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A REDAÇÃO NO ENEM CURSO ESCRIBA. Prof. Edson Nunes Ferrarezi Prof. João Moreira de Andrade Netto

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Academic year: 2021

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A REDAÇÃO NO ENEM

CURSO ESCRIBA

Prof. Edson Nunes Ferrarezi 98883-4853 Prof. João Moreira de Andrade Netto 98824-6139

www.cursoescriba.com

Rua Santa Rita, 587 sala 304

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CURSO ESCRIBA Página 2

APRENDER A ESCREVER É APRENDER A PENSAR

Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar ideias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que mente não criou ou não aprovisionou. Quando os professores se limitam a dar aos alunos temas para redação sem lhes sugerirem roteiros ou rumos para fontes de ideias, sem, por assim dizer, lhes "fertilizarem" a mente, o resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um acúmulo de palavras que se atropelam sem sentido e sem propósito; frases em que procuram fundir ideias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas. Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras, quer dizer, palavras de dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. É que palavras não criam ideias; estas, se existem, é que, forçosamente, acabam corporificando-se naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-las, fundido-as em moldes frasais adequados. Quando o estudante tem algo a dizer, porque pensou, e pensou com clareza, sua expressão é geralmente satisfatória.

Todos reconhecemos ser ilusão supor - como já dissemos -- que se está apto a escrever quando se conhecem as regras gramaticais (um mínimo de gramática indispensável: grafia, pontuação, um pouco de morfologia e um pouco de sintaxe), mínimo suficiente para permitir que o estudante adquira certos hábitos de estruturação de frases modestas mas claras, coerentes, objetivas. A experiência nos ensina que as falhas mais graves das redações dos nossos colegiais resultam menos das incorreções gramaticais do que da falta de ideias ou da sua má concatenação. Escreve realmente mal o estudante que não tem o que dizer porque não aprendeu a pôr em ordem seu pensamento, e porque não tem o que dizer, não lhe bastam as regrinhas gramaticais, nem mesmo o melhor vocabulário de que possa dispor. Portanto, é preciso fornecer-lhe os meios de disciplinar o raciocínio, de estimular-lhe o espírito de observação dos fatos e ensiná-lo a criar ou aprovisionar ideias: ensinar, enfim, a pensar.

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CURSO ESCRIBA Página 3 1 APRESENTAÇÃO

Você está se preparando para realizar o Enem, constituído de quatro provas objetivas e uma prova de redação.

A prova de redação exigirá de você a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Os aspectos a serem avaliados relacionam-se às “competências” que devem ter sido desenvolvidas durante os anos de escolaridade. Nessa redação, você deverá defender uma tese, uma opinião a respeito do tema proposto, apoiada em argumentos consistentes estruturados de forma coerente e coesa, de modo a formar uma unidade textual. Seu texto deverá ser redigido de acordo com a modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. Por fim, você deverá elaborar uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto que respeite os direitos humanos.

TEMA TESE ARGUMENTOS PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A seguir, vamos esclarecer algumas dúvidas sobre o processo de avaliação: ► Quem vai avaliar a redação?

O texto produzido por você será avaliado por, pelo menos, dois professores, de forma independente, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro.

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CURSO ESCRIBA Página 4 ► Como a redação será avaliada?

Os dois professores avaliarão seu desempenho de acordo com os seguintes critérios:

Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.

Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

► Como será atribuída a nota à redação?

Cada avaliador atribuirá uma nota entre 0 (zero) e 200 (duzentos) pontos para cada uma das cinco competências, e a soma desses pontos comporá a nota total de cada avaliador, que pode chegar a 1000 (mil) pontos. A nota final do participante será a média aritmética das notas totais atribuídas pelos dois avaliadores.

► O que é considerado “discrepância”?

Considera-se “discrepância” a divergência de notas atribuídas pelos avaliadores quando:

- elas diferirem, no total, por mais de 100 (cem pontos)

ou

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CURSO ESCRIBA Página 5 competências.

► Qual a solução para o caso de haver “discrepância” entre as duas avaliações iniciais?

A redação será avaliada, de forma independente, por um terceiro avaliador. A nota final será a média aritmética das duas notas totais que mais se aproximarem.

► E se a “discrepância” ainda continuar depois da terceira avaliação? A redação será avaliada por uma banca presencial composta por três professores, que atribuirá a nota final do participante.

► Quais as razões para se atribuir nota 0 (zero) a uma redação? A redação receberá nota 0 (zero) se apresentar uma das características a seguir:

●fuga total ao tema;

●não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa; ●texto com até 7 (sete) linhas;

●impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação ou parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto; ●desrespeito aos direitos humanos; e

●folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho.

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CURSO ESCRIBA Página 6 IMPORTANTE!

Para efeito de avaliação e de contagem do mínimo de linhas, a cópia parcial dos textos motivadores ou de questões objetivas do caderno de prova acarretará a desconsideração do número de linhas copiadas, valendo somente as que foram produzidas pelo autor do texto.

IMPORTANTE!

Procure escrever sua redação com letra legível, para evitar dúvidas no momento da avaliação. Redação com letra ilegível não poderá ser avaliada.

IMPORTANTE!

O título é um elemento opcional na produção da sua redação e será considerado como linha escrita.

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CURSO ESCRIBA Página 7 2 MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA

REDAÇÃO 2013 – DETALHAMENTO POR COMPETÊNCIA

Apresentamos, a seguir, o detalhamento das cinco competências a serem avaliadas na sua redação. Nosso objetivo é explicitar os critérios de avaliação, de modo a ajudá-lo a se preparar para o Exame. Como por texto entende-se uma unidade de sentido em que todos os aspectos se inter-relacionam para constituir a textualidade, a separação por competências, na Matriz, tem a finalidade de tornar a avaliação mais objetiva.

2.1 Competência 1 – Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.

A primeira competência a ser avaliada em seu texto é o domínio da modalidade escrita formal da língua.

Você já aprendeu que as pessoas não escrevem e falam do mesmo modo, uma vez que são processos diferentes, cada qual com características próprias. Na escrita formal, por exemplo, deve-se evitar, ao relacionar ideias, o emprego repetido de palavras, como “e”, “aí”, “daí”, “então”, próprias de um uso mais informal.

Por isso, para atender a essa exigência, você precisa ter consciência da distinção entre a modalidade escrita e a oral, bem como entre registro formal e informal.

Outra diferença entre as duas modalidades diz respeito à constituição das frases. No registro informal, elas são muitas vezes fragmentadas, já que os interlocutores podem complementar as informações com o contexto em que a interação ocorre, mas, no registro escrito formal, em que esse contexto não está presente, as informações precisam estar completas nas frases.

A entoação, recurso expressivo importante da oralidade, e as pausas, que conferem coerência ao texto, são muitas vezes marcadas, na escrita, por meio dos sinais de pontuação. Por isso, as regras de pontuação assumem também essa função de organização do texto.

Na redação do seu texto, você deve procurar ser claro, objetivo e direto, empregar um vocabulário mais variado e preciso, diferente do que utiliza quando fala, e seguir as regras estabelecidas pela modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. Além disso, o texto dissertativo-argumentativo escrito exige que alguns requisitos básicos sejam atendidos.

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CURSO ESCRIBA Página 8

Além dos requisitos de ordem textual, como coesão, coerência, sequenciação, informatividade, há outras exigências para o desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo:

►ausência de marcas de oralidade e de registro informal; ►precisão vocabular; e

►obediência às regras de: ● concordância nominal e verbal; ● regência nominal e verbal; ●pontuação;

●flexão de nomes e verbos;

●colocação de pronomes oblíquos (átonos e tônicos);

●grafia das palavras (inclusive acentuação gráfica e emprego de letras maiúsculas e minúsculas); e

●divisão silábica na mudança de linha (translineação).

2.2 Competência 2 – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

O segundo aspecto a ser avaliado no seu texto é a compreensão da proposta de redação – esta exige que o participante escreva um texto dissertativo-argumentativo, que é o tipo de texto que demonstra a verdade de uma ideia ou tese. É mais do que uma simples exposição de ideias. Nessa redação, o participante deve evitar elaborar um texto de caráter apenas expositivo. É preciso apresentar um texto que expõe um aspecto relacionado ao tema, defendendo uma posição, uma tese. É dessa forma que se atende às exigências expressas pela Competência 2 da Matriz de Avaliação do Enem.

O tema constitui o núcleo das ideias sobre as quais a tese se organiza. Em âmbito mais abrangente, o assunto recebe uma delimitação por meio do tema, ou seja, um assunto pode ser abordado por diferentes temas.

Seguem algumas recomendações para essa elaboração:

a) Leia com atenção a proposta da redação e os textos motivadores, para compreender bem o que está sendo solicitado.

b) Evite ficar preso às ideias desenvolvidas nos textos motivadores, porque foram apresentados apenas para despertar uma reflexão sobre o tema e não para limitar sua criatividade.

c) Não copie trechos dos textos motivadores. Lembre-se de que eles foram apresentados apenas para despertar seus conhecimentos sobre o tema.

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CURSO ESCRIBA Página 9

d) Reflita sobre o tema proposto para decidir como abordá-lo, qual será seu ponto de vista e como defendê-lo.

e) Reúna todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema, procurando organizá-las em uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto.

f) Desenvolva o tema de forma consistente para que o leitor possa acompanhar o seu raciocínio facilmente, o que significa que a progressão textual é fluente e articulada com o projeto do texto.

g) Lembre-se de que cada parágrafo deve desenvolver um tópico frasal.

h) Examine, com atenção, a introdução e a conclusão para ver se há coerência entre o início e o fim.

i) Utilize informações de várias áreas do conhecimento, demonstrando que você está atualizado em relação ao que acontece no mundo.

j) Evite recorrer a reflexões previsíveis, que demonstram pouca originalidade no desenvolvimento do tema proposto.

k) Mantenha-se dentro dos limites do tema proposto, tomando cuidado para não se afastar do seu foco. Esse é um dos principais problemas identificados nas redações. Nesse caso, duas situações podem ocorrer: fuga total ao tema ou fuga parcial ao tema.

Vamos aproveitar o tema da redação do Enem 2012 para explicar essa diferença. O tema proposto no Exame de 2012 foi “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI”. Esse tema se vincula ao assunto mais amplo “imigração” e envolve a discussão sobre as vantagens e desvantagens da presença de imigrantes na vida cotidiana brasileira; o impacto dessa presença na economia do país; as formas de tratamento dessa nova população; e a influência de novas culturas na cultura local, entre outras abordagens possíveis dentro do assunto.

► O que é tangenciar o tema?

Considera-se tangenciamento ao tema a abordagem parcial, realizada somente nos limites do assunto mais amplo a que o tema está vinculado, deixando em segundo plano a discussão em torno do eixo temático objetivamente proposto.

►O que é fuga total ao tema?

Considera-se que uma redação tenha fugido ao tema quando nem o assunto mais amplo nem o tema proposto são desenvolvidos.

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No Enem 2012, recebeu a rubrica fuga ao tema a redação cujo texto se estruturou integralmente em assuntos que não o solicitado, como segurança pública, violência, meio ambiente, corrupção, entre outros, sem vinculá-los ao eixo temático proposto (movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI), portanto, completamente fora até do assunto mais amplo (processos e fluxos migratórios) ao qual estava vinculado o tema solicitado (movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI).

Também foi excluída por ter fugido ao tema a redação que se limitou à discussão sobre o êxodo rural e o urbano; ou sobre os deslocamentos de brasileiros de uma região para outra; ou, ainda, sobre a saída de brasileiros para o exterior (emigração).

►O que é não atendimento ao tipo textual?

Não atende ao tipo textual a redação que esteja predominantemente fora do padrão dissertativo-argumentativo – sem apresentar nenhum indício de caráter dissertativo (explicações, exemplificações, análises ou interpretações de aspectos dentro da temática solicitada) ou nenhum indício de caráter argumentativo (defesa ou refutação de ideias dentro da temática solicitada).

►O que é um texto dissertativo-argumentativo?

O texto dissertativo-argumentativo é organizado na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, para influenciar a opinião do leitor ou ouvinte, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está correta. É preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque se utiliza de explicações para justificá-la.

Seu objetivo é, em última análise, convencer ou tentar convencer o leitor, pela apresentação de razões e pela evidência de provas, à luz de um raciocínio coerente e consistente.

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A sua redação atenderá às exigências de elaboração de um texto dissertativo-argumentativo se combinar dois princípios de estruturação:

I – Apresentar uma tese, desen-volver justificativas para comprovar essa tese e uma conclusão que dê um fecho à discussão elaborada no texto, compondo o processo argumentativo.

II – Utilizar estratégias argumen-tativas para expor o problema discutido no texto e detalhar os argumentos utilizados.

TESE – É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema e apoiada em argumentos ao longo da redação.

ARGUMENTOS – É a justificativa para convencer o leitor a concordar com a tese defendida. Cada argumento deve responder à pergunta “Por quê?” em relação à tese defendida.

ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver os argumentos, de modo a convencer o leitor, como:

● exemplos;

● dados estatísticos;

● pesquisas;fatos comprováveis; ● citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto;

● alusões históricas; e

● comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos.

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CURSO ESCRIBA Página 12 ATENÇÃO!

Será atribuída nota 0 (zero) à redação que não obedecer à estrutura dissertativo-argumentativa, mesmo que atenda às exigências dos outros critérios de avaliação. Você não deve, portanto, elaborar um poema ou reduzir o seu texto à narração de uma história. No processo argumentativo, você poderá dar exemplos de acontecimentos que justifiquem a tese, mas o texto não pode se reduzir a uma narração, por esta não apresentar a estrutura de organização textual solicitada.

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2.3 Competência 3 – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

O terceiro aspecto a ser avaliado no seu texto é a forma como você seleciona, relaciona, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa do ponto de vista defendido como tese. É preciso que elabore um texto que apresente, claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a posição assumida por você em relação à temática exigida pela proposta de redação.

Esta Competência trata da inteligibilidade do texto, ou seja, da sua coerência, da plausibilidade entre as ideias apresentadas.

A inteligibilidade da sua redação depende, portanto, dos seguintes fatores: ● relação de sentido entre as partes do texto;

● precisão vocabular;

● progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são pouco a pouco

apresentadas, em uma ordem lógica; e

● adequação entre o conteúdo do texto e o mundo real. ► O que é coerência?

A coerência se estabelece a partir das ideias apresentadas no texto e dos conhecimentos dos interlocutores, garantindo a construção do sentido de acordo com as expectativas do leitor. Está, pois, ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação dos sentidos do texto. O leitor poderá “processar” esse texto e refletir a respeito das ideias nele contidas; pode, em resposta, reagir de maneiras diversas: aceitar, recusar, questionar, até mesmo mudar seu comportamento em face das ideias do autor, compartilhando ou não da sua opinião.

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Resumindo: na organização do texto dissertativo-argumentativo, você deve procurar atender às seguintes exigências:

►apresentação clara da tese e seleção dos argumentos que a sustentam;

►encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo apresente informações ►novas, coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem repetições ou ►saltos temáticos; congruência entre as informações do texto e a realidade; e ►precisão vocabular.

2.4 Competência 4 – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

Os aspectos a serem avaliados nesta Competência dizem respeito à estruturação lógica e formal entre as partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a interdependência entre as ideias. Esse encadeamento pode ser expresso por conjunções, por determinadas palavras, ou pode ser inferido a partir da articulação dessas ideias. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto, porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e parágrafos. Cada parágrafo será composto de um ou mais períodos também articulados; cada ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores.

Assim, na produção da sua redação, você deve utilizar variados recursos linguísticos que garantam as relações de continuidade essenciais à elaboração de um texto coeso. Na avaliação desta Competência, será considerado o seguinte aspecto:

► Encadeamento textual

Para garantir a coesão textual, devem ser observados determinados princípios em diferentes níveis:

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Estruturação dos parágrafos – um parágrafo é uma unidade textual formada por uma ideia principal à qual se ligam ideias secundárias. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos podem ser desenvolvidos por comparação, por causa-consequência, por exemplificação, por detalhamento, entre outras possibilidades. Deve haver uma articulação entre um parágrafo e outro.

Estruturação dos períodos – pela própria especificidade do texto dissertativo-argumentativo, os períodos do texto são, normalmente, estruturados de modo complexo, formados por duas ou mais orações, para que se possa expressar as ideias de causa-consequência, contradição, temporalidade, comparação, conclusão, entre outras.

Referenciação – as referências a pessoas, coisas, lugares e fatos são introduzidas e, depois, retomadas, à medida que o texto vai progredindo. Esse processo pode ser expresso por pronomes, advérbios, artigos ou vocábulos de base lexical, estabelecendo relações de sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia, uso de expressões resumitivas, expressões metafóricas ou expressões metadiscursivas.

RECOMENDAÇÕES

Procure utilizar as seguintes estratégias de coesão para se referir a elementos que já apareceram no texto:

a) substituição de termos ou expressões por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos, advérbios que indicam localização, artigos;

b) substituição de termos ou expressões por sinônimos, antônimos, hipônimos, hiperônimos, expressões resumitivas ou expressões metafóricas;

c) substituição de substantivos, verbos, períodos ou fragmentos do texto por conectivos ou expressões que resumam e retomem o que já foi dito; e d) elipse ou omissão de elementos que já tenham sido citados ou sejam

facilmente identificáveis.

Resumindo: na elaboração da redação, você deve evitar:

►frases fragmentadas que comprometam a estrutura lógico-gramatical; ►sequência justaposta de ideias sem encaixamentos sintáticos, reproduzindo

usos típicos da oralidade;

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CURSO ESCRIBA Página 15

►emprego equivocado do conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns advérbios e locuções adverbiais) que não estabeleça relação lógica entre dois trechos do texto e prejudique a compreensão da mensagem; ►emprego do pronome relativo sem a preposição, quando obrigatória; e

repetição ou substituição inadequada de palavras sem se valer dos recursos oferecidos pela língua (pronome, advérbio, artigo, sinônimo).

2.5. Competência 5 – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

O quinto aspecto a ser avaliado no seu texto é a apresentação de uma proposta de intervenção para o problema abordado. Por isso, a sua redação, além de apresentar uma tese sobre o tema, apoiada em argumentos consistentes, deve oferecer uma proposta de intervenção na vida social. Essa proposta deve considerar os pontos abordados na argumentação, deve manter vínculo direto com a tese desenvolvida no texto e coerência com os argumentos utilizados, já que expressa a sua visão, como autor, das possíveis soluções para a questão discutida. A proposta de intervenção precisa ser detalhada de modo a permitir ao leitor o julgamento sobre sua exequibilidade, portanto, deve conter a exposição da intervenção sugerida e o detalhamento dos meios para realizá-la.

A proposta deve, ainda, refletir os conhecimentos de mundo de quem a redige, e a coerência da argumentação será um dos aspectos decisivos no processo de avaliação. É necessário que ela respeite os direitos humanos, que não rompa com valores como cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural.

Ao redigir seu texto, procure evitar propostas vagas, gerais; busque propostas mais concretas, específicas, consistentes com o desenvolvimento de suas ideias. Antes de elaborar sua proposta, procure responder às seguintes perguntas: O que é possível apresentar como proposta de intervenção na vida social? Como viabilizar essa proposta?

O seu texto será avaliado, portanto, com base na combinação dos seguintes critérios:

a) presença de proposta

x

ausência de proposta; e

b) proposta com detalhamento dos meios para sua realização x proposta sem o detalhamento dos meios para sua realização.

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CURSO ESCRIBA Página 16 3. RECOMENDAÇÕES

Para o seu bom desempenho, você deve fazer, antes de escrever sua redação, uma leitura cuidadosa da proposta apresentada, dos textos motivadores e das instruções, a fim de que possa compreender perfeitamente o que está sendo solicitado.

O tema de redação vem sempre acompanhado, na proposta, de textos motivadores. Em geral, são textos em linguagem verbal e em linguagem não verbal (imagem) que remetem ao tema proposto a fim de orientar sua reflexão.

Assim, para elaborar uma redação de qualidade, você deve seguir as seguintes recomendações:

a) ler com bastante atenção o tema proposto e observar a tipologia textual exigida (texto dissertativo-argumentativo);

b) ler os textos motivadores, observando as palavras ou os fragmentos que indicam o posicionamento dos autores;

c) identificar, em cada texto motivador, a tese e os argumentos apresentados pelos autores em defesa de ponto de vista;

d) refletir sobre o posicionamento dos autores dos textos motivadores; e e) ler atentamente as instruções apresentadas após os textos motivadores.

f) O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas. G) g) A redação com até 7 (sete) linhas será considerada “insuficiente” e receberá nota 0

(zero).

h) Também seria atribuída nota 0 (zero) à redação que fuja ao tema ou à tipologia textual, isto é, não for um texto dissertativo-argumentativo, ou que apresente proposta de intervenção desrespeitando os direitos humanos.

ANÁ SE D

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CURSO ESCRIBA Página 17

APRENDA A FAZER A REDAÇÃO DO ENEM PASSO A PASSO

O formato de redação escolhido pelo Enem, é a dissertação-argumentativa. Esse gênero textual possibilita que o estudante construa uma tese inicial e a defenda diferentes pontos de vista ao longo do texto. Separamos algumas dicas para construir um bom texto. 1º) Veja o tema de redação e faça uma leitura cuidadosa da prova - Essa é a principal dica e vai influenciar todo o seu desempenho. Leia e releia a proposta e os textos de apoio. Dê uma lida também nas questões da prova. Pode ser que alguma informação ajude no tema da redação. Atenção: essa etapa é essencial para que você não fuja do tema.

2º) Elabore o projeto de texto e escolha uma tese - Esse é o momento em que você deve escolher a sua abordagem e os argumentos que usará para defender sua tese. Separe as ideias principais sobre o assunto em um rascunho. Na tese, escolha um tema que você domine para argumentar e expor o seu ponto de vista.

3º) Faça a primeira versão do texto - Nessa etapa do rascunho, preocupe-se com o conteúdo e não com a gramática. Foque sua atenção para organizar os argumentos da melhor forma. As ideias devem fazer sentido e devem estar ligadas entre si. Um texto bem amarrado valoriza a sua argumentação e fará com que o corretor não se sinta confuso ao lê-lo.

Lembre-se da estrutura básica da dissertação-argumentativa

INTRODUÇÃO

Apresente o tema e o recorte que você fará dele. Evite fazer rodeios. É recomendável que a tese seja exposta para direcionar a leitura e mostrar sua linha de raciocínio. Lembre-se de que na dissertação seus argumentos devem ser usados para convencer quem estiver lendo.

DESENVOLVIMENTO

Defenda a sua tese apresentando ideias que a justifiquem, de forma consistente, e apresente seus argumentos. Essa parte é importante, por isso coloque tudo da forma mais clara possível para que o leitor compreenda seu ponto de vista. Para deixar organizado, uma dica é reservar um parágrafo para cada argumento, analisando todos os aspectos que você quer abordar.

CONCLUSÃO

Retome as ideias expostas na introdução, junto com os principais argumentos que a justificam para confirmar a tese e encerrar o debate. Diferente das outras redações, no Enem é nessa parte que você deve propor a solução ao problema, a partir dos pontos já levantados durante sua redação.

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4º) Revise o texto: Agora é hora de corrigir a gramática e encontrar outros erros na sua redação. Caso tenha dúvida na grafia de alguma palavra, tente substituir por outra expressão. Preste atenção se não existe alguma frase sem sentido perdida pelo texto e avalie se há coerência entre as ideias.

5º) Passe o texto a limpo: Finalmente, essa é a última etapa da redação. Por isso a importância de preparar seu texto em um rascunho. Respeite o limite de linhas e não coloque informações fora da área de correção.

http://guiadoestudante.abril.com.br/vestibular-enem/aprenda-fazer-redacao-enem-passo-passo-690497.shtml - acesso em 21.04.2014

UM MÉTODO

A REDAÇÃO DO PARÁGRAFO

O texto é uma máquina preguiçosa, que exige do leitor um renhido trabalho

cooperativo para preencher espaços não-ditos que ficaram, por assim dizer, em branco. (ECO, Umberto. Lector in fabula. São Paulo, Perspectiva, 1979: 11).

É importante que nós, como redatores, não percamos de vista o fato de que estamos realizando um ato comunicativo, isto é, nós - emissores· enviamos uma mensagem - no caso, o texto para um destinatário. Assim, é preciso sempre considerar o leitor para quem estamos dirigindo nosso discurso. É ele quem vai ler e interpretar o que escrevemos, é ele quem vai preencher os espaços vazios, quem vai conectar as ideias, perceber as relações estabelecidas.

1. DELIMITAR O ASSUNTO

2. FIXAR UM OBJETIVO

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A correção linguística do texto é, naturalmente, condição indispensável para que o leitor seja capaz de entender a mensagem. Mas isso não basta. É necessário ainda, entre outros fatores, considerar a organização do texto, isto é, o relacionamento entre as partes; a progressão das ideias; o conteúdo que está sendo expresso; as pressuposições sobre o conhecimento e capacidade do leitor.

Trabalharemos com a redação de parágrafos-modelo, o que permitirá a você exercitar a composição de textos dissertativos curtos. A redação do parágrafo-modelo, no entanto, só se justifica no nível didático em que nos encontramos, pois tem apenas a função de preparar o estudante para a composição de textos mais complexos.

Você sabe que, para elaborar um texto coerente, não basta reunir qualquer conjunto de frases ordenadas de forma aleatória. É preciso que elas sejam logicamente ordenadas a fim de que o receptor siga o fio do discurso e seja capaz de entender aquilo que desejamos comunicar. O parágrafo - como um microtexto - deve obviamente apresentar essa organização. É o que veremos a seguir.

O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve ou se explana determinada ideia central, a que geralmente se agregam outras, secundárias mas intimamente relacionada pelo sentido”. (Othon Garcia).

O conceito acima aplica-se ao chamado parágrafo-padrão. No entanto, assim como há diversos processos de desenvolvimento e ordenação de ideias, há, também, diferentes formas de construção do parágrafo, dependendo da natureza do assunto, do gênero da composição, do objetivo do autor e do tipo de leitor a quem se destina o texto escrito.

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1 - Etapas prévias

Antes da redação do parágrafo, é preciso atentar para alguns procedimentos iniciais indispensáveis: a delimitação do assunto e a fixação do objetivo norteador do que será escrito. Só depois de ultrapassadas essas etapas, teremos condições de redigir o parágrafo.

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a) A delimitação do assunto: a restrição ou delimitação do assunto é necessária para que possamos organizar o parágrafo com mais facilidade.

Se você vai escrever sobre VIOLÊNCIA, por exemplo, podem surgir muitas ideias, tornando-se difícil ou trabalhoso selecionar quais as que serão escritas. Além disso, quando o assunto é muito amplo, você corre o risco de ficar divagando e construir um conjunto de frases muito gerais, sem aprofundar nenhum aspecto do assunto. Por isso, para escrever sobre VIOLÊNCIA, é importante delimitar o assunto, o que facilita a organização e a ordenação das ideias.

b) A fixação do objetivo: delimitado o assunto, é mais fácil fixar o objetivo que deverá orientar a redação do parágrafo. Você deve estabelecer para que vai escrever sobre determinado assunto, e com que finalidade. A fixação clara do objetivo facilita a seleção e a ordenação das ideias.

Exemplificando: para você escrever sobre a violência no Rio de Janeiro, poderá orientar-se por qualquer um dos seguintes objetivos:

► apresentar algumas das causas da violência no Rio de Janeiro; ► apontar algumas das consequências da violência no Rio de Janeiro; ► indicar alguns exemplos da violência no Rio de Janeiro.

O chamado parágrafo-padrão é constituído de três partes essenciais: o tópico frasal, o desenvolvimento e a conclusão. Na sequência da nossa exposição, explicitaremos cada uma dessas partes.

a) A formulação do tópico frasal

Delimitado o assunto, fixado o objetivo que deverá orientar o parágrafo, você poderá começar a escrever. É importante redigir, em primeiro lugar, uma ou mais frases que expressem o objetivo escolhido. Essa ou essas frases iniciais do parágrafo que traduzem,

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de maneira geral e sucinta, a ideia-tópico, a ideia-núcleo do parágrafo constituem o que se chama tópico frasal. Assim, o tópico frasal garante que você não se afaste do objetivo estabelecido, mantendo a coerência do texto.

Exemplificando: se você for escrever sobre a Violência no Rio de Janeiro e fixar como objetivo “apresentar algumas das causas dessa violência,” poderá, então, introduzir o assunto com uma das seguintes frases (tópicos frasais):

a-1) A população do Rio de Janeiro vem sofrendo muito com o surto de violência que se abateu sobre sua cidade.

a-2) O surto de violência que se abateu sobre o Rio de Janeiro possui causas conhecidas.

b) O desenvolvimento do parágrafo

Nessa etapa de redação do parágrafo, o redator passa a expandir as ideias indicadas no tópico frasal. Para isso, ele, em primeiro lugar, seleciona aspectos ou detalhes particulares que desenvolvam a frase-núcleo e, após, os ordena. A fim de ordená-los, constrói um plano de desenvolvimento, que servirá como forma de controle. Isso evitará a inclusão de aspectos ou detalhes desnecessários ou incoerentes com o objetivo fixado.

Com o tópico frasal (a-1) anteriormente apresentado teríamos o seguinte plano:

1. Exposição de algumas das causas da violência no Rio de Janeiro: 1.1 Aumento da pobreza crônica;

1.2 Invasão de contingente do setor agrário;

1.3 Agressão da população marginalizada contra a sociedade.

Há várias formas de ordenação do desenvolvimento, as quais variam conforme o objetivo fixado para a redação, entre elas: exemplificação. comparação, enumeração de detalhes. Porém, seja qual for a forma de ordenação empregada, a preocupação maior do autor deve ser a de fundamentar de maneira clara e convincente as ideias que defende ou expõe.

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1 A população do Rio de Janeiro vem sofrendo muito com o surto de violência que se abateu sobre sua cidade. A principal causa disso é o desconcertante crescimento a pobreza crônica que aflige os habitantes de baixa renda da região. O problema se agrava com a invasão de enorme contingente do setor agrário, o que aumenta a população marginalizada e a mão de obra sem qualificação para a indústria. Muitos deles, impedidos de participar da vida social, voltam-se de forma violenta contra a própria sociedade. Enquanto o estado não propiciar uma melhor distribuição de renda e uma política agrária comprometida com os interesses sociais, a violência cotidiana que a população do Rio de Janeiro e a de todas as metrópoles brasileiras enfrenta, só tende a piorar

EM SÍNTESE, O QUE VOCÊ DEVE OBSERVAR PARA ESCREVER UM PARÁGRAFO:

1. O parágrafo é formado por um conjunto de enunciados. Todos devem convergir para a produção de um sentido.

2. A primeira frase de cada parágrafo, que se denomina tópico frasal, é sempre muito importante. Ela deve ter uma palavra de peso que possa ser explorada.

3. Fica difícil desenvolver bem um parágrafo se o tópico frasal for muito vago. Evite abstrações.

4. Todo parágrafo de ter sempre uma palavra que o norteie.

5. Cada parágrafo deve explorar uma só ideia. Explorar várias ideias ao mesmo tempo torna o texto confuso, sem nenhuma coerência.

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ESQUEMA BÁSICO DO TEXTO ARGUMENTATIVO

DIFERENÇA ENTRE TEMA E TÍTULO.

O primeiro passo, antes de começar um texto argumentativo é reconhecer a diferença entre tema e título. O tema é o assunto sobre o qual você irá escrever, ou seja, a ideia que será defendida ao longo do texto. Por outro lado, o título é a expressão curta que é colocada no início do trabalho; ele é, na verdade, uma vaga referência ao assunto que você abordará. Exemplos:

TÍTULO: As contradições na era da comunicação

TEMA: Vivendo a era da comunicação, o homem contemporâneo está cada vez mais só.

COMO COMEÇAR

Imagine que você possua um determinado tema sobre o qual deve redigir um texto argumentativo. A sua primeira providência é reescrever o tema e perguntar: POR QUÊ? Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao menos uma noção de qualquer tema que lhe vier apresentado. O ideal para que seu texto explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três “respostas” para a questão formulada; estas respostas chamam-se argumentos. Veremos um exemplo.

TEMA: Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.

► Existem populações imersas em completa miséria POR QUÊ? ► A paz é interrompida por conflitos internacionais

►O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico

Repare que essas respostas são exaustivamente noticiadas pelos meios de comunicação, evidentemente você encontrará mais respostas para sua pergunta, isso significa mais argumentos para seu texto, mas atente-se para o tamanho do texto,

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dependendo do objetivo da redação, o texto não pode ser MUITO longo. Lembre-se também que cada argumento será desenvolvido e argumentos demais podem deixar seu texto complexo e extenso.

Uma vez que você estabeleceu o número de argumentos (baseado no número de respostas), você já dispõe do necessário para iniciar ser texto. Um texto argumentativo (dissertação) deve constar de três partes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. Com os dados acima, você já é capaz de escrever o primeiro parágrafo de seu texto. Esse parágrafo traz uma visão geral do seu texto, apresenta o tema e os argumentos. Esse parágrafo é a INTRODUÇÃO.

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, POIS existem populações imersas em completa miséria

E EM MUITOS PAÍSES a paz é interrompida por conflitos internacionais. ALÉM DISSO, o

meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico

Note que o TEMA foi acrescido dos TRÊS argumentos com a utilização de CONECTIVOS. Esses conectivos (geralmente conjunções) tornam o texto COESO. Aprender a utilizar conectivos é importante para a construção de textos, já que o texto começou com frases isoladas que foram CONECTADAS de forma COESA.

Após a Introdução, você fará a argumentação propriamente dita, ou seja, você irá desenvolver seu texto, expandindo os argumentos apresentados na Introdução. Essa fase do seu texto é chamada de DESENVOLVIMENTO. Logo o próximo parágrafo tratará sobre o seu primeiro argumento: o fato de existirem populações na miséria. Veja o exemplo:

Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis, existem legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do chamado Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, há um numeroso contingente de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. No Brasil isso é visível em diversas regiões, tanto em zonas rurais do Nordeste, quanto nas zonas urbanas em morros e favelas de grandes cidades.

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Depois disso, você terá que entrar com o segundo argumento. Lembre-se que, como você começará um novo ARGUMENTO, você pode iniciar um novo parágrafo, mas não se esqueça da CONTINUIDADE do texto, então você deve usar um conectivo para manter a COERÊNCIA do texto. A coerência é a relação lógica das ideias do texto, sem ela, os argumentos pareceriam fragmentos soltos e sem sentido. Vejamos como ficaria a continuação do texto com a entrada de um novo argumento.

Além disso, nas últimas décadas, têm sido frequentes os conflitos internacionais.

Como por exemplo, os atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 ou, mais recentemente, a crise social da Líbia e outros países da África. Há também a crescente violência urbana que tem gerado um sentimento de pânico e insegurança nos brasileiros, fatos estes, facilmente notados na ocupação das favelas ocorridas no Rio de Janeiro e na chacina da escola do Realengo.

Note que as ideias apresentadas são bastante atuais, ao utilizar dados da contemporaneidade, você mostra que é uma pessoa bem informada e preocupada com as questões de seu tempo. Além disso, falar de fatos passados só vale a pena se forem essenciais a sua argumentação. Repare também que o novo argumento foi iniciado com: ALÉM DISSO, que é uma expressão que dá uma ideia de adição e continuidade. Você deverá apresentar seu ultimo argumento mantendo a continuidade, por isso, utilize mais um parágrafo, mas não repita o ALÉM DISSO.

Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela utilização

desenfreada dos recursos não renováveis, o que tem causado o desmatamento de florestas e a poluição de rios e mananciais. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente se desgaste mais rápido, diminuindo seu poder de autorrenovação. Consequentemente a natureza tem entrado em estado de desequilíbrio, o que afeta a qualidade de vida das pessoas e dos animais e plantas.

Você incluiu mais um argumento e note que a expressão que inicia o parágrafo dá essa ideia. Após essa argumentação, você é OBRIGADO a se posicionar. Os argumentos

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embora sejam seus, apresentados dados que você conhece, mas e quanto a sua opinião? Ela vai aparecer SUTILMENTE, na CONCLUSÃO, baseando-se no que foi dito no DESENVOLVIMENTO. Veja mais um exemplo:

Percebe-se que, embora o terceiro milênio seja caracterizado como a época de avanços tecnológicos, o homem está longe de solucionar os graves problemas que afligem uma grande parcela da humanidade. Se por um lado novas tecnologias são criadas para solucionar problemas novos, velhas questões como fome, guerras e devastação ambiental continuam insolúveis. Será que, entre as conquistas atuais não há espaço para o lado humanitário ou ambiental? Será que não existem pessoas preocupadas com tais questões? O ideal seria utilizar os avanços de hoje como ferramentas para salvar o planeta de seu declínio, para que as gerações futuras tenham pelo menos um local suficientemente habitável.

Na conclusão você reafirmou o tema e deu sua opinião com base nos argumentos. Na maioria das vezes é importante construir perguntas e sugerir soluções para os problemas, pelo menos, de forma abrangente. É bom mostrar preocupação com a persistência do problema e enfatizar que você é capaz de compreender a problemática e propor soluções. A conclusão deve iniciar com palavras que deem ideia de que você está finalizando o texto: Portanto, Por fim, Enfim, Levando-se em consideração o exposto entre outras expressões.

O PARÁGRAFO-CHAVE: 18 FORMAS PARA VOCÊ COMEÇAR UM TEXTO

Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.

Listamos aqui dezoito formas de começar um texto. Elas vão das mais simples às mais complexas.

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CURSO ESCRIBA Página 27 1. Uma declaração (tema: liberação da maconha)

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.

A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

2. Divisão (tema: exclusão social)

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada.

Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.

3. Definição (tema: o mito)

O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana.

A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

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CURSO ESCRIBA Página 28 4. Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)

Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar. A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação.

5. Comparação (tema: reforma agrária)

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária.

Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de comportamento entre elas.

6. Oposição (tema: a educação no Brasil)

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de DVD. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que estabelecerá o rumo da argumentação. Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo:

Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformações.(...)

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CURSO ESCRIBA Página 29 7. Alusão histórica (tema: globalização )

Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.

O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

8. Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)

Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes em todas as regiões do território nacional.

A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por “Essa é a conclusão” 9. Adjetivação (tema: a educação no Brasil)

Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo.

A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo equivocada e pouco racional.

10. Citação (tema: política demográfica)

"As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora". O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.

A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra comentário da segunda frase.

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CURSO ESCRIBA Página 30 11. Citação de forma indireta (tema: consumismo)

Para Marx, a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.

Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor citar de forma indireta que de forma errada

12. Exposição de ponto de vista (tema: o provão)

O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação.

Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra-argumentação.

13. Retomada de um provérbio (tema: mídia e tecnologia)

O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível.

Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar-comum que todos eles trazem. No exemplo acima, o autor diz "o corriqueiro adágio" e assim demonstra que está consciente de que está partindo de algo por demais conhecido.

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CURSO ESCRIBA Página 31 14. Ilustração (tema: aborto)

O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida, mas não queria a criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto. O tema é tabu no Brasil.(...)

Você pode começar narrando uma fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão do parágrafo seguinte se faz de forma fácil; a palavra tema retoma a questão que vai ser discutida.

15. Uma sequência de frases nominais (frases sem verbo) (tema: a impunidade no Brasil)

Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás.

Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.

O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que dão equilíbrio às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante.

16. Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme (tema: a intolerância)

Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani, ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei de França, sob ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da História.(...)

Desse horror a História do Brasil está praticamente livre(...)

O resumo do filme A rainha Margot serve de introdução para desenvolver o tema da intolerância religiosa. A coesão com o segundo parágrafo dá-se através da palavra horror, que sintetiza o enredo do filme contado no parágrafo inicial.

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17. Descrição de um fato de forma cinematográfica (tema: violência urbana)

Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média. Choperia Bodega - um bar da moda, frequentado por jovens bem-nascidos.

Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana Ciola, 23, e José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista.

O parágrafo é desenvolvido por flashes, o que dá agilidade ao texto e prende a atenção do leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor fala da origem do movimento "Reage São Paulo".

18. Omissão de dados identificadores (tema: ética)

Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade.

As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que se mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também construir todo o primeiro parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.

COESÃO TEXTUAL

Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos por entre os enunciados que o constituem, nem perdemos a noção de conjunto. Com efeito, é possível perceber a conexão existente entre os vários segmentos de um texto e compreender que todos estão interligados entre si.

A título de exemplificação do que foi dito, observe-se o texto que vem a seguir:

É sabido que o sistema do Império Romano dependia da escravidão, sobretudo

para a produção agrícola. É sabido ainda que a população escrava era recrutada principalmente entre prisioneiros de guerra.

Em vista disso a pacificação das fronteiras fez diminuir consideravelmente a

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Como o sistema não podia prescindir da mão de obra escrava foi necessário

encontrar outra forma de manter inalterada essa população.

Como se pode observar, os enunciados desse texto não estão amontoados caoticamente, mas estritamente interligados entre si: ao se ler, percebe-se que há conexão entre cada uma das partes.

A essa conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de coesão. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles.

A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas sobretudo por certa categoria de palavras, as quais são chamadas

conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é exatamente a de pôr em

evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados.

No caso do texto citado acima, pode-se observar a função de alguns desses elementos de coesão. A palavra ainda no primeiro parágrafo ("É sabido ainda que”...) serve para dar continuidade ao que foi dito anteriormente e acrescentar um outro dado: que o recrutamento de escravos era feito junto dos prisioneiros de guerra.

O segundo parágrafo inicia-se com a expressão em vista disso, que estabelece uma relação de implicação causal entre o dado anterior e o que vem a seguir: a pacificação das fronteiras diminui o fornecimento de escravos porque estes eram recrutados principalmente entre os prisioneiros de guerra.

O terceiro parágrafo inicia-se pelo conectivo como, que manifesta uma outra relação causal, isto é: foi necessário encontrar outra forma de fornecimento de escravos porque o sistema não podia prescindir deles.

São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão:

- as preposições: a, de, para, com, por, etc.;

- as conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc.; - os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual, etc.; - os advérbios: aqui, aí, lá, assim, etc.

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O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto e contribui consideravelmente para a expressão clara das ideias. O uso inadequado sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passagens incompreensíveis.

Para dar ideia da importância desses elementos na construção das frases e do texto, vamos comentar sua funcionalidade em algumas situações concretas da língua e mostrar como o seu mau emprego pode perturbar a compreensão.

(1) Certamente nunca terá faltado aos sonegadores de todos os tempos e lugares o confortável pretexto de que o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de administradores incompetentes e desonestos. (2) Como pretexto, a invocação é insuperável e tem mesmo a cor e os traços do mais acendrado civismo. (3) Como argumento, no entanto, é cínica e improcedente. (4) Cínica porque a sonegação, que nesse caso se pratica, não é compensada por qualquer sacrifício ou contribuição que atenda à necessidade de re-cursos imanente a todos os erários, sejam eles bem ou mal administrados. (5) Ora, sem recursos obtidos da comunidade não há po-liciamento, não há transportes, não há escolas ou hospitais. (6) E sem serviços públicos essenciais, não há Estado e não pode haver sociedade política. (7) Improcedente porque a sonegação, longe de fazer melhores os maus governos, estimula-os à prepotência e ao arbítrio, além de agravar a carga tributária dos que não querem e dos que, mesmo querendo, não têm como dela fugir - os que vivem de salário, por exemplo. (8) Antes, é preciso pagar, até mesmo para que não faltem legitimidade e força moral às denúncias de malversação. (9) É muito cômodo, mas não deixa de ser, no fundo, uma hipocrisia, reclamar contra o mau uso dos dinheiros públicos para cuja formação não tenhamos colaborado. (10) Ou não tenhamos colaborado na proporção da nossa renda.

O produtor desse texto procura desmontar o argumento dos sonegadores de impostos que não os pagam sob a alegação de que os administradores do dinheiro público são incompetentes e desonestos.

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Por uma razão prática, vamos fazer o comentário dos vários argumentos tomando por base cada um dos períodos que compõem o texto:

10 período:

Expõe o argumento que os sonegadores invocam para não pagar impostos: eles alegam que não os pagam porque o seu dinheiro não deve ir parar nas mãos de administradores desonestos e incompetentes. Observe-se que o produtor do texto começa a desautorizar esse argumento ao considerá-lo um "confortável pretexto", isto é, uma falsa justificativa usada em proveito próprio.

20 período:

O enunciado admite que, como pretexto (falsa razão), essa justificativa é insuperável e tem aparência de elevado espírito cívico.

30 período:

O conectivo "no entanto" (de caráter adversativo) introduz uma argumentação contrária ao que se admite no período anterior: a justificativa para sonegar impostos, como argumento, é cínica e improcedente.

40 período:

Através do conectivo "porque", o enunciador expõe a causa pela qual considera cínico o argumento: é cínico porque a sonegação não é substituída por outro tipo de contribuição que atenda à necessidade de recursos do Estado.

50 período:

O conectivo "ora" dá início a uma argumentação que se manifesta contrária à ideia de que o Estado possa sobreviver sem arrecadar impostos e sem se prover de recursos.

60 período:

O conectivo "e" introduz um segmento que adiciona um argumento ao que se afirmou no período anterior.

70 período:

Depois de demonstrar que o argumento dos sonegadores é cínico, o enunciador passa a demonstrar que é também improcedente, o que já foi afirmado no terceiro período. O

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motivo da improcedência vem expresso por uma oração causal iniciada pelo conectivo "por-que": a justificativa para sonegar é improcedente porque a sonegação, ao invés de contribuir para melhorar os maus governos, estimula-os à prepotência e ao arbítrio. No mesmo período, o conectivo "além de" introduz um argumento a mais a favor da improcedência da sonegação: ela agrava a carga tributária dos que, como os assalariados, não têm como fugir dela.

80 período:

O conectivo "antes", que inicia o período, significa "ao contrário" e introduz um argumento a favor da necessidade de pagar impostos. O conectivo "até mesmo" dá início a um argumento que reforça essa necessidade.

90 período:

O conectivo "mas" (adversativo), que liga a oração "É muito cômodo" à oração "não deixa de ser uma hipocrisia", estabelece uma relação de contradição entre as duas passagens: de um lado, é cômodo reclamar contra o mau uso do dinheiro público, de outro, isso não passa de hipocrisia quando não se colaborou com a arrecadação desse dinheiro.

100 período:

O conectivo "ou" inicia uma passagem que contém uma alternativa que caracteriza ainda a atitude hipócrita: é hipocrisia reclamar do mau uso de um dinheiro para o qual nossa colaboração foi abaixo daquilo que devia ser.

Como se vê, os períodos compostos bem estruturados e os conectores usados de maneira adequada dão coesão ao texto e consistência à argumentação.

COESÃO TEXTUAL (II)

Vamos tratar da coesão do texto e do uso dos elementos linguísticos adequados para estabelecer conexões entre os vários enunciados do texto.

1) O papel dos elementos de coesão

Consideramos como elementos de coesão todas as palavras ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso tais como: então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é, embora e tantas outras.

Referências

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