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DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE ENDOCRINOLOGIA. Proclamação da República do Brasil

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DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE ENDOCRINOLOGIA

Proclamação da República do Brasil

Crésio Alves (BA) Atualizado em: 15/11/2016

A Proclamação da República do Brasil, ocorrida em 15 de novembro de 1889, foi um golpe político e militar, que derrubou a monarquia parlamentarista e a substituiu por um regime republicano.

Nesse dia, um grupo de militares liderados pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, se reuniu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, onde forçaram a destituição do imperador D. Pedro II.

Após o golpe, foi instituído um governo provisório tendo como presidente, o marechal alagoano Manuel Deodoro da Fonseca; como vice-presidente, o general alagoano Floriano Vieira Peixoto; e como ministros: o jornalista carioca Quintino Antônio Ferreira de Souza Bocaiúva, o advogado baiano Rui Barbosa de Oliveira, o advogado paulista Manuel Ferraz de Campos Sales, o jornalista paulista Aristides da Silveira Lobo, o jornalista gaúcho Demétrio Nunes Ribeiro, o tenente-coronel carioca Benjamin Constant Botelho de Magalhães e o almirante carioca Eduardo Wandenkolk.

Movimentos pró-republicanos

Os movimentos revolucionários com objetivo de instalar um regime republicano no Brasil ocorreram muito antes da Proclamação da República. Isso pode ser evidenciado pelas várias revoltas que a antecederam, com destaque para:

- Inconfidência Mineira (1788): movimento ocorrido em Minas Gerais, no qual os revolucionários buscavam a independência e a criação de uma república.

- Revolta dos Búzios ou dos Alfaiates (1798): revolta de caráter popular ocorrida na Bahia, em busca da independência, abolição da escravatura, igualdade racial e social e instauração da república.

- Confederação do Equador (1824): movimento revolucionário de caráter republicano ocorrido no Nordeste do Brasil, a partir da província de Pernambuco, que almejava a criação de uma república baseada na constituição da Colômbia.

- Revolução Farroupilha (1835): movimento revolucionário com objetivo de criar a República Rio-Grandense no Rio Grande do Sul e a República Juliana em Santa Catarina.

- Sabinada (1837): revolta separatista de inspiração republicana ocorrida na Bahia.

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2 Por que o império caiu?

Embora a monarquia tenha garantido a unidade territorial, tenha feito o Brasil se tornar a primeira potência sul-americana e tenha inspirado confiança dos países europeus (todos eles também monarquias constitucionais), a partir do final do século 19, o regime monárquico brasileiro passou a ser contestado pelo surgimento de ideologias republicanas e positivistas que o associavam ao atraso no desenvolvimento do país.

O desgaste da monarquia e o fim do império resultaram principalmente de atritos e perda de apoio de segmentos influentes da sociedade como os setores: sociais, econômicos, políticos, militares e religiosos.

 Sociais

O movimento social em favor da abolição da escravidão é também conhecido como a “Questão Servil”. Como a escravidão era mantida pelo regime monárquico, isto fez com que os defensores do movimento abolicionista se tornassem críticos ferozes do imperador. O movimento abolicionista, além de criticar a manutenção da escravidão, numa época em que a maioria dos países já havia abolido, também criticava as elevadas taxas de analfabetismo e de miséria e o regime de castas mantido pela monarquia.

Essas tensões entre abolicionistas e monarquia aumentaram após a guerra do Paraguai (1864-1870) por vários motivos: (1) Porque a maioria dos batalhões militares era formada por negros, uma vez que a classe dominante tinha a opção de enviar os escravos para lutarem em seu lugar; (2) Porque, embora fosse dada aos escravos a promessa de liberdade após o fim da guerra, isso não ocorreu para uma grande maioria; e (3) Porque a participação dos negros no exército fez com que houvesse uma aproximação entre os militares e o movimento abolicionista e consequentemente, oposição à monarquia.

Ao mesmo tempo, a partir de 1831, o Brasil começou a ser pressionado pela Inglaterra para acabar com o tráfico de escravos. Mas, como a economia brasileira era dependente dessa mão de obra, o governo monárquico adiou o quanto pode esse processo. Por isso, a abolição da escravatura no Brasil só foi conseguida de modo lento e gradual, sendo oficializada pela Lei Áurea, de 13 de maio de 1888.

Com o fim da escravidão, a pressão sobre a monarquia que antes era feita pelos abolicionistas passou a ser feita pelos proprietários rurais, principalmente os cafeicultores do oeste paulista, que perderam o trabalho escravo, uma de suas maiores fontes de lucro, o qual foi substituído por trabalhadores remunerados. Além disso, a exigência dos latifundiários de serem indenizados por cada escravo que fosse liberto não foi atendida pelo governo. Em represália, eles deixaram de apoiar a monarquia e migraram para o movimento republicano como forma de se vingar do império que lhes causou sérios prejuízos financeiros.

 Econômicos

Além da perda de apoio politico e econômico dos proprietários rurais como acima citado, a crise econômica causada pela Guerra do Paraguai prejudicou as reservas financeiras do país deixando-o numa situação economicamente difícil.

 Políticos

Ao fim do século XIX, vários intelectuais e políticos já pensavam que a monarquia era um regime que impedia o desenvolvimento da nação por concentrar enormes poderes nas mãos de uma única pessoa, o imperador. A classe média (ex: jornalistas, estudantes, artistas,

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3 profissionais liberais) crescia no Brasil e desejava mais participação nos assuntos políticos identificando-se assim com os ideais republicanos.

Até mesmo a população que gostava de D. Pedro II, já não tinha o mesmo apreço pelo império. Surgiam comentários de que não haveria um terceiro reinado (primeiro reinado = D. Pedro I; segundo reinado = D. Pedro II) após a morte de D. Pedro II, seja porque a monarquia estivesse perdendo prestigio, seja pelo receio do francês Gastão de Orleans, o Conde D’Eu, esposo da princesa Isabel, vir a ser o governante do Brasil caso ela assumisse o trono. Além de não querer ser governado por um estrangeiro o povo também não gostava do comportamento arrogante e da maneira de viver do conde que era dono de cortiços no Rio de Janeiro onde cobrava alugueis escorchantes.

Esses ideais republicanos vieram a se organizar politicamente com a criação, no Rio de Janeiro, do Partido Republicano, que em 3 de dezembro de 1870, publica suas diretrizes no chamado “Manifesto Republicano”, redigido por Quintino Bocaiúva. A partir daí, o movimento republicano se fortaleceu no sul e sudeste, principalmente após a Convenção de Itu em 1873, com o surgimento de vários clubes republicanos influenciados pela maçonaria e pelo pensamento positivista de Augusto Comte.

Os republicanos se dividiam em dois grupos: os “evolucionistas” que desejavam a proclamação da república sem a necessidade de recorrer à luta armada; e os “revolucionistas” que defendiam a luta armada e a mobilização popular para atingir seus objetivos.

 Militares

Após a vitória na guerra do Paraguai (1864-1870), os militares ganharam bastante prestigio no país. Consequentemente, passaram a exigir maiores salários, maiores benefícios e um plano de carreira baseado em mérito e antiguidade e não em critérios pessoais.

O governo além de não atender as exigências salariais e o plano de carreira, proibiu os militares de se manifestarem na imprensa sem autorização prévia do Ministério da Guerra e os proibiu de tomar decisões sobre a defesa do território sem aprovação do imperador ou do seu gabinete – formado por civis.

Agravando ainda mais a chamada “Questão Militar”, o governo isolou os principais comandantes militares colocando-os em pontos distantes do país, valorizou outros grupos armados como policia e guarda nacional, além de criar a Guarda Negra, formada por antigos escravos.

Tudo isso, fez com que os militares se sentissem desvalorizados e desrespeitados, colaborando para insatisfação crescente daqueles que não viram seu sacrifício de lutar pelo país na guerra do Paraguai ser reconhecido pelo regime monárquico. Assim, passaram a considerar que um regime republicano fosse uma melhora alternativa.

Nesse período, dois incidentes são importantes para agravar a “Questão Militar”. No primeiro, o coronel Antônio de Sena Madureira publica, no jornal republicano, “A Federação”, um artigo defendendo o fim da escravatura. No segundo incidente, o coronel Ernesto Augusto Cunha Matos, ao solicitar o afastamento do comandante de um quartel no Piauí acusado de corrupção é atacado, na Câmara, pelo deputado Simplício Coelho de Resende, amigo do comandante punido. Para se defender o coronel Cunha Matos, publica em jornais sua versão dos fatos. Por terem se manifestado na imprensa sem autorização prévia do Ministério da Guerra, os dois militares são punidos. O marechal Deodoro da Fonseca, que ficou do lado do coronel Cunha Matos, é exonerado do comando da província do Rio Grande do Sul e transferido para Mato Grosso.

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4 Em maio de 1887, com as tensões com os militares aumentando, o imperador demite o ministro da Guerra, Alfredo Chaves, e perdoa o marechal Deodoro e o coronel Cunha Guedes tentando dar um fim a crise com os militares.

Mas, os militares da Escola Militar da Praia Vermelha, conhecida como “Tabernáculo da Ciência”, onde o tenente-coronel Benjamin Constant ensinava matemática, continuavam a defender ideais positivistas e republicanos.

Nesse contexto, começaram a surgir boatos de que D. Pedro II iria fazer uma reforma nas forças armadas, retirando da corporação os militares que se opunham ao império. Assim, é que o marechal Deodoro é convencido a liderar o golpe que depôs a monarquia brasileira.

 Religiosos

Nesta época, a Igreja Católica era submetida ao estado. Isto é, nenhuma ordem do Vaticano poderia entrar em vigor no Brasil se não fosse aprovada pelo imperador - o chamado Beneplácito Régio.

Em 1872, o Papa Pio IX orienta seus religiosos a excluir os maçons da igreja. Nesse mesmo ano, em 3 de março de 1872, no Rio de Janeiro, o padre Almeida Martins, faz um sermão utilizando termos da linguagem maçônica. Ao saber disso, Pedro Lacerda, bispo do Rio de Janeiro, suspende o padre de suas funções. Logo em seguida, Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda, afasta de sua diocese dois padres que haviam recusado a abandonar a maçonaria. No Pará, Antônio de Macedo Costa, bispo de Belém, impede a celebração de um casamento de um maçon. Como a maioria da elite brasileira era maçon e D. Pedro II, apesar de católico, também era simpatizante da maçonaria, foi natural que a bula papal que excluía maçons da igreja não fosse ratificada. Como os bispos citados se recusaram a obedecer ao imperador, eles foram presos gerando grande atrito entre o império e a igreja e desgastando a imagem da monarquia com a população.

O golpe

Como resultado de todos os eventos acima mencionados, políticos, jornalistas e militares republicanos, planejaram um golpe para destituir a monarquia.

O golpe militar estava previsto para o dia 20 de novembro de 1889, data da abertura da nova sessão legislativa onde estariam presentes deputados, senadores, ministros, além de D. Pedro II e membros da família real. Esse seria um dia ideal para o golpe.

Mas, o marechal Deodoro estava muito doente, acamado, e os conspiradores tinham receio de que ele não sobrevivesse até o dia estipulado. Foram então até a casa do marechal e lhe disseram que o governo havia ordenado sua prisão e a de Benjamin Constant, como líderes da conspiração. Não sabia o marechal que isso era apenas um boato espalhado pelo major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro.

Acreditando nesses relatos, o marechal Deodoro, no amanhecer do dia 15 de novembro de 1889, vai até o Campo de Santana e conclama os 600 soldados do 1º e 9º Regimento de Cavalaria e do 2º Regimento de Artilharia a se rebelarem contra o governo. Ao tomar conhecimento desses eventos, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, presidente do Gabinete de Ministros, tenta resistir e solicita ao general Floriano Peixoto, comandante do destacamento responsável pela segurança do paço imperial, que enfrentasse os revoltosos. Mas, o general Floriano se recusa a obedecer a suas ordens.

Os revoltosos ocupam o quartel-general do Rio de Janeiro e o Ministério da Guerra, prendendo o Visconde de Ouro Preto. O golpe não causou nenhuma morte. O único ferido foi

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5 José da Costa Azevedo, barão de Ladário e ministro da Marinha, numa troca de tiros com militares revoltosos.

O curioso é que nesse dia, tanto o marechal Deodoro como grande parte dos militares ali presentes pretendiam apenas derrubar o Chefe do Gabinete de Ministros, e não a derrubar o imperador ou a monarquia.

Ao saber do golpe, D. Pedro II, que estava em Petrópolis, retorna ao Rio de Janeiro e tenta organizar um novo Gabinete Ministerial sob a presidência de José Antônio Saraiva. Antecipando-se ao imperador, os republicanos espalham um boato de que o imperador havia escolhido para presidir o Gabinete, Gaspar Silveira Martins, inimigo politico do marechal Deodoro e seu rival na disputa pela atenção da baronesa do Triunfo.

Pressionado pelos militares revoltosos e políticos republicanos, e irritado ao saber que um inimigo seu poderia vir a ser o novo presidente do Gabinete dos Ministros, o marechal Deodoro, até então um monarquista, decide aderir à causa republicana. Na tarde do dia 15 de novembro de 1889, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro proclama a República.

À noite desse mesmo dia, José do Patrocínio (monarquista, líder abolicionista, criador da “Guarda Negra” - um grupo paramilitar constituído por negros alforriados e organizados para causar desordem nos comícios republicanos e proprietário do jornal “Cidade do Rio”), vira um republicano de última hora, colaborando na redação da proclamação oficial da República dos Estados Unidos do Brasil a qual é publicada, no seu jornal, no dia 16 de novembro de 1889 anunciando ao povo a instauração do novo regime republicano.

Esses relatos mostram que o movimento republicano que levou a destituição da monarquia foi basicamente politico-militar sem contar com a participação popular. Isso é documentado no artigo do deputado Aristides da Silveira Lobo publicado no “Diário de São Paulo”, em 18 de novembro de 1889, que diz: “Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”.

No dia 16 de novembro de 1889, o governo republicano decide exilar a família imperial para evitar uma possível comoção popular. No dia 18 de novembro de 1889, três dias depois do golpe, D. Pedro II e sua família viajam para Europa.

O regime monárquico existiu no Brasil por 67 anos, entre 1822 e 1889, tendo sido governado por dois imperadores: D. Pedro I e D. Pedro II. Antes disso, o Brasil foi governado pelo regime colonial e monárquico de Portugal, por 322 anos, entre 1500-1822.

Plebiscito de 1993

Na reunião ocorrida na casa do marechal Deodoro na noite do golpe, 15 de novembro de 1889, foi decidido que se faria um plebiscito para que o povo brasileiro aprovasse ou não a república. Esse plebiscito só foi acontecer 104 anos mais tarde, em 21 de abril de 1993, quando a opção “república” obteve 86% dos votos válidos, legitimando assim o apoio popular a regime republicano.

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6 Alguns personagens da Proclamação da República

D. Pedro II Marechal Deodoro da Fonseca Visconde de Ouro Preto

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Referências

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