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Destaques setoriais deste ano estão associados à safra recorde de grãos, crescimento dos setores exportadores e melhora da demanda por bens duráveis

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Setembro de 2017

Cenário Setorial

Destaques setoriais deste ano estão associados à safra recorde de grãos, crescimento dos setores

exportadores e melhora da demanda por bens duráveis

Historicamente, as reversões de ciclo econômico não ocorrem de maneira espraiada entre os setores da atividade. De fato, temos observado recuperação em alguns segmentos industriais e no varejo, além do agronegócio. Nos primeiros sete meses deste ano, a indústria e o varejo acumularam expansão de 1,2% e

1,1%, respectivamente, favorecidos principalmente pela demanda externa, pelos ganhos reais de renda e pela liberação de recursos do FGTS. No agronegócio, a safra de grãos 2016/2017 deverá somar 238 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 28% ante a safra anterior, graças à expansão da área plantada e ao clima favorável. O setor de serviços, em contrapartida, continua em retração, acumulando queda de 4,0% entre janeiro e julho deste ano. De modo especial, os serviços ligados às empresas têm mostrado desempenho negativo, refletindo o ajuste das despesas das empresas ao novo patamar de demanda final.

Diante dos sinais de melhora da atividade econômica, acreditamos que a retomada deverá se difundir para outros segmentos nos próximos meses. O ritmo de recuperação continuará moderado, refletindo a

ainda elevada ociosidade da indústria e a estabilização da taxa de desemprego em níveis elevados. Ainda assim, o consumo doméstico de bens de capital e a indústria de construção civil deverão voltar a crescer gradualmente, em virtude da redução da taxa de juros, melhora das expectativas, necessidade de modernização das unidades fabris e retomada dos projetos de infraestrutura através de concessões públicas à iniciativa privada. Assim, a retomada dos investimentos deverá ocorrer ao longo de 2018.

O crescimento de 1,2% da produção industrial nos primeiros sete meses não ocorreu de forma disseminada entre os setores. Os destaques positivos ficaram para os segmentos de equipamentos de informática, veículos, extrativa, siderurgia, máquinas e equipamentos, papel e celulose, têxtil e de confecções e de calçados. As exportações foram a principal alavanca da produção para a maioria desses segmentos, favorecidas pelo dinamismo favorável da demanda externa. O volume exportado pela indústria acumulou alta de 5,3% no período. O desempenho dos setores automotivo e extrativo merece

destaque, com aumento de 34,0% e 22,8% das exportações, respectivamente, nos primeiros sete meses do ano. O aumento do volume embarcado destes setores tem ocorrido de forma espraiada entre os países. Ainda assim, destacamos a América Latina como destino das nossas exportações, especialmente para Argentina, dado o tamanho desse mercado. Reforçamos que apesar do crescimento das exportações nos primeiros meses do ano nos setores têxtil e calçadista, o volume embarcado nesses setores perdeu relevância nos últimos meses, revertendo o bom desempenho nos primeiros meses do ano.

Tabela 1 – Variação da produção industrial e das exportações por setores – em %

Fonte: IBGE, Funcex, Bradesco

Produção industrial

Acum até julho Coeficiente Acum até julho

Informática e eletrônicos 19,2% 3,3% -5,7% Veículos automotores 11,5% 23,3% 34,0% Extrativa 5,7% 53,3% 22,8% Têxtil 5,6% 4,2% -32,6% Vestuário e acessórios 4,7% 3,0% 2,5% Máquinas e Equip. 3,6% 20,3% 4,1% Produtos diversos 3,5% 6,4% -6,1% Metalurgia 3,0% 43,5% -1,9% Calçados e couro 2,9% 24,3% -8,3% Celulose e papel 2,7% 30,0% 4,8% Borracha e plástico 2,1% 8,9% 6,2%

Setores Exportação Produção industrial

Acum até julho Coeficiente Acum até julho

Setores Exportação Indústria total 1,2% 19,6% 5,3% Madeira -0,7% 29,0% 10,6% Químicos -1,0% 4,6% 3,4% Alimentos -1,1% 20,4% -5,9% Produtos de metal -1,3% 5,7% 0,1% Bebidas -1,4% 3,4% -1,8% Móveis -1,4% 5,4% -0,1% Minerais não-metálicos -4,4% 8,4% 1,3% Farmacêuticos -5,4% 7,2% 2,3% Materiais elétricos -6,9% 12,5% -1,3% Combustíveis -6,9% 6,0% -11,8%

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Nos meses à frente, os setores exportadores devem seguir firmes, favorecidos pela economia internacional aquecida e pelo esforço de diversas empresas em retomar o mercado exportador. Ademais,

nossa expectativa de que a taxa de câmbio encerrará este ano em torno de R$/US$ 3,10 mantém a rentabilidade das exportações. Nesse cenário, as indústrias exportadoras manterão desempenho positivo ao longo dos próximos meses, ainda que em menor ritmo. Nesse sentido, projetamos expansão 2,0% da indústria brasileira em 2017.

Embora em menor ritmo, o mercado doméstico também vem reagindo, refletindo os ganhos reais de renda, o recuo das taxas de juros, a melhora da confiança do consumidor e os saques das contas inativas do FGTS. As vendas no comércio varejista cresceram principalmente em bens duráveis e semi-duráveis,

segmentos com consumo reprimido há três anos. Destacamos eletrodomésticos, confecções e calçados e materiais para construção. As vendas de veículos leves cresceram 5,9% nos primeiros oito meses deste ano, segundo dados da Anfavea. As vendas de veículos usados cresceram 8% no mesmo período, segundo a Fenauto, que destaca também as vendas de automóveis com até três anos de uso, com avanço de 22,5% acumulado no ano.

Em relação à influência da liberação de recursos do FGTS para o consumo, entendemos que esses explicam parte do desempenho do setor varejista, levando em conta que R$ 44 bilhões de recursos foram disponibilizados às famílias. Entretanto, o ajuste negativo do mercado de trabalho está próximo do fim, os

ganhos reais de salário garantidos pela desaceleração da inflação e a melhora das condições de crédito criaram o ambiente para que isso pudesse ocorrer. Dadas as perspectivas favoráveis daqui para frente para o mercado de trabalho e para as condições creditícias, podemos esperar crescimento de 3,0% do varejo ampliado neste ano.

-2,0% 0,0% 0,9% 1,0% 1,2% 2,5% 2,6% 3,0% 3,0% 6,8% 7,9% 8,0% -5,0% 0,0% 5,0% 10,0% Livros, jornais, revistas e papelaria

Combustíveis Farmácia, perfumaria e cosméticos Outros artigos pessoais e domésticos Hipermercados e Supermercados Comércio Varejista Restrito Informática e Comunicações Veículos e Motos Comércio Varejista Ampliado Material de Construção Móveis e Eletrodomésticos Tecidos, Vestuário e Calçados

Variação das vendas setoriais no comércio varejista - 2017 Fonte: IBGE Elaboração: Badesco

Gráfico 1 – Expectativa de variação do comércio varejista por segmento – 2017

Fonte: IBGE, Bradesco

Apesar da recuperação gradual da indústria e do varejo, o segmento do agronegócio segue como destaque positivo. A colheita da safra 2017/18 está sendo finalizada, com um recorde de 238 milhões de

toneladas de grãos, o que representa uma expansão de 28% ante a safra anterior. Esse volume é resultado da ampliação da área plantada, que foi incentivada pela boa rentabilidade das culturas de grãos no ano passado, e também da recuperação do nível de produtividade, que superou o nível registrado no ano passado, quando a estiagem afetou a lavoura. Com volumes recordes de produção de soja, milho, arroz e feijão, os preços estão em níveis bem mais baixos do que os registrados no ano passado, contribuindo positivamente para o recuo da inflação neste ano. A despeito dessa queda de preços, a elevada produtividade das lavouras vem permitindo a ampliação da renda agrícola, beneficiando as regiões com

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-10,3% -8,5% -4,0% -2,0% -1,6% -0,2% -12,0% -10,0% -8,0% -6,0% -4,0% -2,0% 0,0% Outros serviços Serviços profissionais e administrativos Serviços Informação e comunicação Serviços às famílias Transportes Título do Gráfico

O setor de serviços, como dito anteriormente, continua em retração neste ano, apontando recuperação mais lenta adiante. Os serviços prestados às empresas têm registrado quedas mais intensas, ao passo que

aqueles ligados às famílias e transporte têm apresentado resultados melhores. Pelo lado das empresas, os ajustes de custos têm limitado a recuperação do setor. Pelo lado das famílias, os ganhos de renda e a estabilização do mercado de trabalho já permitem ao setor ter quedas menos intensas, até mesmo porque o orçamento das famílias segue restrito para contratação de serviços que em muitos casos são considerados não essenciais. Ademais, a queda das taxas de juros e os recursos das contas inativas do FGTS acabam não impactando a demanda das famílias por serviços na mesma magnitude que a observada no consumo de bens. O setor de transportes também segue com resultado menos negativo, em grande medida, favorecido pelo movimento de cargas relacionadas ao escoamento da safra agrícola. Ademais, a demanda por transporte aéreo já mostra expansão, especialmente para viagens internacionais. Além de as companhias aéreas oferecerem novas rotas internacionais, o atual do câmbio, mais apreciado do que nos dois últimos anos, também contribui para a trajetória positiva. Chama atenção que o setor de telecomunicações venha apresentando comportamento distinto entre os segmentos, telefonia pós-paga e banda larga em crescimento, ao mesmo tempo em que celular pré-pago e TV por assinatura continuam com retração.

Por outro lado, a indústria de construção civil e o consumo doméstico de bens de capital permanecem com desempenho fraco. Ainda que não apresentem sinais consistentes de retomada até aqui, esperamos melhora nos meses à frente. O setor imobiliário residencial tem registrado ajuste relevante dos estoques,

com expansão de vendas superior ao observado nos lançamentos. De fato, o ritmo de crescimento dos lançamentos tem sido mais moderado, mas considerando que as obras normalmente ocorrem seis meses após o lançamento, a produção de insumos típicos da construção civil deverá crescer ao longo do segundo semestre. Por fim, as incorporadoras já anunciaram a intenção de lançar volume maior de unidades nesse período, o que ampliará a demanda por insumos típicos da construção civil em 2018. Em relação aos preços de imóveis, esperamos alta abaixo da inflação neste ano, acelerando ao longo do próximo ano. Quanto à demanda de bens de capital, não há necessidade imediata de expansão da capacidade na grande maioria dos setores, dado o baixo nível de utilização da capacidade. Isso significa que não há necessidade de grandes projetos greenfields. No entanto, as empresas estão há quatro anos com aportes reduzidos e precisarão adequar ou modernizar suas operações com a recuperação gradual da demanda. Nesse sentido, esperamos reversão desse setor nos próximos meses, de forma mais nítida em 2018.

Gráfico 2 – Variação do setor de serviços por segmento – acumulado no ano – em %

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Por fim, o segundo semestre deste ano será marcado por um número maior de concessões públicas. Estão

agendadas para os próximos meses as vendas de ativos em distribuição e geração de energia elétrica, concessão de lotes de linhas transmissão, leilões de áreas de petróleo e concessões logísticas (aeroportos, portos, rodovias e ferrovias). No último mês, o governo divulgou o terceiro pacote de projetos do Programa de Parceria de Investimento (PPI), que contempla 57 novos projetos de infraestrutura, em sua maioria para serem leiloados em 2018, reforçando o cenário positivo para o segmento de infraestrutura nos próximos anos. Ainda que o efeito prático em termos de atividade (obras) ocorra somente a partir do próximo ano, o acompanhamento desses eventos será crucial não só para avaliarmos a arrecadação do governo com outorga, mas também para determinar a magnitude de crescimento do investimento no Brasil nos próximos anos, com efeitos multiplicadores importantes dos investimentos em infraestrutura para a economia.

Gráfico 3 – Insumos típicos da construção e consumo de bens de capital – dados dessazonalizados

Fonte: IBGE, Funcex, Bradesco

50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 11 12 13 14 15 16 17

Insumos típicos da construção civil Consumo de bens de capital

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Setor em foco

Siderurgia: desempenho positivo neste ano reflete expansão da demanda por aços planos no

mercado doméstico e dos embarques de semi-acabados

Produção: nos primeiros sete meses do ano a produção de aço bruto cresceu 10,6% ante o ano passado. Os dois principais impulsos para a siderurgia brasileira vieram da melhora do setor automotivo,

com ampliação de vendas internas e de exportações, e de eletrodomésticos, com melhora do mercado doméstico. Adicionalmente, nos últimos anos temos observado avanço relevante das exportações de semi-acabados de aço.

Aços Planos: a produção de planos, que têm a demanda mais concentrada nas montadoras de veículos, eletrodomésticos e bens de capital, cresceu 14,5% neste ano.

Semi-acabados: a produção cresceu 7,6%, com incremento de 16,1% dos volumes embarcados, sendo o principal destino os EUA.

Aços Longos: continuam com fraco desemprego – retração de 6,1% da produção – refletindo o baixo dinamismo do setor de construção civil e dos investimentos em infraestrutura. Ainda assim, produção de aços longos já está apresentando alguma acomodação nos últimos meses.

Estoques nos distribuidores: houve aumento dos estoques dos distribuidores neste ano. Com os preços

internacionais mais atrativos, as importações cresceram 66% nos primeiros sete meses do ano, elevando os estoques dos distribuidores. Mesmo assim, o estoque em meses de venda (atualmente em 3,4 meses) encontra-se próximo à média histórica de 3,1 meses.

Preços: no mercado internacional temos observados preços de aço mais elevados, devido ao fechamento de capacidade na China, movimento que também tem sido gradual. No Brasil, diante do aumento do

volume importado de aço neste ano, devemos observar repasse aos preços domésticos. Assim, o prêmio entre os preços domésticos e internacionais se manterá positivo.

Projetamos aceleração gradual da demanda, resultando em alta na produção de aço bruto em torno de 8% neste ano. O bom desempenho de bens de consumo duráveis, seja de automóveis ou de

eletroeletrônicos, deve continuar favorecendo a produção de aços planos. Ao mesmo tempo, projetamos aumento da demanda de aços longos a partir do fim de 2017 em resposta à recuperação dos lançamentos imobiliários. Já a estabilização do mercado imobiliário dos EUA manterá as exportações de aços semi-acabados em elevado patamar, ainda que o ritmo de crescimento seja mais ameno nos próximos meses. Os estoques devem se manter em patamar próximo à média história, diante da recuperação da demanda doméstica. Por fim, a redução do prêmio nos preços internacionais e a perspectiva de novas imposições/limitações às exportações de aço nos próximos meses devem levar tanto a redução do volume importado quanto a uma nova rodada de alta dos preços domésticos.

Gráfico 4 – Produção de aço laminado plano e longo e semi-acabado, dados dessazonalizados

Fonte: IABr, Bradesco

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 12 13 14 15 16 17

Produção de aço dessaz

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Equipe Técnica

O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa

Economistas Ana Maria Bonomi Barufi / Andréa Bastos Damico / Constantin Jancso / Daniela Cunha de Lima / Ellen Regina Steter / Estevão Augusto Oller Scripilliti / Fabiana D’Atri / Igor Velecico / Leandro Câmara Negrão / Marcio Aldred Gregory / Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / Regina Helena Couto Silva / Thomas Henrique Schreurs Pires

Estagiários Alexandre Stiubiener Himmestein / Camila Medeiros Tanomaru / Felipe Yamamoto Ricardo da Silva / Mariana Silva de Freitas / Rafael Martins Murrer

Referências

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