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DANIELA LUCIANO PREVALÊNCIA DO BAIXO PESO AO NASCER EM SANTA CATARINA E ASSOCIAÇÃO COM FATORES SOCIOECONÔMICOS

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PREVALÊNCIA DO BAIXO PESO AO NASCER EM SANTA

CATARINA E ASSOCIAÇÃO COM FATORES

SOCIOECONÔMICOS

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina.

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina 2010

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DANIELA LUCIANO

PREVALÊNCIA DO BAIXO PESO AO NASCER EM SANTA

CATARINA E ASSOCIAÇÃO COM FATORES

SOCIOECONÔMICOS

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina.

Coordenador do Curso: Prof. Carlos Eduardo Andrade Pinheiro

Orientador: Prof. Carlos Eduardo Andrade Pinheiro

Florianópolis

Universidade Federal de Santa Catarina 2010

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RESUMO

Introdução: o baixo peso ao nascer (BPN) é, isoladamente, o maior determinante das chances de

um recém-nascido sobreviver e ter desenvolvimento normal. Existe forte associação do BPN com o nível socioeconômico.

Objetivos: determinar a prevalência do BPN no estado de Santa Catarina segundo microrregiões

geográficas e verificar a existência de associação com fatores de risco socioeconômicos.

Métodos: estudo observacional, ecológico, baseado em dados secundários (SINASC e IBGE) para

determinar a prevalência do BPN em Santa Catarina e em suas vinte microrregiões geográficas; verificar existência de associação do BPN com variáveis socioeconômicas.

Resultados: a prevalência de BPN para o Estado de Santa Catarina, em 2007, foi de 7,94%, variando de 5,86% a 9,73% nas microrregiões do Tabuleiro e Joaçaba, respectivamente. Houve forte correlação do BPN com mulheres de cor não-branca. A correlação foi considerada moderada para mães com idade inferior a 18 anos, aglomeração com mais de três moradores por dormitório, renda familiar inferior a meio salário mínimo e mulheres sem instrução ou com menos de um ano de estudo. Conclusões: a prevalência do BPN para o estado de Santa Catarina foi de 7,94%, pouco inferior à nacional, com diferenças microrregionais importantes, variando de 5,86% no Tabuleiro a 9,73% em Joaçaba. Os maiores índices de BPN foram encontrados nas microrregiões de Joaçaba, Lages, Curitibanos, Chapecó e Xanxerê. Verificou-se correlação do BPN com fatores de risco socioeconômicos, principalmente com etnia não-branca. As microrregiões com maior prevalência de fatores socioeconômicos desfavoráveis foram Curitibanos, Xanxerê, Lages, Canoinhas e Joaçaba.

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ABSTRACT

Background: low birth weight (LBW) is the single greatest determinant of the chances of a

newborn survival and have normal development. There is a strong association between LBW and socioeconomic status.

Objective: to determine the prevalence of LBW in the state of Santa Catarina according to

geographic microregions and verify the existence of risk factors associated with socioeconomic factors.

Methods: observational and ecological study, based on secondary data (SINASC and IBGE) to

determine the prevalence of LBW in Santa Catarina and in its twenty microregions; verify existence of an association between low birth weight and socioeconomic variables.

Results: the prevalence of LBW for the State of Santa Catarina in 2007 was 7.94%, ranging from

5.86% to 9.73% in the microregions of Tabuleiro and Joaçaba respectively. There was a strong correlation between low birth weight and non-white women. The correlation was considered moderate for mothers with age under 18 years old, clustering of more than three residents per bedroom, family income less than half the minimum wage and women without education or with less than one year of study.

Conclusions: the prevalence of LBW for the state of Santa Catarina was 7.94%, slightly below the

national level, with important differences between microregions, ranging from 5.86% in Tabuleiro to 9.73% in Joaçaba. The highest rates of LBW were found in the microregions of Joaçaba, Lages, Curitibanos, Chapecó and Xanxerê. There was a correlation between low birth weight and socioeconomic risk factors, especially with non-white ethnicity. The microregions with higher prevalence of unfavorable socioeconomic factors were Curitibanos, Xanxerê, Lages, Canoinhas and Joaçaba.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Total de nascimentos, total de nascimentos com baixo peso e prevalência de baixo peso ao nascer segundo microrregiões de Santa Catarina, 2007...11

TABELA 2 - Total de pessoas de 10 anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade por cor ou raça não-branca segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000...13

TABELA 3 - Total de mulheres de 10 anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade que tiveram filhos com menos de 18 anos de idade, segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000...14

TABELA 4 - Total de domicílios particulares permanentes, total e percentual de domicílios particulares permanentes com mais de três moradores por dormitório segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000...15

TABELA 5 - Total de famílias residentes em domicílios particulares, total e percentual de famílias residentes em domicílios particulares por classes de rendimento nominal mensal familiar de até meio salário mínimo per capita segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000...16

TABELA 6 - Total de pessoas com sete anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de sete anos ou mais de idade sem instrução ou com menos de um ano de estudo segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000...17

TABELA 7 - Total de pessoas com 10 anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade por condição de convivência sem companheiro(a), segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000...18

TABELA 8 - Total de pessoas com 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000...19

TABELA 9 - Coeficiente de correlação entre baixo peso ao nascer e variáveis socioeconômicas (análise de Pearson)...20

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA I - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência do baixo peso ao nascer nas 20 microrregiões, 2007...12 FIGURA II - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mulheres de 10 anos ou mais de idade por cor ou raça não-branca nas 20 microrregiões, 2000...13 FIGURA III - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mães com menos de 18 anos de idade nas 20 microrregiões, 2000...14 FIGURA IV - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de domicílios particulares permanentes com mais de três moradores por dormitório nas 20 microrregiões, 2000...15 FIGURA V - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de famílias com renda de até meio salário mínimo per capita nas 20 microrregiões, 2000...16 FIGURA VI - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mulheres de sete anos ou mais de idade sem instrução ou com menos de um ano de estudo nas 20 microrregiões, 2000...17 FIGURAVII - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mulheres de 10 anos ou mais de idade por condição de convivência sem companheiro nas 20 microrregiões, 2000...18 FIGURA VIII - Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mulheres de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência nas 20 microrregiões, 2000...19

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BPN Baixo peso ao nascer

CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa DATASUS Departamento de informática do SUS DBF Arquivo de base de dados

DNV Declaração de nascido vivo DRS Distrito regional de saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH Índice de desenvolvimento humano

OMS Organização Mundial de Saúde ONU Organização da Nações Unidas PIG Pequeno para idade gestacional RCIU Restrição do crescimento intrauterino

RIPSA Rede Interagencial de Informações para a Saúde SINASC Sistema de informação de nascidos vivos

SUS Sistema Único de Saúde

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

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SUMÁRIO

FALSA FOLHA DE ROSTO...i

FOLHA DE ROSTO...ii

RESUMO...iii

ABSTRACT...iv

LISTA DE TABELAS...v

LISTA DE FIFURAS...vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...vii

SUMÁRIO...viii 1 INTRODUÇÃO...1 2 OBJETIVOS...5 3 MÉTODOS...6 3.1 Caracterização do estudo...6 3.2 Local do estudo...6 3.3 População do estudo...7 3.4 Critérios de exclusão...7

3.5 Variáveis de desfecho e exposição...7

3.6 Procedimentos para obtenção dos dados...8

3.7 Qualidade da informação...9

3.8 Análise dos dados...10

3.9 Questões éticas...10 4 RESULTADOS...11 5 DISCUSSÃO...21 6 CONCLUSÃO...27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...28 NORMAS ADOTADAS...32

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o baixo peso ao nascer (BPN) é o maior determinante isolado das chances de um recém-nascido sobreviver e ter desenvolvimento normal. Devido a sua relação com o nível socioeconômico e saúde da população, a OMS preconiza o peso ao nascer como um dos principais indicadores do nível de saúde da humanidade.1

O recém-nascido com BPN apresenta maior risco de morrer ou adoecer no primeiro ano de vida, sendo muito suscetível a agravos como doenças infecciosas, respiratórias e retardo no crescimento e desenvolvimento.2 3 Cerca de 40 a 70% das mortes neonatais ocorrem nestas crianças.4 Além dos danos sobre a saúde infantil e a expectativa de vida, o BPN eleva os custos não apenas dos cuidados neonatais especializados, mas também gera despesas necessárias no tratamento de crianças com múltiplos problemas de saúde, atraso cognitivo e déficit de aprendizado.5

As consequências do BPN podem ser estendidas à vida adulta, observando-se maior predisposição a doenças como síndrome metabólica, insuficiência renal e doença cardiovascular3 6-12 gerando, inevitavelmente, aumento da morbimortalidade e dos custos com os serviços de saúde.5

Este indicador é capaz de refletir a qualidade da assistência pré-natal recebida pela mãe durante a gestação.13 Por isso, vários estudos epidemiológicos têm abordado o baixo peso ao nascer na tentativa de identificar fatores de risco e elaborar intervenções que permitam reduzir ou prevenir a ocorrência dos mesmos.13-22

O peso ao nascer é o primeiro peso do recém-nascido obtido após o nascimento, sendo mensurado com a criança despida na primeira hora de vida.23 A OMS define baixo peso ao nascer como inferior a 2.500g, independente da idade gestacional. Ele pode ocorrer tanto pela menor duração da gestação como pela restrição do crescimento intrauterino (RCIU) ou, ainda, por ambas as condições associadas.24-26

Nascimento pré-termo é definido pela OMS como toda gestação com duração inferior a 37 semanas. A restrição de crescimento não apresenta um conceito padrão.17 Qualquer produto da gestação que não atingir o seu potencial de crescimento intrauterino pode ser incluído. Historicamente, os recém-nascidos com peso abaixo do percentil dez para a idade gestacional ou com dois desvios-padrão abaixo da média para a idade

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gestacional eram classificados como RCIU. No entanto, muitos deles são apenas constitucionalmente pequenos. Considera-se, então, que todos os recém-nascidos abaixo do percentil dez para a idade gestacional são pequenos para a idade gestacional (PIG) e restringe-se o uso do termo RCIU para os recém-nascidos PIGs com evidência de ambiente intrauterino comprometido, por exemplo, pela presença de oligodrâmnio e fatores de risco maternos como a hipertensão.27

Villar & Belizan apontam a restrição do crescimento intrauterino como o maior responsável pelo BPN nos países em desenvolvimento, ao passo que, nos países desenvolvidos, esta condição é decorrente principalmente de partos prematuros,16 observados em dois terços das crianças com BPN.22

A análise da distribuição do peso de nascimento em uma população e sua associação com fatores socioeconômicos evidencia, na maioria dos estudos, desvantagens nas regiões menos desenvolvidas.11 20-22 28-30 Aproximadamente noventa por cento dos recém-nascidos de baixo peso no mundo são de países subdesenvolvidos.31 32

Mais de 20 milhões ou 15,5% de crianças em todo o mundo nascem com peso inferior a 2500g. Destas, 95% são provenientes de países em desenvolvimento. A taxa de BPN nestes países, 16,5%, é maior que o dobro do nível de regiões desenvolvidas, 7%. Segundo estimativas da ONU e da UNICEF, em 2000, nos países desenvolvidos da Europa como Itália, França, Portugal, Suíça, Suécia, Noruega, Irlanda e Espanha, o BPN variou entre 4 e 7%. Esta taxa nos Estados Unidos é de 8%. No Brasil, a média de BPN foi de 10%.33

O Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) é um bom instrumento para estudar a prevalência do baixo peso ao nascer no Brasil. Implantado pelo Ministério da Saúde em 1990, este sistema tem como base a Declaração de Nascido Vivo (DNV), documento cuja emissão é obrigatória no serviço de saúde onde ocorreu o parto ou no cartório de registro civil, quando o parto for domiciliar. O SINASC caracteriza as condições de nascimento de acordo com peso ao nascer, duração da gestação, tipo de parto, idade da mãe e paridade. Atualmente, este sistema de informação em saúde está implantado em todos os estados brasileiros34 e possui boa completude para o estado de Santa Catarina e região Sul, com os registros mais completos quando comparado com as demais regiões do país.35 36

Para o estudo de fatores socioeconômicos, uma boa ferramenta são os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fundação pública criada em 1934, que, entre outras atribuições, coordena pesquisas sociais e dissemina informações. O

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IBGE possui uma rede de abrangência nacional com boa completude, disponibilizando informações que compõem sua base de dados.*

A incidência de baixo peso ao nascer (BPN) está intimamente relacionada com as condições socioeconômicas,18 37 sendo distribuída de maneira diferente e específica em cada população. Tendo em vista o planejamento da assistência à saúde do recém-nascido, torna-se importante o estudo da população de determinada região, com o intuito de identificar as áreas para as quais devam ser disponibilizados maiores recursos.38-40

Vários estudos avaliam as causas associadas com o BPN como, por exemplo, a idade e a escolaridade materna, paridade, estado civil, número de consultas pré-natais realizadas durante a gestação, idade gestacional, tabagismo, tipo de parto realizado, entre outras.13 17 19 22 38 41 42 Há associação também com gravidez na adolescência, famílias monoparentais, gestações com intervalos curtos e mais que quatro filhos por mulher.37

Em 2003, nos EUA, observou-se que a taxa de BPN em negros era o dobro quando comparada com a população branca. Além disso, observou-se maior índice de mortalidade neonatal neste grupo étnico.37

Em estudo de revisão, Ashdown-Lambert e colaboradores encontraram forte associação do BPN com má nutrição na gravidez, baixa renda e maternidade precoce. Concluíram também que o BPN sobrecarrega o sistema de saúde não só pelo custo elevado em cuidados neonatais, mas também em despesas para o tratamento de morbidades futuras.5

No município de São Paulo, encontrou-se associação da prevalência do BPN com as seguintes variáveis socioeconômicas: mães adolescentes, baixa escolaridade, elevada paridade, mães idosas e sem companheiro e ausência de pré-natal, sendo esta última a mais significativa.20

Em estudo realizado na cidade do Rio de Janeiro, o grau de escolaridade da mãe e principalmente a renda do chefe do domicílio tiveram forte associação com o baixo peso ao nascer.15

Está bem estabelecido que o comportamento de saúde não é formado apenas por desejos individuais, mas também, em grande parte, pelo ambiente social. Os países que conseguiram reduzir suas taxas de BPN o fizeram, principalmente, reduzindo a pobreza.25 A determinação do BPN no estado de Santa Catarina e o estudo de sua associação com

* IBGE, 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/eventos/missao/instituicao.shtm Acessado em 19 de setembro de 2010

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variáveis socioeconômicas torna-se fundamental para o reconhecimento das áreas de maior risco bem como para a identificação de fatores de risco modificáveis e passíveis de intervenção, orientando, assim, o planejamento de ações a serem desenvolvidas.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Determinar a prevalência do baixo peso ao nascer e verificar a existência de associação com fatores de risco socioeconômicos no estado de Santa Catarina.

2.2 Específicos

 Descrever a prevalência do baixo peso ao nascer e de variáveis socioeconômicas nas microrregiões de Santa Catarina;

 Verificar a correlação do baixo peso ao nascer com as variáveis socioeconômicas nas microrregiões de Santa Catarina.

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3. MÉTODOS

3.1 Caracterização do estudo

Trata-se de um estudo observacional, ecológico, baseado em dados secundários (SINASC e IBGE) para determinar a prevalência do baixo peso ao nascer em Santa Catarina e suas microrregiões, em 2007, e verificar a existência de associação com variáveis socioeconômicas.

3.2 Local de estudo

Localizado no centro da região Sul do país, o Estado de Santa Catarina é constituído por 293 municípios e 5.866.252 habitantes em 2007. Os municípios que apresentam maior concentração populacional são Joinvile (487.003), Florianópolis (396.723), Blumenau (292.972), São José (196.887), Criciúma (185.506), Chapecó (164.803), Itajaí (163.218) e Lages (161.583).†

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) catarinense é o segundo maior no ranking nacional, com média de 0,840, inferior apenas ao do Distrito Federal (0,874).‡ A taxa de alfabetização é de 95,6%, a esperança de vida ao nascer é de 75,5 anos e a fecundidade chega a 1,95 filhos por mulher. O índice de mortalidade infantil no estado é de 15,5 a cada mil nascidos vivos, sendo inferior à média nacional de 23,59 a cada mil nascidos vivos. A composição étnica se apresenta da seguinte forma: branca (87%), preta (2,6%), parda (10%) e amarela ou indígena (0,3%).§

O estado de Santa Catarina é subdividido geograficamente em mesorregiões, microrregiões, e em subdivisões administrativas denominadas municípios. A mesorregião congrega municípios de uma área geográfica com similaridades econômicas e sociais. As microrregiões são formadas pelo conjunto de cidades que se engloba a uma cidade pólo. A organização do espaço microrregional foi definida como parte das mesorregiões que

IBGE: contagem da população 2007. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/cd/default.asp Acessado em 19 de setembro de 2010.

‡ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Ranking do IDH dos estados do Brasil em 2005. Disponível em: http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3039&lay=pde Acessado em 19 de setembro de 2010.

§ IBGE: Síntese de indicadores sociais. Uma análise das condições de vida da população brasileira, 2009. Fonte: PNUD, 2008. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2009 /indic_sociais2009.pdf Acessado em 19 de setembro de 2010.

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apresentam especificidades de relações ao nível local e possibilidade de atender às populações através dos setores sociais básicos.**

Desde 1990, segundo o IBGE, o estado de Santa Catarina é composto por vinte microrregiões geográficas: São Miguel do Oeste, Chapecó, Xanxerê, Joaçaba, Concórdia, Canoinhas, São Bento do Sul, Joinville, Curitibanos, Campos de Lages, Rio do Sul, Blumenau, Itajaí, Ituporanga, Tijucas, Florianópolis, Tabuleiro, Tubarão, Criciúma e Araranguá. Para Campos de Lages, utilizou-se apenas Lages.††

3.3 População do estudo

A população deste estudo é constituída por todos os habitantes do estado de Santa Catarina que tiveram seus nascimentos registrados no SINASC no ano de 2007.

3.4 Critério de exclusão

Foram excluídos deste estudo os recém-nascidos com peso ao nascer inferior a 500g, seguindo a tendência de outros estudos de epidemiologia perinatal, 43 44 e os que tiveram o peso ignorado nos registros.

3.5 Variáveis de desfecho e exposição

A variável de desfecho foi o BPN determinado pelo cálculo do número de registros de crianças com menos de 2500g multiplicado por 100 e dividido pelo número total de nascimentos para cada microrregião. Para determinar a prevalência do baixo peso ao nascer no estado, foram analisados os registros do SINASC de 2007.

As variáveis de exposição foram as vinte microrregiões geográficas do estado e as sete variáveis socioeconômicas selecionadas do banco de dados do IBGE de 2000. São elas: mulheres de cor ou raça não-branca, mães com menos de 18 anos; domicílios com mais de três moradores por dormitório; famílias com renda de até meio salário mínimo per capita; mulheres sem instrução ou com menos de um ano de estudo; mulheres sem companheiro; mulheres com alguma ocupação.

Baseadas na literatura, as variáveis socioeconômicas foram escolhidas e testadas, selecionando-se as sete que tiveram associação mais significativa com o BPN. Iniciou-se com

**

IBGE: Divisão territorial do Brasil, 2002. Disponível em:

http://www1.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/metodologia/anexos/desenho/Anexo_C_6_3_1_ 1_DTB.doc Acessado em 19 de setembro de 2010.

††

IBGE: unidades territoriais do nível microrregião geográfica. Disponível em:

http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/territorio/uftabunit.asp?t=24&n=9&z=t&o=4 Acessado em 19 de setemro de 2010.

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18 variáveis, excluindo-se, por apresentarem menor associação, as 11 seguintes: mulheres não alfabetizadas; mulheres com menos de oito anos de estudo; mulheres economicamente ativas; mães com 18 a 34 anos de idade; mães com 35 anos ou mais de idade; mães com cinco filhos ou mais; nenhuma consulta pré-natal; domicílios com nenhum banheiro; domicílios com responsável menor de 18 anos; mulheres responsáveis pelo domicílio; famílias com renda de até um salário mínimo per capita.

O termo “mulheres de cor ou raça não-branca” é controverso por fazer alusão à etnia como raça, mas foi utilizado seguindo-se o modelo do IBGE.

3.6 Procedimentos para obtenção dos dados

Os dados sobre o número total de nascimentos e baixo peso ao nascer segundo microrregiões geográficas foram obtidos na base de dados do SINASC, ano de 2007.

Utilizou-se o site do Datasus (Departamento de Informática do SUS), no endereço eletrônico http://www.datasus.gov.br/, seguindo-se os botões de acesso, na sequência: “Informações em Saúde”; “Estatísticas vitais”; “nascidos vivos – 1994 a 2007”; “Abrangência geográfica: Santa Catarina”.

Utilizou-se um programa denominado TabWin (TAB para Windows), desenvolvido pelo Datasus com a finalidade de permitir a realização de tabulações sobre os arquivos DBF (arquivos padrão na área de gerenciamento de bases de dados), componentes básicos dos sistemas de informações do SUS (Sistema Único de Saúde), entre eles, o SINASC. O programa permite, entre outras funcionalidades, realizar operações aritméticas e estatísticas e

elaborar mapas. Está disponível gratuitamente no site

http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=040805‡‡

As variáveis socioeconômicas foram obtidas na base de dados do IBGE, endereço eletrônico http://www.sidra.ibge.gov.br/, ano 2000, seguindo-se os botões de acesso na sequência: “seções” e “Demográfico e Contagem”. A seguir, obteve-se as tabelas nas seguintes opções de amostra numeradas:

1) “Amostra - Características Gerais da População”; “Tabela 2101 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade por cor ou raça, sexo, classes de rendimento nominal mensal e grupos de idade”, selecionando-se “cor ou raça: preta, parda, amarela ou indígena” e “sexo: mulheres”. 2) “Amostra - Famílias e Domicílios”; “Tabela 2422 - Domicílios particulares permanentes e Moradores em Domicílios particulares permanentes por situação do domicílio, densidade de

‡‡ DATASUS. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/tabwin/TabWin.pdf Acessado em 19 de setembro de 2010

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moradores por dormitório e número de banheiros”, selecionando-se “Densidade de moradores por dormitório: mais de três moradores”. “Tabela 2455 - Famílias residentes em domicílios particulares por classes de rendimento nominal mensal familiar per capita, situação do domicílio e tipo de composição familiar”, selecionando-se “Classes de rendimento nominal mensal familiar per capita: Até 1/8 de salário mínimo, mais de 1/8 a ¼ de salário mínimo e mais de ¼ a ½ salário mínimo”.

3) “Amostra – Nupcialidade e fecundidade”; “Tabela 2466 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade por estado civil, situação do domicílio, sexo, condição de convivência e grupos de idade”, selecionando-se “sexo: mulheres” e “condição de convivência: viviam em companhia de cônjuge ou companheiro(a)”. “Tabela 2571 - Mulheres de 10 anos ou mais de idade, total e que tiveram filhos, por situação do domicílio e grupos de idade das mulheres”, selecionando-se “mulheres e 10 anos e mais de idade: que tiveram filhos” e “grupos de idade das mulheres: 10 a 14 anos e 15 a 17 anos”.

4) “Amostra – Trabalho e rendimento”; “Tabela 2953 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade, total, economicamente ativas e ocupadas na semana de referência por sexo, situação do domicílio e grupos de idade”, selecionando-se “sexo: mulheres”.

5) “Amostra - Educação”; “Tabela 2978 - Pessoas de sete anos ou mais de idade por grupos de anos de estudo, sexo e grupos de idade”, selecionando-se “Grupos de anos de estudo: Sem instrução e menos de um ano” e “sexo: mulheres”

3.7 Qualidade da informação

A obrigatoriedade da implantação dos Sistemas de Informação, como o SINASC e o SIM (Sistema de Informação Sobre Mortalidade), fez com que o SINASC estivesse funcionando em todos os municípios do país no ano de 1998.35 Ao longo dos anos, este sistema de informação vem sendo aprimorado, obtendo avaliações positivas quanto à cobertura e qualidade das informações.35 45 A região Sul é a que apresenta os registros mais completos quando comparada com as demais regiões do país.35 36

O peso ao nascer é uma variável objetiva, de fácil medição e rotineira na grande maioria dos serviços, o que reduz a chance de possíveis vieses de interpretação, aferição e esquecimento. Ao se emitir a DNV, a completude do peso é superior a 99,5%.45 Em Santa Catarina, esta variável tem fidedignidade superior a 95%.36 O período estudado no presente trabalho foi o ano de 2007 por ser o mais recente do sistema na época da obtenção dos dados.

O Comitê de Estatísticas Sociais do IBGE é responsável por construir documentação padronizada das diversas bases de dados, quer sejam registros administrativos, pesquisas

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sociais, censos, entre outros tipos de fontes de informação. Ele adota os Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais da Comissão de Estatística das Nações Unidas, 1994.§§ O Censo Demográfico, realizado a cada dez anos, é o núcleo das estatísticas sociodemográficas.*** O último censo realizado pelo IBGE data do ano 2000, ano analisado para o presente trabalho para as variáveis socioeconômicas.

3.8 Análise dos dados

As tabelas para prevalência de nascimentos com baixo peso e variáveis socioeconômicas segundo microrregiões geográficas e o cálculo de correlação simples do BPN com as mesmas foram feitos utilizando o programa Tab Win 35. Os mapas, correspondentes gráficos das tabelas, foram elaborados com o mesmo programa.

3.9 Questões éticas

Trata-se de um estudo ecológico, baseado em dados secundários e de domínio público, obtidos a partir de duas bases de dados, disponíveis nos sites do DATASUS e do IBGE. Foram respeitadas as normas da Resolução 196/96 da CONEP, relacionada à confidencialidade e sigilo dos dados.

§§ IBGE: Comitê de estatísticas sociais. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/comite_estatisticas_sociais/objetivos_diretrizes.php Acessado em 19 de setembro de 2010.

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4. RESULTADOS

O estado de Santa Catarina, em 2007, apresentou prevalência de BPN de 7,94% e 81.827 nascimentos. A distribuição do baixo peso ao nascer (BPN) nas 20 microrregiões de Santa Catarina evidenciou desigualdades, conforme observado na tabela 1. Os menores índices foram encontrados nas microrregiões do Tabuleiro, Tijucas, Ituporanga e Araranguá e, os maiores, em Joaçaba, Lages e Curitibanos. Estes resultados aparecem também no mapa da figura I.

Tabela 1– Total de nascimentos, total de nascimentos com baixo peso e prevalência de baixo peso ao nascer segundo microrregiões de Santa Catarina, 2007.

Microrregião Nascimentos

n

Baixo peso ao nascer n

Baixo peso ao nascer % S.Miguel Oeste 2.093 177 8,46 Chapecó 4.994 437 8,75 Xanxerê 2.124 184 8,66 Joaçaba 4.657 453 9,73 Concórdia 1.634 127 7,77 Canoinhas 3.783 312 8,25 S.Bento do Sul 2.133 144 6,75 Joinville 11.421 851 7,45 Curitibanos 1.940 181 9,33 Lages 4.203 396 9,42 Rio do Sul 2.659 194 7,30 Blumenau 8.133 625 7,68 Itajaí 7.669 641 8,36 Ituporanga 678 44 6,49 Tijucas 1.156 72 6,23 Florianópolis 10.770 802 7,45 Tabuleiro 290 17 5,86 Tubarão 4.353 320 7,35 Criciúma 4.742 358 7,55 Araranguá 2.395 158 6,60 Total 81.827 6.493 7,94

(20)

Figura I – Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência do baixo peso ao nascer nas 20 microrregiões, 2007.

O número de mulheres de cor ou raça não-branca é maior nas microrregiões de Xanxerê e Lages (tabela 2 e figura II).

S.Miguel Oeste 8,46 Chapecó 8,75 Xanxerê 8,66% Joaçaba 9,73 Concórdia 7,77 Canoinhas 8,25 S.Bento do Sul 6,75% Joinville 7,45 Curitibanos 9,33 Campos de Lages 9,42 Rio do Sul 7,30 Blumenau 7,68% Itajaí 8,36 Ituporanga 6,49 Tijucas 6,23 Florianópolis 7,45 Tabuleiro 5,86 Tubarão 7,35 Criciúma 7,55 Araranguá 6.60 Até 6,63% 6,64% até 7,41% 7,42% até 8,18% 8,19% até 8,96% 8,97 até 9,73%

(21)

Tabela 2 - Total de pessoas de 10 anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade por cor ou raça não-branca segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Microrregião Pessoas com 10 anos ou mais de idade

n Mulheres não-brancas n Mulheres não-brancas % S.Miguel Oeste 139.361 6.610 4,73 Chapecó 292.556 19.874 6,78 Xanxerê 112.959 12.022 10,64 Joaçaba 244.250 19.412 7,95 Concórdia 114.589 4.746 4,14 Canoinhas 185.553 11.327 6,10 S.Bento do Sul 91.967 3.641 3,95 Joinville 554.661 20.008 3,60 Curitibanos 91.279 6.394 7,01 Lages 229.444 19.044 8,30 Rio do Sul 150.310 3.539 2,35 Blumenau 456.624 8.850 1,93 Itajaí 328.277 14.705 4,48 Ituporanga 41.281 908 2,20 Tijucas 57.617 1.068 1,86 Florianópolis 588.896 28.576 4,86 Tabuleiro 19.028 247 1,30 Tubarão 279.336 9.854 3,53 Criciúma 265.762 9.907 3,73 Araranguá 130.494 3.189 2,45 Total 4.374.244 203.921 4,66

Figura II – Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mulheres de 10 anos ou mais de idade por cor ou raça não-branca nas 20 microrregiões, 2000.

S.Miguel Oeste 4,73 Chapecó 6,78 Xanxerê 10,64 Joaçaba 7,95 Concórdia 4,14 Canoinhas 6,10 S.Bento do Sul 3,95 Joinville 3,60 Curitibanos 7,01 Campos de Lages 8,30 Rio do Sul 2,35 Blumenau 1,93 Itajaí 4,48 Ituporanga 2,20 Tijucas 1,86 Florianópolis 4,86 Tabuleiro 1,30 Tubarão 3,53 Criciúma 3,73 Araranguá 2,45 Até 3,17% 3,18% até 5,04% 5,05% até 6,90% 6,91% até 8,77% 8,78% até 10,64%

(22)

Em relação à variável “mães com idade inferior a 18 anos” (Tabela 3), as microrregiões que apresentaram o maior percentual foram Curitibanos e Xanxerê (Figura III).

Tabela 3 – Total de mulheres de 10 anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade que tiveram filhos com menos de 18 anos de idade, segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Figura III – Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mães com menos de 18 anos de idade nas 20 microrregiões, 2000.

Microrregião Mulheres com 10 anos

ou mais de idade n

Mães com menos de 18 anos

n

Mães com menos de 18 anos % S.Miguel Oeste 69.033 431 0,62 Chapecó 146.230 923 0,63 Xanxerê 56.447 512 0,91 Joaçaba 122.506 923 0,75 Concórdia 56.487 405 0,72 Canoinhas 92.322 481 0,52 S.Bento do Sul 45.594 228 0,50 Joinville 278.346 1.210 0,44 Curitibanos 45.695 513 1,12 Lages 116.156 829 0,71 Rio do Sul 75.002 343 0,46 Blumenau 232.500 616 0,27 Itajaí 167.708 1.322 0,79 Ituporanga 20.207 98 0,48 Tijucas 28.541 108 0,38 Florianópolis 302.487 1.497 0,49 Tabuleiro 9.105 50 0,55 Tubarão 141.103 461 0,32 Criciúma 134.525 843 0,62 Araranguá 65.453 247 0,38 Total 2.205.447 12.040 0,54 S.Miguel Oeste 0,62 Chapecó 0,63 Xanxerê 0,91 Joaçaba 0,75 Concórdia 0,72 Canoinhas 0,52 S.Bento do Sul 0,50 Joinville 0,44 Curitibanos 1,12 Campos de Lages 0,71 Rio do Sul 0,46 Blumenau 0,27 Itajaí 0,79 Ituporanga 0,48 Tijucas 0,38 Florianópolis 0,49 Tabuleiro 0,55 Tubarão 0,32 Criciúma 0,62 Araranguá 0,38 Até 0,44% 0,45% até 0,61% 0,62% até 0,78% 0,79% até 0,95% 0,96% até 1,12%

(23)

Em Xanxerê Curitibanos e Canoinhas foi encontrado o maior número de domicílios com mais de três moradores por dormitório (Tabela 4), conforme visualizado na Figura IV.

Tabela 4 – Total de domicílios particulares permanentes, total e percentual de domicílios particulares permanentes com mais de três moradores por dormitório segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Microrregião Domicílios

n

Domicílios com mais de três moradores por dormitório

n

Domicílios com mais de três moradores por dormitório

% S.Miguel Oeste 45.720 1.516 3,31 Chapecó 98.801 3.955 4,00 Xanxerê 37.634 2.338 6,21 Joaçaba 83.951 3.784 4,51 Concórdia 37.781 842 2,23 Canoinhas 61.336 3.321 5,41 S.Bento do Sul 30.714 1.595 5,19 Joinville 189.855 6.448 3,40 Curitibanos 31.184 1.787 5,73 Lages 77.385 3.191 4,12 Rio do Sul 50.592 1.115 2,20 Blumenau 158.339 3.357 2,12 Itajaí 116.012 5.411 4,66 Ituporanga 13.797 351 2,54 Tijucas 19.519 592 3,03 Florianópolis 206.525 7.443 3,60 Tabuleiro 6.341 200 3,15 Tubarão 96.530 2.581 2,67 Criciúma 90.115 2.656 2,95 Araranguá 45.939 1.386 3,02 Total 1.498.070 53.869 3,59

Figura IV – Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de domicílios particulares permanentes com mais de três moradores por dormitório nas 20 microrregiões, 2000.

S.Miguel Oeste 3,31 Chapecó 4,0 Xanxerê 6,21 Joaçaba 4,51 Concórdia 2,23 Canoinhas 5,41 S.Bento do Sul 5,19 Joinville 3,40 Curitibanos 5,73 Campos de Lages 4,12 Rio do Sul 2,20 Blumenau 2,12 Itajaí 4,66 Ituporanga 2,54 Tijucas 3,03 Florianópolis 3,60 Tabuleiro 3,15 Tubarão 2,67 Criciúma 2,95 Araranguá 3,02 Até 2,94% 2,95% até 3,76% 3,77% até 4,57% 4,58% até 5,39% 5,40% até 6,21%

(24)

Houve maior número de famílias com renda de até meio salário mínimo per capita em Curitibanos, Canoinhas, São Miguel do Oeste, Xanxerê e Lages (Tabela 5 e Figura V).

Tabela 5 - Total de famílias residentes em domicílios particulares, total e percentual de famílias residentes em domicílios particulares por classes de rendimento nominal mensal familiar de até meio salário mínimo per capita segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Microrregião Famílias

n

Famílias com renda de até meio salário mínimo per capita

n

Famílias com renda de até meio salário mínimo per capita

% S.Miguel Oeste 49.261 10.727 21,78 Chapecó 105.336 18.233 17,31 Xanxerê 40.658 8.756 21,53 Joaçaba 89.536 13.269 14,81 Concórdia 40.709 5.350 13,14 Canoinhas 65.193 15.066 23,11 S.Bento do Sul 32.413 3.194 9,86 Joinville 200.615 15.105 7,53 Curitibanos 32.737 7.745 23,66 Lages 81.939 16.834 20,55 Rio do Sul 53.735 5.592 10,41 Blumenau 167.060 6.821 4,08 Itajaí 122.655 10.895 8,88 Ituporanga 14.539 2.186 15,04 Tijucas 20.392 2.225 10,91 Florianópolis 217.553 12.847 5,90 Tabuleiro 6.725 1.100 16,34 Tubarão 102.447 11.931 11,64 Criciúma 95.931 7.402 7,71 Araranguá 48.103 7.165 14,90 Total 1.587.537 182.443 11,49

Figura V – Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de famílias com renda de até meio salário mínimo per capita nas 20 microrregiões, 2000.

S.Miguel Oeste 21,78 Chapecó 17,31 Xanxerê 21,53 Joaçaba 14,81 Concórdia 13,14 Canoinhas 23,11 S.Bento do Sul 9,86 Joinville 7,53 Curitibanos 23,66 Campos de Lages 20,55 Rio do Sul 10,41 Blumenau 4,08 Itajaí 8,88 Ituporanga 15,04 Tijucas 10,91 Florianópolis 5,90 Tabuleiro 16,34 Tubarão 11,69 Criciúma 7,71 Ararangá 14,90á Até 8,00% 8,01% até 11,91% 11,92% até 15,83% 15,84% até 19,74% 19,75% até 23,66%

(25)

A prevalência de mulheres sem instrução ou com menos de um ano de estudo, ilustrada na Figura VI, foi maior nas microrregiões de Curitibanos e Xanxerê (Tabela 6).

Tabela 6 – Total de pessoas com sete anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de sete anos ou mais de idade sem instrução ou com menos de um ano de estudo segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Figura VI – Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mulheres de sete anos ou mais de idade sem instrução ou com menos de um ano de estudo nas 20 microrregiões, 2000.

Microrregião Pessoas com sete

anos ou mais de idade

n

Mulheres sem instrução ou com menos de um ano de

estudo n

Mulheres sem instrução ou com menos de um ano de

estudo % S.Miguel Oeste 149.724 5239 3,50 Chapecó 314.350 13149 4,18 Xanxerê 121.636 6481 5,33 Joaçaba 262.101 11486 4,38 Concórdia 121.739 4084 3,35 Canoinhas 199.765 7736 3,87 S.Bento do Sul 98.864 2794 2,83 Joinville 593.297 16186 2,73 Curitibanos 98.514 5604 5,69 Lages 246.510 12333 5,00 Rio do Sul 160.933 5297 3,29 Blumenau 485.138 12004 2,47 Itajaí 350.506 12115 3,46 Ituporanga 44.389 1500 3,38 Tijucas 61.648 2582 4,19 Florianópolis 625.907 18595 2,97 Tabuleiro 20.476 943 4,61 Tubarão 298.184 10607 3,56 Criciúma 284.808 8672 3,04 Araranguá 139.944 5432 3,88 Total 4.678.433 162.839 3,48 S.Miguel Oeste 3,50 Chapecó 4,18 Xanxerê 5,33 Joaçaba 4,38 Concórdia 3,35 Canoinhas 3,87 S.Bento do Sul 2,83 Joinville 2,73 Curitibanos 5,69 Campos de Lages 5,0 Rio do Sul 3,29 Blumenau 2,47 Itajaí 3,46 Ituporanga 3,38 Tijucas 4,19 Florianópolis 2,97 Tabuleiro 4,61 Tubarão 3,56 Criciúm a 3,04 Araranguá 3,88 Até 3,11% 3,12% até 3,76% 3,77% até 4,40% 4,41% até 5,05% 5,06% até 5,69%

(26)

As microrregiões que apresentaram maiores índices de mulheres sem companheiro foram Florianópolis, Itajaí, Canoinhas e Lages (Tabela 7 e Figura VII).

Tabela 7 – Total de pessoas com 10 anos ou mais de idade, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade por condição de convivência sem companheiro(a), segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Figura VII – Mapa com a distribuição da prevalência de mulheres de 10 anos ou mais de idade por condição de convivência sem companheiro nas 20 microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Microrregião Pessoas com 10 anos ou mais

de idade n Mulheres sem companheiro n Mulheres sem companheiro % S.Miguel Oeste 139.361 28.792 20,66 Chapecó 292.556 61.533 21,03 Xanxerê 112.959 23.662 20,95 Joaçaba 244.250 52.342 21,43 Concórdia 114.589 22.912 20,00 Canoinhas 185.553 42.914 23,13 S.Bento do Sul 91.967 19.884 21,62 Joinville 554.661 120.820 21,78 Curitibanos 91.279 19.818 21,71 Lages 229.444 52.898 23,05 Rio do Sul 150.310 31.283 20,81 Blumenau 456.624 100.368 21,98 Itajaí 328.277 77.026 23,46 Ituporanga 41.281 7.850 19,02 Tijucas 57.617 12.196 21,17 Florianópolis 588.896 148.129 25,15 Tabuleiro 19.028 3.366 17,69 Tubarão 279.336 61.122 21,88 Criciúma 265.762 59.070 22,23 Araranguá 130.494 28.008 21,46 Total 4.374.244 973.993 22,26 S.Miguel Oeste 20,66 Chapecó 21,03 Xanxerê 20,95 Joaçaba 21,43 Concórdia 20,0 Canoinhas 23,13 Joinville 21,78 Curitibanos 21,71 Campos de Lages 23,05 Rio do Sul 20,81 Blumenau 21,98 Itajaí 23,46 Ituporanga 19,02 Tijucas 21,17 Florianópolis 25,15 Tabuleiro 17,69 Tubarão 21,88 Criciúma 22,23 Araranguá 21,46 S.Bento do Sul 21,62 Até 19,18% 19,19% até 20,67% 20,68% até 22,17% 22,18% até 23,66% 23,67% até 25,15%

(27)

Em relação à variável “mulheres com alguma ocupação” (Tabela 8), Curitibanos, Canoinhas e Lages foram as microrregiões com menores percentuais (Figura VIII).

Tabela 8 – Total de pessoas com 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referância, total e percentual de mulheres de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência segundo microrregiões de Santa Catarina, 2000.

Microrregião Pessoas com 10 anos ou

mais de idade ocupadas n

Mulheres com alguma ocupação

n

Mulheres com alguma ocupação % S.Miguel Oeste 94.225 39.759 42,20 Chapecó 184.010 75.202 40,87 Xanxerê 63.783 23.199 36,37 Joaçaba 137.269 50.876 37,06 Concórdia 71.731 27.995 39,03 Canoinhas 94.901 32.921 34,69 S.Bento do Sul 50.112 17.981 35,88 Joinville 287.671 109.485 38,06 Curitibanos 44.298 14.661 33,10 Lages 109.989 38.887 35,36 Rio do Sul 91.652 37.436 40,85 Blumenau 272.344 117.830 43,27 Itajaí 167.778 64.373 38,37 Ituporanga 30.060 12.773 42,49 Tijucas 32.957 12.396 37,61 Florianópolis 307.148 128.051 41,69 Tabuleiro 12.660 4.819 38,07 Tubarão 145.879 55.761 38,22 Criciúma 135.774 50.674 37,32 Araranguá 72.436 27.425 37,86 Total 2.406.677 942.504 39,16

Figura VIII – Mapa do estado de Santa Catarina com a distribuição da prevalência de mulheres de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência nas 20 microrregiões, 2000.

S.Miguel Oeste 42,20 Chapecó 40,87 Xanxerê 36,37 Joaçaba 37,06 Concórdia 39,03 Canoinhas 34,69 S.Bento do Sul 35,88 Joinville 38,06 Curitibanos 33,10 Campos de Lages 35,36 Rio do Sul 40,85 Blumenau 43,27 Itajaí 38,37 Ituporanga 42,49 Tijucas 37,61 Florianópolis 41,69 Tabuleiro 38,07 Tubarão 38,22 Criciúma 37,32 Araranguá 37,86 Até 35,13% 35,14% até 37,17% 37,18% até 39,20% 39,21% até 41,24% 41,25% até 43,27%

(28)

Ao fazer a correlação do BPN com as sete variáveis socioeconômicas selecionadas (tabela 9), observou-se alto nível de significância (p ≤ 0,001) com as variáveis “mulheres de cor ou raça não-branca” e “mães com menos de 18 anos de idade”. As variáveis que também se mostraram estatisticamente significativas (p ≤ 0,05) foram domicílios com mais de três moradores por dormitório e famílias com renda per capita de até meio salário mínimo. As demais variáveis não se mostraram significativas (p > 0,05).

Tabela 9 - Coeficiente de correlação entre baixo peso ao nascer e variáveis sócio-econômicas (análise de Pearson).

Variáveis sócio-econômicas Correlação com a

prevalência do baixo peso ao nascer

p

Mulheres de cor ou raça não-branca 0,843* 0,000

Mães com menos de 18 anos 0,679* 0,001

Domicílios com mais de três moradores por dormitório 0,531† 0,016

Famílias com renda de até meio salário mínimo per capita 0,454† 0,044

Mulheres sem instrução ou com menos de um ano de estudo 0,437 0,054

Mulheres sem companheiro 0,388 0,091

Mulheres com alguma ocupação -0,296 0,204

*Correlação significante até 0,01 (p). †Correlação significante até 0,05 (p).

(29)

5. DISCUSSÃO

A prevalência de BPN para o Estado de Santa Catarina, em 2007, foi de 7,94%, semelhante à média nacional de 8% para o mesmo ano.46 Essa taxa assemelha-se com resultados norte americanos de 7,7% para o ano 2000.33

Poucos trabalhos tratam da prevalência do BPN em nível de estados; a maioria dos trabalhos envolvem tal prevalência em regiões, cidades ou serviços de saúde. Estudos da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), em 2007, mostraram que as regiões brasileiras com maior número de nascimentos foram o sudeste e o nordeste, com, respectivamente 1.171.841 e 924.983 nascidos vivos e taxas de BPN de 9% e 7,4%. Para as regiões sul, norte e centro-oeste com, respectivamente 392.107, 314.858 e 231.307 nascidos vivos, estas taxas foram de 8,5%, 6,8% e 7,5%.47

A literatura nacional mostra as seguintes prevalências de BPN: em Pelotas-RS em 2004, 10%43 48 49; Maringá em 2006, 7,6%50; município de São Paulo em 2002 e 2003, 9,4%20; cidade do Rio de Janeiro em 2001, 8,6%15; município de Cruzeiro do Sul-AC em 2007, 9,13%51; Goiânia em 2000, 6,9%52. Internacionalmente, as prevalências são: Michigan-EUA, de 2004 a 2006, 6,4%28; norte da Inglaterra, no ano 2000, 7,7%.53; na província de Chiba em 2005, 9% e 9,5% para todo o Japão no mesmo ano54; Medellin, na Colômbia, de 2003 até 2006, 17%.55

De acordo com a UNICEF e a OMS, os estudos atuais sobre a prevalência do BPN, na maioria dos países, tendem a ser mais precisos do que as estimativas anteriores em todo o mundo. Isto porque há um número crescente de países com dados utilizáveis e que permitem aplicação de metodologia padronizada. Entre as principais regiões geográficas, há uma variação significativa de 6% a 18% de BPN. Maiores taxas ocorrem na Ásia (18.3%) e África (14,3%), seguidas da Oceania (10,5%) e América Latina e Caribe (10%). A Europa apresenta a melhor taxa, com 6,4%, América do Norte com 7,7%. Entretanto, as diferenças entre países de uma mesma região podem ser grandes, como a China (6%) e a Índia (30%), por exemplo.33

É possível perceber que diferentes regiões em um mesmo país, estado ou região podem apresentar indicadores muito diferentes entre si. No presente estudo, observou-se menores índices de BPN nas regiões do Tabuleiro (5,86%) e Tijucas (6,23%). Ituporanga (6,49%) e Araranguá (6,60%) também mostraram bons resultados. A representatividade é

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maior para Araranguá e Tijucas, com números maiores de nascimentos por ano. Os piores resultados ficaram com as microrregiões de Joaçaba (9,73%), Lages (9,42%) e Curitibanos (9,33%). As duas microrregiões com maior número de nascimentos, Joinville e Florianópolis, apresentaram a mesma prevalência de BPN (7,45%).

Estudos mostram a distribuição regional do peso ao nascer, evidenciando algumas disparidades. Em estudo sobre diferenciais intraurbanos de peso ao nascer no município de São Paulo, em 2002 e 2003, houve prevalência 26% maior de BP no grupo de alta vulnerabilidade social (8,1%) quando comparado com o grupo de baixa vulnerabilidade (6,1%). Foram considerados fatores de risco características socioeconômicas maternas desfavoráveis e residir em áreas vulneráveis.20 Em Sergipe, entre 1995 e 1998, os índices de BP tendem a ser mais elevados em áreas de grande concentração populacional e menor renda, com 7,39% para o Distrito Regional de Saúde (DRS) de Aracaju, região metropolitana e com número maior de nascimentos, e 6,28% para o DRS de Porto da Folha, no sertão.56 A região noroeste de Goiânia, em 2000, com 7,9% contra 5,5% do BP das outras regiões do município, demonstra a influência de fatores socioeconômicos na distribuição da prevalência do baixo peso ao nascer.52

De 2004 a 2006, encontrou-se altas taxas de BPN dispersas em todo o Estado de Michigan, nos EUA. A maior delas foi de 16,4% na principal cidade metropolitana de Detroit, podendo variar até 2,9% em outras cidades. Nestas cidades metropolitanas, há grande proporção de afrodescendentes, o que reflete o padrão étnico na disparidade de BPN.28 Nos EUA, em 2001, Nepomnyaschy encontrou chance 40% maior de BPN no extremo sul (7%) em relação ao restante do país, com 5%. Possíveis explicações foram as diferenças socioeconômicas e étnicas.57

O BPN pode ser utilizado como indicador de resultados perinatais adversos e, na maioria das vezes, está associado com fatores socioeconômicos desfavoráveis. Em outros estudos, mães de classes sociais mais baixas têm mais chances de serem jovens e até mesmo menores de idade, com baixa instrução, alta paridade e sem companheiro.44

Quando se estuda a associação entre duas variáveis, considera-se forte associação valores de 0,70 até 1, moderada de 0,40 até 0,6 e fraca de 0,10 até 0,30. Portanto, quanto mais perto do 1, maior o grau de dependência estatística entre as variáveis, ou seja, maior associação ou correlação entre ela, e, quanto mais próximo de zero, menor é a força da relação entre as variáveis.58

No presente estudo, ao avaliar a associação do BPN com variáveis socioeconômicas, a variável que obteve maior relação com BPN foi “Mulheres de cor ou

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raça não-branca”, com grau de correlação forte de 84% (p<0,01). No estado, 4,66% das mulheres foram classificadas como não-brancas e as microrregiões com maior prevalência desta variável foram Xanxerê, Lages e Joaçaba na proporção, respectivamente, de 10,64%, 8,3% e 7,95%.

Outros estudos também têm mostrado associação de determinados grupos étnicos com desfechos neonatais desfavoráveis. Em Michigan, de 2004 a 2006, a taxa de BPN para crianças brancas foi de 5,1%, enquanto que, para as negras, este índice foi de 12,2%.28 Na Carolina do Sul (EUA), este número para mães brancas foi 6,5%, e 13,2 % para as negras entre 2000 e 2003. Houve desequilíbrio na distribuição de recursos sociais, favorecendo bairros predominantemente brancos.42 As disparidades raciais, com maior prevalência de resultados perinatais desfavoráveis para os negros, reforçam não somente o menor acesso aos cuidados pré-natais, mas também as desvantagens sociais ao longo da vida.59

A idade da mãe teve moderada associação com o BPN, sendo 67% (p<0,01) o nível de correlação de BPN com idade menor de 18 anos. A prevalência de mães adolescentes no estado foi de 0,54%, sendo mais evidente nas regiões de Curitibanos (1,12%) e Xanxerê (0,91%).

A taxa de baixo peso teve uma incidência significativamente maior em filhos de adolescentes menores de 16 anos em estudo feito em uma maternidade de Vitória (ES), com 9,7%, em comparação com aquelas de 16 a 19 anos, com 6,1%, e de 20 a 24 anos, com 3,5%.60 No Peru, Ryan e colaboradores encontraram BP em 16,4 % das mães adolescentes de 10 a 14 anos e 10,8 % de 15 a 19 anos, sendo 6,9% entre maiores de 20 anos.61 Essa situação gera consequências importantes não só do ponto de vista da saúde, mas também quanto a aspectos sociais. Em estudo de caso controle sobre fatores de risco para a gravidez na adolescência em Pelotas, RS, descobriu-se forte associação com baixos níveis de escolaridade e socioeconômico.62 A gravidez precoce está também relacionada ao desemprego, abandono ou atraso nos estudos, marginalização econômica, educacional e social, menor suporte psicossocial destas mães e ao pré-natal tardio com menor número de consultas.32 47

Outra variável socioeconômica importante é aquela que avalia o nível de aglomeração nos domicílios. Em Santa Catarina, houve 3,59% de domicílios com mais de três moradores por dormitório e a associação com o BPN foi moderada (53%). As microrregiões com maior índice de aglomeração foram Xanxerê (6,21%), Curitibanos

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(5,73%) e Canoinhas (5,41%). Não foram encontrados outros trabalhos que explorassem esta variável e cujos resultados pudessem ser comparados com o presente estudo.

A renda de até meio salário mínimo per capita apresentou moderado nível de correlação de 45% com o BP no estado. Curitibanos (23,66%), Canoinhas (23,11%), São Miguel do Oeste (21,78%), Xanxerê (21,53%) e Lages (20,55%) apresentaram valores ao redor do dobro do índice estadual de 11,49% de baixa renda.

Em 2008, estudo feito em quatro hospitais centrais de Vientiane, capital do Laos, sudeste da Ásia, encontrou forte associação do BPN com mães de baixa renda (68,9%) e idade menor de 18 anos. Houve chance 10,1 vezes maior de risco de BP em mães com conhecimento insuficiente sobre práticas saudáveis durante a gestação.61 63 Farley e Leyland mostraram que a classe social e ocupacional da mãe pode ser determinante no BPN. Além disto, mães em piores condições sócio-ocupacionais tendem a ser mais jovens, solteiras e com maior paridade do que aquelas pertencentes às classes mais favorecidas.44 Em estudo de revisão no Reino Unido, o BPN foi considerado precursor importante de morbimortalidade infantil, sendo associado a preditores, tais como a má nutrição na gravidez, baixa renda, mães jovens, depressão, falta de uma mãe modelo e violência doméstica.5

Houve prevalência de 3,48% de mulheres sem instrução ou com menos de um ano de estudo no estado, associaram-se ao BP em nível moderado de 43% neste estudo. As regiões com piores resultados na educação foram Curitibanos (5,69%) e Xanxerê (5,33%). Para Barbas e colaboradores, a escolaridade materna explica o BPN, estando inversamente associada a ele.64 Isto porque o comportamento saudável da mãe durante a gestação e o parto podem depender do nível educacional prévio.65 O conhecimento materno permite maior acesso às informações de saúde e favorece o próprio planejamento familiar.66 Em 2001, nos EUA, pesquisas mostraram que mães brancas no extremo sul têm 50% mais chances de ter um filho com BP quando comparadas com o restante do país. Estas mulheres têm níveis mais baixos de educação, renda e escoladidade.57 Meyer e colaboradores, relacionando grau de escolaridade e ocupação, obtiveram, nas mulheres que tinham alguma ocupação, 8,2% de BP naquelas com menos de 12 anos de estudo e 4% naquelas com 16 anos ou mais de estudo. Já no grupo de mulheres que não tinham ocupação, este percentual foi de 9,8% e 2,7% para, respectivamente, menos de 12 e 16 anos ou mais de estudo.67

No presente estudo, observou-se que altas prevalências de BPN e de variáveis socioeconômicas desfavoráveis, geralmente atingem um mesmo grupo de microrregiões,

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principalmente Cutitibanos, Lages, Xanxerê, Canoinhas e Joaçaba. O conhecimento das áreas de maior risco no estado possibilita maior equidade no planejamento de ações sociais ou de saúde no estado.

Evidências sugerem que, a abordagem do BPN não melhora apenas a saúde infantil, mas significa também um investimento na saúde de futuros adultos. As políticas de saúde materno infantis devem considerar a criação de programas de saúde direcionados para as regiões menos favorecidas, semelhantes àqueles existentes em partes da Europa, Canadá e os EUA.5 Embora essas intervenções sejam baratas e viáveis, suas taxas de cobertura são extremamente baixas.68

A prevenção do BPN exige uma abordagem longitudinal, levando-se em conta as características socioeconômicas da população mais atingida, a fim de promover o desenvolvimento de saúde reprodutiva das mulheres, não só durante a gravidez, mas ao longo da vida.

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6. CONCLUSÃO

1- A prevalência do BPN para o estado de Santa Catarina foi de 7,94%, pouco inferior a nacional.

2- Houve diferenças microrregionais importantes, variando de 5,86% no Tabuleiro a 9,73% em Joaçaba. Os maiores índices de BPN foram encontrados nas microrregiões de Joaçaba, Lages, Curitibanos, Chapecó e Xanxerê.

3- Verificou-se correlação do BPN com a prevalência de fatores de risco socioeconômicos maternos, sendo considarada: forte para cor não-branca e moderada para idade inferior a 18 anos, aglomeração domiciliar, baixa renda familiar e ausência ou baixa instrução.

4- As microrregiões com maior prevalência de fatores socioeconômicos desfavoráveis foram Curitibanos, Xanxerê, Lages, Canoinhas e Joaçaba.

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