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COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO. Construir um sistema de tributação das sociedades justo, competitivo e estável para a UE

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COMISSÃO EUROPEIA

Estrasburgo, 25.10.2016 COM(2016) 682 final

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO

Construir um sistema de tributação das sociedades justo, competitivo e estável para a UE

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2 1. INTRODUÇÃO

A tributação é um elemento fundamental da ação da UE para construir uma economia mais forte, mais competitiva e mais justa, com uma clara dimensão social. A Europa precisa de um sistema fiscal que esteja adaptado ao seu mercado interno e apoie o crescimento económico e a competitividade, atraia o investimento, favoreça a criação de empregos, promova a inovação e defenda o modelo social europeu. A tributação deve gerar receitas estáveis para as políticas de investimento público e políticas favoráveis ao crescimento. Deve garantir a todas as empresas condições de concorrência leais, segurança jurídica e o menor número possível de obstáculos nas suas atividades transfronteiras. Deve ainda inscrever-se num sistema fiscal mais vasto em que os cidadãos confiem, por ser justo e ir ao encontro das necessidades socioeconómicas da sociedade. As prioridades da UE em matéria de tributação estão, por conseguinte, centradas na realização destes objetivos.

2. MEDIDAS IMEDIATAS PARA RESPONDER A NECESSIDADES IMEDIATAS:REFORMADATRIBUTAÇÃODASSOCIEDADES

A Comissão definiu uma agenda ambiciosa para tornar a tributação das sociedades mais justa e mais eficaz, mais adaptada à economia moderna e que responda melhor aos desafios emergentes neste domínio. Esta agenda está a avançar rapidamente, tendo já sido atingidos marcos importantes. Entretanto, todas as iniciativas anunciadas no plano de ação da Comissão para uma tributação justa e eficaz1 foram lançadas, e os Estados-Membros adotaram já um grande número de propostas novas. A Comissão está também a alargar o âmbito da sua ação para além do plano de ação. Como indicado na comunicação sobre medidas futuras destinadas a reforçar a transparência e a combater a elisão e a evasão fiscais, que se seguiu às revelações dos documentos do Panamá, a Comissão está disposta a desenvolver respostas rápidas e eficazes para os problemas, à medida que estes surjam2. Além disso, a fim de garantir um enquadramento justo e competitivo para todas as empresas da UE, a Comissão procedeu a investigações em matéria de auxílios estatais para apurar se determinados Estados-Membros terão concedido vantagens fiscais a certas empresas multinacionais3.

A primeira linha de ação da Comissão consistia em aumentar a transparência fiscal, como base essencial para quaisquer reformas futuras. Em 12 meses, os Estados-Membros chegaram a acordo sobre propostas para a troca automática de informações sobre decisões fiscais antecipadas4 e declarações por país com informações de natureza fiscal relativas às multinacionais5. Daqui resultará um nível de transparência e de cooperação novo e sem precedentes entre as autoridades fiscais no domínio da tributação

1

COM(2015) 302 final. 2 COM(2016) 451 final.

3

Ver comunicação sobre a noção de auxílio n.os 169 a 174:

http://ec.europa.eu/competition/state_aid/modernisation/notice_of_aid_pt.pdf

4

Diretiva (UE) 2015/2376 do Conselho. 5

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das sociedades. A Comissão propôs igualmente a divulgação pública das declarações por país relativas a empresas multinacionais, a fim de proporcionar aos cidadãos uma maior supervisão das práticas fiscais das empresas. Esta proposta, atualmente objeto de negociações entre o Parlamento Europeu e o Conselho, deverá ajudar a restabelecer a confiança do público na tributação das sociedades e garantir que as empresas não sejam confrontadas com uma multiplicidade de regras nacionais em matéria de divulgação pública. Deverá ser aprovada antes do final do ano uma proposta que permite o acesso às informações contra o branqueamento de capitais por parte das autoridades fiscais nacionais6. O Parlamento Europeu e o Conselho começaram também a trabalhar sobre as suas posições no que respeita às propostas de alterações à quarta Diretiva contra o branqueamento de capitais, e deverão avançar rapidamente para os trílogos cujo início está previsto para o princípio de 2017. Além disso, a Comissão iniciou uma reflexão sobre o quadro mais adequado para, a nível europeu, implementar a troca automática de informações relativamente aos beneficiários efetivos, e está a estudar a melhor forma de reforçar a supervisão dos facilitadores e promotores do planeamento fiscal agressivo. Esta transparência fiscal reforçada em toda a Europa contribuirá para expor as empresas que praticam um planeamento fiscal agressivo, detetar as práticas fiscais prejudiciais e estabilizar um enquadramento fiscal das sociedades assente na abertura e na confiança. Paralelamente, a Comissão está também a trabalhar no sentido de garantir que todas as empresas que operam na UE paguem os seus impostos no país onde os lucros e o valor são gerados. Este princípio é essencial para uma tributação justa e eficaz, mas só pode ser efetivamente assegurado de forma eficaz num mercado único através de medidas comuns e coordenadas. Por conseguinte, a Comissão propôs uma nova Diretiva Antielisão Fiscal7, que fixa medidas antiabuso juridicamente vinculativas para toda a UE, a fim de bloquear alguns dos principais tipos de erosão da base tributável e de transferência de lucros. Esta legislação, adotada pelos Estados-Membros em julho de 2016, permitiu-lhes executar de forma rápida, coordenada e coerente, os compromissos que assumiram no âmbito do projeto da OCDE e do G20 sobre a erosão da base tributável e a transferência de lucros (BEPS). A fim de garantir uma abordagem comum da UE no que respeita às novas normas internacionais, estão igualmente a ser objeto de revisão os regimes preferenciais dos Estados-Membros e as regras em matéria de preços de transferência. Este aspeto é essencial para proporcionar segurança às empresas à medida que as reformas são implementadas, bem como para evitar que novas lacunas surjam no mercado único.

Por último, a Comissão apresentou medidas para promover a boa governação fiscal a nível mundial, a fim de garantir condições de concorrência equitativas e leais entre a UE e os seus parceiros internacionais. Os Estados-Membros aprovaram a nova estratégia externa para uma tributação efetiva8, apresentada pela Comissão em janeiro de 2016, destinada a proteger as suas bases tributáveis contra os riscos externos de erosão da base tributável. Um dos elementos essenciais desta estratégia é um novo processo de elaboração de listas, a nível da UE, para lidar com jurisdições fiscais não cooperantes e incentivar todas as jurisdições de países terceiros a respeitarem as normas internacionais de boa governação fiscal. Já foram dados os primeiros passos no processo de elaboração de listas e a lista comum da UE deverá estar concluída em 2017. Os Estados-Membros irão assim dispor de um instrumento poderoso para lidar com os países que se recusam a

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COM(2016) 452 final. 7

Diretiva (UE) 2016/1164 do Conselho. 8

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respeitar as normas no domínio fiscal. O regulamento financeiro da UE foi igualmente revisto para evitar que os fundos da UE circulem através de paraísos fiscais e estão em curso trabalhos para reforçar as cláusulas de boa governação fiscal nos acordos da UE com países terceiros.

3. UMAAGENDAPOSITIVAEORIENTADAPARAOFUTURO

As iniciativas acima expostas são essenciais para proteger a base tributável dos Estados-Membros, garantir condições de concorrência leais para as empresas e assegurar uma tributação justa e eficaz para todos os contribuintes. Dão resposta aos problemas mais prementes atualmente existentes em matéria de tributação das sociedades. No entanto, a mais longo prazo, é necessário ir mais além. As soluções a curto prazo podem depressa tornar-se obsoletas, uma vez que os modelos empresariais e as técnicas de planeamento fiscal evoluem de forma mais rápida do que podem ser encontradas novas respostas. Além disso, as atualizações pontuais das normas fiscais internacionais, da UE ou nacionais geram perturbações tanto para as administrações fiscais como para as empresas que têm de se adaptar a elas. Para promover o emprego, o crescimento e o investimento, é necessário criar um enquadramento fiscal favorável às empresas, reduzindo os custos de conformidade e os encargos administrativos e garantindo a segurança tributária. A importância da segurança tributária na promoção do investimento e do crescimento foi recentemente reconhecida pelos líderes do G20, e passou a ser a nova prioridade global. Os Estados-Membros têm de encontrar um equilíbrio entre a implementação das reformas necessárias e a criação de um enquadramento fiscal estável, claro e previsível para as empresas.

A UE necessita de um quadro positivo e orientado para o futuro para a tributação das sociedades. Este deve ser favorável ao crescimento, justo e eficaz, e apoiar plenamente as prioridades políticas mais amplas da UE, agora e no futuro. É este o princípio subjacente à proposta da Comissão para relançar a matéria coletável comum consolidada do imposto sobre as sociedades (MCCCIS). A MCCCIS pode satisfazer as duas principais exigências das empresas e dos cidadãos na Europa de hoje – crescimento sustentável e justiça social – e reforçar a agenda global económica e social da UE. Com efeito, a análise efetuada mostra que a MCCCIS pode aumentar o investimento na UE até 3,4 % e o crescimento até 1,2 %9.

A Comissão apresentou a primeira proposta de MCCCIS em 2011, com vista a reforçar o mercado único para as empresas. A proposta era ambiciosa e sólida, mas a sua magnitude conduziu a uma paragem das negociações no Conselho. No entanto, o Parlamento Europeu, as empresas, as partes interessadas e muitos Estados-Membros mantiveram um apoio firme à ideia da MCCCIS, tendo em conta os numerosos benefícios que esta tinha para oferecer. Além disso, nos últimos anos, tornou-se evidente que a MCCCIS oferece mais do que um sistema fiscal favorável às empresas com vista a um mercado único mais forte.

Por conseguinte, no seu plano de ação de junho de 2015, a Comissão anunciou que iria relançar este importante projeto através de um processo em duas etapas, mais fácil de gerir. A primeira etapa tem por objetivo garantir a matéria coletável comum. Uma vez alcançado esse objetivo, será introduzido o aspeto mais complexo de consolidação.

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Avaliação de impacto sobre uma matéria coletável comum consolidada do imposto sobre as sociedades (MCCCIS) [SWD (2016)341].

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Muitas das principais vantagens da MCCCIS prendem-se com o aspeto da consolidação. Esta segunda etapa do relançamento da MCCCIS não pode, por conseguinte, ser descurada ou posta de parte. Os trabalhos sobre este pacote só ficarão concluídos quando a MCCCIS estiver em vigor.

O relançamento da MCCCIS constitui uma oportunidade para atualizar a proposta original e para a alinhar com os novos desafios que surgem no enquadramento fiscal mundial. A alteração mais significativa é que a MCCCIS será obrigatória para todos os grupos financeiros com receitas consolidadas do grupo superiores a 750 milhões de EUR. Esta vertente deverá contribuir para maximizar o seu potencial enquanto instrumento de luta contra a elisão fiscal. Significa também que as empresas saberão com que contar em matéria de regras antiabuso na UE e não terão de efetuar ajustamentos desnecessários. Nessa medida, a MCCCIS contribuirá para criar um enquadramento mais previsível para as empresas na UE.

A Comissão introduziu também na proposta dois novos elementos que apoiam diretamente a agenda económica mais vasta da UE. As despesas com investigação e desenvolvimento poderão beneficiar de uma superdedução, destinada a incentivar a I&D e a inovação, motores essenciais de crescimento. Além disso, para apoiar o pequeno empreendedorismo inovador, as pequenas empresas em fase de arranque que não tenham empresas associadas poderão beneficiar de uma superdedução reforçada. Enquanto contributo para uma União dos Mercados de Capitais e uma maior estabilidade financeira na UE, a MCCCIS abordará também as distorções resultantes do tratamento preferencial do endividamento em detrimento do capital próprio.

4. MODERNO, SIMPLES E SEGURO: UM ENQUADRAMENTO FISCAL MELHOREMAISEFICAZPARAASEMPRESAS

No mercado único, as empresas precisam de um enquadramento simples, estável e juridicamente seguro para poderem prosperar. Devem confrontar-se com o menor número possível de obstáculos fiscais no âmbito das suas atividades transfronteiras e não devem ser sujeitas a custos e encargos administrativos desnecessários. A UE necessita de um quadro fiscal para as empresas adaptado à realidade das empresas do século XXI, que incentive o empreendedorismo, atraia os investidores e facilite todas as empresas, grandes e pequenas.

4.1 Um sistema único de tributação das sociedades para um mercado único

A MCCCIS permitirá melhorar consideravelmente o funcionamento do mercado único do ponto de vista fiscal. As empresas transfronteiras beneficiarão de um único conjunto de normas para calcular os seus rendimentos tributáveis na UE, em vez de uma combinação de diferentes sistemas nacionais. Terão a possibilidade de apresentar uma única declaração fiscal para todas as suas atividades na UE através de um sistema de «balcão único», tendo como interlocutor um único Estado-Membro em vez de múltiplas autoridades fiscais. A consolidação implicará também que as perdas registadas num Estado-Membro possam ser automaticamente compensadas pelos lucros realizados noutro Estado-Membro, permitindo assim que as empresas transfronteiras beneficiem do mesmo tratamento que aquelas cujas atividades são exclusivamente nacionais.

Na proposta de diretiva para relançar a MCCCIS, a Comissão manteve a mesma abordagem ambiciosa em matéria de consolidação da proposta original. Contudo, a abordagem em duas fases vai atrasar esta vantagem. Em contrapartida, a Comissão

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propôs que, até se chegar a acordo sobre a consolidação, as empresas tenham acesso a uma regime temporário simples e sólido de compensação de perdas transfronteiras no âmbito da matéria coletável comum.

A MCCCIS será clara, estável e integrada na legislação da UE. Aprovada por unanimidade por todos os Estados-Membros, a MCCCIS garantirá um sistema estável que não esteja sujeito a alterações periódicas, proporcionando desta forma às empresas um nível de segurança fiscal sem precedentes. Ao expandirem-se além-fronteiras, as empresas já não serão obrigadas a adaptar-se às regras fiscais divergentes dos vários Estados-Membros. Deixarão de ter de dificuldades em compreender as diferentes abordagens dos Estados-Membros em matéria de tributação de certos rendimentos, bem como de estar sujeitas a elevados custos administrativos e legais para fazer face à complexidade decorrente dos preços de transferência. Graças à MCCCIS, os principais obstáculos fiscais que as empresas enfrentam hoje no mercado único serão eliminados. A MCCCIS oferece benefícios consideráveis para as pequenas e médias empresas (PME), bem como para as grandes empresas, na UE. A MCCCIS só será obrigatória para as grandes empresas. Contudo, as PME e as empresas em fase de arranque

(start-ups) podem optar pelo sistema se quiserem beneficiar das vantagens que o mesmo

oferece em termos de simplificação e de redução de custos. Estima-se que, atualmente, os gastos das PME com custos de conformidade elevam-se a cerca de 30 % dos impostos pagos, e esse montante será ainda maior no caso de se expandirem além-fronteiras. A MCCCIS permitirá reduzir substancialmente essas despesas e diminuir o custo da criação de uma filial noutro Estado-Membro. Estas poupanças, juntamente com a racionalização das regras e o sistema simplificado de declarações fiscais, facilitarão o crescimento e a expansão das pequenas empresas e das empresas em fase de arranque no mercado único. 4.2 Instrumentos melhorados para evitar a dupla tributação

As empresas devem pagar a parte de impostos que lhes corresponde no país onde obtêm os seus lucros, mas não devem ter de pagar mais do que isso. Um dos maiores obstáculos fiscais ao mercado único é a dupla tributação.

Os diferendos entre Estados-Membros sobre quem tem o direito de tributar certos lucros levam a que, muitas vezes, as empresas sejam tributadas duas ou mais vezes sobre o mesmo rendimento. Segundo os dados mais recentes, existem atualmente cerca de 900 litígios em matéria de dupla tributação na UE, num montante de 10,5 mil milhões de EUR. A maioria dos Estados-Membros celebrou convenções fiscais bilaterais entre si para evitar a dupla tributação e existem procedimentos para resolver litígios. No entanto, estes procedimentos são longos, onerosos e nem sempre permitem chegar a um acordo. A Convenção de Arbitragem multilateral, celebrada entre os Estados-Membros, prevê algumas isenções. No entanto, o seu âmbito de aplicação está limitado a litígios em matéria de preços de transferência, não existindo qualquer possibilidade de recurso contra a interpretação das regras.

Para as empresas abrangidas pelo sistema da MCCCIS, a dupla tributação deverá, de um modo geral, tornar-se uma coisa do passado. Um conjunto único de regras para o cálculo dos lucros das empresas, associado a uma nova fórmula de repartição que distribui claramente os direitos de tributação, permitirá determinar de forma inequívoca que lucros devem ser tributados e o local onde devem ser tributados. Poderão, no entanto, ainda ocorrer algumas situações, por exemplo quando existam acordos de preços de transferência entre entidades de um grupo dentro e fora da UE, e nos casos das empresas não abrangidas pela MCCCIS. Para estes casos, é necessário um sistema mais eficaz de

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resolução de litígios em matéria de dupla tributação. Além disso, na pendência de um acordo sobre a MCCCIS, é necessário um sistema eficaz, mais amplo, para a resolução de litígios em matéria de dupla tributação.

A Comissão apresentou hoje uma proposta de diretiva para melhorar os mecanismos de resolução de litígios em matéria de dupla tributação na UE, a fim de criar um enquadramento fiscal mais justo, mais seguro e mais estável. As novas regras garantirão uma resolução mais rápida e mais decisiva dos casos de dupla tributação que surjam entre Estados-Membros. Se os Estados-Membros não conseguirem chegar a acordo quanto à resolução de um problema, o contribuinte pode solicitar ao tribunal nacional que crie um comité de arbitragem encarregado de tomar uma decisão final vinculativa sobre o caso, num prazo determinado. Contribuir-se-á assim para evitar que as empresas em causa estejam envolvidas em incerteza. Os mecanismos de resolução de litígios previstos na proposta apresentada hoje poderão também beneficiar um conjunto mais vasto de casos. Estas melhorias aos mecanismos de resolução de litígios, poderão representar tanto para as empresas como para as administrações uma poupança considerável de tempo, dinheiro e recursos e reforçarão a segurança fiscal para as empresas na UE.

5. TRANSPARENTE, EFICAZ, COERENTE: UMA TRIBUTAÇÃO MAIS JUSTAPARATODOS

Tanto na Europa como a nível internacional, a justiça tornou-se uma exigência fulcral da política em matéria de tributação das sociedades As empresas que beneficiam do mercado único devem pagar impostos no país onde realizam os seus lucros e todas as empresas devem ser tratadas no respeito da neutralidade fiscal. A UE necessita de um sistema de imposto sobre as sociedades que assegure uma proteção sólida contra as práticas fiscais abusivas das empresas, condições de concorrência equitativas para as empresas e uma justa repartição dos encargos para todos os contribuintes.

5.1 Um sistema mais justo de imposto sobre as sociedades

A MCCCIS é a expressão de um sistema de tributação das sociedades justo. Permitirá combater fragilidades importantes do quadro fiscal atual que abrem caminho ao planeamento fiscal agressivo. Uma vez que todos os Estados-Membros aplicarão as mesmas regras para calcular os lucros tributáveis das empresas, possibilitará eliminar as assimetrias e as lacunas entre os sistemas fiscais nacionais de que tiram partido as empresas que praticam a elisão fiscal. Serão também eliminados os preços de transferência, que representam cerca de 70 % do total da transferência de lucros. Além disso, para reforçar a sua capacidade de luta contra a elisão fiscal, a MCCCIS será obrigatória para as grandes empresas que operam na UE.

Os Estados-Membros deixarão de ter incentivos para se envolverem numa concorrência fiscal prejudicial. Os Estados-Membros já não terão de consagrar importantes recursos para procurar matérias coletáveis de elevada mobilidade, já que a MCCCIS reparte os lucros de modo a garantir que a tributação reflita melhor o lugar onde a atividade económica decorre efetivamente. Tal incentivará os Estados-Membros a reorientar os seus recursos para uma tributação favorável ao crescimento, que promova o investimento e o emprego e apoie necessidades socioeconómicas mais vastas.

A MCCCIS permitirá igualmente introduzir uma transparência total relativamente ao sistema fiscal de cada Estado-Membro e às suas taxas efetivas de imposto. Os

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Estados-Membros têm o direito soberano de fixar as suas próprias taxas de tributação e a MCCCIS não compromete de forma alguma este direito. Garantirá, no entanto, que sempre que um Estado-Membro decida sobre a sua taxa de tributação, esta seja efetivamente aplicada a todas as empresas. Deixará de ser possível recorrer a regimes preferenciais dissimulados e a decisões fiscais com efeitos prejudiciais. Tal deverá reforçar a confiança dos cidadãos na forma como as empresas são tributadas e garantir às empresas condições de concorrência mais equitativas no mercado único.

5.2 Medidas antiabuso suplementares

A MCCCIS contém disposições antiabuso destinadas a proteger os Estados-Membros contra a erosão da base tributável e a transferência de lucros, tanto no interior da União Europeia como em relação a países terceiros. Estas reforçarão o impacto da MCCCIS enquanto instrumento para prevenir a evasão fiscal. As medidas antiabuso previstas no âmbito da MCCCIS refletem as previstas na Diretiva Antielisão Fiscal, que foram acordadas pelos Estados-Membros em julho de 2016. Garante-se assim que todas as empresas estão sujeitas às mesmas normas antiabuso, quer sejam ou não abrangidas pelo sistema da MCCCIS.

Hoje, a Comissão apresentou igualmente outra proposta destinada a combater as assimetrias híbridas que envolvem países terceiros, a fim de reforçar ainda mais as disposições antiabuso da UE e enfrentar os riscos externos. A Diretiva Antielisão Fiscal já contempla a questão das assimetrias híbridas na UE, a fim de eliminar um importante canal de erosão da base tributável e da transferência de lucros. No entanto, estas assimetrias não se limitam ao mercado único, pelo que é necessário encontrar uma solução para combater os riscos externos. Aquando da aprovação da DAF, os Estados-Membros convidaram a Comissão a apresentar outra proposta, para colmatar eficazmente esta lacuna. A Comissão propôs, por conseguinte, novas medidas destinadas a dar resposta a um vasto leque de assimetrias, incluindo as assimetrias em matéria de estabelecimentos estáveis híbridos, assimetrias importadas, as transferências híbridas e as assimetrias com dupla residência, tanto no interior da UE como em relação a países terceiros. Tal como as medidas previstas na DAF, as regras constantes da presente proposta estão em conformidade com a abordagem da OCDE em matéria de BEPS.

6. ESTABILIDADE, ENQUADRAMENTO FAVORÁVEL E

IMPARCIALIDADE: UM SISTEMA FISCAL MODERNO PARA UMA ECONOMIASAUDÁVEL

A UE necessita de um sistema de tributação das sociedades concebido para apoiar uma UE mais competitiva, inovadora e economicamente estável. O crescimento e o investimento dependem de um ambiente que promova as atividades empresariais, que incentive o financiamento produtivo e que recompense as atividades favoráveis ao crescimento como a investigação e a inovação. Ao proporcionar às empresas regras sólidas e previsíveis, condições equitativas de concorrência e uma redução dos custos e dos encargos administrativos a MCCCIS fará da UE um mercado muito atrativo para investir. Além disso, a Comissão reforçou a proposta relativa à MCCCIS com novas disposições centradas especificamente em atividades que promovam o crescimento. 6.1 Melhores incentivos à inovação

A MCCCIS apoiará a investigação e o desenvolvimento, que são motores essenciais do crescimento e da competitividade. A UE está atualmente a perder terreno

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relativamente a outras economias avançadas no que se refere ao investimento em investigação e inovação. Embora quase todos os Estados-Membros prevejam um incentivo fiscal para I&D, nem todos são eficazes e alguns estão mesmo a ser explorados por grandes empresas para fins de elisão fiscal. A existência de incentivos nacionais divergentes cria também um enquadramento fiscal complexo para as empresas que investem em I&D.

A MCCCIS proporcionará uma dedução fiscal à escala da UE para as empresas que investem em atividades de investigação reais. Esta dedução pode ser ainda mais generosa no que respeita às empresas em fase de arranque, devido à sua importância para a criação de emprego, promoção de uma concorrência saudável e estabelecimento de modelos empresariais mais eficientes. O incentivo para a I&D constituirá um estímulo para as empresas com orçamentos mais limitados, permitindo o seu crescimento, e incentivará a criação e a expansão de empresas jovens e inovadoras. Também foi concebido com base num modelo de boas práticas, pelo que não pode ser utilizado para fins de elisão fiscal.

6.2 Um enquadramento fiscal favorável ao investimento

A MCCCIS contribuirá igualmente para eliminar as distorções existentes nos atuais sistemas fiscais que podem desestabilizar a economia. A maioria dos sistemas de tributação das sociedades dos Estados-Membros favorece o endividamento ao permitir a dedução dos pagamentos de juros sem conceder um tratamento similar ao capital próprio. Este tratamento preferencial incentiva as empresas a contraírem mais dívida, tornando-as mais frágeis e tornando as economias mais suscetíveis a crises, o que constitui um obstáculo à criação de uma base de capital próprio mais forte nas sociedades europeias. Leva a que a estrutura do mercado financeiro se volte para os instrumentos de dívida, podendo comprometer a eficiência do financiamento no mercado de capitais. Tal é contrário aos objetivos fundamentais da União dos Mercados de Capitais e às exigências em matéria de base de capital próprio para a União Bancária.

Ao proporcionar uma dedução para o crescimento e investimento, a MCCCIS eliminará a distorção fiscal que favorece o endividamento. Esta dedução permitirá que o recurso a capital próprio goze do mesmo nível de benefícios fiscais que o recurso ao endividamento, criando assim um enquadramento fiscal mais neutro e mais favorável ao investimento. A dedução para o investimento e crescimento recompensará as empresas que reforcem as suas estruturas de financiamento e recorram aos mercados de capitais10. Esta nova disposição favorecerá especialmente as PME, que muitas vezes enfrentam dificuldades na obtenção de empréstimos. Tendo em conta o impacto positivo que essa dedução terá tanto para as empresas como para a economia em geral, a Comissão convida igualmente os Estados-Membros a considerarem a possibilidade de a utilizarem também para as empresas que não estejam abrangidas pelo sistema da MCCCIS.

7. CONCLUSÃO

10

Tendo em conta que o financiamento por capital próprio apresenta riscos mais elevados do que o financiamento por empréstimos, seria acrescentado ao rendimento um prémio de risco para determinar o montante da dedução. Uma vez que os aumentos da base de capital próprio podem incidir nos últimos 10 anos, o rendimento de referência para a dedução será o das obrigações da dívida pública a 10 anos da área do euro.

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A Comissão propõe uma resposta global aos desafios atuais e emergentes em matéria de fiscalidade das empresas, bem como uma abordagem nova e positiva no que respeita à tributação das sociedades no futuro. A MCCCIS traduzir-se-á em melhorias significativas para o enquadramento fiscal das empresas da UE, em termos de simplicidade, de segurança fiscal e de equidade. Garantirá que a tributação das sociedades esteja em consonância com a economia moderna, apoiando o objetivo de um mercado único mais forte e mais competitivo. A proposta relativa à resolução de litígios em matéria de dupla tributação e a proposta destinada a combater as assimetrias híbridas que envolvam países terceiros, ambas apresentadas igualmente hoje pela Comissão, contribuirão também para uma tributação das sociedades mais justa e mais eficaz na UE. A Comissão apela, por conseguinte, aos Estados-Membros para que cheguem rapidamente a um acordo sobre todas as propostas hoje apresentadas, para que as empresas, as administrações, os cidadãos e a economia europeia possam começar a beneficiar plenamente das vantagens deste enquadramento fiscal das sociedades justo, competitivo e estável.

Referências

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