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A CONTRIBUIÇÃO DOS TRAÇOS DE PERFECCIONISMO, MEDIADA PELA MOTIVAÇÃO, PARA A COESÃO DE GRUPO NO FUTSAL DE ALTO RENDIMENTO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ASSOCIADO EM

EDUCAÇÃO FÍSICA UEM/UEL

Maringá

2015

JOSÉ ROBERTO ANDRADE DO NASCIMENTO JUNIOR

A CONTRIBUIÇÃO DOS TRAÇOS DE

PERFECCIONISMO, MEDIADA PELA

MOTIVAÇÃO, PARA A COESÃO DE

GRUPO NO FUTSAL DE ALTO

RENDIMENTO

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i

Tese apresentada à Universidade Estadual de Maringá, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL para obtenção do título de Doutor.

Maringá

2015

JOSÉ ROBERTO ANDRADE DO NASCIMENTO JUNIOR

A CONTRIBUIÇÃO DOS TRAÇOS DE

PERFECCIONISMO, MEDIADA PELA

MOTIVAÇÃO, PARA A COESÃO DE

GRUPO NO FUTSAL DE ALTO

RENDIMENTO

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Dedicatória

Dedico este trabalho a toda minha família, especialmente ao meu pai, minha mãe e minha irmã, que mesmo estando longe sempre me incentivaram em minhas decisões e me parabenizaram pelas minhas conquistas.

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AGRADECIMENTOS

Ao finalizar esta tese, quero agradecer a todos que contribuíram para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional durante toda a minha trajetória na pós-graduação:

À Universidade Estadual de Maringá, especificamente ao Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL, pela estrutura, funcionários, materiais e contribuições no decorrer dos anos.

Aos docentes do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL, por compartilharem o seu conhecimento e disponibilidade em ministrar disciplinas.

À minha orientadora Professora Dra. Lenamar Fiorese Vieira, pelas orientações, ensinamentos, paciência, amizade, conselhos e oportunidades ao longo destes anos de convivência.

Ao meu orientador no Doutorado-sanduíche na University of Stirling, Escócia, Professor PhD David Lavallee, pelas orientações e pela oportunidade de realizar intercâmbio no exterior.

Aos professores da banca examinadora, Prof. Dr. Jorge Both, Prof. Dr. Leandro Altimari, Profª. Drª. Joice Mara Facco Stefanello e Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento, pelas correções e sugestões no projeto e no trabalho final.

Às equipes de futsal da Liga Nacional 2013 por aceitarem fazer parte do estudo.

Aos integrantes do grupo de pesquisa Pró-Esporte, coordenadores, doutorandos, mestrandos e acadêmicos, pelo auxílio neste trabalho, pela convivência compartilhada, troca de experiências, momentos de descontração, companhia no laboratório, almoços e confraternizações.

A todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos e, em especial, ao meu amigo João Ricardo Vissoci, um grande companheiro profissional e pessoal.

À Capes e ao CNPQ pelo apoio ao desenvolvimento científico deste estudo e pelo auxílio financeiro recebido.

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Em especial ao meu pai José Roberto, minha mãe Edite, minha irmã Fernanda e todos os meus familiares pelo incentivo e suporte em todos os momentos da minha vida.

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vii NASCIMENTO JUNIOR, José Roberto Andrade do. A contribuição dos traços de perfeccionismo, mediada pela motivação, para a coesão de grupo no futsal de alto rendimento. 2015. 229f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Centro de Ciências da Saúde. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2015.

RESUMO

O objetivo desta tese foi investigar a contribuição dos traços de perfeccionismo, mediada pela motivação, para a percepção de coesão de grupo de atletas de futsal de alto rendimento. Para atingir tal objetivo, os dois primeiros artigos envolveram a adaptação e a validação transcultural da Basic Needs Satisfaction in Sport Scale e da Sport-Multidimensional Perfectionism Scale-2 para o contexto esportivo brasileiro com 395 atletas adultos de ambos os sexos participantes da fase final dos Jogos Abertos do Paraná-2012, os quais apresentaram propriedades psicométricas satisfatórias após a exclusão de 8 e 18 itens, respectivamente. A análise do papel mediador das necessidades básicas de motivação na contribuição dos traços de perfeccionismo sobre a percepção de coesão de grupo no contexto do futsal compreendeu o terceiro artigo original da tese e foi realizada com 301 atletas participantes da Liga Nacional de Futsal 2013. Os resultados evidenciaram relações significativas entre as preocupações e os esforços perfeccionistas e a motivação por meio das necessidades básicas de competência, autonomia e relacionamento (variância compartilhada de 15%). Além disso, as necessidades básicas mediaram significativamente a relação entre o perfeccionismo e a coesão de grupo, visto que o modelo de mediação explicou 16% da variabilidade da coesão de grupo dos atletas de futsal. O relacionamento foi a necessidade básica que demonstrou maior impacto na coesão quando previsto pelo perfeccionismo, ao passo que os esforços perfeccionistas relataram maior impacto sobre a autonomia. Para analisar as relações entre o perfeccionismo, a motivação e a coesão de grupo nas diferentes fases de desenvolvimento esportivo dos atletas, o quarto artigo original da tese compreendeu uma análise qualitativa das entrevistas de 25 atletas de futsal de elite. Os achados indicaram que, desde a infância, os jogadores relataram traços de perfeccionismo adaptativo e mal adaptativo, presença da motivação autodeterminada e forte identificação cultural e introjeção com o esporte (motivação controlada), além de facilidade de comunicação, trabalho em grupo e o gosto pela competição (coesão social e para tarefa). Concluiu-se que, no futsal brasileiro de alto rendimento, os atletas com traços de perfeccionismo positivos e satisfeitos com as suas necessidades básicas de motivação possuem maiores chances de aumentarem suas percepções de coesão de grupo. Ademais, as necessidades básicas de motivação podem contribuir para o efeito do perfeccionismo adaptativo sobre a percepção de coesão dos atletas e impedir o impacto do perfeccionismo mal adaptativo. Tais características se tornaram mais evidentes na medida em que os atletas evoluíram ao longo das fases de desenvolvimento esportivo.

Palavras-chave: Orientações Perfeccionistas; Ambiente de Grupo; Autodeterminação; Esporte; Psicometria; Modelo de Equações Estruturais.

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viii NASCIMENTO JUNIOR, José Roberto Andrade do. The contribution of the perfectionism traits, mediated by motivation, toward team cohesion among high performance futsal. 2015. 230p. Tese (Doutorado em Educação Física) – Centro de Ciências da Saúde. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2015.

ABSTRACT

The objective of this thesis was to investigate the contribution of perfectionism traits, mediated by motivation, on the perception of team cohesion among high performance futsal athletes. To achieve this goal, the first two papers involved the cross-cultural adaptation and validation of the Basic Needs Satisfaction in Sport Scale and the Sport Multidimensional Perfectionism Scale-2 for the Brazilian context with 395 adult athletes of both gender, participants of the final phase of the Open Games Paraná-2012, which showed satisfactory psychometric properties after exclusion of 8 and 18 items, respectively. The analysis of the mediating role of motivation through the basic needs in the contribution of perfectionism traits on the perception of team cohesion in the futsal context involved the third original article and the thesis was performed with 301 athletes participating of the Futsal National League in 2013. The results showed significant relationships of the perfectionistic concerns and striving with the motivation through the basic needs of competence, autonomy and relatedness (shared variance of 15%); Further, the basic needs significantly mediated the relationship between perfectionism and team cohesion, whereas the mediation model explained 16% of the variability of the athletes’ perceived team cohesion. Relatedness was the basic need that demonstrated greatest impact on team cohesion when preditcted by perfectionism, while perfectionistic striving had greater impact on autonomy. To analyze the relationship between perfectionism, motivation and team cohesion along the phases of sports development, the fourth original article included a qualitative analysis of interviews of 25 elite futsal athletes. The findings indicated that, since childhood, players had strong characteristics of adaptive and maladaptive perfectionism, presence ofself-determined motivation and strong cultural identification and internalization with the sport (controlled motivation), as well as ease of communication, teamwork and the taste for competition (social and task cohesion). It was concluded that, within the high performance Brazilian futsal context, athletes with adaptive perfectionism traits and satisfied with their basic needs of motivation have higher chances to increase their team cohesion perceptions. In addition, the basic needs of motivation may contribute to the effect of adaptive perfectionism on the athletes’ perception of cohesion and prevent the impact of maladaptive perfectionism. These characteristics have become more evident according as the athletes have evolved over the stages of sports development.

Key words: Perfectionistic Orientations; Group Environment; Selfdetermination; Sport; Psychometrics; Structural Equation Modeling.

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2

Figura 1 - Modelo conceitual de coesão no esporte... 28 Figura 2 - Etapas de aplicação dos modelos de equações estruturais... 36 Figura 3 - Exemplo de representação gráfica do modelo de equações

estruturais... 41 Capítulo 3

Figura 1 - Carga fatorial, intercorrelações entre fatores e erro associado a cada item no modelo de três fatores com 12 itens da BNSSS (M3)... 73 Capítulo 4

Figura 1 - Coeficientes padronizados das replicações Bootsrap, correlação entre fatores e erros associados a cada item do modelo modificado de quatro fatores da SMPS-2 com 24 itens………... 101 Capítulo 5

Figura 1 - Modelo hipotético: o papel mediador das necessidades psicológicas básicas na relação entre os traços de perfeccionismo e a coesão de grupo de atletas brasileiros de futsal de alto rendimento... 126 Figura 2 - Modelo estrutural do papel mediador das necessidades psicológicas

básicas no efeito dos traços de perfeccionismo na coesão de grupo de atletas de futsal de alto rendimento... 131 Figura 3 - Modelo estrutural do papel mediador de cada necessidade

psicológica básica no efeito dos traços de perfeccionismo na coesão de grupo de atletas de futsal de alto rendimento... 132 Capítulo 6

Figura 1 - Desenvolvimento hierárquico do perfeccionismo, motivação e coesão na fase de experimentação... 153 Figura 2a - Desenvolvimento hierárquico do perfeccionismo na fase de

especialização... 156 Figura 2b - Desenvolvimento hierárquico da motivação e da coesão na fase de

especialização... 157 Figura 3a - Desenvolvimento hierárquico do perfeccionismo e da motivação na

fase de investimento... 160 Figura 3b - Desenvolvimento hierárquico da percepção da coesão na fase de

(11)

x

LISTA DE TABELAS

Capítulo 3

Tabela 1 - AFE do modelo de 3 fatores da versão brasileira da BNSSS... 71 Tabela 2 - Índices de ajustamento da AFC da versão brasileira da BNSSS... 72

Capítulo 4

Tabela 1 - Consistência interna das dimensões da SMPS-2 e correlação

item-dimensão... 95 Tabela 2 - AFE da versão brasileira da SMPS-2 com quatro fatores e 24 itens……. 99

Capítulo 5

Tabela 1 - Medidas descritivas e consistência interna das variáveis do estudo... 127 Tabela 2 - Comparação dos indicadores de ajuste dos modelos estruturais

testados no estudo... 129 Tabela 3 - Efeitos diretos e indiretos padronizados do MEE adotado no estudo

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LISTA DE QUADROS

Capítulo 1

Quadro 1 - Estrutura da tese organizada por capítulos e seus principais objetivos... 11 Capítulo 2

Quadro 1 - Símbolos e respectivos significados utilizados na representação gráfica dos MEE... 39 Quadro 2 - Métodos de estimação mais utilizados nas análises dos MEE... 43 Quadro 3 - Medidas para avaliar a qualidade de ajuste dos modelos

estruturais na AFC... 46 Capítulo 4

Quadro 1 - Dimensões da Sport Multidimensional Perfectionism Scale-2 (SMPS-2)... 87

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

UEM Universidade Estadual de Maringá UEL Universidade Estadual de Londrina DEF Departamento de Educação Física

SMPS 2 Sport-Multidimensional Perfectionism Scale 2

BNSSS Basic Needs Satisfaction in Sport Scale

GEQ Group Environment Questionnaire

SMPS-2 Escala Multidimensional de Perfeccionismo no Esporte-2 BNSSS Escala de Satisfação de Necessidades Básicas no Esporte

GEQ Questionário de Ambiente de Grupo NPB Necessidades Psicológicas Básicas TAD Teoria da Autodeterminação

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 01 1 INTRODUÇÃO ... 02 1.1 Caracterização do tema... 02 1.2 Justificativa... 07 1.3 Delimitação da pesquisa... 08 1.4 Limitações da pesquisa... 09 1.5 Definição de termos... 09 1.6 Objetivo geral... 10 1.7 Objetivos específicos... 10 1.8 Estrutura da tese... 10 Referências... 12 CAPÍTULO 2 2 REVISÃO DE LITERATURA... 16 2.1 Perfeccionismo no esporte... 17

2.1.1 Considerações a respeito do perfeccionismo... 17

2.1.2 Modelo multidimensional de perfeccionismo... 20

2.2 Motivação no esporte... 22

2.2.1 Considerações a respeito da motivação... 22

2.2.1 Teoria da autodeterminação... 23

2.3 Coesão de grupo no esporte... 25

2.3.1 Considerações a respeito da coesão de grupo... 25

2.3.2 Modelo conceitual de coesão no esporte... 27

2.4 Modelos de equações estruturais... 32

2.4.1 Considerações a respeito dos modelos de equações estruturais... 32

2.4.2 Etapas de aplicação dos modelos de equações estruturais... 35

2.4.2.1 Elaboração do modelo teórico e representação do MEE... 36

2.4.2.2 Recolha de dados... 37

2.4.2.3 Especificação e identificação do modelo... 38

2.4.2.4 Estimação do modelo... 42

2.4.2.5 Avaliação da qualidade do ajustamento... 44

2.4.2.6 Reespecificação do modelo... 47

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2.4.3 Pressupostos dos modelos de equações estruturais... 48

Referências... 50

CAPÍTULO 3 ARTIGO ORIGINAL: Adaptação e validação da versão brasileira da Escala de Satisfação das Necessidades Básicas no Esporte (BNSSS)... 60

Referências... 78

CAPÍTULO 4 ARTIGO ORIGINAL: Adaptação e validação da Escala Multidimensional de Perfeccionismo no Esporte-2 (SMPS-2) para o contexto esportivo brasileiro... 82

Referências... 110

CAPÍTULO 5 ARTIGO ORIGINAL: O papel mediador da motivação por meio das necessidades básicas no efeito dos traços de perfeccionismo sobre a coesão de grupo de atletas brasileiros de futsal de alto rendimento... 114

Referências... 136

CAPÍTULO 6 ARTIGO ORIGINAL: Traços de perfeccionismo, motivação e coesão de grupo de jogadores de futsal de elite: uma análise das diferentes fases de desenvolvimento esportivo... 143

Referências... 168

Considerações finais... 172

ANEXOS... 174

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO GERAL E ESTRUTURA DA TESE Introdução e caracterização do tema

Problema Justificativa social e científica Delimitação do estudo Limitações do estudo Definição de termos Objetivos Estrutura da tese

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Caracterização do tema

Cada vez mais treinadores de equipes esportivas têm se esforçado para alcançar um bom ambiente de grupo e coesão entre os seus atletas, visto que pesquisas recentes têm enfatizado que, do ponto de vista do atleta, a percepção de coesão está altamente relacionada com o bem-estar e o desempenho esportivo (CARRON; EYS, 2012; EVANS; DION, 2012; PESCOSOLIDO; SAAVEDRA, 2012; LEO et al., 2013; MCLEOD; TREUER, 2013). A coesão de grupo pode ser definida como um processo dinâmico que tem como objetivo promover a união de um grupo para atingir os seus objetivos e a satisfação das necessidades afetivas dos seus membros (CARRON; HAUSENBLASS; EYS, 2005; CARRON; EYS, 2012).

Diversos fatores psicológicos têm sido apontados como elementos intervenientes no ambiente e na coesão de uma equipe, principalmente os traços de personalidade e a própria experiência esportiva dos atletas (BEAUCHAMP; JACKSON; LAVALLEE, 2008; VINCER; LOUGHEAD, 2010; HORN et al., 2012). Nessa perspectiva, Carron e Eys (2012) ressaltam que futuras pesquisas devem investigar a relação entre os traços de personalidade e o ambiente de grupo no contexto esportivo, uma vez que a “química especial” de equipes de sucesso pode ser nada mais do que uma conexão perfeita de um conjunto de traços de personalidade.

Dentre esses traços, o perfeccionismo pode ser considerado uma das principais características psicológicas intervenientes no comportamento esportivo, provando ter um papel importante na coesão de grupo e no desempenho esportivo em geral (DUNN et al., 2011; MALLINSON; HILL, 2011; LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012). O perfeccionismo é um traço de personalidade multidimensional definido como o desejo de um indivíduo atingir um desempenho impecável, geralmente com o objetivo de alcançar altos padrões de desempenho estabelecidos por si mesmo ou por seus companheiros (FLETT; HEWITT, 2002). O perfeccionismo tem sido considerado cada vez mais importante nos estudos do esporte como uma característica associada a resultados adaptativos e mal adaptativos (DUNN et al., 2002; FLETT; HEWITT, 2005; STOEBER; OTTO, 2006; GOTWALS et al., 2012).

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Da mesma forma, essa abordagem dualista de perfeccionismo tem sido denominada um modelo de processo duplo (SLADE; OWENS, 1998), já que compreende o perfeccionismo como constituído por duas dimensões superiores, preocupações perfeccionistas e esforços perfeccionistas. Descobertas recentes têm abordado a dimensão da preocupação perfeccionista como mais mal adaptativa em comparação com os esforços perfeccionistas (STOEBER; OTTO, 2006). Entende-se que o esforço para alcançar altos padrões pessoais não é necessariamente uma situação mal adaptativa, mas está associado a crenças de níveis mais elevados de competência (STOEBER; OTTO, 2006), coesão para a tarefa (VIEIRA; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2013), estratégias de coping eficazes (MOURATIDIS; MICHOU, 2011), autoestima (GOATWALS; DUNN; WAYMENT, 2003), motivação autodeterminada (GAUDREAU; THOMPSON, 2010; LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012) e satisfação de vida (GAUDREAU; ANTL, 2008). Esse conceito se originou por meio do entendimento da importância das dimensões de altos padrões pessoais, necessidade de organização e precisão (a partir da FROST-MPS, FROST et al., 1990) e perfeccionismo auto-orientado (a partir da HEWITT-MPS, HEWITT; FETT, 1991). Portanto, o perfeccionismo adaptativo – ou esforços perfeccionistas – pode ser definido como a tendência a definir altos esforços de realização e padrões pessoais (STOEBER; OTTO, 2006).

As preocupações perfeccionistas são conhecidas como a tendência a se autoavaliar com elevados padrões e perceber uma demanda social pela perfeição (STOEBER; OTTO, 2006). Essa dimensão compreende as subescalas de preocupação com erros, dúvidas sobre a ação, percepções dos pais (FROST et al., 1990) e o perfeccionismo socialmente prescrito (HEWITT; FETT, 1991). Investigações têm associado as preocupações perfeccionistas a desfechos mal adaptativos, como o estresse negativo (ENNS et al., 2001), pobres estratégias de

coping (MOURATIDIS; MICHOU, 2011), maior frustração em relação às

necessidades psicológicas básicas (NPB) (MALLINSON; HILL, 2011), depressão (COX et al., 2002), baixa coesão para a tarefa (VIEIRA; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2013), processo de autoapresentação (LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012) e burnout (ZHANG; GAN; CHAN, 2007).

Apesar de essas evidências suportarem a relação entre as preocupações perfeccionistas e os esforços perfeccionistas a resultados mal adaptativos e adaptativos, respectivamente, tais indicativos ainda são inconsistentes na literatura

(19)

(MIQUELON et al., 2005; FLETT; HEWITT, 2006), sugerindo que variáveis intervenientes (por exemplo, as necessidades básicas de motivação) podem influenciar o efeito do perfeccionismo sobre resultados específicos de bem-estar e desempenho no esporte (MIROUTANIS; MICHOU, 2011; LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012).

Embora estudos recentes tenham investigado a relação entre o perfeccionismo, o relacionamento interpessoal dos atletas e a coesão de equipes esportivas (LEE et al., 2010; MOURATIDIS; MICHOU, 2011; HALBROOK et al., 2012; STEIN; BLOOM; SABISTON, 2012; VIEIRA; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2013), não há um consenso na literatura sobre o potencial efeito adaptativo do perfeccionismo no desempenho humano em geral (FLETT; HEWITT, 2006; OWENS; SLADE, 2008), especialmente em relação aos processos de grupo.

Resultados inconsistentes sobre o impacto do perfeccionismo na coesão de grupo sugerem que esse processo psicológico necessita de mais investigação para determinar a sua especificidade. Assim, uma forma de abordar essa questão é investigar o perfeccionismo e a coesão do ponto de vista teórico da Teoria da Autodeterminação (TAD), que é uma das teorias mais utilizadas nos estudos sobre motivação no esporte. A TAD (DECI; RYAN, 2012) defende que a busca pela satisfação das NPB de autonomia, competência e relacionamento define a interação entre a tendência inata do ser humano para o desenvolvimento, a motivação e o bem-estar com o meio social que, por sua vez, facilita ou frustra esse movimento de crescimento (RYAN; DECI, 2002). As NPB têm sido estudadas como variáveis mediadora da relação entre os diversos constructos psicológicos no contexto esportivo (GAGNÉ; RYAN; BARGMANN, 2003; REINBOTH; DUDA; NTOUMANIS, 2004; ADIE; DUDA; NTOUMANIS, 2008; MOURATIDIS; MICHOU, 2011); todavia, não foram encontrados estudos analisando essa relação com a coesão.

A TAD tem produzido evidências como um quadro mediador de relações complexas dentro dos estudos do esporte (AMIOT; GAUDREAU; BLANCHARD, 2004; MCDONOUGH; CROCKER, 2007; BRUNET; SABISTON, 2008; NTOUMANIS; STANDAGE, 2009), especificamente associada com o perfeccionismo (MOURATIDIS; MICHOU, 2011). No entanto, de acordo com a extensão revisão de literatura empreendida, o presente estudo é o primeiro a abordar o impacto do perfeccionismo sobre a coesão de grupo no contexto esportivo, à luz da TAD.

(20)

Diversos estudos têm investigado a relação entre o perfeccionismo e a motivação. Em geral, as preocupações perfeccionistas são altamente correlacionadas com resultados mais baixos de motivação autodeterminada, como a motivação extrínseca ou a motivação controlada (MCARDLE; DUDA, 2004; MIQUELON et al., 2005; MOURATIDIS; GAUDREAU; THOMPSON, 2010; MICHOU, 2011; LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012) e a maior frustração em relação às NPB (MALLINSON; HILL, 2011). Os esforços perfeccionistas, por outro lado, geralmente são correlacionados com altos níveis de autodeterminação nestas mesmas pesquisas.

Em contrapartida, as preocupações perfeccionistas (externamente orientadas) podem frustrar/ameaçar as NPB por meio da indução ao estresse interno (ENNS et al., 2001) e da motivação controlada (LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012), em virtude da preocupação excessiva em obter aprovação e competência. Evidências apoiam essas suposições, entretanto os resultados não são consistentes e decisivos. Por exemplo, os esforços perfeccionistas têm sido relatados como correlatos tanto da motivação autônoma quanto da motivação controlada (MCARDLE; DUDA, 2004).

Algumas investigações ressaltam que os aspectos relacionados com a motivação do atleta e as NPB são essenciais para a persistência no esporte (JÕESAAR HEIN; HAGGER, 2011), o desenvolvimento do clima e do ambiente de grupo e, consequentemente, para uma carreira esportiva bem-sucedida (FLORES; SALGUERO; MARQUEZ, 2008). De acordo com a TAD, as NPB se agrupariam com outros atributos pessoais que são altamente relacionados com os resultados da coesão de grupo em esportes competitivos (CARRON; EYS, 2005), por meio da sua definição de atingir a autonomia, competência e relacionamento por meio de intercâmbios com o meio social (DECI; RYAN, 2000).

Quanto ao perfeccionismo, embora poucos estudos tenham sido encontrados explorando a sua relação com a coesão de grupo, evidências destacam a associação entre as preocupações perfeccionistas e as relações interpessoais negativas (OMMUNDSEN et al., 2005; HORN et al., 2012). No entanto, esta não é a única direção dessa relação, já que o mesmo estudo não encontrou associação entre os esforços perfeccionistas e a qualidade da relação entre pares. Contudo, a literatura consultada (BEAUCHAMP; JACKSON; LAVALLEE, 2008; CARRON; EYS, 2012) aponta que o estudo dos traços de personalidade de grupo no esporte (por

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exemplo, o perfeccionismo) tem um potencial considerável para aplicações de pesquisa em contextos esportivos. Assim, este estudo é o primeiro a avançar, investigando se as NPB (motivação) são características influentes para determinar a relação entre o perfeccionismo e a coesão. Diante dessas considerações, pode-se afirmar que a maneira como os atletas expressam as suas características individuais (perfeccionismo) no contexto esportivo pode ser mediada pela motivação, por meio das necessidades básicas, o que influencia na coesão de grupo.

Contudo, uma grande dificuldade para realizar um estudo com essas variáveis (perfeccionismo, NPB de motivação e coesão) é a escassez de instrumentos de avaliação validados para o contexto esportivo brasileiro. Dentre essas variáveis, apenas a coesão de grupo possui instrumento validado para a a realidade brasileira: o GEQ (NASCIMENTO JUNIOR et al., 2012). Em consulta prévia à literatura, não foram encontradas investigações de adaptação e validação transcultural da Sport

Multidimensional Perfectionism Scale 2 (SMPS-2) nem da Basic Needs Satisfaction in Sport Scale (BNSSS) para o contexto brasileiro.

A SMPS-2 é uma versão atualizada da Sport Multidimensional Perfectionism

Scale (DUNN et al., 2006), que foi modelada com base na conceitualização

multidimensional de perfeccionismo de Frost et al. (1990), com o objetivo de avaliar as tendências perfeccionistas de atletas por meio de seis dimensões: padrões de exigência pessoal, preocupação com os erros, pressão parental percebida, pressão percebida do treinador, dúvidas na ação e organização (GOTWALS; DUNN, 2009). Já a BNSSS foi elaborada com base nos princípios e elementos da TAD (DECI; RYAN, 1985, 2012) com o intuito de avaliar as percepções dos atletas em relação às suas NPB de competência, autonomia e relacionamento no contexto esportivo (NG; LONSDALE; HODGE, 2011). Os próprios autores dos questionários sugerem que, em uma perspectiva transcultural, os pesquisadores devem verificar se o conteúdo desses instrumentos criados na cultura de países como Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia e China é relevante no contexto cultural em que será utilizado (GOTWALS; DUNN, 2009; NG; LONSDALE; HODGE, 2011).

Pesquisas recentes evidenciaram que a validade de constructo dessas escalas se restringe particularmente a países da Europa, Ásia e América do Norte (língua nativa inglesa), demonstrando que esses instrumentos devem ser adaptados e validados para cada contexto cultural, visto que podem sofrer interferência em seus resultados quando aplicados a contextos socioeconômicos e culturalmente

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diferentes (PASQUALI, 2010). Dessa forma, o presente estudo também explorou essa lacuna em relação a instrumentos psicométricos, adaptando e validando parao contexto esportivo brasileiro o instrumento de avaliação dos traços de perfeccionismo no esporte, a SMPS-2, e a escala de avaliação das necessidades psicológicas básicas no esporte, a BNSSS.

Diante de tais considerações, esta tese visa responder à seguinte questão geradora: podem os traços de perfeccionismo, mediados pela motivação, contribuir para a percepção de coesão de grupo de atletas de futsal de rendimento? Como questões norteadoras foram elaboradas as seguintes: qual o papel mediador da motivação por meio da satisfação das NPB no efeito dos traços de perfeccionismo, sobre a percepção de coesão de grupo de atletas de futsal de alto rendimento? Como ocorreram as relações entre os traços de perfeccionismo, a motivação e a percepção de coesão de grupo de atletas de futsal de elite nas diferentes fases de desenvolvimento esportivo?

1.2 Justificativa

O interesse do pesquisador pelo tema teve início durante o curso de Mestrado com a realização da dissertação a respeito da coesão de grupo e ao longo da disciplina “Tópicos Avançados em Psicologia do Esporte e do Exercício”, na qual diversas teorias e modelos psicológicos foram abordados, tais como o modelo multidimensional de perfeccionismo e a TAD e seus elementos motivacionais (NPB). A partir dessa vivência, procurou-se encontrar fundamentação na literatura na tentativa de explicar como a coesão de uma equipe esportiva pode ser influenciada pelos traços perfeccionistas dos atletas, tendo os aspectos motivacionais das NPB (autonomia, competência e relacionamento) como mediadores dessa relação.

Com base nesses estudos, percebe-se que elementos relacionados à dinâmica de grupos, como a coesão esportiva, podem ser elementos fundamentais para uma equipe alcançar o sucesso esportivo (CARRON et al., 2002; CARRON; EYS, 2012; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2012; CARRON; BRAWLEY, 2012) e que algumas características psicológicas dos atletas, como o perfeccionismo e as NPB, podem influenciar esse processo (FROST et al., 1990; RYAN; DECI, 2002; DUNN et al., 2006; LONSDALE; HODGE, 2011). Assim, a presente tese pretende explorar essa lacuna do conhecimento, analisando o efeito de características

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psicológicas individuais dos atletas (traços de perfeccionismo e NPB) na percepção de coesão de grupo de atletas de futsal de alto rendimento por meio de um modelo estrutural e descrevendo a evolução temporal dessa relação ao longo da trajetória esportiva dos atletas.

Além disso, as versões da SMPS-2 e da BNSSS adaptadas e validadas para a língua portuguesa poderão contribuir diretamente para as pesquisas na área da Psicologia do Esporte, servindo como instrumentos de medida. Tanto os atletas quanto o sistema esportivo brasileiro poderão ser beneficiados, uma vez que os resultados das pesquisas poderão propiciar aos dirigentes, técnicos e atletas, dentre outros envolvidos no cenário esportivo, melhor conhecimento de variáveis psicológicas que podem influenciar o desempenho e a carreira esportiva do atleta.

Assim, tendo em vista as discussões a respeito das possíveis relações entre a os traços de perfeccionismo e a percepção de coesão de grupo dos atletas, mediados pelas NPB de motivação, e baseando-se na falta de instrumentos de avaliação de perfeccionismo e de NPB no esporte, foram realizados dois estudos para a adaptação e validação transcultural de instrumentos de avaliação dos traços de perfeccionismo e das NPB no esporte, bem como para a análise da contribuição dos traços de perfeccionismo para a percepção de coesão de grupo, mediada pela motivação, em atletas de futsal de rendimento, por meio de um modelo de equação estrutural, além de descrever como ocorreram essas relações nas diferentes fases de desenvolvimento esportivo.

1.3 Delimitação da pesquisa

O Estudo 1, que originou os artigos apresentados nos capítulos 3 e 4, esteve delimitado a atletas das modalidades esportivas coletivas e individuais participantes da fase final dos Jogos Abertos do Paraná 2012 – principal competição adulta no estado do Paraná. O Estudo 2, que originou os artigos apresentados nos capítulos 5 e 6, delimitou-se a atletas adultos das equipes de futsal participantes da principal competição brasileira da modalidade, a Liga Nacional de Futsal 2013. Tal escolha no Estudo 2 se deu por ser o futsal um dos esportes mais populares no país, além de ser um esporte em crescimento em todo o mundo e com perspectivas de inserção nos Jogos Olímpicos.

(24)

1.4 Limitações da pesquisa

A pesquisa limita-se por fazer cortes transversais na tentativa de analisar um processo que ocorre em um determinado momento da temporada, o qual ocorreu durante o início da 1ª Fase da Liga Nacional 2013, momento no qual o desempenho coletivo da equipe ainda não possui grande influência sobre a percepção de coesão dos atletas. Uma das limitações reside no fato de este estudo ter analisado a contribuição dos traços de perfeccionismo para a percepção de coesão de grupo, mediada pela motivação, em atletas de futsal de alto rendimento por meio de um modelo de equação estrutural, em um momento específico da temporada das equipes, não investigando os demais fatores intervenientes nessas variáveis por meio de um processo longitudinal. Além disso, esta tese apenas descreveu como ocorreram essas relações nas diferentes fases de desenvolvimento esportivo dos atletas por meio de uma abordagem retrospectiva.

1.5 Definição de termos

Traços de perfeccionismo: traço permanente da personalidade caracterizado pelo estabelecimento de padrões excessivamente elevados de desempenho, além de ser acompanhado por uma tendência excessivamente crítica da avaliação de um determinado comportamento (FROST et al., 1990).

Coesão de grupo: “processo dinâmico que tem como objetivo favorecer a união de um grupo para o alcance de seus objetivos e a satisfação das necessidades afetivas dos membros, estando relacionada para o grupo como uma totalidade e para a maneira na qual o grupo satisfaz suas necessidades pessoais e objetivos” (CARRON; BRAWLEY; WIDMEYER, 1998, p. 213).

Necessidades psicológicas básicas (NPB): a TAD aponta que as motivações dos indivíduos podem ser determinadas e orientadas por contextos que dão subsídios às NPB de autonomia, competência e relacionamento. A competência se refere à sensação de proficiência do indivíduo ao lidar com os desafios apresentados no

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meio social vivido. A autonomia está relacionada aos comportamentos assumidos de forma que as ações de um indivíduo são autoendossadas com um lócus de causalidade interna. O relacionamento reflete a necessidade de satisfazer relações sociais de apoio, sendo caracterizado pelo sentimento de conexão que o sujeito possui em relação ao ambiente em que vive (DECI; RYAN, 2000, 2002, 2012).

1.6 Objetivo geral

 Investigar a contribuição dos traços de perfeccionismo, mediada pela motivação, para a percepção de coesão de grupo em atletas de futsal de alto rendimento.

1.7 Objetivos específicos

 Examinar a adaptação transcultural e as propriedades psicométricas da BNSSS para o contexto esportivo brasileiro.

 Verificar a adaptação transcultural e as propriedades psicométricas da SMPS-2 para o contexto esportivo brasileiro.

 Testar o papel mediador da motivação por meio da satisfação das NPB no efeito dos traços de perfeccionismo sobre a percepção de coesão de grupo de atletas de futsal de alto rendimento.

 Compreender as relações entre os traços de perfeccionismo, a motivação e a percepção de coesão de grupo dos atletas de futsal de elite nas diferentes fases de desenvolvimento esportivo.

1.8 Estrutura da tese

Esta tese está estruturada de maneira distinta do padrão tradicional de elaboração até então adotado no Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL. O estudo aqui apresentado baseia-se no “Modelo escandinavo”, composto seis capítulos (Quadro 1). No primeiro capítulo, são

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apresentadas a introdução, a problemática da pesquisa, a justificativa, as delimitações e as limitações do estudo e os objetivos. O segundo capítulo é composto pela revisão de literatura; os capítulos três, quatro, cinco e seis apresentam os artigos originais redigidos segundo as orientações e normas da ABNT, sendo que já foram submetidos recentemente a periódicos indexados em bases nacionais e internacionais. Por fim, na última seção são apresentadas as conclusões gerais da pesquisa.

Capítulo 1

Introdução geral e estrutura da tese

Apresentação da introdução, problemática da pesquisa, justificativa, delimitações e limitações do estudo e objetivos.

Capítulo 2 Revisão de literatura

Capítulo 3

Artigo original 1

Adaptação e validação da versão brasileira da Escala de Satisfação das Necessidades Básicas no Esporte (BNSSS). [Submetido à

Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa]

Capítulo 4

Artigo original 2

Adaptação e validação da Escala Multidimensional de

Perfeccionismo no Esporte-2 (SMPS-2) para o contexto esportivo brasileiro. [Publicado na Revista Motriz-Junho de 2015]

Capítulo 5

Artigo original 3

O papel mediador da motivação por meio das necessidades básicas no efeito dos traços de perfeccionismo sobre a coesão de grupo de atletas brasileiros de futsal de alto rendimento.

Capítulo 6

Artigo original 4

Traços de perfeccionismo, motivação e coesão de grupo de jogadores de futsal de elite: uma análise das diferentes fases de desenvolvimento esportivo.

Considerações finais

Apresentação das conclusões gerais da tese

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CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA Perfeccionismo no Esporte Motivação no Esporte Coesão de Grupo no Esporte Modelos de Equações Estruturais

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A revisão de literatura está estruturada em quatro subcapítulos. Inicialmente foram abordados os elementos relacionados aos traços de perfeccionismo no esporte, baseado na abordagem multidimensional de Frost et al. (1990), destacando o papel destes traços no esporte e sua influência no desempenho e sucesso esportivo. No segundo subcapítulo abordou-se a temática da motivação no esporte, destacando a principal teoria estudada atualmente, a Teoria da Autodeterminação (DECI; RYAN, 2000), e a subteoria, a Teoria das Necessidades Psicológicas Básicas. O terceiro subcapítulo se destinou à dinâmica de coesão de grupo no esporte, baseado no modelo conceitual de coesão no esporte de Carron, Widmeyer e Brawley (1985), destacando os principais fatores intervenientes na coesão de equipes esportivas, a relação entre coesão e desempenho esportivo. Por último, o quinto subcapítulo foi destinado à descrição dos fundamentos e pressupostos teóricos da Modelagem de Equações Estruturais (HAIR et al., 2005; BYRNE, 2010; MARÔCO, 2010; KLINE, 2012), abordagem estatística que foi utilizada para verificar as relações entre as variáveis na presente tese.

2.1 Perfeccionismo no Esporte

2.1.1 Considerações a respeito do perfeccionismo

Dentre os traços permanentes da personalidade, os traços de perfeccionismo têm recebido destaque nas pesquisas na área da Psicologia do Esporte, sendo que o número de pesquisas sobre esta temática no esporte tem crescido exponencialmente (FLETT; HEWITT, 2006). Contudo, existem diferentes abordagens na literatura a respeito da definição e conceituação do perfeccionismo (DUNN et al., 2006; STOEBER et al., 2009). De uma forma geral, o perfeccionismo é um traço de personalidade relacionado à conquista, o qual inclui uma combinação de um compromisso com altos padrões e tendências de avaliação autocrítica (FROST et al., 1990; FLETT; HEWITT, 2002). O perfeccionismo é uma disposição que pode permear todas as áreas da vida, designadamente em áreas em que o desempenho possui papel importante, como por exemplo, trabalho, escola e família. Portanto, não é surpresa que o perfeccionismo seja uma característica comum em atletas de alto rendimento (STOEBER, 2014).

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No entanto, o perfeccionismo tem diferentes aspectos, sendo mais bem-conceituado como um traço de personalidade multidimensional (COX; ENNS; CLARA, 2002). Além disso, há diferentes formas de perfeccionismo e estes têm características distintas. Nessa perspectiva, os traços perfeccionistas podem ser avaliados de acordo com fatores intrapessoais e critérios interpessoais, sendo assim visto por muitos pesquisadores como um constructo multidimensional (FROST et al., 1990; DUNN et al., 2006; MALLINSON; HILL, 2011; DUNN; DUNN; McDONALD, 2012).

De acordo com Hall et al. (2007), o tipo de perfeccionismo está relacionado com a orientação motivacional do indivíduo, isto é, a orientação para a tarefa e o perfeccionismo adaptativo possuem íntima relação, bem como a orientação para o ego e o perfeccionismo mal-adaptativo. Assim, indivíduos orientados para a tarefa têm sempre como objetivo a otimização dos padrões de realização pessoal, apresentando, características do perfeccionismo adaptativo. Em contrapartida, os indivíduos orientados para o ego relacionam o sucesso a padrões normativos e relacionando o sucesso à aprovação social e, consequentemente, características do perfeccionismo mal-adaptativo. Os autores destacam ainda que os fatores motivacionais desempenham importante papel no estabelecimento de metas para o alcance da realização pessoal.

No contexto esportivo, enquanto alguns pesquisadores consideram o perfeccionismo uma qualidade adaptativa que auxilia o atleta na otimização do desempenho (GOULD; DIEFFENBACH; MOFFETT, 2002), outros autores apontam o perfeccionismo como um traço mal-adaptativo para o alcance de metas e para o sucesso esportivo (FLETT; HEWITT, 2005). Contudo, como o perfeccionismo é um traço multidimensional, sua natureza funcional se torna mais complexa, uma vez que tem sido associado tanto com variáveis comportamentais, afetivas e psicológicas funcionais/saudáveis e disfuncionais/não-saudáveis (GOULD; DIEFFENBACH; MOFFETT, 2002; HILL; APPLETON, 2011; HILL et al., 2010; STOEBER; UPHILL; HOTHAM, 2009). Tais inconsistências em relação ao papel adaptativo ou mal-adaptativo do perfeccionismo sobre o comportamento humano apontam a importância de futuras pesquisas para o estabelecimento de maiores parâmetros na literatura.

Tradicionalmente, o perfeccionismo era considerado como um sinal de desajuste psicológico ou transtorno mental na área da psicologia, uma vez que os

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indivíduos que procuravam suporte para a melhora da depressão e da ansiedade muitas vezes relatavam níveis elevados de perfeccionismo (DUNN et al., 2006). Assim, as concepções tradicionais da psicologia consideravam o perfeccionismo como uma disposição de personalidade unidimensional. Contudo, na década de 1990, uma visão mais diferenciada conceituou o perfeccionismo como um traço multidimensional e multifacetado (STOEBER, 2014). A partir deste ponto de vista, surgiu um consenso de que duas grandes dimensões do perfeccionismo deveriam ser diferenciadas: as preocupações perfeccionistas (mal-adaptativa) e os esforços perfeccionistas (adaptativo) (DUNN; CAUSGROVE DUN; SYROTUK, 2002; FLETT; HEWITT, 2006; STOEBER; OTTO, 2006).

O primeiro fator, conhecido por preocupações perfeccionistas ou perfeccionismo mal-adaptativo reflete as dúvidas e as preocupações sobre suas decisões e a percepção das expectativas que os outros têm sobre seu desempenho. O segundo fator, os esforços perfeccionistas ou perfeccionismo adaptativo, reflete a aderência a um conjunto de normas em relação aos níveis de realização em vários domínios de sua vida (STOEBER, 2014). O perfeccionismo mal adaptativo é ligado a problemas de saúde mental, enquanto o perfeccionismo adaptativo é relacionado a estratégias de coping efetivas (FLETT; HEWITT, 2002; STOEBER; UPHILL; HOTHAM, 2009).

Dessa forma, os traços perfeccionistas podem ser positivos ou negativos, considerando que o aspecto central que distingue o perfeccionismo positivo do negativo é que os indivíduos que apresentam características negativas de perfeccionismo têm a tendência a ser exageradamente críticos quanto ao seu próprio desempenho (FLETT; HEWITT, 2005; VOOGD, 2007; DUNN et al., 2011). Indivíduos com orientações perfeccionistas negativas são impulsivos pelo medo de falhar ao invés de serem impulsionados a alcançar algo, apresentando assim uma autoavaliação negativa e uma necessidade de aprovação externa, caracterizando o constructo central do perfeccionismo negativo. Já entre as características positivas relacionadas ao perfeccionismo estão um alto padrão de desenvolvimento e alto sentimento de organização (STOEBER; OTTO, 2006; STOEBER et al., 2007).

A literatura tem apontado que as dimensões de preocupações perfeccionistas podem ser consideradas mais mal-adaptativas em comparação aos esforços perfeccionistas no contexto esportivo. A lógica é que o esforço para alcançar altos padrões pessoais não é necessariamente uma situação mal adaptativa, estando

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associada a crenças de níveis mais elevados de competência (STOEBER; OTTO, 2006), coesão para a tarefa (VIEIRA; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2013), estratégias de coping eficazes (MOURATIDIS; MICHOU, 2011), autoestima (GOATWALS; DUNN; WAYMENT, 2003), motivação autodeterminada (MCARDLE; DUDA, 2004; GAUDREAU; THOMPSON, 2010; LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012) e satisfação de vida (GAUDREAU; ANTL, 2008). Este conceito se originou por meio do entendimento da importância das dimensões de altos padrões pessoais, necessidade de organização e precisão (a partir da FROST-MPS, FROST et al., 1990) e perfeccionismo auto orientado (a partir da HEWITT-MPS, HEWITT; FETT, 1991). Portanto, o perfeccionismo adaptativo ou os esforços perfeccionistas pode ser definido como a tendência para definir altos esforços de realização e padrões pessoais (STOEBER; OTTO, 2006).

As preocupações perfeccionistas são conhecidas como a tendência para se auto avaliar com elevados padrões e perceber uma demanda social pela perfeição (STOEBER; OTTO, 2006). Esta dimensão foi originada por compreender as subescalas preocupação com erros, dúvidas sobre a ação, as percepções dos pais (a partir da FROST-MPS, FROST et al., 1990) e perfeccionismo socialmente prescrito (a partir da HEWITT-MPS, HEWITT; FETT, 1991). Investigações na área das ciências do esporte têm associado as preocupações perfeccionistas a desfechos mal adaptativos, tais como o estresse negativo (ENNS et al., 2001), pobres estratégias de coping (MOURATIDIS; MICHOU, 2011), maior frustração em relação às necessidades básicas (MALLINSON; HILL, 2011), depressão (COX et al., 2002), baixa coesão para tarefa (VIEIRA; NASCIMENTO JUNIOR; VIEIRA, 2013), processo de auto apresentação (LONGBOTTOM; GROVE; DIMMOCK, 2012) e burnout (ZHANG; GAN; CHAN, 2007).

2.1.2 Modelo Multidimensional de Perfecconismo

Em geral, a maioria dos estudos tem se fundamentado nos modelos de perfeccionismo de Frost e Hewtitt, principalmente em função da Escala Multidimensional de Perfeccionismo de Frost/FROST-MPS (FROST et al., 1990) e a Escala Multidimensional de Perfeccionismo de Frost /HEWITT-MPS (HEWIT; FLETT, 1991). A FROST-MPS avalia seis dimensões do perfeccionismo (padrões pessoais, preocupação com os erros, criticismo parental, expectativas parentais, dúvidas na

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ação e organização), enquanto o modelo de Hewitt foca em três dimensões (perfeccionismo auto-orientado, correlações socialmente prescritas e perfeccionismo orientado para o outro). No entanto, ambos os modelos são orientados a avaliar o mesmo aspecto de perfeccionismo por meio da dicotomia adaptativo/mal adaptativo, ou esforços perfeccionistas (adaptativo) e preocupações perfeccionistas (mal-adaptativo) (FROST et al., 1993; FLETT; HEWITT, 2006; STOEBER; OTTO, 2006; STOEBER, 2014).

O modelo de Frost considera que o perfeccionismo é composto por quatro dimensões que avaliam qualidades individuais, tais como o esforço para alcançar altos padrões pessoais, a necessidade de ordem e organização, a preocupação com os erros, e um generalizado sentimento de autodúvida sobre as ações. Frost et al. (1990) ressaltam que duas dimensões interpessoais que medem as elevadas expectativas parentais e o excessivo criticismo parental ainda definem o constructo, embora alguns pesquisadores tem sugerido que estas dimensões são antecedentes da alienação ao invés de características definidoras (HALL et al., 2007).

No esporte, a maioria dos estudos sobre perfeccionismo recentes têm utilizado a FROST-MPS (DUNN et al., 2002; GOTWALS; DUNN, 2009). No entanto, pesquisadores chegaram à conclusão de que uma escala de perfeccionismo generalista poderia não representar adequadamente o construto no contexto esportivo (GOTWALS; DUNN, 2009; GOTWALS et al., 2010). Diante de tais evidências, Dunn et al. (2006) desenvolveram a Escala Multidimensional de Perfeccionismo no Esporte (SMPS) com o intuito de atender às necessidades específicas ao contexto esportivo. A SMPS foi desenvolvida com base no modelo multidimensional de perfeccionismo (FROST et al., 1990), avaliando quatro domínios (Padrões Pessoais, Preocupação com Erros, Pressão Parental Percebida e Pressão Percebida do Treinador). No entanto, dois domínios (Dúvidas na Ação e Organização) foram excluídos por não apresentarem indicadores psicométricas adequados (DUNN; CAUSGROVE DUN; SYROTUK, 2002).

Pesquisas posteriores enfatizaram para a relevância desses dois domínios para o perfeccionismo no esporte, sugerindo que a primeira versão da SMPS poderia não representar o perfeccionismo de forma adequada no contexto esportivo, resultando assim no desenvolvimento da SMPS-2 (DUNN et al., 2006;. GOTWALS; DUNN, 2009). A Sport Multidimensional Perfectionism Scale-2/SMPS-2 (GOTWALS; DUNN, 2009; GOTWALS et al., 2010) foi desenvolvida a fim de resolver as

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deficiências detectadas na SMPS, incluindo os itens para avaliar os domínios Dúvidas em Ação e Organização, que foram excluídos na primeira versão. A SMPS e SMPS-2 demonstraram propriedades psicométricas estáveis em diferentes estudos/amostras, contudo, algumas inconsistências foram repetidamente relatadas em relação à consistência interna do instrumento (DUNN et al., 2006; GOTWALS; DUNN, 2009; GOTWALS et al., 2010). Apesar destas inconsistências, a SMPS-2 tem sido amplamente utilizada em estudos recentes com atletas de diferentes idades e características (GOTWALS et al., 2012).

2.2 Motivação no Esporte

2.2.1 Consideração a respeito da motivação

Estudos apontam que, no contexto esportivo, a motivação representa um elemento chave para o desempenho e sucesso de atletas e equipes, visto que além de facilitar o desempenho nos treinamentos e competições, também proporciona uma experiência positiva no esporte (KEEGAN et al., 2010; VLACHOPOULOS; KAPERONI; MOUSTAKA, 2011; DECI; RYAN, 2012). Nesse contexto, pesquisadores da área da psicologia do esporte têm dado atenção especial ao estudo da motivação ao longo dos últimos anos (DECI; VANSTEENKISTE, 2004; VALLERAND, 2007), fornecendo inúmeras contribuições científicas sobre os motivos que levam uma pessoa a praticar determinado esporte, além de propiciar algumas definições gerais a respeito deste constructo (CHIAN; JOHNWANG, 2008; DECI; RYAN, 2012). Estudo de Vieira, Nascimento Junior e Vieira (2013), sobre o estado da arte das pesquisas em psicologia do esporte no Brasil, encontrou que entre os anos de 2002 e 2012, a motivação foi a temática mais investigada por pesquisadores brasileiros em congressos e periódicos científicos.

De acordo com Deci e Ryan (2012), a motivação pode ser representada pelo constructo hipotético usado para descrever as forças internas e/ou externas que conduzem à iniciação, direção, intensidade e persistência de um comportamento, um motivo ou conjunto de motivos que levam alguém a se esforçar, a agir, persistir ou trabalhar em prol de algum objetivo. Nessa perspectiva, inúmeras teorias de motivação foram desenvolvidas para entender a persistência ou o comportamento de

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abandono no esporte nas últimas três décadas (WEINBERG; GOULD, 2008; BARS; GERNIGON; NINOT, 2009; DECI; RYAN, 2012).

As teorias motivacionais partilham características comuns nos fatores social e contextual (por exemplo, o estilo de coaching, clima de aprendizado, permanência no esporte), e nas variáveis interpessoais (por exemplo, percepção de competência, autonomia percebida, a autorregulação e orientação de metas), que são propostas para influenciar o comportamento do esporte (DECI; RYAN, 2000; HAGGER & CHATZISARANTIS, 2011). Por isso, muitos pesquisadores têm enfatizado a importância do entendimento dos processos motivacionais que levam à permanência e ao abandono do esporte (VALLERAND, 2004; KEEGAN et al., 2010; MACK et al., 2011). Dentre as teorias motivacionais existentes na literatura, a Teoria da Autodeterminação fornece um quadro bem validado para entender as diferenças individuais na motivação (RYAN; DECI, 2000).

2.2.2 Teoria da Autodeterminação

Para o entendimento do fenômeno da motivação no contexto esportivo, a Teoria da Autodeterminação/TAD (DECI; RYAN, 1985) vem ganhando grande destaque como suporte teórico das pesquisas na área da psicologia do esporte (DECI; RYAN, 2000; AMIOT; GAUDREAU; BLANCHARD, 2004; PERREAULT; VALLERAND, 2007; GILLET et al., 2010). A TAD defende que os indivíduos possuem tendências inatas e ambientais para o desenvolvimento saudável (DECI; RYAN 2002). Em relação às tendências inatas, a TAD destaca que os traços de personalidade do sujeito possuem íntima ligação com suas orientações motivacionais. Já quando analisado o comportamento humano pela interação com o ambiente, percebe-se que o meio social no qual o indivíduo está inserido pode atuar como um elemento interveniente na motivação (DECI; RYAN 2000).

Dado que as interações contínuas entre os indivíduos e o ambiente social podem levar ao desenvolvimento e à adoção de identidades em particular, a teoria da autodeterminação (DECI; RYAN, 1985) é considerada o ponto de vista teórico por meio do qual a aquisição e a manutenção de identidades podem ser mais bem compreendidas (DECI, 2008). A TAD tem sido cada vez mais aplicada ao exercício e ao esporte (RYAN et al., 2011), uma vez que descreve os determinantes pessoais e socioambientais do comportamento motivado (CHIAN; JOHNWANG, 2008).

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Deci e Ryan (2012) afirmam que as razões subjacentes para o comportamento compreendem um continuum de autodeterminação, que vão das razões intrínsecas ou autorreguladas às razões controladas externamente. Assim, a motivação está relacionada à medida da quantidade de unidade ou desejo de que um indivíduo tem para determinada tarefa, sendo que as pessoas têm motivação fazer certos comportamentos, e pouca ou nenhuma motivação para outros comportamentos (DECI; RYAN, 2009). Uma ênfase especial é também colocada sobre a qualidade do comportamento motivado, bem como os mecanismos de internalização de comportamento (DECI, 2008). Em geral, os três principais tipos de regulamentos motivacionais propostos são: a amotivação, a motivação extrínseca e a motivação intrínseca. Comportamentos intrinsecamente motivados são decretados fora de diversão, satisfação, prazer e derivado do comportamento. Comportamentos extrinsecamente motivados são desenvolvidos a fim de ganhar algo separável do comportamento (por exemplo, para satisfazer uma demanda externa, para evitar a sensação ruim, recompensas financeiras) (DECI; RYAN, 2000).

A motivação intrínseca é considerada a chave para manter o envolvimento no esporte e na atividade física (RYAN; DECI, 2006). Além da motivação intrínseca, existem diferentes formas de motivação extrínseca que são propostas ao longo do continuum de autodeterminação. Do menor ao maior nível de autodeterminação, estas formas de motivação extrínseca são externas, introjetadas, identificadas e integradas de regulação (DECI; RYAN, 2012). Na outra extremidade do continuum está amotivação, que se refere à falta de motivação que surge quando um indivíduo tem nenhuma contingência percebida entre as ações e os resultados (DECI, 2008), no qual o indivíduo percebe que há pouco ou nenhum propósito em continuar com a atividade (RYAN et al., 2011).

Dentro da Teoria da autodeterminação existem diversas subteorias que caracterizam de diferentes formas o comportamento motivacional humano, tais como a Teoria da Avaliação Cognitiva, a Teoria da Integração Orgânica, a Teoria da Orientação de Causalidade, a Teoria de Conteúdo de Metas e a Teoria das Necessidades Psicológicas Básicas (RYAN; DECI, 2002). Dessas subteorias, a Teoria das Necessidades Psicológicas Básicas tem recebido destaque pelos autores, visto que postula a importância de o indivíduo satisfazer as três necessidades psicológicas inatas que podem interferir no nível motivacional de um indivíduo: a competência, a autonomia e o relacionamento (DECI; RYAN, 2008).

Referências

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