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EFEITOS ADVERSOS DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL

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EFEITOS ADVERSOS DA TERAPIA

ANTIRRETROVIRAL

Sílvia de Andrade Carneiro

Médica Pediatra CTR DIP Orestes Diniz /PBH e HC/Ebserh Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Saúde da Criança e do Adolescente (UFMG)

(2)

• Efeitos gastrointestinais

• Efeitos hematológicos

• Alterações no SNC

• Resistência à insulina / Diabetes

• Dislipidemia

• Toxicidade renal

• Alterações no SN periférico

• Rash e reação de hipersensibilidade

• Toxicidade hepática

• Acidose lática

• Lipodistrofia

• Diminuição da massa óssea

EFEITOS ADVERSOS TARV

Efeitos agudos:

Náusea, vômito, diarreia, cefaleia,

sonolência e falta concentração,

rash cutâneo, disfunção hepática,

reações alérgicas, alterações

hematológicas etc

Efeitos a longo prazo:

Alterações hematológicas e

metabólicas, dislipidemia,

alteração glicose, perda mineral

óssea, lipodistrofia, alteração renal

(3)

• HAART: Terapia Antirretroviral Altamente Ativa

pelo menos 3 medicamentos ativos de duas classes diferentes

objetivo principal: supressão máxima e sustentada da replicação viral

preservar e/ou restaurar o sistema imune, retardar a progressão da doença, manter crescimento e desenvolvimento

( Ministério..., 2014, AIDSInfo, 2016) ) ANTIRRETROVIRAIS (ARVS)

(4)

Não erradica o HIV: uso contínuo e prolongado

Conversão de uma doença grave em uma infecção crônica e controlável

Mudanças prognóstico e sobrevida

↓ morbidade, mortalidade e hospitalizações

↓ infecções oportunistas

↑ complicações não infecciosas: dislipidemia, resistência à insulina, acidose lática, alteração da

redistribuição da gordura corporal, alteração do metabolismo ósseo

( Ministério..., 2014, Palchetti, 2013, Bitnun, 2003 ) ANTIRRETROVIRAIS (ARVS)

(5)

(Ministério..., 2014, AIDSInfo,2016; FDA, 2015) ESQUEMAS ANTIRRETROVIRAIS (ARVS)

2017 – Classes de medicações ARV • Inibidores da transcriptase reversa

análogos de nucelosídeos e nucleotídeos (ITRN)

• Inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucelosídeos (ITRNN)

• Inibidores da protease (IP) • Inibidores da integrase (II) • Inibidores de entrada

• Antagonista receptor CCR5

(6)

(UNAIDS, 2016)

Estimativa de adultos e crianças vivendo com HIV/AIDS em 2016

EPIDEMIOLOGIA DO HIV/AIDS

(7)

EFEITOS ADVERSOS TARV

(8)

Estimativa 2016

EPIDEMIOLOGIA DO HIV/AIDS

(UNAIDS, 2016)

Número de pacientes em tratamento em 2016 18.2 milhões [16.1 – 19.0 milhões]

Número de novas infecções em 2016 2.1 milhões [1.8 – 2.4 milhões]

Número de mortes relacionadoas à AIDS 1.1 milhões [940000 – 1.3 milhões] Número de pacientes vivendo com HIV em 2016 34.9 milhões [32.4 – 37.9 milhões]

UNAIDS Strategy 2016-2021: 90% dos pacientes sabidamente

HIV-infectados estejam em terapia antirretroviral

(9)

Praticamente todas as medicações ARVs tem efeitos colaterais, mas nem todas as pessoas que as utilizam irão apresentar o mesmo efeito adverso ou na mesma proporção

Na maioria dos casos estes efeitos são leves e bem tolerados

Os ARVs atuais são significativamente melhor tolerados e mais fáceis de serem utilizados que os ARVs mais antigos. Pesquisas para diminuir a toxicidade

(10)

Náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, alteração do paladar, epigastralgia, pancreatite

Frequentes nas primeiras quatro semanas de uso do ARV

Geralmente passageiros

ARVs mais comumente associados: AZT, ddI, Inibidores da Protease (LPV/r), inibidores da Integrase

(11)

Anemia, macrocitose, neutropenia

ARV mais comumente relacionados: AZT, d4T

muito raro: aplasia medular (geralmente associado ao uso concomitante de outros medicamentos mielotóxicos) - AZT

(12)

Sonhos anormais, tontura, insônia, sonolência,

diminuição concentração, diminuição limiar convulsivo, ideação suicida

Podem diminuir em até 2- 4 sem de uso (as vezes mais de 12m)

Usar com cautela em pacientes com doenças psiquiátricas, profissões “perigosas”

EFEITOS ADVERSOS TARV – ALTERAÇÕES SNC

(13)

Aumento atividade psicomotora, cefaleia, insônia, depressão

Raltegravir e Dolutegravir

Hemorragia intracraniana

Tipranavir + discrasia sanguinea

Ataxia cerebelar

Raltegravir

(14)

Aumento de LDL-c, CT, TG

ARVs mais comumente envolvidos: Inibidores da protease com booster ritonavir ou cobicistat (principal: LPV/r), d4T, AZT, ABC, EFZ

Risco de doença cardiovascular prematura => Abacavir e ddI, IPs

(associado a um risco aumentado de IAM em alguns estudos de coorte. Risco absoluto maior em pacientes com fatores de risco tradicionais DCV)

SQV/r, ATV/r, and LPV/r: prolongamento intervalo PR (risco maior em pacientes com doença cardíaca pré-existente)

(15)

Adolescente de 13 anos, HIV-infectado, CD4 de 266 céls/mm3 e carga viral HIV-1 de HIV-132.000 cópias/ml inicia seu primeiro esquema ARV com abacavir,

lamivudina e dolutegravir.

Dez dias depois ele procura atendimento médico queixando-se de sintomas suaves de “gripe”. Após discutir a situação com o paciente e a mãe, a

medicação é continuada, com orientação de retorno. Durante os dias seguintes o paciente desenvolveu febre, mal-estar, náuseas e vômitos. Ele afirma que os sintomas são mais proeminentes algumas horas após tomar a medicação na parte da manhã e a cada dia os sintomas parecem estar ficando

progressivamente piores. Antes de iniciar o esquema ARV com abacavir, o paciente não realizou o teste HLA-B * 5701.

(16)

• A reação de hipersensibilidade ao abacavir envolve múltiplos órgãos • Presença de pelo menos dois dos seguintes sinais ou sintomas:

1. febre

2. erupção cutânea

3. sintomas gastrointestinais 4. sintomas constitucionais 5. sintomas respiratórios

• Sintomas associados à hipersensibilidade ao abacavir são muitas vezes não específicos, imitando os de doenças virais, como a gripe

• A presença de envolvimento de múltiplos órgãos aumenta a probabilidade de hipersensibilidade ao ABC

EFEITOS ADVERSOS TARV – REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE AO ABACAVIR

(17)

• Pistas diagnósticas importantes:

 acentuação dos sintomas poucas horas após a administração de cada dose de abacavir

 aumento progressivo dos sintomas com cada dose subsequente

• Incidência de hipersensibilidade ao abacavir relatada: 6 a 8% (de 2 a 9%)

.

• Mais de 90% das reações de hipersensibilidade ao abacavir ocorrem durante as primeiras 6 semanas de terapêutica (Mediana de tempo: 9 dias)

• Na maioria dos pacientes, a suspensão do abacavir resultará na resolução dos sintomas

(18)

Reações graves e potencialmente fatais:

quando o abacavir foi continuado apesar dos sintomas progressivos

reinício do abacavir após quadro de hipersensibilidade

Consenso Americano (2016) recomenda o rastreamento de HLA-B * 5701 antes de iniciar uso do Abacavir a todos os pacientes. Recomenda também que qualquer paciente com um teste positivo para HLA-B * 5701 não deve receber abacavir.

(19)

EFEITOS ADVERSOS TARV - ABACAVIR

Nunca reniciar abacavir a um paciente que tenha

apresentado reação de hipersensibilidade

A ocorrência de reação de hipersensibilidade ao ABC requer

imediata e permanente descontinuação da medicação

(20)

Uma mulher infectada pelo HIV, 29 anos de idade é atendida na sala de emergência com história de 3 dias de febre, mal-estar, diarreia, icterícia, náuseas e vômitos. Ela foi diagnosticada com HIV há 4 anos na Etiópia e recebia tratamento com zidovudina, lamivudina e nevirapina, com boa tolerância. Ela se lembra de seu mais recente CD4, cerca de 9 meses antes: cerca de 500 células/mm3. Entretanto ela emigrou para os Estados Unidos aproximadamente 6 meses atrás e devido a uma transição caótica, ela parou de tomar os antirretrovirais. Ela tinha consigo os seus medicamentos, recomeçou a tomá-los novamente cerca de 3 semanas atrás, nas mesmas doses em que vinha fazendo uso na Etiópia. Ela não está em uso de outros medicamentos.

Seu exame físico de admissão mostrava Tax: 38,4°C, icterícia visível e dor em hipocôndrio direito. Laboratório: AST: 532 U/L; BT: 2,4 mg/dl e amilase normal.

(21)

Fatores de risco identificados para desenvolver hepatotoxicidade com nevirapina:

maior contagem de células CD4 antes do início da nevirapina (> 250 células/mm3 em mulheres e > 400 células/mm3 em homens e > 15% em crianças)

sexo feminino

gestante

infecção crônica por hepatite B ou C

doença hepática alcoólica

níveis anormais de transaminase hepática basal

EFEITOS ADVERSOS TARV - NEVIRAPINA

Relação da hepatotoxicidade associada à nevirapina sintomática e da contagem de células CD4

(22)

Utilização adequada de nevirapina: iniciar com metade da dose habitual uma vez ao dia durante 14 dias seguido de um aumento para duas vezes ao dia (dose plena)

Se o paciente desenvolver erupção cutânea nas primeiras duas semanas e continuar a tomar nevirapina, a dose não deve ser aumentada até que a reação cutânea tenha resolvido. O paciente deve ter a função hepática monitorizada de perto

Se o paciente que já está em uso de nevirapina em dose plena interromper o tratamento por mais de 7 dias, deve reiniciar a nevirapina com metade da dose por 14 dias e aí sim, utilizar a dose plena

(23)

Aumento nos níveis de transaminase hepática é frequentemente o primeiro marcador identificável de hepatotoxicidade induzida por nevirapina

Monitorização da função hepática frequente nas primeiras 18 semanas de uso. Posteriormente, monitorizar a cada 3 meses

Os níveis de transaminase hepática voltaram ao normal numa mediana de 45 dias após a descontinuação da nevirapina

A lesão hepática pode progredir mesmo após a descontinuação da nevirapina

(24)

EFEITOS ADVERSOS TAR V - NEVIRAPINA

Nevirapina nunca deve ser utilizada para profilaxia pós-exposição e

em doentes com insuficiência hepática (Child-Pugh B ou C)

A nevirapina deve ser interrompida permanentemente e não reiniciada em crianças ou adultos que desenvolveram hepatite sintomática, elevações graves de transaminases ou reações de hipersensibilidade

Reação cutânea isolada não contra-indica o uso da Nevirapina. Não

aumentar a dose até resolução do quadro

(25)

Homem com 40 anos de idade infectado pelo HIV, uma contagem de CD4 de 180 células/mm3 e carga viral HIV-1 de 91.630 cópias/ml inicia seu esquema antirretroviral com tenofovir + emtricitabina (Truvada®), Atazanavir e ritonavir. Ele também está tomando dapsona para profilaxia de pneumocistose.

Um mês depois de iniciar o esquema antirretroviral ele retorna e afirma que se sente bem, mas percebeu que seus olhos estão amarelos. Nega dor abdominal e refere fezes de cor acastanhada. O exame físico mostra icterícia.

Laboratório: hematócrito de 41%, LDH normal, e nenhuma outra alteração significativa na função hepática, com exceção de um aumento na bilirrubina total de 1,1mg/dL (basal) para 4,8 mg/dL.

(26)

A hiperbilirrubinemia não conjugada isolada é a anormalidade laboratorial mais comum associada ao uso do inibidor da protease, principalmente atazanavir e indinavir.

Reverte com a descontinuação do uso

Não está associada com lesão hepatocelular.

Não considerado um efeito adverso grave: afetar a qualidade de vida do paciente (icterícia), levar a investigação laboratorial desnecessária e interrupção do tratamento

(27)

Hiperbilirrubinemia associada ao ATV /IDV:

os níveis de bilirrubina geralmente atingem o pico dentro de 4 meses (intervalo de 1 a 8 meses);

curso não-progressivo, com os níveis bilirrubina permanecendo elevados mas estáveis durante seguimento

Hiperbilirrubinemia isolada não ocorre com fármacos de outras classes antirretrovirais e não deve ser confundido com icterícia que pode resultar de hepatotoxicidade grave (ex, nevirapina)

Bilirrubina conjugada elevada, alterações na transaminase hepática ou fosfatase alcalina justificam investigação adicional para outras causas de hiperbilirrubinemia, tais como hepatotoxicidade por drogas, hepatite viral ou colestase

(28)

Tanto o atazanavir como o indinavir causam hiperbilirrubinemia por inibição competitiva da enzima UGT1A1 (UDP-glucuronosiltransferase)

É mais pronunciada em indivíduos com síndrome de Gilbert (a enzima UGT1A1 é quantitativamente reduzida em pessoas com síndrome de Gilbert). Evitar uso nestes pacientes

Pacientes co-infectados com hepatite B ou C crônica não parecem ter um risco aumentado de desenvolver hiperbilirrubinemia com a administração destes medicamentos

(29)

EFEITOS ADVERSOS TARV - HIPERBILIRRUBINEMIA

O tratamento adicional é desnecessário se as enzimas hepáticas

forem consistentes com os valores basais.

Para os doentes que desenvolvem icterícia clinicamente evidente, a

decisão de interromper ou não o ATZ (IDV) normalmente depende

da gravidade e da perceptibilidade da icterícia, e se o doente está

disposto a tolerá-la

(30)

Uma paciente de 48 anos de idade, infectada pelo HIV, chega à consulta médica com relato de ter iniciado há cerca de três semanas fadiga, náuseas, vômitos, mialgia e perda de peso de 8 quilos. Ela começou a utilizar estavudina, lamivudina, etravirina, darunavir e ritonavir como terapia de resgate há 9 meses. Exames laboratoriais recentes mostraram CD4 de 324 células /mm3 e carga viral inferior a 50 cópias/ml. Ela nega uso

de outro medicamento e de drogas ilícitas.

Ela não usa tenofovir devido a insuficiência renal crônica moderada e é positiva para HLA-B * 5701.

Exames laboratoriais iniciais mostram HCO3 de 23 mEq/L, anion gap: 12, AST de 66 U /L e ALT de 110 U / L.

(31)

O mecanismo proposto para o desenvolvimento de hiperlactatemia relacionada aos antirretrovirais: inibição induzida pelas medicações na DNA polimerase gama mitocondrial, levando à depleção de DNA mitocondrial e consequente diminuição da fosforilação oxidativa

Ocorrerá diminuição da conversão de NADH em NAD + e uma mudança na conversão citosólica de piruvato em lactato. O fígado serve como o órgão primário que limpa o lactato da circulação pela conversão de lactato em piruvato nos hepatócitos.

(32)

O desenvolvimento de hiperlactatemia crônica geralmente ocorre no contexto de deterioração da função mitocondrial nos hepatócitos.

Sintomas mais comuns: náuseas, vômitos, dor abdominal, perda de peso, fadiga, mialgia e características de disfunção hepática, incluindo hepatomegalia dolorosa, edema periférico, ascite e encefalopatia.

Outros sintomas: dispneia e arritmias cardíacas, sinais ou sintomas de outras toxicidades mitocondriais, como neuropatia periférica e lipoatrofia

Tempo de início dos sintomas de acidemia láctica: meses ou anos após o início TARV que inclui um ou mais ITRN

(33)

EFEITOS ADVERSOS TARV – ACIDOSE LÁTICA / TOXICIDADE MITOCONDRIAL

Fatores de risco para o desenvolvimento da Acidemia Láctica em pessoas utilizando ITRN

* A maioria dos casos envolve estavudina

(34)

EFEITOS ADVERSOS TARV – ACIDOSE LÁTICA / TOXICIDADE MITOCONDRIAL

A monitorização de rotina dos níveis séricos de lactato num doente assintomático , em uso de ITRN não é recomendada

O estabelecimento do diagnóstico de acidemia láctica requer a documentação de um nível sérico de lactato superior a 2 mmol/L (18 mg/dL)

(35)

Pacientes com lactato sérico entre 2 a 5 mmol/L: monitorização frequente; se apresentarem sintomas compatíveis com a academia láctica ou sintomas pronunciados - interrupção dos ARVs

Causas de aumento de lactato sérico: coleta ou processamento inadequado de amostras, desidratação, exercício vigoroso, intoxicação alcoólica, septicemia, insuficiência renal, pancreatite, hipertireoidismo

(36)

Frequência:

acidemia lática assintomática ou ligeiramente sintomática: 8 a 21% dos doentes que receberam pelo menos 1 ITRN.

acidemia láctica com sintomas significativos: 1,5 a 2,5% entre as pessoas que usam ITRN

Dados coletados durante uma era de terapia antirretroviral com maior uso de estavudina e didanosina do que o atualmente utilizado. Taxas atuais podem ser mais baixas

(37)

Resolução da acidemia láctica pode levar meses

Reiniciar a terapia antirretroviral (usando um regime diferente) quando o nível de lactato diminuir para < 2 mmol/L

Os ITRN preferidos para pacientes que apresentaram acidemia láctica são tenofovir, abacavir, lamivudina e emtricitabina

Os pacientes que reiniciaram a terapia antirretroviral devem ter os níveis de lactato monitorizados frequentemente

(38)

Inquestionável o benefício do uso dos antirretrovirais na redução da transmissão vertical do HIV

Convulsões febris: aumento taxa de incidência (coorte francesa) de 0,4% na população não exposta para 1,1% na população exposta aos ARVs intra-útero

Redução da insulina neonatal, mas sem associação com hipoglicemia

(39)

Risco de prematuridade, baixo peso ao nascimento: relatos discordantes

“Prevalência de baixo peso ao nascer e prematuridade em crianças expostas à terapia antirretroviral materna, de pacientes HIV positivas em acompanhamento no GAMI FM/UFMG”

621 gestantes infectadas pelo HIV, de 1998 a 2014

98,5% utilizaram TARV durante a gestação

Prevalência de prematuridade (< 37 sem): 16,6% (taxa de prematuridade no Brasil: 11,5% – Ministério da Saúde – 2016)

Prevalência de baixo peso ao nascer (< 2500g): 20,3%

(40)

Toxicidade mitocondrial (depleção do DNA mitocondrial): incidência de 0,26% até 18m; aumento do lactato sérico em crianças expostas aos ITRN; acidose lática grave em RN; manifestações neurológicas, convulsões, miocardiopatia; hepatomegalia; hipoglicemia; aumento de transaminases; óbito

Miocardiopatia assintomática até ICC; avaliação da coorte do Grupo de Estudo P2C2HIV - verificou-se que crianças nascidas de mães HIV, independentemente de terem sido ou não infectadas, apresentam anormalidades cardiovasculares persistentes, com pior função ventricular esquerda e cardíaca em relação às crianças do grupo controle

Acompanhamento em longo prazo das crianças não infectadas

(41)

Teratogenicidade: “o uso de ARV durante a gestação geralmente não aumenta o risco de defeitos congênitos”

A revisão dos dados disponíveis tem sido tranquilizadora de que os riscos de defeitos no tubo neural após a exposição ao Efavirenz no primeiro trimestre de gestação não são superiores aos da população em geral.

EFEITOS ADVERSOS TARV MATERNA NO FETO, RN E LACTENTE

(42)

Jovem de 19 anos de idade infectada pelo HIV, em uso de Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz há 3 anos, vem para consulta de controle trazendo os seguintes exames laboratoriais de rotina: carga viral para HIV indetectável, creatinina 1,33 mg/dL (anterior realizada 6 meses antes era 0,9 mg/dL) e urina rotina mostrando proteinúria. Ela fuma cigarros, tem um índice de massa corporal (IMC) de 19 e tem co-infecção com hepatite C

(43)

Tenofovir (TDF) (ITRNt) utilizado na maioria dos regimes antirretrovirais de primeira linha e de resgate.

Toxicidade renal pelo TDF: distúrbio no túbulo proximal que pode progredir para a síndrome de Fanconi (disfunção tubular proximal generalizada). Pode causar lesão renal aguda ou, raramente diabetes insípidus nefrogênico decorrente de lesão tubular distal

(44)

A destruição das células epiteliais dos túbulos proximais e mitocôndrias prejudica a capacidade do rim para reabsorver certas moléculas, levando a perda urinária de glicose, bicarbonato, proteína e fosfato, etc

Achados laboratoriais mais frequentes: acidose metabólica com anion GAP normal, proteinúria, glicosúria e fósforo sérico baixo

A taxa estimada de filtração glomerular é afetada a um grau variável e pode permanecer normal

O clearence creatinina sozinho não é um marcador sensível da tubulopatia proximal relacionada ao tenofovir

(45)

Se a nefrotoxicidade induzida pelo tenofovir for diagnosticada e tratada prontamente, é frequentemente reversível

Estudo publicado em 2012 mostra que cada ano de uso de tenofovir aumentou o risco de desenvolver proteinúria em 34%, de rápido declinio na função renal em 11% e de desenvolvimento de doença renal crônica em 33%.

EFEITOS ADVERSOS TARV - NEFROTOXICIDADE

(46)

Dolutegravir, Cobicistat, Rilpivirina

Causam elevação da creatinina por diminuirem a secreção tubular de creatinina, aumentando a creatinina sérica sem alterar a taxa de filtração glomerular

Caráter benigno

Distinguir de disfunção renal

(47)

EFEITOS ADVERSOS TARV – SÍNDROME LIPODISTRÓFICA

• Síndrome lipodistrófica

alteração da redistribuição da gordura corporal: acúmulo de gordura central e/ou perda de gordura periférica

alteração no metabolismo dos lipídeos (↑ TG, ↑ CT, ↑ LDL, ↓ HDL)

alteração metabolismo glicose (resistência à insulina, intolerância à glicose, diabetes mellitus)

acidose lática

aumento do risco de doença cardiovascular

• Alteração da gordura corporal tem caráter progressivo e variada apresentação clínica

(48)

EFEITOS ADVERSOS TARV – SÍNDROME LIPODISTRÓFICA

• Prevalência da Síndrome lipodistrófica entre HIV+

30 – 80% adultos

25 – 30% crianças e adolescentes

• Tipo de alteração morfológica predominante

Adultos: lipoatrofia periférica

Crianças e adolescentes: lipoatrofia periférica lipohipertrofia central

• O diagnóstico das alterações corporais é subjetivo e depende da percepção de profissionais e pacientes

• A lipoatrofia facial: dá um aspecto de envelhecimento precoce; alteração mais estereotipada e estigmatizante. A “cara da AIDS”

(49)

EFEITOS ADVERSOS TARV – SÍNDROME LIPODISTRÓFICA

• Características físicas

Lipoatrofia periférica: diminuição da gordura na face, da gordura

temporal, glúteos, membros

superiores e inferiores surgimento de sulcos cutâneos com

enrugamento da face, áreas de depressão e evidenciação do arcabouço ósseo

Lipohipertrofia central: acúmulo de gordura em abdome

(perivisceral), região cervical (gibas), dorso e mamas

(50)

EFEITOS ADVERSOS TARV – LIPODISTROFIA

• Fatores de risco relatados

Terapia antirretroviral:

tipo de ARV (d4T, AZT, 3TC, ddI, EFZ, IPs, LPV/r)

tempo de uso do ARV

Idade

Sexo

IMC

HIV

(51)

EFEITOS ADVERSOS TARV – LIPODISTROFIA

• Frequência de lipodistrofia: 18,9% (IC95%: 9,9-31,4%) • Paciente em risco de desenvolver lipodistrofia

Baixo IMC

Uso de d4T

Diagnóstico precoce da infecção pelo HIV

Maior Fat mass ratio ao DXA (mediana 0,97 x 0,73)

Percentil circunferência cintura > p90

Percentil circunferência braço < p5

Carneiro SA, et al. Mestrado: “Frequência de lipodistrofia e de alteração na DMO de crianças e adolescentes infectados verticalmente pelo HIV. 2016.”

(52)

• Prevalência de baixa DMO  7% coorte americana

 24 – 32% estudos brasileiros e tailandeses

• Osteopenia: não é utilizado em crianças e adolescentes

• Osteoporose: história de fratura significativa associado a Z-score DMO < - 2

(AIDSInfo, 2016; Dimeglio, 2013; Puthanakit, 2012; Lima, 2013))

(Crabtree, 2014) EFEITOS ADVERSOS TARV - BAIXA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA

(53)

(Adaptado de Glesby, 2003. Fatores que podem contribuir para diminuição da densidade mineral óssea em pacientes HIV-infectados. )

HIV Sexo feminino Raça branca Idade maior

Citocinas (ex: TNF-α, IL-6)

Doença hepática História familiar

Diminuição atividade física

Diminuição aquisição óssea

Tabagismo Alcoolismo Hipogonadismo Amenorreia/ Menopausa precoce Deposição gordura na medula Diminuição massa gordura Desnutrição Diminuição massa muscular Análogos nucleosídeos/ disfunção mitocondrial Inibidores da protease Outras medicações: ex: corticosteroides, anticonvulsivantes LTCD4+ ↑ CV↑ Doença avançada Lamivudina Tenofovir Indinavir LPV/r

(54)

EFEITOS ADVERSOS TARV – BAIXA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA

• Frequência de baixa DMO de corpo total e/ou coluna lombar: 26,2% (IC95%: 18,0-35,8%)

• Paciente em risco de desenvolver baixa DMO

Baixo IMC

Baixa estatura

Uso de Inibidores da Protease

Uso de lopinavir/ritonavir

Uso de Tenofovir (corpo total)

Menor massa muscular

Menor percentual de gordura corporal

Carneiro SA, et al. Mestrado: “Frequência de lipodistrofia e de alteração na DMO de crianças e adolescentes infectados verticalmente pelo HIV. 2016.”

(55)

EFEITOS ADVERSOS TARV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os benefícios globais da supressão viral e da reconstituição da função imune como resultado da terapia antirretroviral eficaz ultrapassam em muito os riscos associados aos efeitos adversos

Em meados da década de 1990, quando a combinação de ART foi introduzida, os eventos adversos estavam entre os motivos mais comuns para mudar ou interromper a terapia e para a não adesão da medicação

Felizmente, os regimes de ARV atualmente recomendados estão associados a AE menos graves e intoleráveis do que os regimes usados no passado

(56)

Em crianças com toxicidade grave ou com risco de vida (por exemplo, uma reação de hipersensibilidade), todos os medicamentos antirretrovirais devem ser interrompidos imediatamente (AIII). Uma vez resolvidos os sintomas de toxicidade, a terapia antirretroviral deve ser retomada com a substituição do ARV causador do evento (AII )

Ao modificar a terapia por toxicidade ou intolerância em crianças com supressão virológica, é permitido alterar uma droga em um regime multidrogas; se possível, um agente com um perfil de toxicidade e efeito colateral diferentes deve ser escolhido (AI )

(57)

A toxicidade e a medicação presumivelmente responsável devem ser documentadas no registro médico e o paciente e seu cuidador informados sobre a toxicidade relacionada à droga (AIII).

Em geral, a redução da dose não é uma opção recomendada para o tratamento da toxicidade ARV (AII )

(58)

https://aidsinfo.nih.gov/guidelines

Pediatric HIV Infection

Adults and Adolescents

Perinatal

https://www.hivwebstudy.org/modules/antiretrovirals-adverse-effects

http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/70920/1/9789241503792_eng.pdf? ua=1

http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2017/Relatorio_PCDT_HIV _CriancasAdolescentes_CP24_2017.pdf

(59)

OBRIGADA

(60)

Ford N et al. Safety of efavirenz in first-trimester of pregnancy: a systematic review and meta-analysis of outcomes from observational cohorts. AIDS, 2010, 24(10):1461–1470.

Antiretroviral Pregnancy Registry Steering Committee. Antiretroviral Pregnancy Registry international interim report for 1 January 1989 through 31 January 2011. Wilmington, NC, Registry Coordinating Center, 2011. Available at: http://www. apregistry.com/forms/interim_report.pdf (accessed on 01 June 2012).

March of Dimes Birth Defects Foundation. Global report on birth defects: the hidden toll of dying and disabled children. New York, White Plains, 2006. Availableat: http://www.marchofdimes.com/downloads/Birth_Defects_Report-PF.pdf (accessed on 01 June 2012)

(61)

https://www.fda.gov/ForPatients/Illness/HIVAIDS/Treatment/

ucm118915.htm

ARV aprovados

https://www.fda.gov/ForPatients/Illness/HIVAIDS/Treatment/

ucm118951.htm

ARV aprovados em pediatria

(62)

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3567891/

Adverse Drug Reactions to Antiretroviral Therapy:

Prospective Study in Children in Sikasso (Mali)

https://www.omicsonline.org/adverse-effects-of-highly-

active-anti-retroviral-therapy-haart-1948-5964.1000037.php?aid=3613

Adverse Effects of Highly Active Anti-Retroviral Therapy

(HAART)

Referências

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