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História de Roma e da língua latina: O Império

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(1)

História de Roma

e da língua latina:

O Império

(2)

Sumário

Uma nova monarquia

O apogeu

A era argêntea da literatura

latina

O declínio

As reformas de Diocleciano e

Constantino

O cristianismo

A literatura latina cristã

(3)

Uma nova monarquia

 As palavras imperĭum e imperātor eram tão ou mais velhas que a própria República

romana. Traduções possíveis dos seus sentidos originais são ‘comando’ e ‘comandante’. Muito antes dos imperadores, o imperĭum era um poder de natureza militar que permitia um cidadão comandar outros cidadãos, poder com que estavam investidas as magistraturas de cônsul e pretor. Quanto ao título de

imperātor, era outorgado a um general após uma grande vitória por aclamação dos seus homens, um rito necessário para celebrar o seu triunfo (que era outro rito), durante o qual mantinha o título e após o qual o entregava. O que Augusto mudou é que imperātor deixou de ser um título para se tornar um prenome, de modo que ele e os seus sucessores se chamaram Imperātor Caesar Augustus. Portanto, as expressões Império Romano e imperador romano são convenções historiográficas para nomear as novas constituição e chefia do Estado romano. O sentido atual da palavra imperador não vem do tempo dos imperadores romanos, mas tem origem medieval, e foi cunhado primeiramente em grego. A tradução de Imperātor Caesar Augustus para essa língua era Αὐτοκράτωρ Καῖσαρ Σεβαστός, mas em 629, Heráclio trocou essa forma de nomeação pelo título de βασιλεύς, palavra que até então significava ‘rei’, mas que desde então teve o sentido que se dá hoje à palavra imperador. Assim, à imitação do βασιλεύς, Carlos Magno assumiu, no ano 800, o título de Imperātor Rōmānōrum, ou seja, ‘Imperador dos Romanos’, completando a mudança semântica do termo.

(4)

Uma nova

monarquia

Após a Guerra Civil, Otaviano foi pouco a pouco

concentrando o poder na sua pessoa.

 Desde 42 a.C., já usava o agnome

Dīuī Fīlĭus

.  Em 38 a.C., trocou os seus prenome e nome pelo

agnome

Imperātor

, pelo que passou a chamar-se

Imperātor Caesar Dīuī Fīlĭus

.

 Em 28 a.C., aceitou o título de

princeps

.  Em 27 a.C., aceitou também o cognome de

Augustus

, a partir de então

Imperātor Caesar Dīuī

Fīlĭus Augustus

.

 Até 23 a.C., foi seguidamente reeleito cônsul,

quando o Senado lhe outorgou, então, um

imperĭum

prōcōnsulāre maius et infīnītum

.

 Em 12 a.C., assumiu o cargo de pontífice máximo.  Em 2 a.C., ganhou o título de

Pater Patrĭae

.

(5)

Augusto

como imperador

e pontífice máximo

(6)

Uma nova monarquia

Augusto não só preservou o

cursus honōrum

(além de ter instituído

outro para o exército), mas o reformou de modo que ele se esvaziou

de poder sem deixar de ser uma honraria para as camadas mais

favorecidas da sociedade, pagando o exercício de cada magistratura

com um salário anual. O próprio consulado foi mantido e alargado,

não mais como o posto mais poderoso do governo do Estado, mas

como a mais alta honra a que um senador podia aspirar. Designou,

ainda, funcionários à margem do

cursus honōrum

para cuidar de

certos negócios, como a sua segurança pessoal (

praefectus

Praetōrĭō

), a segurança na cidade de Roma (

praefectus uigĭlum

), a

ordem aí (

praefectus V̄rbī

) ou o abastecimento dela (

praefectus

(7)

O apogeu

Sob o governo de Augusto foram conquistadas:

 a Mésia em 29 a.C., a Galácia em 25 a.C., os povos

ástur e cântabro em 19 a.C. (remate da conquista da Hispânia), a Récia em 15 a.C., os povos dos Alpes ocidentais em 14 a.C., a Panônia em 9 a.C. e a

Judeia em 6 d.C.. 

Sob Tibério:

 a Capadócia em 17. 

Sob Calígula:

 a Mauritânia em 40. 

Sob Cláudio:

 a Britânia em 43, a Lícia em 43, a Trácia em 46 e o

Nórico em 50.

Sob Trajano:

 a Arábia Petreia em 106, a Dácia em 106

(abandonada por Aureliano em 271), a Armênia em 114, a Mesopotâmia e a Assíria em 116 (estas três

(8)

O Império Romano

(9)

O apogeu

 Quando o costume de destruir uma cidade conquistada e levar a sua gente

para Roma se tornou insustentável, por razões óbvias, os romanos valeram-se de dois meios para sujeitar o povo vencido: converter a cidade em município (

mūnicipĭum

) e fundar colônias (

colōnĭae

). A diferença entre o município e a colônia consistia, pois, no fato de que a população daquele, embora sujeita à lei romana, podia manter um ordenamento prévio, enquanto a população desta não obedecia senão à lei romana, sendo que havia colônias onde os homens livres eram cidadãos romanos e outras onde eram cidadãos latinos. Como o nome sugere, a cidadania latina fora concedida originalmente às cidades do Lácio; diferia da cidadania romana por carecer de direitos políticos. Assim, os cidadãos de colônia latina não podiam eleger os magistrados da cidade, que eram escolhidos em Roma. O jogo entre as condições de estrangeiro (

peregrīnĭtās

), de cidadão latino (

latīnĭtās

) e de cidadão romano (

rōmānĭtās

) constituiu instrumento eficiente de romanização, pois ser romano se apresentava como privilégio. Esse processo foi coroado em 212 pela Constituição Antoniniana, do imperador Caracala, que estendeu a cidadania romana a todos os homens livres do império.

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A era argêntea

da literatura

latina

Fedro (c. 20 a.C.-c. 50 d.C.) introduziu a

fábula na literatura latina, traduzindo Esopo, fabulista grego, e acrescentando outras fábulas da sua autoria.

Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) foi filósofo, adepto

da filosofia estoica, da qual é considerado o maior autor em latim, sendo as suas obras mais importantes os Diálogos, consistentes

em nove tratados filosóficos, e as Cartas a Lucílio, de conteúdo também filosófico.  Petrônio (14-66), autor do primeiro

romance da literatura latina, o Satirĭcon, da qual restam apenas fragmentos.

Plínio o Velho (23-79) escreveu uma

enciclopédia, a Nātūrālis historĭa, que foi usada como fonte de conhecimento sobre muitos assuntos durante toda a Idade Média.

Quintiliano (35/40-96) escreveu o tratado

mais completo sobre a arte retórica, a

(21)

A era argêntea

da literatura

latina

Marcial (40-104) foi o maior cultor do

gênero do epigrama.

Tácito (55-120) aproveitou o melhor

que a historiografia romana produzira até o seu tempo, e, por isso, é

provavelmente o historiador latino de mais qualidade literária.

Juvenal (55/60-c. 127) dedicou-se à

sátira, gênero no qual espelhou todos os vícios da sociedade romana do seu tempo.

Suetônio (70-126) é o grande biógrafo

da literatura latina, tendo historiado a vida de César e dos onze primeiros imperadores em

Dē uītā Caesărum

, conhecido como ‘As vidas dos doze césares’.

Apuleio (125-170), autor do único

romance latino que nos chegou íntegro, o

Asĭnus aurĕus

, precursor, como o

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O declínio

 Escassez de mão de obra escrava.  Uso da mão de obra dos colonos.  Desfalque de mão de obra nas

propriedades médias.

 Decadência dos decuriões ou curiais.  Diminuição dos investimentos nas

cidades.

 Opressão do Estado para manter-se.  Busca dos pobres pela proteção dos

ricos.

 Alianças com os povos bárbaros.  Ascensão dos bárbaros à chefia do

exército.

 Deposição do imperador Rômulo

(23)

As reformas de

Diocleciano

 Desde 286, Diocleciano partilhou o

governo com o seu amigo Maximiano, a quem deu o título de augusto e confiou a metade ocidental do Império.

 Em 293, Diocleciano escolheu um césar

e Maximiano, outro, respectivamente Galério e Constâncio.

 Ao cabo de vinte anos, os césares

deviam tomar os lugares dos augustos e nomear novos césares.

 Ao mesmo tempo, o ordenamento

territorial foi reformado: as províncias foram agrupadas em doze dioceses, à frente das quais estava um vicário, que passou a ser um cargo administrativo intermediário entre o prefeito do

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As reformas de

Constantino

 Constantino, filho de Constâncio,

começou o seu reinado enleado em

lutas contra os sucessores da Tetrarquia e usurpadores (ele mesmo era um).

 Venceu todos até 324 e desde então foi

o único imperador romano.

 Trocou a Tetrarquia por uma nova

divisão do Império em quatro

prefeituras, cujos prefeitos – sem

comando militar – respondiam apenas a ele.

 Reformou também a administração

imperial e o exército, no sentido de espargir o poder sobre várias pessoas, de modo que o seu próprio ficasse fortalecido.

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A Nova Roma

 Não obstante, a maior obra de

Constantino foi ter fundado, em 330, uma nova capital.

 Construída sobre a cidade de Bizâncio,

a Nova Roma ou Constantinopla (em grego

Κωνσταντινούπολις

, ou seja, ‘Cidade de Constantino’, latinizado como

Cōnstantīnopŏlis

, hoje Istambul, Turquia) estava em uma posição

privilegiadíssima: às margens do

Bósforo, o estreito que separa a Ásia e a Europa, a meio caminho da fronteira oriental e da fronteira danubiana, e longe do bulício de Roma e de todo o ocidente.

 Em Constantinopla, instalou-se não só a

administração imperial, mas também um Senado (

Σύνκλητος

).

 Estavam plantadas as condições para a

partição definitiva do Império em 395, após a morte do imperador Teodósio, que legou o oriente ao seu filho Arcádio

(28)
(29)
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O cristianismo

 Os romanos sempre foram abertos ao

sincretismo.

 A diferença do cristianismo é que a

promessa de vida eterna num reino que não é deste mundo num mundo

atravessado pela miséria e pela

truculência consolava quase todas as camadas da população.

 Quando os imperadores se intitularam

senhores e deuses, os cristãos, que

creem em um Deus e um Senhor, foram de encontro ao Estado.

 É preciso entender que se para um

cristão render culto aos deuses

romanos era ato de apostasia, para um romano não cristão negar-se a isso era ato de deslealdade ao Estado.

(31)

O cristianismo

sob Diocleciano

 A primeira reação, a de Diocleciano, foi

revivescer a tradição.

 Ele e o seu césar assumiram o agnome

de

Iouĭus

e Maximiano e o seu césar, o de

Herculĭus

.

 É certo que houve perseguições dos

cristãos desde ao menos o incêndio de Roma em 64, mas até o reinado de

Décio (249-251), houve mais tolerância que perseguição.

 Foi durante a Tetrarquia, mais

precisamente desde 303, que os cristãos foram julgados claramente uma ameaça ao Estado.

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O cristianismo

sob Constantino

 A segunda reação, a de Constantino, foi acomodar-se ao soçobro das tradições junto com a difusão da fé cristã.

 A Grande Perseguição acabou em 311, quando foi promulgado um edito de tolerância pelo imperador Galério em

Nicomedia, o qual foi ratificado em 313 por outro edito dos imperadores Constantino e Licínio em Mediolano, daí conhecido como Edito de Milão.

 Constantino outorgou o poder de juiz aos bispos, isentou a Igreja de impostos e reconheceu-a como pessoa jurídica.

 Apoiou a edificação de grandes basílicas, como a basílica de São João de Latrão e a de São Pedro, em Roma, além da basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém e da igreja de Santa Irene em Constantinopla.

 Convocou e presidiu o primeiro concílio ecumênico, celebrado em Niceia (hoje İznik, Turquia) em 325, feito enormemente importante, pois foi estabelecida uma

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O cristianismo:

religião oficial

 Após Constantino, o cristianismo foi

cada vez mais a religião majoritária do Império Romano.

 Os cristãos trocaram de papel e

começaram a perseguir os agora chamados pagãos.

 O imperador Graciano foi o derradeiro

pontífice máximo.

 Em 380, Graciano, Valentiniano e

Teodósio promulgaram um edito – o Edito de Tessalônica – em que

exprimiram a vontade de que todos os povos que regiam se convertessem à doutrina nicena com o nome de

cristãos católicos.

 Em 391, Valentiniano e Teodósio

dispuseram que não se podia entrar nos templos pagãos, tampouco andar perto deles, nem mesmo olhar para eles ou para as estátuas dos deuses.

 Em 392, Teodósio vedou também o

(35)

A literatura

latina cristã

 O primeiro grande escritor cristão em

latim foi Tertuliano (c. 155-c. 230).

Cipriano, bispo de Cartago (210-258),

que pereceu na perseguição do imperador Valeriano.

Lactâncio (c. 250-c. 327), chamado

“Cícero cristão”, que confrontou a doutrina cristã e as escolas filosóficas helenísticas.

Vitorino (250-304), bispo de Petóvio

(hoje Ptuj, Eslovênia), que foi o primeiro exegeta latino.

Hilário (315-367), bispo de Pictávio

(hoje Poitiers, França), autor do

trīnitāte

, o primeiro tratado teológico profundo em latim.

(36)

A literatura

latina cristã

Ambrósio (339-397), bispo de

Mediolano (hoje Milão, Itália), que além de ter sido um grande escritor, gozou de grande respeito da parte dos imperadores Graciano e Teodósio, em cuja política religiosa interveio.

Jerônimo de Estridão (347-419/420),

que, por encargo do papa Dâmaso I, levou a cabo, a partir de 382, a versão da Bíblia em latim conhecida como

Vulgata, composta em parte pela

revisão de traduções latinas anteriores e em parte por traduções novas do hebraico e do grego.

Agostinho (354-430), bispo de Hipona

(hoje ʿAnnābah, Argélia), cuja obra vastíssima – cume da literatura latina cristã e da qual sobressaem os

Cōnfessiōnum lībrī

, a sua

autobiografia, e

Dē cīuitāte Deī contrā

pāgānōs

, o primeiro tratado de

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O fim do

Império no

ocidente

 Em 410, Alarico, rei dos visigodos, invadiu e

saqueou Roma.

 Apesar de ter comovido profundamente os

contemporâneos, o acontecimento veio repetir-se em 455: desta vez foram os vândalos de

Genserico.

 Em 476, o chefe germânico Odoacro depôs Rômulo

Augústulo, o último imperador romano do Ocidente.

 Em vez de escolher mais um imperador-fantoche,

Odoacro mandou entregar as insígnias imperiais a Zenão, imperador romano do Oriente, e assumiu o título de rei, primeiro da sua gente e depois da Itália.

 A parte oriental do Império durou mais um

milênio.

 Embora tenha continuado a ter o nome de Império

Romano e os seus próprios habitantes se

identificassem como romanos, para não haver confusão, os historiadores modernos convieram chamar-lhe Império Bizantino, do gentílico da antiga cidade sobre a qual foi levantada

Constantinopla: Bizâncio.

 Aí o latim seguiu sendo língua oficial até 620,

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Referências

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