Geotecnologias aplicadas ao ensino de geografia, com ênfase na aprendizagem
cartográfica do ensino fundamental II
Adson dos Santos
Universidade Estadual de Feira de Santana- arh@uefs.br
Introdução
Como o ensino da Cartografia no segundo ciclo do Ensino Fundamental pode ser útil na formação do aluno em prol do exercício da sua cidadania?
A cartografia é ferramenta importante na construção da cidadania. Por essa razão, é que se torna indispensável o ensino da cartografia nestas séries, possibilitando aos alunos que os mesmos tenham conhecimento do espaço em que vive e que constroem, portanto, uma questão que nortea todo esse trabalho, é a apropriação de conceitos básicos da cartografia por parte dos discentes. O diferencial nessa proposta metodológica é fundamentado na aplicação das geotecnologias como suporte para a aprendizagem cartográfica.
A alfabetização cartográfica refere-se ao processo de domínio e aprendizagem de uma linguagem constituída de símbolos e significados; uma linguagem gráfica (códigos e símbolos definidos – convenções cartográficas). No entanto, não basta à criança desvendar o universo simbólico dos mapas, é necessário criar condições para que o aluno seja leitor crítico de mapas ou um mapeador consciente (PASSINI, 1998. p.17).
A importância do contato com a cartografia nos primeiros anos escolares é evidenciada por muitos autores em inúmeros trabalhos relacionados ao estudo desta e a forma como a mesma pode e deve ser aplicada nos anos escolares. A Cartografia é um dos objetos de estudo da dita Geografia escolar, durante todo o ensino básico. O conhecimento cartográfico sempre esteve no cerne dos conhecimentos geográficos. Cartografar é uma atividade comum para o indivíduo na sociedade. Por que ao longo da nossa existência vamos desenvolvendo as representações sobre o espaço habitado e
consequentemente as modificações sobre o mesmo. Todos precisam se localizar, conhecer, descobrir e viver o espaço, seja para atividades cotidianas, viagens ou pelo sentido existencial de pertencimento.
Para tanto, será discutido sobre o uso e conhecimento da Cartografia no segundo ciclo do Ensino Fundamental, analisando como os mapas podem generalizar situações, marcar domínios e por sua face técnica e científica pode ser tomado de credibilidade, sem ser submetido às críticas habituais de um texto. Pois, quanto à utilização de mapas, deve manifestar-se em prol do desenvolvimento das habilidades necessárias à leitura, sem comprometer o objetivo primordial que é fazer a leitura e apropriar-se desse meio como forma de expressão crítica.
Para isso deve-se possibilitar ao aluno que ele aprenda a partir da percepção e análise do seu entorno. Partindo do conhecido, das relações imediatas, do vizinho, para então localizar os lugares nos mapas e daí apropriar-se dessa forma de representação.
Ensinar cartografia é, portanto, fornecer ferramentas para que a construção que faz parte do convívio social, não seja lembrada como cópia de mapas com alguma informação, para não associar o uso de escala com aula de matemática, para que os mapas não sejam apenas figuras desconexas trabalhadas na aula de Geografia, buscando enfatizar as metodologias e práticas adotadas pelos educadores preocupando-se em desenvolver habilidades necessárias para esta clientela.
Por fim, alfabetizar um aluno na leitura desse tipo de forma de comunicação é também um trabalho social. É possibilitar a ele a compreensão de um instrumento de síntese do espaço, permitindo instrumentalizá-lo para a leitura de algo que visa representar um recorte espacial e que, muitas vezes, é mais forte em seus estereótipos, na segregação, na reafirmação das desigualdades sócio-espaciais do que meros textos com palavras.
Dessa forma, incentivar a leitura e as interpretações de linguagens cartográficas faz parte da atuação do professor de Geografia, pois ler mapas e outras representações do espaço é tão importante quanto o simples ato de aprender a ler um texto, porém não o tira a responsabilidade de enquanto professor, interdisciplinar suas atividades com as outras desenvolvidas no âmbito escolar.
Em virtude dessa concepção é de suma importância que o aluno possa interagir com as outras disciplinas para que assim alcance a aprendizagem necessária.
Segundo Piaget (1974), as crianças passam por estágios diferenciados quanto a sua capacidade de compreensão, sendo gradativo e cumulativo; estes estágios devem ser explorados pelo professor para que o aluno possa construir seu referencial geográfico e posteriormente se localizar locomover utilizando mapas, roteiros, GPS, Google Mapas etc.
Partindo dessa premissa é que se nortea o presente trabalho, o qual busca compreender e analisar a importância do uso da Cartografia nas séries iniciais.
Metodologia
Em busca de inovações metodológicas nos propomos realizar uma corrida orientada como subsidio para o processo de ensino-aprendizagem para os alunos de geografia no ensino fundamental II. Inicialmente foi realizada uma explanação de conceitos básicos de cartografia, a fim, de familiarizar os discentes com o tema, em seguida foi escolhido o local a ser realizada a atividade. Com o auxilio do software Google Earth,foi delimitado a área a ser trabalhada:
Figura 1 Parque aquático, Xique- Xique- BA
Figura 2 Mapa de orientação
A última etapa da metodologia foi desenvolvida com a execução da corrida de orientação, onde as equipes dos alunos deveriam percorrer os pontos de controles no menor tempo possível, com o auxilio do mapa e de uma bussola.
Resultados e Discussão
Após a aplicação da metodologia descrita, foi aplicado um questionário contento algumas perguntas, a fim, de verificar se foi obtido êxito na tentativa de aprendizagem por parte dos discentes.
Por parte, dos discentes, a euforia foi muito grande e com isso, as respostas a certa da atividade forma bastante positivas. Os mesmos relataram que a proposta foi eficaz e resultaram em uma aprendizagem até então não existente. Bem como, se sentiram motivados para eventuais projetos futuros.
Inovar sempre é preciso, e em muitos casos não custa tanto. Está disposto a buscar novas metodologias é o principal caminho para se alcançar uma aprendizagem satisfatória por parte de nossos discentes. Se afastar um pouco da zona de conforto e apostar em novas práticas pode nos trazer resultados imensuráveis no processo de ensino- aprendizagem.
A proposta desenvolvida atingiu os objetivos esperados e nos fez pensar. Como atingirmos um patamar de aprendizagem ainda maior no ensino da cartografia nas aulas de geografia? Porém, a resposta é a mais simples e cristalina. Continuemos a inovar nossas aulas e a desenvolve-las de forma lúdica e os resultados esperados serão alcançados.
Referências
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