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Jornal Momento: experiência online no ensino do jornalismo Marcia Furtado Avanza 1 Wesley Moreira Pinheiro 2

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Academic year: 2021

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Jornal Momento: experiência online no ensino do

jornalismo

Marcia Furtado Avanza1 Wesley Moreira Pinheiro2

PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo online; Ensino do Jornalismo; Novas tecnologias.

Introdução

O surgimento dos veículos de informação digital na internet provocou não apenas uma revolução no fazer jornalismo, como uma grande discussão sobre seu caminho na sociedade da informação ou na era do conhecimento, seja lá como prefiram chamar. Este tem sido um tema sempre presente na academia e nos meios profissionais, levantando questões sobre para onde caminha o jornalismo, qual o seu futuro, qual será a linguagem adequada, entre outras.

Mesmo com todos esses questionamentos, é importante não esquecer que o jornalismo sempre teve o seu fazer ligado às mudanças tecnológicas. Cada nova mídia que surgia provocava modificações na sua prática, promovendo o desenvolvimento de novas linguagens, sempre em busca de novas formas de se comunicar. Isso porque a tecnologia sempre foi um suporte para o jornalismo; e a função do jornalista é prover conteúdo a cada um dos diferentes suportes. O que não se pode ignorar, sem dúvida, é a importância desse conteúdo num mundo cada vez mais imerso na comunicação.

Na internet esse conteúdo assume uma enorme proporção. Arnt lembra que o meio digital “amplia, redobra, multiplica o potencial do jornalismo impresso” (2002:1). Conforme Lévy (1999: 158), isso é possível porque as tecnologias intelectuais digitais possibilitam o aprendizado, a produção e a transmissão mais ágeis, capazes de "amplificar, exteriorizar e modificar

1Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, professora e coordenadora do Curso de

Jornalismo da Fiam.

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numerosas funções cognitivas humanas" como a memória, a percepção e o raciocínio.

O certo é que, desde o surgimento dos meios na internet, embora a primeira tendência ao redor do mundo tenha sido a integração das redações de impressos e online, “os jornais essencialmente digitais desenvolveram características próprias, utilizando todo o potencial do novo meio”, como lembra Arnt (2002:5). Mesmo as versões digitais dos jornais impressos vão, aos poucos, se adaptando ao novo meio, mesmo ainda guardando as características do jornalismo impresso.

O autor também destaca que, embora ainda não se possa falar de uma nova linguagem, a rede possibilita a introdução de novas funções. Uma delas, conforme Arnt (2002: 6), é “o caráter não perecível dos produtos da informação – quer dizer, seu potencial de arquivo e acesso à história recente da sociedade”. Uma das conseqüências desse caráter de perenidade é a preocupação do jornalismo com uma postura mais ética, na medida em que se rompe com o modelo do “jornal de ontem”, que só tinha o lixo como destino. Ao contrário, a notícia permanece na rede, podendo ser acessada a qualquer momento.

Dessa forma, o meio digital representa um novo suporte, uma nova etapa do jornalismo, mas não uma ruptura na maneira de criar e comunicar os conteúdos do pensamento. Pelo contrário, abre “infinitas possibilidades no potencial de informação para a sociedade, a partir de infinitas possibilidades de cruzamentos entre textos de jornais e textos literários, científicos, documentais e de conhecimentos abstratos”, admitindo novas conexões e novas leituras” (ARNT, 2002:10). Ainda, como lembra Lévy (1999), permite o compartilhamento das informações entre numerosos indivíduos, o que aumenta, portanto, “o potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos”.

O aspecto conceitual, de acordo com as idéias de Lévy sobre a necessidade de construção de "novos modelos do espaço dos conhecimentos", expressas no conceito de "saber-fluxo", nortearam o projeto de jornal-laboratório digital Momento Online, produzido por alunos de graduação do Curso de Jornalismo da Fiam. O jornal foi elaborado para os estudantes dos quinto e sexto semestres, dentro da disciplina Agência de Notícias I e II. No

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entanto, o primeiro teste do jornal ocorreu na disciplina Reportagens e Fontes Jornalísticas, no quarto semestre do curso. Esse teste foi necessário para que as ferramentas utilizadas pelos alunos fossem testadas e aperfeiçoadas.

O desenvolvimento da ferramenta

Quando se iniciou a discussão sobre a construção de um jornal eletrônico, surgiram questões que precisavam ser respondidas para a efetivação do veículo como instrumento pedagógico. Como tornar um sistema web de publicação um agente ativo na relação de ensino e aprendizagem? Como vivenciar uma agência de jornalismo eletrônico? O jornal poderia responder como portfólio dos alunos? A ferramenta ajudaria na competitividade entre os alunos, visando seu crescimento e amadurecimento profissional? Seria possível, por meio de um produto na internet, aperfeiçoar a relação do nosso aluno-jornalista com o leitor/consumidor?

A partir desses questionamentos, começou o processo de planejamento e desenvolvimento do jornal eletrônico Momento On-line. Do ponto de vista técnico, usamos as tecnologias mais flexíveis e atuais, desde escolha da base de dados até a estrutura final de interface. O projeto foi desenvolvido em plataforma Windows, com aplicação em qualquer outra plataforma, usando ferramentas como Dreamweaver, Flash e Photoshop e banco de dados MS SQL SERVER.

Um ponto que se considerou determinante para o sucesso ou fracasso do produto foi a discussão da arquitetura web, usabilidade e interatividade do jornal eletrônico. Buscava-se algo que respondesse às questões formuladas de forma usual, organizada, atrativa e objetiva. Para isso, definiu-se que a capa de cada edição do jornal seria a grande isca para destacar as matérias produzidas, assim como fazem os mais respeitados jornais eletrônicos do país, como o Folha Online ou G1.

Assim, a constituição da capa foi definida da seguinte forma: uma grande chamada (manchete) para a matéria de destaque da edição do jornal, coroando a melhor matéria da semana produzida pelos alunos, segundo critérios

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estabelecidos pelo editor/professor responsável; uma listagem das cinco matérias mais lidas da edição anterior, a fim de prestigiar as matérias que mais interessaram ao leitor e atestar a qualidade de produção do aluno; boxes com matérias de grande relevância, independente da edição que foi publicada; banners visando o marketing do jornal, que divulgariam ações como o Interagindo (que abre a possibilidade de alunos de todas as turmas enviarem matérias), entre outros destaques. A capa do jornal, então, revelaria uma dinâmica da produção, bem como uma vitrine da mesma.

Toda a organização de conteúdo foi estruturada em grandes blocos, divididos como: editorias, opinião, especiais, entrevista e mundo acadêmico. As

editorias abrigam subdivisões com temas científicos, culturais e sociais. A área

de opinião engloba artigos, colunas, críticas e crônicas. Em um bloco organizado sob o titulo de especiais, abriu-se a possibilidade de disponibilizar conteúdos não previstos nas editorias e na área de material opinativo, como cobertura de eventos, perfis de professores e ex-alunos, matérias elaboradas por estudantes do último semestre, que destacam seus trabalhos de conclusão de curso, entre outras. O espaço de entrevistas ganhou uma área exclusiva para que fossem destacadas as mais relevantes. Da mesma forma, mundo acadêmico teve seu espaço destacado para que reportagens institucionais ou relacionadas com os cursos tivessem uma área própria, mais voltada ao interesse dos alunos.

Outro ponto tão ou mais importante que os demais foi a interatividade. Para melhorar a relação do leitor com o jornal pensou-se em elementos como RSS, formulários de contato, sugestão de pautas e envio de vídeos e/ou fotos evidenciando flagrantes do nosso dia-a-dia. Tudo em prol de tornar mais dinâmica a relação do aluno-jornalista com o seu leitor, tornando-o cada vez mais fiel ao jornal.

O processo de elaboração do jornal se tornou mais audacioso e instigante quando se partiu para a construção da ferramenta de publicação. O grande desafio foi construir uma ferramenta que possibilitasse o uso em qualquer lugar, independente dos redutos da escola e/ou sala de aula, possibilitando ao aluno a redação e inserção das matérias de casa ou em um ciber-café, por exemplo. Isso propiciaria flexibilidade e agilidade, garantindo uma informação mais rápida e

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completa. Porém, um detalhe era preocupante: como fazer da ferramenta um caminho para a disciplina, aliada do professor, ao mesmo tempo em que seguia os procedimentos habituais de uma redação de um jornal? Para isso, pensou-se em três níveis de acesso e recursos:

 Primeiro nível, o do aluno: ele posta sua matéria, grava as informações jornalísticas da mesma forma que usa uma ferramenta de blog, acrescida de etapas de edição/correção e publicação. O aluno interage com o professor de forma privada nas etapas de edição e publicação de sua matéria, visualizando apontamentos de correções indicadas por seus mestres. Também vê todo o histórico de sua produção, podendo acompanhar as etapas;

 Segundo nível, o professor-editor: pela ferramenta, o professor lista toda a produção de sua turma e inicia os processos de avaliação, revisão e liberação das matérias inseridas. Pode orientar o aluno a cada etapa da produção da matéria, via comentários de revisão/correção. Também cabe ao professor-editor aprovar ou reprovar a matéria para a publicação no jornal;

 Terceiro nível, o do editor-chefe: gerido pela coordenação do curso, este nível é o responsável por definir quais matérias serão publicadas na nova edição do jornal, quais terão que passar novamente por ajustes, quais permanecerão em um banco de reserva ou mesmo quais serão reprovadas. Assim, o editor-chefe configura e conduz o perfil de cada edição do jornal eletrônico.

Toda essa experiência serviu para enriquecer o processo de ensino e aprendizado do jornalismo. Da mesma forma, contribuiu de forma exemplar para a divulgação e o conhecimento do que é produzido na instituição, sem perder a preocupação de pautar questões externas, globais, sempre privilegiando o leitor.

Referências bibliográficas

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

ARNT, Héris. Do jornal impresso ao digital: novas funções comunicacionais. Artigo apresentado ao XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Salvador: 1 a 5 Set 2002.

Referências

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