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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER: DIREITO CONSTITUCIONAL DE ACESSO À SAÚDE

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Rua Arthur Thomas, 575-Centro. Maringá – PR.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER: DIREITO CONSTITUCIONAL DE ACESSO À SAÚDE

No dia 06 de maio de 2011, esta Promotoria de Justiça ajuizou Ação Cominatória (Obrigação de fazer) com pedido de antecipação de tutela, em face do Município de Maringá e UEM (Hospital Universitário de Maringá); na qual requereu a condenação dos requeridos à realização de cirurgias ortopédicas.

A Ação foi distribuída para a 4ª Vara Cível desta Comarca1 e naquele mesmo dia foi concedida liminar consistente na determinação de que os requeridos realizassem as cirurgias, sob pena de multa de R$ 1.000,00 (um mil reais) ao dia, por paciente não operado.

Nada obstante, diante do acompanhamento contínuo e sistemático da lista de espera do Hospital Universitário, posteriormente, constatou-se a existência de outras pessoas aguardando sem a resolutividade adequada.

Isto gerou nova Ação Cominatória, proposta no dia 26 de maio último e desta vez distribuída à 1ª Vara Cível. No dia posterior, o MM. Juiz de Direito Substituto, Dr. Jaime Souza Pinto Sampaio, em exercício naquela Vara concedeu liminar que obriga os mesmos requeridos à realização das cirurgias ortopédicas de outros 6 (seis) pacientes.

Desta vez, a multa cominada é de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos) reais ao dia, por paciente não operado.

As Ações emanaram do dever constitucionalmente imposto ao Ministério Público de zelar pelos serviços de relevância pública, pelos direitos individuais indisponíveis, mas, principalmente, da desídia dos envolvidos.

Existe nesta cidade um documento denominado “Fluxo de assistência em traumato-ortopedia pelo SUS em Maringá” que dispõe, como o próprio nome assegura, acerca dos encaminhamentos para realização de cirurgias ortopédicas.

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Rua Arthur Thomas, 575-Centro. Maringá – PR.

Segundo este contrato os procedimentos ortopédicos classificam-se em média ou alta complexidade.

Os de média complexidade devem ser referenciados aos Hospitais: Santa Casa de Misericórdia de Maringá, Associação Beneficente Bom Samaritano (Santa Rita), Hospital Metropolitano de Sarandi e Hospital Universitário de Maringá, de acordo com o final dos anos de nascimento dos

pacientes.

Os de alta complexidade são referenciados para os Hospitais Santa Casa ou Santa Rita, sempre respaldado neste mesmo critério (ano de nascimento).

Temos os seguintes quadros-resumo:

Ano de nascimento Referência

1 e 2 Santa Casa

3 e 4 Santa Rita

4, 6 e 7 Metropolitano de Sarandi

8, 9 e 0 Hospital Universitário de Maringá

Ilustração 1 - Quadro-resumo da média complexidade em ortopedia em Maringá.

Ano de nascimento Referência

1, 2, 5, 6 e 7 Hospital Santa Casa 3, 4, 8, 9 e 0 Hospital Santa Rita

Ilustração 2 - Quadro-resumo da alta complexidade em ortopedia em Maringá.

Quando do acompanhamento da lista foram constatadas inconsistências na classificação (alta/média complexidade), que depois foram confirmadas pelos pareceres da 15ª Regional e da Secretaria Municipal de Saúde local.

Para se ter uma idéia, na primeira Ação acompanhamos o caso de uma paciente, nascida no ano de 1968, classificada como de “alta complexidade” pelo HUM e, portanto, referenciada para o Hospital Santa Rita.

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Rua Arthur Thomas, 575-Centro. Maringá – PR.

No entanto, pareceres da 15ª Regional de Saúde e da própria Secretaria Municipal de Saúde relatam que seu procedimento deveria ter sido classificado como de média complexidade sendo assim, referenciado para o próprio HUM.

Segundo o mencionado “Fluxo de assistência em traumato-ortopedia” a responsabilidade para a realização de procedimentos de média complexidade, para pacientes com ano de nascimento finais “8”, “9” ou “0” é do Hospital Universitário de Maringá.

Não é alterando a classificação, distorcendo a verdade clínica de cada paciente que se logrará êxito na realização dos procedimentos, até mesmo se considerarmos que os Hospitais referenciados passaram a não receber os pacientes respaldados neste documento.

São situações como estas que se pretende coibir, já que discussões administrativas impedem a concretização do direito de acesso à saúde destes cidadãos, direito fundamental garantido no artigo 5º da Constituição Federal de 1988.

O Hospital Universitário contratualizou e recebe para executar os serviços. Desta forma, se sempre recebeu e nunca contestou o numerário ou o “fluxo de traumato-ortopedia”, presume-se que a ele anuiu.

Mais ainda, presume-se que tinha condições de realizar os procedimentos contratados, o que nos autoriza afirmar que se isto não for verdade, os pactuantes deverão ter suas responsabilidades apuradas.

A alegação de que o Hospital Universitário é um Hospital de Ensino não deve se sobrepor à conjuntura fática: são alocados recursos Municipais naquele Hospital para a realização de procedimentos cirúrgicos de média complexidade, conforme avençado.

Outro documento, o “Termo de Convênio” pactuado entre o Hospital Universitário e o Município de Maringá em 10 de novembro de 2010, integrou o nosocômio ao Sistema Único de Saúde e estabeleceu as obrigações assumidas pelas partes.

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Rua Arthur Thomas, 575-Centro. Maringá – PR.

O documento prevê um repasse anual de R$ 13.341.666,84 (treze milhões, trezentos e quarenta e um mil, seiscentos e sessenta e seis reais e oitenta e quatro centavos) para custeio de despesas diversas.

Este valor é diluído mensalmente em parcelas de R$ 1.111.805,57 (um milhão cento e onze mil, oitocentos e cinco reais e cinquenta e sete centavos).

A responsabilidade das partes é cristalina. Não se exige nada além do cumprimento do “Fluxo de assistência em traumato-ortopedia”.

Se o Hospital não possui equipamentos para a realização de tais intervenções cirúrgicas deveria denunciar o convênio e/ou “fluxo” a tempo, muito embora isto não retira a responsabilidade da Administração Pública local em providenciar o atendimento dos pacientes, se considerarmos que o Município é gestão plena em saúde.

Ainda, em face dos princípios do Sistema Único de Saúde (universalidade, integralidade e equidade) qualquer alegação não possui fundamento jurídico.

Os tribunais pátrios têm entendido que o gestor deve propiciar todos os tratamentos/procedimentos necessários, afinal, o artigo 196 da Constituição Federal preconiza que “A saúde é um direito de todos e um dever do Estado”.

É necessário uma racionalização dos serviços de saúde na cidade de Maringá, no sentido de organizar o fluxo de pacientes que o Município recebe.

Maringá é referência para a macrorregião de Municípios que integram a 15ª Regional de Saúde, mas acolhe pacientes da 11ª, 13ª e 14ª Regionais em algumas referências, perfazendo um montante de 1.470,506 (um milhão quatrocentos e setenta mil, quinhentos e seis) habitantes2.

No entanto, isto é um ponto a ser discutido, inicialmente, no âmbito administrativo.

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Fonte: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/poppr.def.>. Acesso em: 12.maio.2011.

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Rua Arthur Thomas, 575-Centro. Maringá – PR.

Com relação ao Hospital Universitário, vislumbra-se a propositura de Ação Civil Pública tendente a regularizar a estrutura física do Hospital de forma a ampliá-la/atualizá-la.

Esta Promotoria enviou Ofício ao Superintendente do Hospital Universitário requisitando fosse enviado o Projeto inicial do nosocômio, bem como fossem prestadas informações como situação atual do Hospital, apontamento de carências e necessidades, quantitativo de médicos e origem dos pacientes.

Enviou também outro expediente requisitando fossem os profissionais médicos chefes de cada setor encaminhados a esta especializadas para audiências, em que se procurará ouvir suas considerações tendentes a melhorar o serviço.

Desta forma, não se discute a qualidade do corpo clínico existente naquele Hospital, mas a estrutura deficitária constatável a “olho nu”.

Ressalto novamente: o Hospital Universitário recebe recursos Municipais para a realização de procedimentos ortopédicos classificados como de média complexidade. Se não possui equipamentos para realizá-los o gestor municipal deve reorganizar o “fluxo de traumato-ortopedia” existente e rever os valores repassados.

O que não se pode autorizar é o recebimento de recursos sem a efetiva contrapartida (realização de cirurgias).

Por fim, afirmo que o maior objetivo destas Ações é tão somente prover a população com serviços de saúde condizentes às suas necessidades.

Coloco-me à disposição para maiores esclarecimentos. Maringá, 31 de maio de 2011.

Stella Maris Sant’Anna Ferreira Pinheiro

Referências

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