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URGENTE. Bruxelas, 13 de Junho de Senhor Ministro, Excelência

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1399–030 LISBOA PORTUGAL

Bruxelas, 13 de Junho de 2007

Senhor Ministro, Excelência

A situação política em Cuba tem sido objecto da repetida atenção do Parlamento Europeu, em razão de os cubanos estarem privados não só de democracia e de liberdades e garantias fundamentais, mas também pelo agravamento acentuado que, no que toca às violações dos direitos humanos, a situação conheceu infelizmente a partir de Março de 2003.

Sinal disso mesmo são resoluções votadas no plenário e, de forma mais saliente, o facto de o Parlamento Europeu, num espaço de tempo curto e recente, haver atribuído sucessivamente o Prémio Sakharov a corajosas figuras referenciais do esforço da sociedade cubana para a abertura política e a transição pacífica para a democracia: Oswaldo Payá em 2002 e as “Damas de Blanco” em 2005.

De uma forma deplorável, porém, o Conselho perdeu essa mesma clareza e objectividade política. Não por nada de melhor que tivesse acontecido em Cuba, onde a situação continua a ser muito grave e não cessou até de deteriorar-se. Mas apenas por um facto ocorrido em Espanha: a vitória de Zapatero nas eleições espanholas de 2004.

(2)

Sob pressão do ministro Moratinos e da linha partidária de Zapatero, o Conselho levantou em Janeiro de 2005 as sanções que havia decidido por unanimidade em Junho de 2003, como resposta à brutal vaga repressiva de Março deste ano: o regime de Fidel Castro, nesta data, enviou arbitrariamente para a cadeia 75 intelectuais e democratas cubanos, sujeitos a penas de prisão pesadíssimas, entre 14 e 27 anos para cada um.

E, sob pressão do mesmo ministro Moratinos e da mesma linha partidária de Zapatero, o Conselho, que sujeitou a um regime de revisão anual essa atitude de amolecimento diante da ditadura do Governo cubano, tem vindo a manter inalterada a mesmíssima suspensão das sanções, apesar de expressamente reconhecer que a situação não melhorou e antes se tem deteriorado. Foi assim em Junho de 2005; e de novo em Junho de 2006.

Agora, data de nova revisão anual, existem suficientes indicações de que, sob pressão obstinada do mesmo ministro Moratinos e da mesma linha partidária de Zapatero, o Conselho se prepararia para ir ainda mais longe em direcção de Fidel Castro: levantar em definitivo quaisquer sanções. Correm rumores em Bruxelas de que assim pressiona insistentemente a diplomacia hispano-cubana e que a própria Posição Comum de 1996 poderia estar em risco. Isso seria um verdadeiro escândalo!

Apelo a Vossa Excelência para que, na próxima reunião do CAGRE, Portugal se demarque por completo deste tipo de diligências, que ofendem princípios fundamentais e o dever de solidariedade em que estamos constituídos diante daqueles que, em Cuba, como noutros lugares, trabalham pacificamente pela democracia e liberdade e sofrem a repressão.

Além do mais, o Conselho não pode ignorar uma perspectiva institucional mínima, no plano europeu. E não pode deixar de ter presente que as autoridades ditatoriais cubanas, além do sofrimento infligido aos que perseguem, têm exibido um completo desdém e desprezo pelo Parlamento Europeu e o Prémio Sakharov.

Por um lado, as “Damas de Blanco” foram impedidas de participar na cerimónia de entrega do galardão em Estrasburgo, em 2005, e ainda não foram autorizadas a virem a Europa para a devida homenagem e recepção do Prémio. Por outro lado, Oswaldo Payá (Prémio Sakharov 2002) vê negada repetidamente, desde 2003, autorização para corresponder a um “convite aberto” do Parlamento Europeu, para vir tão-somente discutir connosco a situação no seu país.

Recordemos que há ainda mais de 300 presos políticos em Cuba e que, apesar de uma ou outra libertação pontual sob pressão internacional e por razões de saúde, dos setenta e cinco (75) detidos em Março de 2003, cinquenta e nove (59) ainda estão na cadeia, em condições terríveis e degradantes e cumprindo “sentenças” arbitrárias, pesadíssimas.

(3)

A posição de Portugal no CAGRE não pode, assim, deixar de ser a seguinte:

• reafirmar a Posição Comum de 1996 sobre a política europeia para Cuba;

no mínimo, manter o status quo por mais um ano (isto é, suspensão das sanções de

Junho de 2003, sob nova revisão daqui a um ano);

• desejavelmente contribuir para a definição de um novo conjunto articulado de

medidas que, por um lado, mantenha o “diálogo crítico” com o Governo cubano (retomado em 2005) e que, por outro lado, não deixe de dar sinais muito claros de simpatia, de proximidade e de encorajamento aos que trabalham pela democracia e pelos direitos humanos em Cuba;

• em caso nenhum, alinhar na manobra hispano-cubano de levantamento completo e

definitivo de quaisquer sanções, o que seria um absoluto desastre para a credibilidade democrática da política externa europeia.

Confio que, honrando os valores da democracia e da liberdade e, ao mesmo tempo, afirmando a necessidade de se respeitar minimamente as posições institucionais do Parlamento Europeu e o prestígio universal de um importante galardão da União Europeia – o Prémio Sakharov –, o Governo português saberá interpretar, a este respeito, aquelas posições no quadro competente do Conselho.

Com o testemunho da minha admiração e respeito, os melhores cumprimentos,

José Ribeiro e Castro Deputado ao Parlamento Europeu

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ANEXO

Política europeia relativamente a Cuba

excertos de alguns documentos do Conselho, da Presidência e da Comissão

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA

Excertos da decisão de 13 de Junho de 2005 sobre a política europeia relativamente a Cuba: “O Conselho constata que não houve progressos satisfatórios no tocante ao respeito pelos direitos humanos em Cuba.”

“As medidas tomadas em 5 de Junho de 2003 continuam suspensas".

“...voltar a analisar a sua posição no âmbito da avaliação da Posição Comum em Junho de 2006.”

Excertos de uma declaração sobre a situação de 3 presos políticos em Cuba, em 29 de Setembro de 2005:

"A U.E. apela às autoridades cubanas para que tomem imediatamente medidas no sentido de melhorar as condições de detenção destes e de outros presos políticos que são mantidos em circunstâncias abaixo dos padrões mínimos das Nações Unidas para o tratamento dos prisioneiros."

"A U.E. reitera o seu pedido urgente a Cuba para que liberte incondicionalmente todos os presos políticos ainda detidos"

Excertos da decisão de 12 de Junho de 2006 sobre a política europeia relativamente a Cuba: "Deplorando que a situação dos direitos humanos em Cuba tenha continuado a deteriorar-se desde a última avaliação, em Junho de 2005,"

"... o Conselho decidiu prorrogar a suspensão das medidas diplomáticas tomadas em 5 de Junho de 2003 até à próxima avaliação da Posição Comum, que terá lugar em Junho de 2007."

(5)

COMISSÃO EUROPEIA

Resposta, em 21 de Abril de 2006, do Comissário Louis Michel a uma pergunta parlamentar que apresentei:

“O balanço destes últimos meses em termos de respeito do pluralismo e de libertação dos presos políticos é decepcionante, como já foi reconhecido pelo Conselho nas suas conclusões de 13 de Junho de 2005. Os "actos de repúdio", cada vez mais frequentes e violentos desde meados de 2005, constituem um motivo suplementar de preocupação para a Comissão.”

PRESIDÊNCIA DA UNIÃO EUROPEIA

Declaração em 14 de Dezembro de 2005:

“A Presidência da União Europeia felicita calorosamente as "Damas de Blanco", um grupo de mulheres de prisioneiros políticos em Cuba, pelo Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2005 com que foram galardoadas pelo Parlamento Europeu";

“A Presidência da União Europeia lamenta o facto de as autoridades cubanas terem impedido as "Damas de Blanco" de se deslocarem a Estrasburgo para receberem o prémio";

“[Lamenta também] o caso de "Oswaldo Payá a quem o Governo recusou autorização para estar presente no Fórum UE/ONG sobre a Liberdade de Expressão.”

“[Estes casos] tornam patente o menosprezo das autoridades cubanas pelo direito dos seus próprios cidadãos à livre circulação, consagrado no artigo 13.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem."

NOTA: As “Damas de Blanco” ainda não puderam receber o Prémio Sakharov 2005. Oswaldo Payá continua a ser impedido de se deslocar à União Europeia, como é seu desejo, não obstante a existência de um "convite aberto" para que o faça em qualquer altura, emitido pelo Parlamento Europeu.

Referências

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