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FATORES DETERMINANTES DO NÍVEL DE DIVULGAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA

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ENERGIA ELÉTRICA

Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade

Célia Braga celiabragac@hotmail.com Laises Ricarte laisesricarte@hotmail.com

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo identificar os fatores determinantes do Nível de Divulgação da Informação

Socioambiental das empresas do setor de energia elétrica brasileiro, em 2012. O estudo foi fundamentado no embasamento teórico da divulgação voluntária da Responsabilidade Socioambiental e na Teoria dos Stakeholders, e no aspecto empírico destacam-se os stakeholders prioritários e a divulgação socioambiental no setor de energia elétrica. Utilizou os métodos científicos dedutivo e indutivo, e o método de procedimento monográfico. A pesquisa, quanto aos objetivos, é exploratória e descritiva. Quanto ao objeto, trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa. Os delineamentos adotados foram as pesquisas bibliográfica e documental. A amostra é de 36 empresas que publicaram Relatório Socioambiental, em 2012. O modelo estatístico adotado foi a análise de regressão múltipla, com a variável dependente Nível da Divulgação da Informação Socioambiental (NDIS) e as variáveis independentes: Rentabilidade (RENT), Tamanho (T), Investimentos Sociais Internos (ISI) e Externos (ISE) e Investimentos Ambientais (IA). O resultado confirmou apenas a hipóteses H2. Representando a significância do tamanho da empresa para o Nível da Divulgação da Informação Socioambiental, que é explicado por ter um enfoque Econômico/Financeiro e os stakeholders interessados nessas informações são o governo, o agente regulador, os acionistas/investidores e os credores. A variável ISI foi significativa, mas negou a hipótese H3, devido à relação inversa apresentada no modelo. As variáveis RENT, ISI e IA não foram significativa.

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1. INTRODUÇÃO

O maior desafio da sociedade organizada, das grandes empresas e dos governos, na atualidade, é ter desenvolvimento econômico mantendo o compromisso com o social e a preservação ambiental, para garantir o desenvolvimento sustentável. A gestão de topo das empresas precisa estar comprometida com a sustentabilidade e com a divulgação.

Bushman e Smith (2003) enfatizam que a divulgação é de cunho essencial para avaliar as oportunidades de investimentos em uma economia e visa auxiliar os investidores a alocarem seus recursos da forma mais eficiente. Portanto, a divulgação é fundamental para que uma empresa se diferencie em desempenho, estratégias e competitividade.

A divulgação das informações socioambientais depende da influência dos stakeholders, por isso cabe ao gestor identificar estrategicamente quem são as partes interessadas prioritárias da empresa e os seus interesses e a forma como vai integrá-las na estratégia da empresa.

Portanto, o problema da pesquisa é: Quais os stakeholders prioritários que influenciam o Nível de Divulgação da Informação Socioambiental das empresas de energia elétrica do Brasil?

Para responder o problema proposto foi estruturado como objetivo geral: identificar os fatores determinantes do Nível de Divulgação da Informação Socioambiental das empresas do setor de energia elétrica brasileiro, em 2012.

Para responder o problema científico e atingir o objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos específicos: i) Analisar a importância do enfoque teórico dos stakeholders no Nível de Divulgação da Informação Socioambiental com fundamento na Teoria dos Stakeholders; ii) Identificar o modelo de stakeholders prioritários para o setor elétrico; iii) Identificar na literatura os fatores determinantes para a divulgação socioambiental; e iv) Analisar a influência dos stakeholders prioritários na divulgação socioambiental do setor elétrico brasileiro, no exercício de 2012, com a Análise de Regressão Múltipla.

A pesquisa está estruturada em cinco seções. A primeira contempla a introdução, que apresenta o problema, o objetivo geral e os objetivos específicos. A segunda apresenta o referencial teórico contemplando o embasamento conceitual da Responsabilidade Socioambiental e a evidenciação, a Teoria dos Stakeholders, os estudos anteriores e as hipóteses. Na terceira seção apresenta-se a metodologia utilizada. A quarta seção trata sobre o resultado quantitativo do estudo. E, por fim, a quinta seção apresenta a conclusão.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. A responsabilidade socioambiental e a evidenciação

A evolução econômica e tecnológica alterou o comportamento humano e a forma de gestão das empresas. Nesse contexto, destacam-se a aplicação de novos conceitos e ferramentas para a gestão da Responsabilidade Socioambiental.

O conceito de Responsabilidade Social foi construído após a crise em Nova Iorque e a Segunda Guerra Mundial, apoiando-se nos princípios básicos da filantropia e da governança. Apenas na década de 60 surgiram estudos relevantes sobre o tema. (CARROLL, 1999).

No entanto, para Friedman (1970) essa responsabilidade deveriam se limitar a conquista da maximização dos lucros da empresa.

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Se homens de negócios têm outra responsabilidade social que não a de obter o máximo de lucro para seus acionistas, como poderão eles saber qual seria ela? Podem os indivíduos decidirem o que constitui o interesse social? Podem eles decidirem que carga impor a si próprios e a seus acionistas para servir ao interesse social? (FRIEDMAN, 1985, p. 23).

Para Friedman (1970), a Responsabilidade Social é algo próprio dos indivíduos e não cabe às empresas porque afetaria o desempenho econômico dos negócios e a satisfação dos acionistas. Friedman foi questionado por alguns estudiosos por priorizar o aspecto financeiro e considerar a empresa isolada, sem intervenção política e social (BORGER, 2001).

Drucker (1992) questiona esse posicionamento afirmando que, essa visão em curto prazo pode afetar os bons resultados em longo prazo e a sobrevivência da empresa. Destaca a atuação da gerência, enfatizando o papel social e político da empresa.

A Responsabilidade Social tem uma diversidade de terminologias: Responsabilidade Social Empresarial (RSE), Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e Responsabilidade Socioambiental. Porém, nesta pesquisa será utilizado o conceito de Responsabilidade Socioambiental porque é adotado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

A Responsabilidade Socioambiental exige uma base filosófica para introduzi-la no ‘core

business’ da organização. Mundialmente, adota-se o conceito de desenvolvimento sustentável sugerido

no Relatório Brundtland (ONU, 1999).

Segundo Brown (2003), as ações socioambientais podem oferecer retornos para as empresas, tais como: uma boa reputação, relacionamentos e aumento nas vendas. Para Schommer e Fischer (1999), a empresa tem que agregar valor para todos os seus stakeholders, a atuação precisa estar comprometida com o bem-estar da sociedade e os interesses dos acionistas de maximizar os lucros. Logo, a organização deve se comprometer com as demandas dos empregados, da comunidade, dos fornecedores, do governo e dos clientes/consumidores.

As práticas socioambientais podem gerar benefícios financeiros, como investimentos, redução de custos, maior receita anual e tratamento preferencial em processos administrativos governamentais. Para Almeida (2002), as empresas que antes visavam somente os resultados financeiros, começam a perceber que os lucros/prejuízos não podem ser a única forma de medir o seu resultado e que a economia das organizações acaba sendo influenciada por vários fatores e um deles é a sua imagem perante a sociedade.

Em busca de uma boa reputação e de uma imagem associada à Sustentabilidade algumas empresas, a maioria com ações na bolsa de valores, já se conscientizaram da importância da divulgação dos Relatórios de Sustentabilidade, pois por meio dessas divulgações as empresas adquirem mais confiança e credibilidade perante os usuários das informações apresentadas, o que se torna um diferencial competitivo (GASPARINO e RIBEIRO, 2007).

Por tratar-se de uma divulgação voluntária, o Relatório de Sustentabilidade não possui padronização. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) desenvolveu um modelo simplificado, que é divulgado como anexo no Relatório de Sustentabilidade. E, no âmbito internacional, a Global Reporting Initiative (GRI) criou um guia de elaboração de Relatórios de Sustentabilidade, denominado ‘Diretrizes GRI’, que serve de parâmetro para entidades do mundo inteiro e de todas as atividades (GRI, 2010).

Os relatórios apresentam muitas limitações, destacam-se a falta de informações relevantes, pouca padronização e transparência (SIQUEIRA, 2003). Tais elementos causam muito prejuízo no processo de comunicação com os stakeholders, destacadamente os prioritários. A divulgação dos relatórios dá-se de diversas formas (impresso, site, cd room, pen drive), devido à falta de regulamentação.

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4 No Brasil, os modelos de relatórios mais utilizados são os sugeridos pela Global Reporting

Initiative (GRI), Modelo do Instituto Ethos e o Modelo Ibase. No entanto, a Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL) possui um padrão de divulgação denominado Relatório Socioambiental estruturado em três dimensões: econômica, social e ambiental e cinco sub-dimensões: Geral, Governança Corporativa, Econômico-financeiro, Social e Setorial e Ambiental.

O relatório é publicado, anualmente, no site da ANEEL para avaliação dos stakeholders e será utilizado nesta pesquisa para identificar a relação entre os stakeholders e os indicadores econômico/ financeiro, social e ambiental.

2.2 A teoria dos stakeholders e a divulgação socioambiental

Freeman (1984) conceitua o termo stakeholder como grupo ou indivíduo que afeta ou é afetado pelo alcance dos objetivos da empresa. Mostrando que, a organização é apresentada de forma central em suas relações de influências recíprocas com o ambiente.

A concepção apresentada confronta o conceito da Teoria da Firma porque mostra que há uma sinergia entre as partes interessadas e o patrimônio da entidade, havendo uma influência recíproca entre organização e os stakeholders, e vice-versa.

A literatura mostra uma grande variedade de classificações teóricas para stakeholders. Visando escolher um modelo aplicável ao setor elétrico brasileiro foram considerados os modelos de FREEMAN (1984), DAFT (1999), HITT, IRELAND e HOSKISSON (2008), MITCHELL, AGLE e WOOD (1997), VILELA e DERMAJOROVIC (2006), DONALDSON e PRESTON (1995) e SAVAGE et al. (1991). Analisando-se as seis classificações apresentadas pelos teóricos, constata-se que a mais aplicável ao setor de energia elétrica é a de Freeman (1984), que classifica os stakeholders em primários e secundários.

A definição dos stakeholders prioritários é a base para delimitar o conteúdo informacional do relatório do setor de energia elétrica.

No setor elétrico brasileiro, a estrutura de divulgação do Relatório Socioambiental visa atender às orientações da ANEEL e fundamenta-se no critério multistakholders adotado pelo modelo internacional de Relatório de Sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI). Abrange os interesses informacionais do governo, acionista/investidor, cliente/consumidor, fornecedor, empregado, sociedade e meio ambiente.

Fassin (2009) apresentou um estudo sobre o refinamento do modelo de stakeholders, onde utilizou dois modelos criados por Freeman (1984) e três desenvolvidos pelo autor para chegar a um modelo de participação, que considerou ideal.

A partir do modelo refinado de Fassin (2009) foi criado um modelo de participação com base nos stakeholders prioritários do setor de energia elétrica brasileiro. Enfatizando a relação entre a empresa e 13 stakeholders prioritários potenciais (clientes, fornecedores, acionistas, empregados, agentes do setor, ONGs, entidades empresariais, comunidade, meio ambiente, especialistas, governo, órgão regulador e imprensa), conforme Figura 1.

O modelo é aplicável ao setor elétrico brasileiro porque contempla as características do grupo de stakeholders das atividades de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e, portanto será o modelo adotado nesta pesquisa.

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5

Fonte: Elaborada pelas autoras com fundamento no modelo de participação da empresa de Fassin (2009).

A pesquisa realizada nas 36 empresas utilizadas neste estudo confirmou que apenas 26 definiram os seus stakeholders prioritários. O Gráfico 1 destaca os principais stakeholders da amostra: Clientes (26), Empregados (26), Sociedade/ Comunidade (26), Governo (25) e os Acionistas/ Investidores (23). O Órgão Regulador (11) está vinculado ao Governo (11). O meio ambiente (10) é um stakeholder excepcional devido à legislação específica aplicada ao setor para evitar impactos ambientais negativos.

Gráfico 1 - Stakeholders prioritários

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Os interesses dos grupos são diferentes e, na maioria das vezes, não convergem. As organizações têm relação de dependência com as partes interessadas, em níveis desiguais.

2.3 Estudos Anteriores

Rufino e Monte (2014) apresentaram uma pesquisa sobre fatores que explicam a divulgação de informações voluntárias das 100 empresas com ações mais negociadas na BM&FBOVESPA. Utilizaram a técnica de regressão linear múltipla, com variável dependente Índice de Divulgação Voluntária e como variáveis explicativas a rentabilidade, sustentabilidade, liquidez, tamanho, endividamento, concentração acionária, internacionalização e setor regulamentado. O estudo concluiu

(6)

6 que, a rentabilidade, a sustentabilidade, a liquidez das ações, o tamanho, o endividamento e a internacionalização das empresas são fatores determinantes da divulgação voluntária.

Van de Burgwal e Vieira (2014) apresentaram uma pesquisa sobre determinantes da divulgação ambiental em companhias abertas Holandesas. A amostra foi constituída das 30 maiores empresas listadas no Amsterdam Euronext Index, em 31.12.2008. Foram utilizadas como variável dependente: o nível de divulgação ambiental ou divulgação RSC e como variáveis independentes: tamanho, tipo de indústria, lucratividade – ROE e ROA. Foi confirmada a significância das variáveis tamanho da empresa e tipo de indústria.

Mascena (2013) pesquisaram a priorização dos stakeholders e a relação com a indústria (setor

econômico). A amostra foi de 90 empresas que divulgaram relatórios GRI, em 2010. O estudo

contemplou cinco stakeholders: compradores, direitos humanos, funcionários, meio ambiente e sociedade. A análise é qualitativa e quantitativa.

Sampaio et al. (2012) realizaram um estudo sobre a evidenciação de informações socioambientais e isomorfismo com empresas mineradoras brasileiras. Foram analisados 45 relatórios anuais e de sustentabilidade, no período de 2005 a 2009. A técnica estatística utilizada foi a análise de variância, com a variável independente: Evolução Temporal, e as variáveis dependentes: Indicadores Ambientais, Indicadores Sociais Internos, Indicadores Sociais Externos e um indicador denominado GRI. O resultado confirmou a presença de um processo isomórfico entre Indicadores Sociais Internos e Sociais Externos; e negou a presença de um processo isomórfico entre indicadores ambientais e do GRI.

Braga et al. (2011) utilizaram uma amostra de 60 empresas do setor de energia elétrica brasileira, que publicaram seus Relatórios de Sustentabilidade no website da Global Reporting

Initiative (GRI) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A técnica estatística utilizada foi

a Análise de Regressão com Dados em Painel, utilizando como variável dependente o Nível de Divulgação da Informação Ambiental (NDIA) e como variáveis independentes e moderadoras: o poder do governo, o poder do agente regulador, o poder do acionista, a divulgação do relatório de sustentabilidade gri, o desempenho econômico; o controle estrangeiro e participação em grupo econômico. Os resultados confirmam que as variáveis: poder do agente regulador, relatório de sustentabilidade e desempenho econômico são significativas.

Dincer (2011) realizou um estudo para investigar os efeitos da estrutura de propriedade das empresas em seu Relatório de Responsabilidade Social Corporativa. A amostra é de 92 empresas listadas na Bolsa de Valores de Istambul. A variável dependente é formada por um check list. As variáveis independentes são: tamanho da empresa, endividamento, rentabilidade (ROA), setores

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7 econômicos, ISO 14.001, instituições financeiras, percentual de conselheiros independentes e os acionistas controladores. As variáveis tamanho, endividamento e a rentabilidade apresentaram significância.

Rover et al. (2012) realizaram um estudo com o objetivo de identificar os fatores que determinam a divulgação voluntária ambiental pelas empresas brasileiras potencialmente poluidoras. A amostra contempla as empresas de capital aberto com ações listadas na Bovespa, que publicaram Demonstrações Financeiras Padronizadas s ou Relatório de Sustentabilidade, no período de 2005 a 2007. Utilizou a análise de regressão com dados em painel. A variável dependente é a disclosure ambiental e as variáveis independentes são tamanho, rentabilidade, endividamento, auditoria, sustentabilidade, internacionalização e relatório de sustentabilidade. As variáveis: tamanho, sustentabilidade e divulgação do RS são significativas para o modelo.

Os estudos supracitados têm como resultados fatores significantes para o nível de divulgação da informação social e ambiental.

2.5 Hipóteses da pesquisa

A pesquisa tem como hipótese geral que os stakeholders prioritários têm o poder de influenciar no Nível de Divulgação Socioambiental (NDIS), pois para os gestores as tomadas de decisões dos stakeholders podem causar impactos na empresa (FREEMAN; REED, 1983; IUDÍCIBUS, 2010). A partir desta foram estruturadas cinco (5) sub-hipóteses.

2.5.1 Rentabilidade da Empresa (RENT)

As empresas de maior rentabilidade têm uma tendência a divulgar mais informações do que as menos rentáveis para se diferenciarem e reduzir os riscos quando da tomada de decisão de investidores, acionistas, credores e clientes. Considera-se que os custos relacionados a essa divulgação é compensado pelos benefícios, porque a não divulgação dessas informações causa uma impressão negativa perante o mercado financeiro (ROVER et al., 2012).

De acordo com Dantas, Medeiros e Lustosa (2006), quando o desempenho é favorável, as companhias deverão sinalizar suas qualidades aos investidores. Rover et al. (2012), defendem que, outro motivo relevante para o nível de disclosure é considerar que uma gestão com competência para gerar alta lucratividade deve estar em sintonia com as pressões e demandas de seus stakeholders. Rufino e Monte (2014) corroboram com os demais autores. Em seu estudo empírico obtiveram uma relação positiva entre a divulgação ambiental e a rentabilidade. A proxy utilizada para operacionalizar a variável rentabilidade é o Return On Equity (ROE), em pontos percentuais.

H1= Quanto maior a Rentabilidade da empresa maior o Nível de Divulgação da Informação

Socioambiental.

2.5.2 Tamanho da Empresa (TAM)

As grandes empresas por terem uma maior exposição pública e muitas delas possuírem ações negociadas na bolsa de valores tendem a ter uma cobrança maior para a divulgação de seus Relatórios de Sustentabilidade, isso também ocorre para atender as necessidades informacionais das partes interessadas (CUNHA; RIBEIRO, 2008).

As grandes empresas têm maior capacidade de investir nas comunidades onde estão sediadas e são mais reguladas pelo governo, destacadamente as empresas de energia elétrica que possuem contrato de permissionárias de energia.

Cunha e Ribeiro (2008, p. 12), ressaltam que “[...] as empresas maiores tendem a sofrer maior pressão para publicação de informações adicionais”. Portanto, a proxy é logaritmo natural de ativo total.

H2 = Quanto maior o tamanho da empresa maior o Nível de Divulgação da Informação

Socioambiental.

(8)

8 Os Investimentos Sociais Internos (ISI) são considerados como um índice relevante para a divulgação no Relatório Socioambiental, de Sustentabilidade e do Balanço Social (Ibase), pois através dele, pode ser avaliado o valor investido em empregados na empresa. Portanto, com a divulgação dessas informações as empresas procuram ser percebidas como legítimas, reduzindo gradativamente as pressões dos empregados e dos agentes externos e contribuindo para melhores negociações com centrais sindicais e outras representações funcionais (SAMPAIO et al., 2012).

Os Investimentos Sociais Internos, segundo o Ibase (2014), incluem todos os recursos gastos pela empresa em ações sociais dentro da organização, tais como: encargos sociais, participação nos resultados, alimentação, previdência complementar, saúde, capacitação, creche e outros, os colaboradores das empresas representam um grupo de usuários interessados nessas informações (KITAHARA, 2007). Os investimentos são do tipo obrigatório e voluntário. Portanto, a proxy é o valor do ISI extraído do Balanço Social (Ibase).

H3 = Quanto maior os Investimentos Sociais Internos maior o Nível de Divulgação da

Informação Socioambiental.

2.5.4 Investimentos Sociais Externos (ISE)

Para Kitahara (2007), Investimentos Sociais Externos são investimentos da empresa para programas sociais que abrange a comunidade, esses investimentos de caráter social têm impacto direto sobre a imagem institucional das organizações. (SAMPAIO et al., 2012). Além desses investimento, as empresas fazem atividades filantrópicas.

A análise dos Investimentos Sociais Externos (ISE) pode ser considerada com a inclusão dos tributos obrigatórios, uma vez que estes são pagos pelas empresas aos governos federais, estaduais e municipais para que possa propiciar à sociedade educação, saúde, saneamento (MACHADO, MACHADO, SANTOS; 2010). No entanto, neste estudo tais investimentos foram excluídos para uma avaliação dos investimentos sociais voluntários diretamente realizados pelas empresas para a comunidade/ sociedade, corroborando com o estudo de MACHADO e MACHADO (2011).

A proxy para esta variável é o valor do ISE, extraído do Balanço Social (Ibase), deduzidos os tributos.

H4 = Quanto maior o volume de Investimentos Sociais Externos maior o Nível de Divulgação

da Informação Socioambiental.

2.5.5 Investimentos Ambientais (IA)

No setor empresarial, o controle de impactos ambientais tornou-se mais efetivo após a publicação da Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente e no art. 10, deu poderes ao Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para controlar os impactos na construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, destacadamente aqueles que atuam em atividades potencialmente poluidoras, como o setor de energia elétrica.

Além do aspecto da divulgação, outro que tem relevância é o volume de investimentos em meio ambiente. Constata-se que, nas empresas de energia elétrica, os valores de investimentos menos representativos estão no meio ambiente, corroborando com a pesquisa de MACHADO, MACHADO e SANTOS (2010). Portanto, a proxy é o valor investido em meio ambiente divulgado no Balanço Social (Ibase).

H5 = Quanto maior o volume de investimentos ambientais, maior o Nível de Divulgação da

Informação Socioambiental.

3. METODOLOGIA

Foram utilizados na pesquisa os métodos científicos dedutivo e indutivo. Quanto aos métodos de procedimento foram utilizados o monográfico e o estatístico (GIL, 2011).

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9 A pesquisa é classificada como exploratória e descritiva (GIL, 2011). O estudo explora a relação entre os stakeholders prioritários e o Nível de Divulgação da Informação Socioambiental. Quanto à natureza, é do tipo: qualitativa e quantitativa (RICHARDSON et al., 2011). Foi utilizada a técnica estatística de Análise de Regressão Múltipla (GUJARATI e PORTER, 2011).

Quantos aos delineamentos adotou-se a pesquisa bibliográfica, para a fundamentação teórica, e a pesquisa documental de fonte secundária e privada, que contemplou os Relatórios de Sustentabilidade e Socioambiental.(GIL, 2011).

A coleta de dados utilizou a técnica de análise de conteúdo para interpretação dos indicadores das dimensões econômica/ financeira, social e ambiental vinculados aos respectivos stakeholders prioritários. (MARCONI; LAKATOS, 2009).

A análise dos dados utilizou a análise descritiva da amostra para identificação dos stakeholders do setor.

3.1. Definição da Amostra

A amostra é do tipo não probabilística intencional e por acessibilidade (GIL, 2011). Esses tipos de amostragem foram utilizados devido à dificuldade de obtenção dos Relatórios de Sustentabilidade e Financeiro das empresas porque muitas não são de capital aberto.

A identificação inicial do universo da pesquisa foi de 38 empresas, que se encontravam listadas no site da ANEEL, em 01.06.2014. No entanto, a disponibilidade dos relatórios foi insuficiente para o tratamento estatístico e na primeira etapa de coleta documental a amostra totalizou 28 empresas. A segunda etapa foi realizada nos sites das empresas, totalizando 36 empresas.

A relevância da amostra pesquisada é considerada sob os seguintes pressupostos: a) O pioneirismo do setor em divulgação Socioambiental no Brasil; b) A regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) sobre a divulgação; c) As empresas de grande porte têm suas ações na bolsa de valores e com isso tem uma grande visibilidade; e d) A importância econômica do setor.

Os elementos identificados na amostra serão estudados a partir de uma análise estatística contemplando um modelo conceitual com variáveis dependente e independentes.

3.1.1 Modelo conceitual e econométrico

O modelo conceitual, que é composto por conceitos e hipóteses que devem ser articulados entre si para obter um quadro de análise coerente (GIL, 2011).

A pesquisa tem como fundamento os conceitos de stakeholders, divulgação e Responsabilidade Social Empresarial e a Teoria dos Stakeholders, que embasa a hipótese geral e as cinco sub-hipóteses.

O modelo busca investigar cinco hipóteses que contemplam a relação entre a variável dependente (NDIS), calculada a partir dos indicadores do Quadro 1, e as independentes.

Quadro 1 - Classificação dos indicadores de acordo com os stakeholders prioritários

Dimensões Stakeholders Indicadores

Econômica/ Financeira

Acionistas, Investidores, Credores e Governo

- Valor Adicionado;

- Earnings before interest, taxes,

depreciation and amortization - EBITDA; - Endividamento;

Social Empregados, Sociedade,

Comunidade, Clientes

- Benefícios dos empregados; - Número de empregados; -Número de terceirizados; - Investimentos em projetos socioambientais para comunidade;

- Número de processos judiciais existente

Ambiental Meio Ambiente - Controle Ambiental em emissões de gases

do efeito estufa; - Consumo de água; - Consumo de energia;

(10)

10

-Valor incorrido em autuações e/ou multas por violação de normas ambientais. Fonte: Elaborado pelas autoras com fundamento em ANEEL (2010).

A variável dependente (NDIS) foi operacionalizada a partir de check list apresentado no Quadro 1 considerando um modelo binário em que os itens divulgados foram codificados com 1 e os itens não divulgados foram codificados com zero. O NDIS é o resultado da razão entre a pontuação obtida pela empresa e o total que a mesma poderia obter (12 pontos) (LIMA, 2007). Os indicadores foram extraídos dos Relatórios Financeiros, de Sustentabilidade, Socioambiental e do Balanço Social - modelo Ibase.

As variáveis independentes foram operacionalizadas, conforme o Quadro 2. Quadro 2 – Operacionalização das variáveis

Variáveis Sigla Operacionalização Fonte

Dependente

Nível de Divulgação de Informação socioambiental

NDIS

O índice NDIS foi calculado com um modelo binário em check list.

Van de Burgwal e Vieira (2014), Sampaio et al.(2012), Braga et al.(2011).

Independentes

Rentabilidade RENT Representada pelo ROE (Lucro

Líquido/ Patrimônio Líquido).

Rufino e Monte (2014), Cunha e Ribeiro (2008), Rover et al. (2012), Dantas, Medeiros e Lustosa (2006).

Tamanho TAM

O valor monetário do ativo total, dado em milhares, transformado em logaritmo natural.

Rufino e Monte (2014), Cunha e Ribeiro (2008), Rover et al. (2012), Dincer (2011), Van de Burgwal e Vieira (2014).

Investimento Social

Interno ISI

O valor monetário do Investimento, dado em milhares, feito pela empresa que beneficia o público interno (empregados).

Sampaio et al.(2012), Kitahara (2007).

Investimento Social

Externo ISE

O valor monetário dos Investimentos, dado em milhares, feitos pela a empresa para o seu publico externo, seja ele direto ou indireto, (comunidade e sociedade).

Machado, Machado e Santos (2010), Sampaio et al.(2012), Cesar e Silva Junior (2008).

Investimento

Ambiental IA

O valor monetário dos Investimentos, dado em milhares, feitos para a melhoria ou para recompensa de impactos causados pelas atividades da empresa ao meio ambiente e investimentos externos.

Rover, Borba e Borget (2008).

Fonte: Elaborada pelas autoras.

O NDIS pode ser influenciado pelos stakeholders prioritários, a partir da sua vinculação com os interesses nas empresas e os indicadores que se relacionam com os indicadores das dimensões da Sustentabilidade. Na dimensão financeira os principais stakeholders são: Governo, Acionistas, Investidores e Credores. A dimensão social contempla Empregados, Sociedade, Comunidade e Clientes. E, a dimensão ambiental contempla o Meio Ambiente.

O modelo econométrico adotado encontra-se na Equação 1, utilizando a Análise de Regressão Múltipla (ARM) para estudo da relação entre as variáveis.

(1) Onde:

(11)

11

β0 a β5 - Representam os coeficientes de regressão;

RENT - Variável explicativa Retorno sobre o Patrimônio Líquido; TAM - Variável explicativa logaritmo natural do Ativo Total ISI - Variável explicativa Investimento Social Interno; ISE - Variável explicativa Investimento Social Externo; IA - Variável explicativa Investimento Ambiental; e

ε - Erro aleatório.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise descritiva dos dados referentes às variáveis dependente e independentes utilizadas no modelo encontra-se apresentada na Tabela 1.

Quanto ao Nível de Divulgação (NDIS), o resultado mostra uma média (0,7708) que precisa ser aumentada, pois falta homogeneidade na divulgação da amostra, com um valor mínimo baixo (0,3333). Trata-se de um elemento que precisa ser aprimorado porque as variáveis analisadas no modelo estão diretamente vinculadas às tomadas de decisão dos stakeholders prioritários.

Tabela 1 - Estatística descritiva dos dados

NDIS RENT TAM ISI ISE IA

Média 0,7708 -3,0541 14,2248 125.920 37.275 26.258

Mediana 0,8333 16,2200 14,6940 62.093 3.429 9.159

Mínimo 0,3333 -674,5500 9,89807 198 0 0

Máximo 1,0000 77,4500 16,9980 971.946 268.753 155.387

Desvio Padrão 0,2064 116,6300 1,9042 200.908 66.663 39.107

Fonte: Elaborada pelas autoras com fundamento em SPSS.

Em média, o menor valor investido foi nos Investimentos Ambientais. No entanto, os valores mínimos e máximos do ISI, ISE e IA confirmam que todos precisam melhorar.

Quanto ao desvio padrão, constata-se uma variabilidade muito grande no resultado da variável ISI. Pode estar relacionado ao porte das empresas e ao nível de investimento mais elevado que as mesmas fazem para os seus empregados. De acordo com Braga (2012), o foco de investimento em público interno é uma característica do setor elétrico, talvez por condições culturais de ter pertencido ao setor público.

O Coeficiente de Correlação (r) estima as relações de regressão e mede o grau de associação entre as variáveis (GUJARATI e PORTER, 2011). Na Tabela 2 observam-se os Coeficientes de Correlação entre a variável dependente NDIS e as variáveis independentes.

Tabela 2- Modelo correlação entre NDIS e as Variáveis Independentes

NDIS(*) RENT TAM ISI ISE IA

NDIS 1,000 0,1082 0,6786 0,0797 0,1458 0,3800 RENT 1,0000 -0,0872 0,0599 -0,3022 0,0269 TAM 1,0000 0,4566 0,4385 0,5768 ISI 1,0000 0,1017 0,3436 ISE 1,0000 0,3018 IA 1,0000

Fonte: Elaborada pela autora com fundamento em SPSS.

(*) NDIS - Nível de Divulgação da Informação Socioambiental, ROE - Retorno sobre o Patrimônio Liquido, AT - Ativo Total, ISI - Investimento Social Interno, ISE - Investimento Social Externo; IA - Investimento Ambiental.

(12)

12 Observa-se na Tabela 2, que a variável independente que mais se correlaciona com a variável dependente Nível de Divulgação da Informação Socioambiental (NDIS) é a variável Tamanho, com correlação igual a 0,6786. As demais variáveis não apresentaram grau de correlação significativo, entre si e a variável dependente NDIS.

Os resultados da Análise de Regressão Múltipla estão apresentados na Tabela 3. O p-valor representa a significância da variável considerando-se o nível de confiança de 95%.

Tabela 3 - Resultado da Regressão Múltipla entre NDIS e as Variáveis Independentes Heterocedasticidade-robusta

Variáveis Explicativas Coeficiente rácio-t p-valor

Constante -0,564178 -2,530 0,0169**

RENT 0,00026404 1,745 0,0913*

TAM 0,0981178 5,767 2,68e-06*** ISI -3,44222e -07 -4,805 4,04e-05*** ISE -5,62280e-07 -0,7476 0,4605

IA 1,683225e-07 0,2147 0,8315

F (5, 30) 11,41053 - valor p (F) =3,15e-06 R² =0,589334 - R² aj= 0,520889 - n=36

Fonte: Elaborado pelas autoras com fundamento em SPSS.

No modelo apresentado somente as variáveis Tamanho (TAM) e Investimentos Sociais Internos (ISI) têm significância estatística e, portanto, são os fatores que influenciam o Nível de Divulgação da Informação Socioambiental nas empresas do setor de energia elétrica no Brasil.

A relação entre as variáveis TAM e NDIS foi positiva e a hipótese 2 foi confirmada corroborando com os estudos de RUFINO e MONTE (2014), VAN DE BURGWAL e VIEIRA (2014) e ROVER et al. (2012).

A variável tamanho tem como principais stakeholders os acionistas/ investidores, o governo, o agente regulador e os credores, pois as empresas de energia elétrica por possuírem investimentos nacionais e internacionais, contratos de permissionárias de energia, financiamentos com bancos de fomento e fornecedores internacionais têm mais necessidade de divulgar informações.

O resultado mostra que os Investimentos Sociais Internos (ISI), apesar de estatisticamente significativo, tem uma relação negativa com o NDIS, o que nega a hipótese 3. Esse resultado pode ser decorrente da especificidade do setor estudado ou dos tipos de indicadores utilizado na pesquisa. Portanto, não corrobora com os estudos de SAMPAIO et al. (2012) e MASCENA (2013).

A variável Rentabilidade não é significativa, o que nega a hipótese 1. O resultado corroborou com os estudos de Van de Burgwal e Vieira (2014) e Rover et al. (2012), e não corroborou com RUFINO e MONTE (2014).

A variável Rentabilidade é uma informação relevante para os stakeholders prioritários, como acionistas/ investidores, governo e credores. A falta de significância pode ser resultante do modelo estudado (ARM), que só contempla um exercício social e o efeito da rentabilidade pode não ser realizado no curto prazo. O impacto desse efeito pode ocorrer no médio e no longo prazo e afetará as decisões das empresas e até os seus custos políticos. (ROVER et al., 2012).

A variável, Investimentos Sociais Externos teve um resultado não significativo e negativo, negando a hipótese 4. Trata-se de uma informação que interessa a vários stakeholders.

A variável Investimentos Ambiental não foi também não foi significativa confirmando os resultados da análise descritiva e de correlação, e negando a hipótese 5. Os estudos que contemplam a relação entre IA e o desempenho financeiro corroboram com o que foi encontrado neste estudo (BRAGA et al., 2011; CESAR; SILVA JUNIOR, 2008).

(13)

13 A Tabela 3 mostra o ajustamento do modelo (R²), em que se constata que 58,93% do NDIS são explicados pelas variáveis: Tamanho (TAM) e Investimentos Sociais Internos (ISI). O resultado do Teste F < 0,05 confirma a significância do modelo.

Para análise dos pressupostos da regressão foram realizados os testes de homocedasticidade, normalidade e multicolinearidade.

Com base no resultado do pressuposto da homocedasticidade, a hipótese nula, a qual indica que os resíduos são homoscedásticos foi rejeitada na regressão, pois o valor estatístico TR^2 (32,6213) do teste de White apresentou p-valor (0,03711) inferior ao nível de confiança de 5%. Para ultrapassar o problema o modelo foi estimado com heterocedasticidade de White, também conhecido como erros padrão robustos, variante HC1 (GUJARATI e PORTER, 2011).

Para testar a normalidade

foi realizado o

teste Kolmogorov-Smirnov, que confirmou o

pressuposto da normalidade da distribuição, com Sig.= 0,769, portanto maior que α = 0,05.

Para detectar a multicolinearidade foi aplicado o teste Variance Inflation Factor (VIF). De acordo com Gujarati e Porter (2011), o modelo se encontra em um nível de multicolinearidade aceitável, entre os valores 1 e 10 (RENT – 1,113, TAM – 1,944, ISI – 1,308, ISE – 1,381 e IA – 1,529).

Normalmente, o potencial dos stakeholders em colaborar com as organizações é questionado porque inspira uma relação que envolve ameaças por parte de algumas partes interessadas. No entanto, por meio da colaboração dos stakeholders prioritários as organizações podem obter melhores resultados para o seu desempenho financeiro/econômico, social e/ou ambiental. Geralmente, quanto mais prioritário for o stakeholder, maior é a disponibilidade de colaborar com a entidade (SAVAGE et

al., 1991).

5. CONCLUSÃO

A pesquisa teve como objeto de estudo a divulgação socioambiental no setor de energia elétrica no Brasil, pela relevância dos impactos sociais e ambientais, positivos e negativos, causados aos

stakeholders pelas atividades da indústria.

A energia elétrica é um elemento fundamental para o desenvolvimento econômico e social de um país. No entanto, a sua atividade operacional é causa de grandes impactos sociais e ambientais negativos.

As exigências do mercado global levam as empresas a adotarem procedimentos que visem lucro de forma responsável. Diante disso, as empresas passaram a fazer investimentos socioambientais e divulga-los para alcançar legitimidade diante dos seus stakeholders.

Os stakeholders prioritários do setor elétrico para a divulgação socioambiental foram classificados teoricamente em três dimensões, segundo a Teoria dos Stakeholders: 1) Dimensão Econômico/Financeiro: governo, acionistas, investidores e credores; 2) Dimensão Social: empregados, sociedade, comunidade e clientes; 3) Dimensão Ambiental: meio ambiente. Os stakeholders foram associados a um conjunto de indicadores em cada dimensão, que definem o nível de interesse por informação socioambiental da empresa, de acordo com a estrutura do Relatório Socioambiental da ANEEL.

O resultado da análise de regressão multiplica definiu como significantes as variáveis Tamanho (T) e Investimento Social Interno (ISI). No entanto, apenas a hipótese 2 foi confirmada indicando que quanto maior o tamanho da empresa maior será o Nível da Divulgação da Informação Socioambiental. A variável Investimento Social Interno (ISI) apresentou significância, mas a hipótese 3 foi negada.

Quanto às variáveis Rentabilidade (ROE), Investimento Social Externo (ISE) e o Investimento Ambiental (IA) não foram significativas para o Nível de Divulgação da Informação Socioambiental e por consequência suas hipóteses foram negadas.

(14)

14 O estudo pode ser aprimorado com uma análise com dados em painel.

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