intraocular pressure with three types of applanation tonometers. Am J Ophthalmol. 2006 Aug;142(2):332-‐4.
69. Brandt JD, Beiser JA, Kass MA, Gordon MO. Central corneal thickness in the Ocular Hypertension Treatment Study (OHTS). Ophthalmology. 2001 Oct;108(10):1779-‐88. 70. Doughty MJ, Zaman ML. Human corneal thickness and its impact on intraocular pressure measures: a review and meta-‐analysis approach. Surv Ophthalmol. 2000 Mar-‐ Apr;44(5):367-‐408.
71. Nemesure B, Wu SY, Hennis A, Leske MC. Corneal thickness and intraocular pressure in the Barbados eye studies. Arch Ophthalmol. 2003 Feb;121(2):240-‐4.
72. Shildkrot Y, Liebmann JM, Fabijanczyk B, Tello CA, Ritch R. Central corneal thickness measurement in clinical practice. J Glaucoma. 2005 Oct;14(5):331-‐6.
73. Wickham L, Edmunds B, Murdoch IE. Central corneal thickness: will one measurement suffice? Ophthalmology. 2005 Feb;112(2):225-‐8.
74. Iester M, Mete M, Figus M, Frezzotti P. Incorporating corneal pachymetry into the management of glaucoma. J Cataract Refract Surg. 2009 Sep;35(9):1623-‐8.
75. Weizer JS, Stinnett SS, Herndon LW. Longitudinal changes in central corneal thickness and their relation to glaucoma status: an 8 year follow up study. Br J Ophthalmol. 2006 Jun;90(6):732-‐6.
76. Aghaian E, Choe JE, Lin S, Stamper RL. Central corneal thickness of Caucasians, Chinese, Hispanics, Filipinos, African Americans, and Japanese in a glaucoma clinic. Ophthalmology. 2004 Dec;111(12):2211-‐9.
77. Gordon MO, Beiser JA, Brandt JD, Heuer DK, Higginbotham EJ, Johnson CA, et al. The Ocular Hypertension Treatment Study: baseline factors that predict the onset of primary open-‐ angle glaucoma. Arch Ophthalmol. 2002 Jun;120(6):714-‐20; discussion 829-‐30.
78. Miglior S, Pfeiffer N, Torri V, Zeyen T, Cunha-‐Vaz J, Adamsons I. Predictive factors for open-‐angle glaucoma among patients with ocular hypertension in the European Glaucoma Prevention Study. Ophthalmology. 2007 Jan;114(1):3-‐9.
79. Leske MC, Heijl A, Hussein M, Bengtsson B, Hyman L, Komaroff E. Factors for glaucoma progression and the effect of treatment: the early manifest glaucoma trial. Arch Ophthalmol. 2003 Jan;121(1):48-‐56.
80. Leske MC, Connell AM, Schachat AP, Hyman L. The Barbados Eye Study. Prevalence of open angle glaucoma. Arch Ophthalmol. 1994 Jun;112(6):821-‐9.
81. Leske MC, Wu SY, Nemesure B, Li X, Hennis A, Connell AM. Incidence and progression of lens opacities in the Barbados Eye Studies. Ophthalmology. 2000 Jul;107(7):1267-‐73. 82. Kymes SM, Kass MA, Anderson DR, Miller JP, Gordon MO. Management of ocular hypertension: a cost-‐effectiveness approach from the Ocular Hypertension Treatment Study. Am J Ophthalmol. 2006 Jun;141(6):997-‐1008.
83. Dueker DK, Singh K, Lin SC, Fechtner RD, Minckler DS, Samples JR, et al. Corneal thickness measurement in the management of primary open-‐angle glaucoma: a report by the American Academy of Ophthalmology. Ophthalmology. 2007 Sep;114(9):1779-‐87.
84. European Glaucoma Society. Terminology and Guidelines for Glaucoma. 3rd ed. Savona, Itália.: DOGMA; 2008.
85. The Advanced Glaucoma Intervention Study (AGIS): 7. The relationship between control of intraocular pressure and visual field deterioration.The AGIS Investigators. Am J Ophthalmol. 2000 Oct;130(4):429-‐40.
86. Bergea B, Bodin L, Svedbergh B. Impact of intraocular pressure regulation on visual fields in open-‐angle glaucoma. Ophthalmology. 1999 May;106(5):997-‐1004; discussion -‐5. 87. Sommer A. Intraocular pressure and glaucoma. Am J Ophthalmol. 1989 Feb 15;107(2):186-‐8.
88. Malerbi FK, Hatanaka M, Vessani RM, Susanna R, Jr. Intraocular pressure variability in patients who reached target intraocular pressure. Br J Ophthalmol. 2005 May;89(5):540-‐2. 89. Mao LK, Stewart WC, Shields MB. Correlation between intraocular pressure control and progressive glaucomatous damage in primary open-‐angle glaucoma. Am J Ophthalmol. 1991 Jan 15;111(1):51-‐5.
90. Palmberg P. What is it about pressure that really matters in glaucoma? Ophthalmology. 2007 Feb;114(2):203-‐4.
91. Drance SM. Diurnal Variation of Intraocular Pressure in Treated Glaucoma. Significance in Patients with Chronic Simple Glaucoma. Arch Ophthalmol. 1963 Sep;70:302-‐11.
92. Hughes E, Spry P, Diamond J. 24-‐hour monitoring of intraocular pressure in glaucoma management: a retrospective review. J Glaucoma. 2003 Jun;12(3):232-‐6.
93. Pointer JS. Human intraocular pressure and its diurnal variation in healthy subjects. Ophthalmic Physiol Opt. 1999 Sep;19 Suppl 2:S43-‐8.
94. Romanet JP, Maurent-‐Palombi K, Noel C, Bourdon L, Pepin JL, Mouillon M, et al. [Nyctohemeral variations in intraocular pressure]. J Fr Ophtalmol. 2004 Sep;27 Spec No 2:2S19-‐2S26.
95. Katavisto M. The Diurnal Variations of Ocular Tension in Glaucoma. Acta Ophthalmol Suppl. 1964:SUPPL 78:1-‐130.
96. Kitazawa Y, Horie T. Diurnal variation of intraocular pressure in primary open-‐angle glaucoma. Am J Ophthalmol. 1975 Apr;79(4):557-‐66.
97. Newell FW, Krill AE. Diurnal Tonography in Normal and Glaucomatous Eyes. Trans Am Ophthalmol Soc. 1964;62:349-‐74.
98. David R, Zangwill L, Briscoe D, Dagan M, Yagev R, Yassur Y. Diurnal intraocular pressure variations: an analysis of 690 diurnal curves. Br J Ophthalmol. 1992 May;76(5):280-‐3.
99. Rodrigues LD SM, Schellini SA, Jorge EN. Intraocular pressure peaks: comparison between the circadian curve, diurnal curve
and the 6 a.m. measurement. Arq Bras Oftalmol. 2004;67:127-‐31.
100. Sacca SC, Rolando M, Marletta A, Macri A, Cerqueti P, Ciurlo G. Fluctuations of intraocular pressure during the day in open-‐angle glaucoma, normal-‐tension glaucoma and normal subjects. Ophthalmologica. 1998;212(2):115-‐9.
101. Buguet A, Py P, Romanet JP. 24-‐hour (nyctohemeral) and sleep-‐related variations of intraocular pressure in healthy white individuals. Am J Ophthalmol. 1994 Mar 15;117(3):342-‐7. 102. Liu JH, Kripke DF, Hoffman RE, Twa MD, Loving RT, Rex KM, et al. Nocturnal elevation of intraocular pressure in young adults. Invest Ophthalmol Vis Sci. 1998 Dec;39(13):2707-‐12. 103. Mosaed S, Liu JH, Weinreb RN. Correlation between office and peak nocturnal intraocular pressures in healthy subjects and glaucoma patients. Am J Ophthalmol. 2005 Feb;139(2):320-‐4.
104. Caprioli J, Coleman AL. Intraocular pressure fluctuation a risk factor for visual field progression at low intraocular pressures in the advanced glaucoma intervention study. Ophthalmology. 2008 Jul;115(7):1123-‐9 e3.
105. Hasegawa K, Ishida K, Sawada A, Kawase K, Yamamoto T. Diurnal variation of intraocular pressure in suspected normal-‐tension glaucoma. Jpn J Ophthalmol. 2006 Sep-‐ Oct;50(5):449-‐54.
106. Heijl A, Leske MC, Bengtsson B, Hyman L, Hussein M. Reduction of intraocular pressure and glaucoma progression: results from the Early Manifest Glaucoma Trial. Arch Ophthalmol. 2002 Oct;120(10):1268-‐79.
107. O'Brien C, Schwartz B, Takamoto T, Wu DC. Intraocular pressure and the rate of visual field loss in chronic open-‐angle glaucoma. Am J Ophthalmol. 1991 Apr 15;111(4):491-‐500. 108. Miller D. The Relationship between Diurnal Tension Variation and the Water-‐Drinking Test. Am J Ophthalmol. 1964 Aug;58:243-‐6.
109. Meirelles SH, Yamane R, Alvares RM, Botelho PB, Morais FB, Moreira PB, et al. [Comparative study between diurnal intraocular pressure curve and the association of ambulatory intraocular pressure curve with the water-‐drinking test in open angle glaucoma, normal tension glaucoma and normal eyes]. Arq Bras Oftalmol. 2007 May-‐Jun;70(3):471-‐9. 110. Spaeth GL, Vacharat N. Provocative tests and chronic simple glaucoma. I. Effect of atropine on the water-‐drinking test: intimations of central regulatory control. II. Fluorescein angiography provocative test: a new approach to separation of the normal from the
pathological. Br J Ophthalmol. 1972 Mar;56(3):205-‐16.
111. Leydhecker W. The water-‐drinking test. Br J Ophthalmol. 1950 Aug;34(8):457-‐79. 112. McLean JM, Galin MA. The effect of reduced blood osmolality on intraocular pressure. Trans Am Ophthalmol Soc. 1960;58:118-‐31.
113. Susanna R, Jr., Vessani RM, Sakata L, Zacarias LC, Hatanaka M. The relation between intraocular pressure peak in the water drinking test and visual field progression in glaucoma. Br J Ophthalmol. 2005 Oct;89(10):1298-‐301.
114. Vasconcelos-‐Moraes CG, Susanna R, Jr. Correlation between the water drinking test and modified diurnal tension curve in untreated glaucomatous eyes. Clinics (Sao Paulo). 2008 Aug;63(4):433-‐6.
115. Roth JA. Inadequate diagnostic value of the water-‐drinking test. Br J Ophthalmol. 1974 Jan;58(1):55-‐61.
116. Leydhecker W. Evaluation of the water-‐drinking test. Br J Ophthalmol. 1954 May;38(5):290-‐4.
117. Medina FM, Rodrigues FK, Filho Pde T, Matsuo T, Vasconcellos JP, Costa VP. Reproducibility of water drinking test performed at different times of the day. Arq Bras Oftalmol. 2009 May-‐Jun;72(3):283-‐90.
118. Rasmussen KE, Jorgensen HA. Diagnostic value of the water-‐drinking test in early detection of simple glaucoma. Acta Ophthalmol (Copenh). 1976 Apr;54(2 p):160-‐6.
119. Yoshikawa K, Inoue T, Inoue Y. Normal tension glaucoma: the value of predictive tests. Acta Ophthalmol (Copenh). 1993 Aug;71(4):463-‐70.
120. Jordan J, Shannon JR, Black BK, Ali Y, Farley M, Costa F, et al. The pressor response to water drinking in humans : a sympathetic reflex? Circulation. 2000 Feb 8;101(5):504-‐9.
121. McLaren JW, Herman DC, Brubaker RF, Nau CB, Wayman LL, Ciarniello MG, et al. Effect of ibopamine on aqueous humor production in normotensive humans. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2003 Nov;44(11):4853-‐8.
122. Virno M, Taverniti L, De Gregorio F, Sedran L, Longo F. Increase in aqueous humor production following D1 receptors activation by means of ibopamine. Int Ophthalmol. 1996;20(1-‐3):141-‐6.
123. Magacho L, Lima FE, Costa ML, Fayad FA, Guimaraes NL, Avila MP. Ibopamine provocative test and glaucoma: consideration of factors that may influence the examination. Curr Eye Res. 2004 Mar;28(3):189-‐93.
124. Brogliatti B, Boles Carenini A, Bogetto C, Vadala G, Grignolo FM, Boles Carenini B. Ibopamine test in healthy and glaucomatous eyes: tonometric and pupillographic study. Acta Ophthalmol Scand Suppl. 2000(232):13-‐4.
125. De Gregorio F, Pecori Giraldi J, Pannarale L, Saccucci S, Virno M. Ibopamine in glaucoma diagnostics: a new pharmacological provocative test. Int Ophthalmol. 1996;20(1-‐ 3):151-‐5.
126. Magacho L, Costa ML, Dessimoni A, de Avila MP. Comparison between the 1% and 2% ibopamine provocative test in primary open-‐angle glaucoma patients: sensitivity, specificity and tolerability. Arq Bras Oftalmol. 2006 Sep-‐Oct;69(5):695-‐9.
127. Magacho L, Costa ML, Reis R, Rios N, de Avila MP. Correlation between the ibopamine provocative test and the diurnal tension curve in glaucoma patients. Arq Bras Oftalmol. 2006 Jul-‐Aug;69(4):477-‐80.
128. Magacho L, Reis R, Pigini MA, Avila MP. Ibopamina 2% vs. sobrecarga hidrica como teste provocativo para glaucoma. Arq Bras Oftalmol. 2008 Jul-‐Aug;71(4):499-‐503.