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FORTISSIMO Nº 4 — 2016B U S O
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R A U S S
ALLEGRO VIVACE 17/03 18/03MINISTÉRIO DA CULTURA E GOVERNO DE MINAS GERAIS APRESENTAM
ALLEGRO VIVACE 17/03
5 F O T O: R AF AEL MO TT A
Dando continuidade à Temporada 2016 da nossa! Filarmônica de Minas Gerais, recebemos neste mês um dos mais importantes e disputados solistas do cenário internacional.
Executando uma das obras-primas mais marcantes de Richard Strauss, acolhemos uma vez mais em nosso palco o violoncelista basco Asier Polo. Dono de grande integridade e sonoridade quente e especial, Asier certamente marcará essa oportunidade, dando vida a uma das personagens que nos serve constantemente de inspiração, Dom Quixote. O aniversário de 100 anos de Busoni é igualmente celebrado com sua
Caros amigos e amigas,
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular singela Abertura de Comédia. A beleza da Quarta Sinfonia de Schumann completa o repertório da noite.
Com essa brilhante programação, a Filarmônica continua a enriquecer a vida cultural dos mineiros, dando àqueles que nos apoiam motivos de orgulho por tudo o que a Orquestra representa no cenário nacional de hoje. Bem-vindos e que todos
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FABIO MECHETTI
diretor artístico e regente titular
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O: ALEXANDRE
REZENDE
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esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechettiposicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo
Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
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Ferruccio BUSONI
Abertura de Comédia, op. 38
Robert SCHUMANN
Sinfonia nº 4 em ré menor, op. 120
Ziemlichlangsam – Lebhaft (Moderadamente devagar – Alegre)
Romanze: Ziemlichlangsam (Romance: Moderadamente devagar)
Scherzo: Lebhaft (Scherzo: Alegre)
Langsam – Lebhaft (Lento – Alegre)
Richard STRAUSS
Don Quixote, op. 35, “Variações fantásticas
sobre um tema de caráter cavalheiresco”
FABIO MECHETTI, regente
ASIER POLO, violoncelo JOÃO CARLOS FERREIRA, viola
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INTERVALO PROGRAMA BUSONI 150 ANOSB
Introdução Tema Sancho Pança Variação 1 Variação 2 Variação 3 Variação 4 Variação 5 Variação 6 Variação 7 Variação 8 Variação 9 Variação 10 FinaleTempo moderado (cavalheiresco e galante)
Don Quixote, O Cavaleiro da Triste Figura: Moderadamente Modo maior
A Aventura com os Moinhos de Vento: Sem pressa A luta contra o rebanho de ovelhas: Bélico
Diálogo entre Cavaleiro e Escudeiro: Tempo moderado
A Aventura infeliz com uma Procissão de Peregrinos: Pouco mais largo A vigília do Cavaleiro: Livremente declamado e sentimental
Dulcineia encantada: Rápido
A cavalgada no ar: Um pouco mais calmo do que antes A viagem no barco encantado: Sem pressa
O combate com os dois mágicos: Rápido e tempestuoso Duelo contra o Cavaleiro da Lua Branca, O retorno do derrotado Don Quixote: Muito mais largo
11 Nascido em Bilbao, Espanha, Asier Polo
estudou com Elisa Pascu, María Kliegel e Ivan Monighetti. Ele logo se destacou vencendo os primeiros prêmios para Violoncelo e Música de Câmara no Concurso Nacional de Jovens Músicos. Entre recentes e futuros compromissos do músico, figuram concertos como solista com a maioria das principais orquestras espanholas e outras orquestras estrangeiras, como as filarmônicas da BBC, de Israel, de Dresden, da Louisiana e de Bergen, Sinfônica Nacional da RAI italiana, Orquestra de Paris, Sinfônica de Porto Rico e Sinfônica de Mineria. Polo já se apresentou sob a batuta de importantes regentes, como Rafael Frühbeck de Burgos, Juanjo Mena, Pinchas Steinberg, Claus Peter Flor, Günther Herbig, Antoni Wit, Günter Neuhold, John Axelrold, Anne Manson e Carlos Miguel Prieto. Na temporada 2015/2016 ele estreia com a Orquestra Sinfônica Nacional Dinamarquesa e o maestro Juanjo Mena e também com a Filarmônica da Malásia. Esta é a terceira apresentação de Asier Polo com a Filarmônica de Minas Gerais. Polo foi convidado para festivais de destaque, como os realizados em Nantes, França; Dotzauer cello Wettbewerg, Alemanha; Concurso Internacional Carlos Prieto, México; Bienal de Veneza, Itália; Festival Internacional de Música de Granada; Morelia, México; e o Quincena Musical em San Sebastián.
Ele também já se apresentou com grandes artistas, como Sol Gabetta, Isabelle van Keulen, Josep Colom, Gerard Caussé, o Quarteto Janácek e Alfredo Kraus. Nos últimos anos, Asier Polo foi convidado de Alfred Kraus para realizar apresentações solo em seus concertos no Maggio Fiorentino, no Covent Garden de Londres, no Tonhalle de Zurique e no prestigiado Musikverein em Viena. Polo se dedica à apresentação da nova música, especialmente de seu país natal, com grande interesse por repertórios ainda desconhecidos do público, como as obras de Tomás Marco e Carmelo Bernaola. Compositores como Gabriel Ercoreca, Luis de Pablo e Antón García Abril dedicaram a Asier Polo algumas de suas obras. Ele tem sido capaz de combinar a música moderna com o grande repertório clássico, contemplando desde as suítes de Bach e os concertos clássicos e românticos até a música contemporânea. O músico gravou os concertos de Usandizaga, Villarojo, Escudero e Rodrigo para importantes selos como Claves, RTVE, Marco Polo e Naxos. Atualmente, Asier Polo é professor no Centro Superior de Música do País Basco “Musikene” e na Universidade Afonso X em Madri, bem como diretor artístico do Forum Musikael. O artista se apresenta com o violoncelo Francesco Rugieri (Cremona, 1689), adquirido em colaboração com a Fundação Banco Santander.
F O T O: NO AH SHA YE
ASIER
POLO
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B
ABERTURA DE COMÉDIA, OP. 38 (1897)
7 min
INSTRUMENTAÇÃO Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, percussão, cordas.
PARA OUVIR
CD Ferruccio Busoni – Clarinet Concertino; Flute Divertimento; Rondò arlecchinesco – Orchestra Sinfonica di Roma – Francesco la Vecchia, regente – Naxos – 2012 Orquestra Filarmônica Real – Jascha Horenstein, regente
Acesse: fil.mg/bcomedia
PARA LER
Della Couling – Ferruccio Busoni: A musical Ishmael – Scarecrow Press – 2005
Itália, 1866 – Alemanha, 1924
Ferruccio Busoni foi menino prodígio. Estudou piano e composição com alguns dos melhores mestres de sua época e foi considerado, após a morte de Liszt, como o maior pianista do mundo. Nas palavras de Stefan Zweig: “Desde a juventude eu o amara mais do que a qualquer outro virtuoso. Quando dava concertos ao piano, seus olhos assumiam um maravilhoso brilho de sonho. Suas mãos ao piano criavam incansavelmente música perfeita, mas, no alto, a bela cabeça de intelectual, um pouco inclinada para trás, escutava e assimilava a música que ele criava. Uma espécie de iluminação parecia dominá-lo sempre. Passou a maior parte de sua vida nos países de língua germânica, em busca de aperfeiçoamento técnico e reconhecimento artístico, uma vez que a cena musical italiana do final do século XIX era dominada pela ópera. Escreveu: — Onde é o meu lugar? Quando sonho à noite e desperto, sei que no sonho falei italiano. E, quando escrevo, penso em alemão.”
Aos nove anos de idade, Busoni foi levado a Viena pelo pai, para fazer-se conhecido. Além de ter sido a cidade de Mozart, Beethoven e Schubert, Viena era a capital da música na época. Naquele final de ano, quando o jovem garoto da Toscana entrava na cidade, Wagner regia seu Lohengrin na Hofoper e Bruckner lecionava na Universidade. Johann Strauss filho, o Rei da Valsa, lotava os salões de baile com suas duas orquestras. Liszt dava recitais na cidade e Brahms morava em Viena desde 1863. Nos anos seguintes Busoni viveu entre Áustria e Itália, estudando piano e composição intensamente. Aos treze anos escreveu: — (...) já me apresentei para grandes personalidades na Corte Austríaca, tais como o Imperador do Brasil, a Rainha de Hanover e a Arquiduquesa Elisabeth (carta para Otto von Kapff de 4 de junho de 1879). Aos dezessete anos novamente estava tentando a sorte em Viena. Depois de se fazer ouvir
pelas personalidades mais importantes do meio musical da época, dentre elas Liszt, Brahms, Rubinstein, Hanslick e Richter, teve início sua sólida carreira de concertista e compositor, além de professor, regente e editor. Estabeleceu-se em Berlim em 1894, tornando-se um mestre dos mais respeitados. Deixou uma obra musical importante e alguns textos fundamentais para o estudo da música do início do século XX, dentre os quais ressalta o Ensaio de uma nova estética musical, escrito em 1906. Busoni não foi um conservador nem um inovador radical. Sua música conserva frescor e originalidade. A Abertura de Comédia – Eine Lustspiel-Ouvertüre – apresenta certo caráter mozartiano e a dramaticidade germânica do final do século XIX, revestidos de melodias tipicamente italianas, à maneira de Rossini. Composta em uma única noite, a obra foi revisada pelo compositor em 1904 e publicada no mesmo ano. O primeiro tema, vivo e trepidante, divide-se entre as cordas e as madeiras. O segundo, dolce espressivo, é
apresentado pelo clarinete. Uma breve seção, em que o autor desenvolve as ideias musicais do início, nos conduz à reapresentação dos dois temas. A peça termina com uma coda efusiva.
Ferruccio
BUSONI
13 GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e
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SINFONIA Nº 4 EM RÉ MENOR, OP. 120
(1841, revisada em 1851)
28 min
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
PARA OUVIR
CD Schumann – The Symphonies; Genoveva e Manfred Overtures – Orquestra Concertgebouw de Amsterdã – Bernard Haitink, regente – Philips Classics, GCM, 27A, 441-241-2 – PolyGram Records, Inc., Brasil – 1991
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Viena – Leonard Bernstein, regente Acesse: fil.mg/ssinf4
PARA LER
Ralph Hill – Sinfonia – Editora Ulisseia – 1959
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS
Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce
músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta
o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
Saxônia, atual Alemanha, 1810 – Endenich, atual Alemanha, 1856
A música de Schumann possui um aspecto biográfico, confidencial. As características intimistas de seu gênio cristalizam-se com grande poesia e admirável concisão em sua singular produção pianística e nos Lieder. Mas o compositor sabia que tais qualidades diluíam-se ao escrever segundo os modelos arquitetônicos preestabelecidos pela grande forma sonata orquestral. Mesmo estudando e admirando incondicionalmente as sinfonias de Haydn, Mozart, Beethoven e Schubert, Schumann deveria procurar um caminho pessoal nesse campo. Entre seus contemporâneos, não lhe atraía a proposta dos poemas sinfônicos de Berlioz — que ele conheceu, apreciou, mas rejeitou como modelo. Por outro lado, sua fantasia o afastava do equilíbrio formal das sinfonias de Mendelssohn. Na verdade, ele só se dedicou à orquestra na maturidade, quando julgou possuir algumas ideias realmente próprias. E, entretanto, sua obra sinfônica é extensa, compreendendo sinfonias, aberturas e concertos. Schumann trata o gênero sinfonia com grande liberdade. A beleza dos temas e das ideias secundárias dilui a rigidez da forma sonata e permite um desenvolvimento alternativo ao típico jogo bitemático clássico. Os contrastes necessários ao discurso musical se estabelecem mais pelo encadeamento melódico do que pela oposição dos temas. A Sinfonia nº 4 foi iniciada em 1841 e, cronologicamente, seria a segunda. Mas só adquiriu sua forma definitiva dez anos depois, quando a orquestração foi refeita, após as estreias da segunda e da terceira sinfonias. A preocupação com a unidade formal é marcante nesta quarta sinfonia — as diversas partes sucedem-se umas às outras sem interrupção, desfazendo o caráter fechado de cada uma delas e formando um único discurso. Vários temas, transfigurados em engenhosas reapresentações, circulam por todos os movimentos, em uma evidente antevisão do conceito de sinfonia cíclica.
A Sinfonia nº 4 inicia-se com uma introdução lenta que se une ao Allegro por um acelerando gradativo do andamento. Os temas expostos nessa primeira seção terão papel relevante na arquitetura de toda a obra. Assim, o melancólico motivo da introdução reaparecerá nos movimentos centrais, três vezes transfigurado: Na Romança (lá menor), após a bela melodia inicial dos oboés e violoncelos, reapresenta-se na parte central, em Ré maior, com um violino solo tecendo belos arabescos. No movimento seguinte, o mesmo motivo, transfigurado em cânone invertido, determina a ambientação rústica e percutida do Scherzo. Depois, por meio de sutis variantes cromáticas, muda radicalmente seu caráter para impregnar o trio de lirismo doce e sonhador. No movimento final – dezesseis compassos de introdução lenta, seguida de um vivace –, o sinuoso arabesco que constitui o tema principal do Allegro inicial reaparece e, em combinação com dois novos motivos, constrói um amplo desenvolvimento. Entretanto, caprichosamente, Schumann omite a habitual reexposição. Um novo e inesperado tema (tratado em stretto) conclui a Sinfonia em clima de júbilo, repleto de luminosidade.
Robert
SCHUMANN
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DON QUIXOTE, OP. 35, “VARIAÇÕES FANTÁSTICAS SOBRE
UM TEMA DE CARÁTER CAVALHEIRESCO” (1897)
43 min
INSTRUMENTAÇÃO Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes, contrafagote, 6 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, 1 eufônio, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIR
CD Richard Strauss, Don Quixote; Robert Schumann, Cello Concerto – Orquestra Filarmônica de Berlim; Orquestra Nacional da França – Herbert von Karajan; Leonard Bernstein, regentes – Mstislav Rostropovich, violoncelo – EMI – 1999
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Berlim – Herbert von Karajan, regente – Mstislav Rostropovich, violoncelo | Acesse: fil.mg/sdonquixote
PARA LER
Bryan Gilliam (org.) – Richard Strauss: New perspectives on the composer and his works – Duke University Press – 1997
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.
Baviera, atual Alemanha, 1864 – Alemanha, 1949
O grande movimento literário, humanista e musical que, no século XIX, se traduziu no Romantismo abraça a liberdade como uma de suas causas primárias. Na música, o caminho para a livre expressão individual, aberto revolucionariamente por Beethoven, cria, por um lado, uma arte confessional em que o compositor procura exprimir-se a si próprio e a seus estados emocionais e psicológicos, numa dinâmica que acaba por criar linguagens distintas e infinitamente pessoais, açambarcadas pela ideologia comum que esse ideal libertário engendra. Por outro lado, abre novas perspectivas formais que, associadas à diretiva da expressão individual, nortearão grandes conquistas da linguagem musical. Se a geração posterior a Beethoven ainda se sente receosa para trilhar em profundidade esses caminhos, a geração seguinte os elege como vias arteriais, gerando obras como a de Franz Liszt. Sua figura mitológica parece ter eclipsado o valor de algumas de suas empresas artísticas mais relevantes: dentre elas, no campo da música sinfônica, senão a criação, a consolidação do poema sinfônico. Baseado sempre num enredo literário, esse gênero musical, por assim dizer, está para além de meras descrições musicais. Ao contrário, o elemento literário, no poema sinfônico, tem a função de mote e de fio condutor para a livre expressão musical e criadora do compositor. Por isso mesmo, a sua liberdade formal em relação a modelos preestabelecidos (a exemplo da forma sonata) o coloca dentre os gêneros mais genuínos do Romantismo sinfônico.
Foi com o poema sinfônico que Richard Strauss conquistou renome internacional. São dessa mesma safra obras importantes como Macbeth (1886/1888), Don Juan (1888), Till Eulenspiegel (1894/1895) — obra de originalidade surpreendente — e Don Quixote, estreada em 1898.
Baseado no célebre romance de Miguel de Cervantes, Strauss trabalha formalmente esse seu poema sinfônico utilizando-se de um processo de composição que se constitui de dez variações sobre um mesmo tema, seguidas de um finale. De fato, o compositor lhe confere um subtítulo: “Variações
fantásticas sobre um tema cavalheiresco”. Ademais, endossando a liberdade criativa e formal que o poema sinfônico pressupõe, Strauss elabora, na obra, uma importante parte solista para o violoncelo, que representa o Cavaleiro da Triste Figura. As variações se fundamentam em diversos aspectos e episódios do
romance de Cervantes, o que relativiza, assim, a tendência narrativa inerente ao gênero: aspectos psicológicos da personagem adquirem musicalmente peso igual ao de eventos da narrativa que são evocados. Assim, por exemplo, a primeira variação tanto apresenta Dulcineia como meta na mente confusa do fidalgo, quanto evoca a famosa batalha com os moinhos de vento. No entanto, independentemente de maiores identificações descritivas relacionadas a elementos do texto de Cervantes, a obra de Strauss garante a sua estabilidade em si mesma, tão-somente pela sua coerência interna e pela sua arquitetura formal, que, calcada na liberdade criativa, atinge unidade e coerência musicais, apesar de fundamentadas em um argumento literário.
Richard
STRAUSS
F
O
T
O: ALEXANDRE
21 * principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado Ilustrações: Mariana Simões
FORTISSIMO março nº 4 / 2016 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO Marcos ArakakiOrquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOSAnthony Flint – Spalla Rommel Fernandes –
Spalla Associado
Ara Harutyunyan –
Spalla Assistente
Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Matheus Braga Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Mateus Freire Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Eliseu Barros ***** Clayton Silva ***** Aline Pascutti ***** VIOLAS
João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina Iberê Carvalho ***** VIOLONCELOS Philip Hansen * Felix Drake *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Eneko Aizpurua Pablo Lina Radovanovic Robson Fonseca CONTRABAIXOS Colin Chatfield * Nilson Bellotto *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano FLAUTAS Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova OBOÉS Alexandre Barros * Ravi Shankar *** Israel Muniz Moisés Pena CLARINETES
Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva FAGOTES Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva TROMPAS
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata TROMPETES Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES
Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA Eleilton Cruz * EUFÔNIO Marco Antônio Almeida ***** TÍMPANOS Patricio Hernández Pradenas * PERCUSSÃO Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA Giselle Boeters * TECLADOS Ayumi Shigeta * GERENTE Jussan Fernandes INSPETORA Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira ARQUIVISTA
Ana Lúcia Kobayashi
ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman PRESIDENTERoberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice Menegale Bruno Volpini Celina Szrvinsk Fernando de Almeida Ítalo Gaetani Marco Antônio Pepino Marcus Vinícius Salum Mauricio Freire Mauro Borges Octávio Elísio Paulo Brant Sérgio Pena
Diretoria
Executiva
DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO Estêvão Fiuza DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL Kiko FerreiraEquipe Técnica
GERENTE DE COMUNICAÇÃOMerrina Godinho Delgado
GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICAL Carolina Debrot PRODUTORES
Luis Otávio Rezende Narren Felipe ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia) Renata Gibson Renata Romeiro (Design gráfico) ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Mônica Moreira ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOS Itamara Kelly Mariana Theodorica ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez
Equipe
Administrativa
GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRAAna Lúcia Carvalho
GERENTE DE RECURSOS HUMANOS
Quézia Macedo Silva
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS
João Paulo de Oliveira Paulo Baraldi ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho SECRETÁRIA EXECUTIVA Flaviana Mendes ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Cristiane Reis ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOS Vivian Figueiredo RECEPCIONISTA
Lizonete Prates Siqueira
AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda Conceição Márcia Barbosa MENSAGEIROS Bruno Rodrigues Serlon Souza MENOR APRENDIZ Mirian Cibelle
Sala Minas
Gerais
GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO Mauro Rodrigues TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca ASSISTENTE OPERACIONAL Rodrigo BrandãoInstituto Cultural Filarmônica
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Fernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Antônio Andrade
(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
23 VISITE A CASA VIRTUAL DA SUA ORQUESTRA
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CONCERTOS COMENTADOS
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CUMPRIMENTOS
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cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTO
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Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
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Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
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0 PROGRAMA DE CONCERTOS
O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma
oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site
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5 / mar, 18h
Mozart — Menino prodígio
10 e 11 / mar, 20h30
Barber, Tchaikovsky, Kalinnikov
17 e 18 / mar, 20h30
Busoni, Schumann, R. Strauss
2 / abr, 18h
Mozart — Concertos
7 e 8 / abr, 20h30
Gomes, Haydn, Chopin, Tchaikovsky
14 e 15 / abr, 20h30
Ravel, Ginastera, Smetana, Bartók
24 / abr, 11h
Danças — Dvorák, Mozart,
Brahms, Copland, Chopin, Borodin, Guarnieri, J. Strauss Jr., Marquez
28 e 29 / abr, 20h30
Satie, Dutilleux, Bizet, Debussy
ALLEGRO VIVACE JUVENTUDE ALLEGRO VIVACE ALLEGRO VIVACE PRESTO VELOCE PRESTO VELOCE FORA DE SÉRIE FORA DE SÉRIE
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