Desenvolvimento de abordagens CTS
por discentes de uma
licenciatura em ciências
Profa. Dra. Simone de A. A. Martorano –
UNIFESP
Profa. Ms. Susan B. Aragão –
MACKENZIE/USP
Profa. Dra. Thaís C. M. Forato –
UNIFESP
Profa. Ms. Danielle B. S. Borges -
UFABC
Formação Inicial no Brasil
Ø Cursos de formação inicial de professores em
ensino de Ciências no Brasil.
• Até os anos 2000: formação centrada nas matérias
científicas básicas sem relação com as disciplinas
pedagógicas;
• Novo cenário: disciplinas pedagógicas ao longo de toda
a licenciatura;
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Formação Inicial na UNIFESP
Ø Graduação em Ciências – Licenciatura
Ø Ensino médio: em Química, Física, Biologia,
Matemática.
Ø Ensino Fundamental: Ciências
• 4 anos;
• Disciplinas pedagógicas ao longo de todos os anos da
graduação;
Formação Inicial na UNIFESP
Ø Graduação em Ciências - Licenciatura em Química,
Física, Biologia, Matemática, Ciências.
“[...] a formação de um profissional que tenha condições de
elaborar propostas referentes à problemática do
ensino-aprendizagem de Ciências e Matemática, veiculadas por atitudes
investigativas, de maneira contextualizada e adequadas às
diferentes realidades educacionais, além de estimular a atuação
do profissional como um cidadão para atuar nas diversas
instâncias educativas - em sua estrutura, legislação,
funcionamento, possibilidades, limitações, identidade e
singularidade.” (Projeto Político Pedagógico, 2013, p. 18).
Abordagem CTS na Formação Inicial
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• Integra as dimensões científicas, tecnológicas, sociais,
históricas, éticas, políticas, econômicas e ambientais
(Santos, W., 2007);
• Habilidades relacionadas ao senso crítico e à
capacidade de discutir e pesquisar informações
relevantes para a resolução de problemas sociais
(Conrado e El-Hani, 2010);
• Concepções sobre a natureza da ciência
Ø Unidades curriculares Práticas Pedagógicas de
Química e de Física.
• 18 semanas – 4 horas-aula – 72 horas-aula;
• 4 semanas para CTS – 16 horas-aula;
• Preparar professores para desenvolver abordagens CTS,
(Santos, M., 1999);
• Considerou-se diferentes visões de CTS presentes na
literatura W. Santos e Mortimer (2002), Auler e Bazzo
(2001), Teixeira (2003) e M. Lufti (2005).
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Proposta Formativa
1ª. Aula: Visões sobre a contextualização (Lufti,2005) Atividade:
Análise de livros didáticos;
2ª. Aula: Debates sobre textos (Auler e Bazzo, 2001; Conrado e
El-Hani, 2010);
3ª. Aula: Questões sociocientificas (Santos, W. 2007). Elaboração de
plano de ensino (Delizoicov et al., 2002; Teixeira,
2003);
Orientações - Elaboração Plano de Ensino
Ø Futuros professores – atividades:
• Elaboração de um plano de
ensino com abordagem
CTS;
• Seguir proposta dos 3
momentos pedagógicos
(Delizoicov, Angotti e
Pernambuco, 2002).
Problemati-zação inicial
Organização
do
conhecimento
Aplicação
do
conhecimento
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Orientações - Elaboração Plano de Ensino
Ø Discussão sobre NDC:
• o impacto social da ciência e da tecnologia;
• debates em torno de concepções sobre qual é a
natureza da ciência e do trabalho do cientista;
• neutralidade da ciência e da tecnologia;
• a lógica da eficiência inequívoca da ciência etc
Orientações - Elaboração Plano de Ensino
Ø Níveis de contextualização de M. Lufti (2005):
1. Motivar o interesse do aluno pela ciência.
2. Ilustrações para o assunto que se está desenvolvendo.
3. Problematizar os tópicos de conteúdo.
4. Projetos que relacionam ciência e tecnologia,
(desconectados das questões ambientais, econômicas,
sociais e políticas.).
Objetivo da Pesquisa
Avaliar os níveis de contextualização CTS das
propostas de planos de ensino elaboradas pelos
licenciandos.
Metodologia
• Níveis de contextualização de M. Lufti (2005);
• Dados extraídos das notas de campo das professoras
e de uma pesquisadora que acompanhava a
disciplina; Planos escritos pelos alunos;
• Perspectiva da metodologia qualitativa de pesquisa
(Erickson, 2012);
• Procurou-se identificar, em cada plano: tema,
conteúdos científicos, sociais, tecnológicos,
ambientais, problematização inicial, relacionando-os
Resultados e Análise
13Categorias
Planos por categoria
1
2
2
3
3
5
4
0
5
1
Fonte: elaborado pelas autoras.
• Planos agrupados nas 5 categorias;
Resultados e Análise
Tema e problema5zação inicial Classificação dos conteúdos feitas pelos licenciandos C T S 1.A energia nuclear no co5diano. Afinal de contas, a energia nuclear é boa ou ruim? Núcleo atômico. Emissões nucleares. Radioa5vidade. Transmutação nuclear. Velocidade de decaimento radioa5vo. Variações de energia nas reações nucleares. Fissão e fusão nuclear. Efeitos biológicos da radiação. Forças e parTculas fundamentais. Matéria-an5matéria. Medicina nuclear Fatos sociais: radionuclídeos naturais, descarte de material radioa5vo, radiação ionizante e não ionizante, energia solar, bronzeamento e câncer, raios X, celulares e micro-ondas, datação com carbono- 14 e Quadro 1 - Categoria 1 de Lufti (2005) - funçãoResultados e Análise
15 Tema e problema5zação inicial Classificação dos conteúdos feitas pelos licenciandos C T S 3.BiocombusTvel, o mito do combusTvel limpo Como o biocombusTvel é ob5do? Onde ele é u5lizado? Quais são seus impactos ou bene^cios ambientais? Obtenção do biocombusTvel. Ciclos biogeoquímicos. Protocolo de Kyoto. Influência do nitrogênio a5vo no ambiente. Conhecimentos químicos para antever possíveis problemas ambientais, transporte e uso desse combusTvel. Combustão do etanol (biocombusTvel) no motor do carro e produtos emi5dos no ambiente. Relacionar a quan5dade de N2 já emi5do por ações humanas (fer5lizantes), perturbações no ciclo natural do nitrogênio. Reconhecer o aumento de nitrogênio a5vo na água que favorece o crescimento de algas e plantas. Algas que produzem produtos tóxicos e prejudica peixes e animais. Categoria 2 de Lufti (2005) - função dacontextualização é a de fornecer ilustrações para o assunto que se esta
Resultados e Análise
Tema e
problema5zação
inicial
Classificação dos conteúdos feitas pelos licenciandos
C
T
S
6. Aula de nutrição
no ensino
fundamental
Química dos
alimentos: saudável
ou não?
Nutrientes e suas
funções. Tabus
alimentares x
informações
cienTficas. Calorias
e valores
nutricionais. Diet e
Light.
Aproveitamento e
conservação dos
alimentos.
Alimentação
saudável.
Aproveitamento
dos alimentos.
Higiene
alimenTcia.
A5vidades
^sicas.
Obesidade e
anorexia na
juventude.
Resultados e Análise
17Tema e problema5zação
inicial
Classificação dos conteúdos feitas pelos licenciandos
C
T
S
11. Energia e as questões sociais – O que eu tenho a ver com isso? Por que a conta de luz subiu tanto? Haverá um novo apagão? Qual é a fonte de energia mais sustentável? Quais os riscos ambientais e sociais envolvidos na escolha do modelo de energia de uma cidade/estado? Existe crise hídrica? Energias e suas transformações; Conservação de energia; Leis da termodinâmica; Energia Interna; Conceito de calor e temperatura; Ciclo de Carnot. Máquinas térmicas: prós e contras. Uso consciente de energia elétrica na residência; Modelo de geração de energia mais eficiente em termos energé5cos e sustentáveis, de acordo com a realidade do aluno; Impactos ambientais: despovoamento de populações ribeirinhas, lixo nuclear, contaminação de rios, ex5nção de espécies animais e vegetais, aumento do número de queima de combusTveis fosseis. Categoria 5 de Lufti (2005) - :Cotidiano como relação coletiva, inclusiva, em que emerge o extraordinário nas complexas relações C, T, S, A.
Algumas Considerações
• Necessidade de promover um maior contato dos
licenciandos com a abordagem CTS em outras disciplinas
do curso – conteúdos científicos;
• As categorias de M. Lufti (2005) não foram suficientes
para uma análise mais ampla do aprendizado dos alunos,
pois há elementos do processo formativo que elas não
contemplam;
• Pelas notas de campo, pela troca de impressões entre as
professoras e pesquisadora, percebeu-se que a interação
em sala de aula promoveu reflexões entre os estudantes
que não podem ser avaliadas apenas a partir dos dados
Algumas Considerações
19
• Além disso, os planos de ensino consideraram tambem:
• 3 momentos pedagógicos (Delizoicov et al., 2002)
• perspectiva de Teixeira (2003)
Algumas Considerações
Essas reflexões foram levadas em consideração no
planejamento da proposta para o ano seguinte.
Foram incorporadas algumas modificações, como por
exemplo, maior tempo para a discussão do tema com a
inclusão de novos referenciais teóricos, inclusão de
atividades, como a análise de propostas didáticas com
o enfoque CTS, entre outras.
Referências
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Acevedo-Díaz, J. A., & García-Carmona, A. (2016). Algo antiguo, algo nuevo, algo prestado. Tendencias sobre la naturaleza de la ciencia en la educación científica. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de las Ciencias, 13(1), 3-19.
Auler, D., & Bazzo, W. A. (2001). Reflexões para a implementação do movimento CTS no contexto educacional brasileiro. Ciência & Educação, 7(1), 1-13.
Conrado, D. M., & El-Hani, C. N. (2010). Formação de cidadãos na perspectiva CTS: reflexões para o ensino de ciências. In Atas do II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia. Organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, Paraná. 07 a 09 de Outubro de 2010. Artigo n. 11, p. 1-16. (ISSN: 2178-6135). Disponível em <http://www.sinect.com.br/anais2010/artigos/CTS/ 11.pdf>. Ultimo acesso em 19/06/2016.
Delizoicov, D., Angotti, J. A., & Pernanbuco, M. M. (2002). Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez.
Erickson, F. (2012). Qualitative research methods for science education. In B. J. Fraser, K. G. Tobin, & C. J. Mcrobbie (Eds.), Second International Handbook of Science Education (pp. 1451-1469). London: Springer.
Lufti, M. (2005). Os ferrados e cromados: produção social e apropriação privada do conhecimento químico (2.a Ed.). Ijuí: Unijuí.
Referências
Projeto Pedagógico do Curso de Ciências-Licenciatura (n. d.). Consultado em 2 abril, 2016, em http://www2.unifesp.br/home_diadema/pdfs/graduacao/ lpc/PPC_29_01_2014.pdf
Santos, M. E. (1999). Encruzilhadas de mudança no limiar do século XXI co-construção do saber científico e da cidadania via ensino CTS de ciências. In Atas do II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (pp. 1 – 14). Valinhos, São Paulo. Disponível em http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ iienpec/Dados/trabalhos/A39.pdf. Ultimo acesso em 19/06/2016.
Santos. W. L. P. (2007). Contextualização no ensino de ciências por meio de temas CTS em uma perspectiva crítica. Consultado em 15 novembro, 2015, em http://prc.ifsp.edu.br/ojs/index.php/cienciaeensino/issue/view/15
Santos, W. P., & Mortimer, E. F. (2002). Uma Análise de Pressupostos Teóricos da Abordagem CT-S (Ciência - Tecnologia - Sociedade) no Contexto da Educação Brasileira. Ensaio - Pesquisa em Educação em Ciências. 2(2), (133-162).
Teixeira, P. M. (2003). Educação científica sob a perspectiva da pedagogia histórico-crítica e do movimento C.T.S. no ensino de ciências. Ciência & Educação, 9(2), 177-190.
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