• Nenhum resultado encontrado

Data do documento 21 de janeiro de 2021

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Data do documento 21 de janeiro de 2021"

Copied!
24
0
0

Texto

(1)

Processo

3384/16.5T8GMR.G1.S1

Data do documento 21 de janeiro de 2021

Relator

Tibério Nunes Da Silva

SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA | CÍVEL

Acórdão

DESCRITORES

Impugnação da matéria de facto > Junção de documento > Inadmissibilidade > Conhecimento oficioso > Poderes da relação > Novos meios de prova > Prova documental > Reapreciação da prova > Princípio da verdade material > Nulidade de acórdão > Oposição entre os fundamentos e a decisão > Erro de julgamento

SUMÁRIO

I. A contradição entre os fundamentos e a decisão, que dá origem à nulidade prevista no art. 615º, nº 1, c), do CPC, ocorre quando a construção da sentença é viciosa, pois os fundamentos invocados pelo juiz conduziriam logicamente, não ao resultado expresso na decisão, mas a resultado oposto, não se confundindo uma tal situação com o eventual erro na avaliação dos elementos probatórios produzidos nem com a interpretação dos factos no exercício da subsunção ao direito.

II. A circunstância de se concluir pela inadmissibilidade, em termos formais, face ao preceituado no art. 651º, nº 1, do CPC, da junção dos documentos com as alegações, não constitui obstáculo a que o Tribunal da Relação, oficiosamente, como tribunal de instância, ordene que sejam juntos esses documentos.

III. Tal terá cabimento quando o Tribunal da Relação entenda, assumindo uma posição diferente da da 1ª Instância, serem os documentos necessários ao apuramento da verdade material e justa composição do litígio, capazes, na sua perspectiva, de resolver uma dúvida que levara a 1ª Instância a lançar mão de uma presunção legal para dirimir a questão em jogo.

TEXTO INTEGRAL

(2)

I

AA. e BB. intentaram contra CC. e mulher, DD., e EE. e marido, FF., todos com os sinais dos autos, acção declarativa com processo comum, por apenso ao Inventário nº 2298/10…, alegando que:

Em … de Fevereiro de 2010, faleceu GG., pai dos AA. e dos RR. CC. e EE., no estado de casado com HH., em primeiras núpcias de ambos, sob o regime da comunhão geral de bens.

Por sua vez, em 21 de Novembro de 2011, faleceu HH..

Os inventariados GG. e HH. deixaram, como seus sucessores, 9 filhos, isto é, os AA., os RR. CC. e EE. e ainda II., casado no regime da comunhão de adquiridos com JJ., LL., MM., NN. e OO..

Em 11 de Junho de 2010, foi instaurado o inventário por morte de GG. e, em 9 de Dezembro de 2014, face ao óbito de HH., ocorrido em 21 de Novembro de 2011 foi admitida a cumulação de inventários.

Como cabeça-de-casal, em ambos os inventários, foi nomeado o ora 1º R. CC., que declarou nos autos não existir passivo, indicando ou relacionando, como bens da herança do de cujus os montantes depositados em duas contas bancárias da Caixa Geral de Depósitos e uma motorizada.

A tal relação de bens reagiu o interessado II., acusando, além do mais, a não relacionação de depósitos bancários de valor aproximado de €75.000,00, em contas em que figuravam como titulares, para além do de cujus, também sua mulher HH. e os aqui RR. CC. e EE..

Foi a pretensão do interessado II. indeferida.

Em 14 de Julho de 2014, na sequência da instauração do inventário por morte da inventariada HH., veio o 1º R., na aludida qualidade de cabeça-de-casal, declarar não haver passivo nem activo, não existindo bens a partilhar, o que deu azo a reclamação, tendo o interessado II. acusado a falta de relacionação de quantias em dinheiro, no valor de cerca de €70.000,00, depositadas em instituições bancárias cujos identificativos desconhecia, mas de que a inventariada HH. era titular.

Acontece que, em buscas posteriormente levadas a cabo junto do Banco de Portugal, lograram os AA. tomar conhecimento de que os inventariados, à data das respectivas mortes, eram titulares de contas domiciliadas em diversas instituições bancárias, como as que indicam no art. 18º da petição.

Em conluio e com o intuito de se apropriarem dos respectivos montantes que eram pertença exclusiva da inventariada HH., sem o conhecimento e consentimento desta, que, ademais, desde, pelo menos, Dezembro de 2009, não tinha autonomia, quer física quer psíquica, aproveitando-se do facto de terem sido

(3)

por ela indicados como seus contitulares, com plenos poderes para as movimentarem, os RR. procederam ao levantamento e/ou resgate de várias quantias, encerrando as contas.

Os RR., dolosamente, ocultaram as aludidas contas bancárias e respectivas quantias aí depositadas, pertença exclusiva de sua mãe, sonegando-as ao respectivo inventário.

Concluíram, pedindo que:

a) - se declarasse que os montantes ou valores retirados ou resgatados pelos RR. das contas bancárias descritas no ponto 18 supra eram pertença exclusiva dos inventariados;

b) – se declarasse que tais quantias foram dolosamente sonegadas pelos RR., aos inventários, na qualidade de, também, herdeiros legitimários dos inventariados GG. e de HH.;

c) – se condenassem os RR. a restituir à herança dos referidos inventariados GG. e HH., tais quantias em dinheiro, a fim de aí serem partilhadas, e

d) – se declarasse que os RR. incorreram nas sanções previstas no artigo 2096º do CCivil e, por isso, excluídos da partilha das aludidas quantias por eles sonegadas.

Contestaram os RR., defendendo-se por excepção (invocando a litispendência, relativamente ao inventário) e por impugnação, negando a sonegação ou apropriação de bens que tivessem de ser partilhados.

Além disso, deduziu o R. reconvenção, invocando créditos relativos às despesas com os funerais, terreno do cemitério, sepultura dos pais e todas as missas celebradas em seu nome, no montante de €6.073,36.

Replicaram os AA., pugnando pela improcedência da excepção e pelo indeferimento liminar da reconvenção.

Na sequência de despacho convidando os AA. a deduzirem incidente de intervenção principal dos restantes herdeiros como seus associados, foi por eles apresentado requerimento e foi admitida a intervenção principal provocada de II., MM., LL., NN. e OO..

Os Intervenientes não apresentaram articulado.

Foi dispensada a audiência prévia.

(4)

Não se admitiu a reconvenção.

Definiu-se o objecto do litígio e elencaram-se os temas de prova.

Prosseguindo os autos, teve lugar a audiência de discussão e julgamento e foi proferida sentença, concluindo-se pela seguinte forma:

«Em face do exposto, julgo a ação parcialmente procedente e, em consequência:

a. Declaro que as quantias depositadas nas contas bancárias identificadas 15. e 29. dos factos provados, pertencem à herança aberta por óbito de HH.;

b. Declaro que metade das quantias depositadas nas contas bancárias identificadas em 16. dos factos provados pertencem à herança aberta por óbito de HH.;

c. Declaro que metade das quantias aludidas em 30. dos factos provados foram sonegadas à herança aberta por óbito de HH. pelo 1.º Réu CC.;

d. Condeno o Réu CC. a restituir à herança aberta por óbito de HH. metade das quantias mencionadas em 30. dos factos provados;

e. Condeno a Ré EE. a restituir à herança aberta por óbito de HH. o saldo da conta bancária identificada em 15. dos factos provados;

f. Declaro que o 1.º Réu, em virtude do aludido em c., perde em benefício dos co-herdeiros o direito que possa ter a qualquer parte das quantias sonegadas;

g. Absolvo os Réus do demais peticionado.»

Inconformados, recorreram quer os AA. quer os RR., tendo o Tribunal da Relação … julgado a apelação dos Autores improcedente e a apelação dos Réus parcialmente procedente e, em consequência, revogado as als. b) a g) da sentença recorrida, declarando que, das quantias depositadas nas contas bancárias existentes na CEMG e referidas em 16 dos factos provados, pertence à herança aberta por óbito de HH. a de € 702,54 e absolvendo os Réus do restante peticionado.

Os AA., novamente inconformados, interpuseram recurso de revista, concluindo as suas alegações pela seguinte forma:

(5)

facto e de direito e o segmento decisório, nos termos do art. 615.º, n.º 1, alínea c), do CPC.

II – Pese embora este mecanismo ex novo da alínea b), do nº 2, do artigo 662º, do CPCivil, em resultado da última reforma processual, tenha vindo ampliar os poderes da Relação em sede de matéria de facto, nomeadamente poder ordenar a produção de novos meios de prova, inclusive documental, entendem os ora recorrentes que tais poderes não são discricionários ou arbitrários, encontrando-se, desde logo, limitados aos casos em que exista dúvida fundada sobre a prova realizada e nessas situações o Tribunal da Relação deverá tanto quanto possível colocar-se num plano semelhante àquele em que se encontrava o juiz do Tribunal de 1ª instância aquando da realização da audiência de julgamento que precede a sentença.

III – No caso dos autos não foi isso que aconteceu, porquanto e salvo o devido respeito, a Relação não só confunde dúvida na prova realizada com falta ou inexistência de prova, como no juízo ou valoração que faz sobre a prova realizada não só se coloca num plano semelhante ao da Mma Juiz da 1ª instância.

IV – Por isso, nunca os documentos juntos pelos réus com as alegações deveriam ter sido admitidos, não só porque, conforme decidido, não se verificavam os respetivos condicionalismos previstos no artigo 651º, mas também porque da prova produzida não resultou qualquer dúvida quanto à titularidade do dinheiro, mas outrossim, não foi feita qualquer prova efetiva no que a tal concerne.

V – Aliás, a própria Relação a fls. 59 do acórdão proferido nos autos é clara ao afirmar que “Do conjunto da prova produzida no julgamento e documentos juntos aos autos até à prolação da sentença, que este tribunal analisou na íntegra conforme já supra referiu, acompanha-se a decisão proferida em 1ª instância sobre esta matéria, ou seja, que face aos elementos juntos não foi feita prova efetiva sobre a titularidade do dinheiro. A fundamentação da sentença sobre esta matéria é clara e escorreita e fez uma análise crítica da prova que se tem como adequada e em conformidade com as regras da experiência comum. Remete-se, pois, para o que na sentença se disse sobre este concreto ponto factual.

Porém, a sentença, perante o não apuramento da titularidade do dinheiro depositado nas contas, socorreu-se da presunção legal do art. 516º, do CC, e concluiu que metade dos saldos existentes pertenciam à falecida HH..

Tendo em conta os elementos que à data existiam nos autos esta conclusão por via da presunção legal afigurava-se correta, não sendo merecedora de reparo.”

VI – O douto acórdão da Relação violou o fez errada interpretação, além doutras disposições, do preceituado no artigo 662º, nº 2, alínea b), do CPCivil.

VII – Em face de tudo quanto acima ficou exposto, o acórdão recorrido deverá ser revogado, ou para procedência imediata do pedido, ou para a causa vir a ser de novo submetida ao Tribunal da Relação …….,

(6)

com a finalidade primária de julgar o peticionado totalmente procedente nos termos constantes da apelação dos ora recorrentes.

Termos em que, não pelo que se alegou, mas pelo que V. Exas doutamente suprirão, deve ser dado provimento ao presente recurso, declarando-se a nulidade acima invocada e ordenando-se a baixa do processo com a consequente reforma da decisão anulada; ou caso assim não se entenda, revogando-se o acórdão de que ora se recorre e a sentença de 1.ª instância, substituindo-os por decisão que condene os réus, conforme peticionado na petição inicial e nos termos expostos na apelação dos ora recorrentes, assim se cumprindo a lei e se fazendo, como habitualmente, JUSTIÇA.»

Contra-alegou o R. CC., pugnando pela manutenção do acórdão recorrido.

*

Sendo o objecto dos recursos definido pelas conclusões de quem recorre, para além do que for de conhecimento oficioso, assumem-se como questões a apreciar, neste caso, as de saber se o acórdão recorrido enferma de nulidade e se nele se fez uma errada interpretação do artigo 662º, nº 2, al. b), do CPC, com uso, pelo Tribunal a quo, dos seus poderes (aí previstos) fora dos limites legais.

II

Foram, no acórdão recorrido, dados por provados os seguintes factos (figurando a negrito os pontos da matéria de facto alterados pela Relação):

«§ Oriundos da petição inicial:

1. Em 07.02.2010, faleceu GG., pai dos Autores e dos Réus CC. e EE., no estado de casado com HH., em primeiras núpcias de ambos, sob o regime da comunhão geral de bens.

2. Por sua vez, em 21.11.2011, faleceu a mãe dos mesmos, HH..

3. Os inventariados GG. e HH. deixaram, como seus sucessores, 9 (nove) filhos: os Autores, os Intervenientes e os Réus.

4. Em 11.06.2010, foi instaurado o inventário por morte do aludido GG. e, em 09.12.2014, face ao óbito de HH., ocorrido em 21.11.2011, foi admitida a cumulação de inventários.

(7)

6. No desempenho das respetivas funções de cabeça de casal e no que concerne aos bens que compõem a herança do inventariado GG., em 31.01.2011, esse CC. foi ao inventário dizer não existir passivo, indicando ou relacionando, como bens da herança, os seguintes: «1. Quantia depositada na Conta Poupança na Caixa Geral de Depósitos, conta nº ……, do balcão de …. e que, em 19-09-2010, apresentava um saldo de € 2.325,20»; «2. Quantia depositada na Conta à ordem da Caixa Geral de Depósitos, nº ….., do balcão de …. e que, em 16-11-2010, apresentava um saldo de € 820,38” e «3. Motorizada, matrícula …, no valor de € 5,00.»

7. A tal relação de bens, reagiu o interessado II., acusando, além do mais, a não relacionação de depósitos bancários de valor aproximado de € 75.000,00, que o inventariado terá deixado, à data sua morte, dinheiro em depósitos bancários, no valor aproximado de € 75.000,00, em contas bancárias em que figuravam como titulares, para além do de cujus, também sua mulher HH. e os aqui Réus CC. e EE. e, por outro lado, requerer que estes Réus fossem notificados para informarem nos autos quais as entidades bancárias e número das respetivas contas ou, para o caso de os mesmos se recusarem a prestar tais informações, fosse ordenado que o Banco de Portugal oficiasse a todos os bancos ou instituições bancárias a operar em Portugal, para que informassem os autos de todas as contas bancárias existentes em nome do inventariado GG. e de sua mulher HH..

8. Notificados desta reclamação, nem o 1.º Réu, nem a 2.ª Ré foram aos autos dizer o que quer que fosse.

9. Por douto despacho proferido nesses autos, foi a pretensão do interessado II. indeferida, por se entender «não caber ao tribunal (e em face do silêncio do cabeça de casal e demais interessados), nos presentes autos, investigar da (possível) existência ou não de bens, mas sim, determinar o relacionamento ou não de bens existentes.»

10. Em 14.07.2014, na sequência da instauração do inventário por morte da inventariada HH. e notificado para o efeito, veio o 1.º Réu, na aludida qualidade de cabeça de casal, declarar, «quanto aos bens a partilhar, que à data do falecimento de HH., não havia passivo nem ativo, não existindo bens a partilhar, pelo que, apesar da cumulação de inventários, a relação de bens mantém-se a apresentada aquando do inventariado GG..»

11. Notificados desta posição do cabeça de casal, os Autores e os ali demais interessados reclamaram da mesma, tendo o interessado II. acusado a falta de relacionação de quantias em dinheiro – cerca de € 70.000,00 – depositadas em instituições bancárias cujos identificativos desconhecia, vindo ainda o aqui Autor AA. pedir fosse oficiado ou notificado o banco BPI e o Montepio Geral para que informassem os autos quais as contas e respetivos montantes aí depositados, em nome da inventariada HH..

12. Notificados destas reclamações à relação de bens apresentada por óbito de sua mãe, novamente os aqui Réus nada disseram, tendo sido reiterado o despacho a que se alude em 9.

(8)

13. Em buscas posteriormente levadas a cabo junto do Banco de Portugal, lograram os Autores tomar conhecimento que, para além das contas nº …. e nº …., ambas domiciliadas na CGD (e relacionadas sob as verbas 1 e 2 da relação de bens apresentada no inventário daquele GG.), à data da respetiva morte, era a inventariada HH. titular das seguintes contas bancárias:

a) Das contas bancárias n.ºs …. e …, ambas domiciliadas no BCP;

b) Da conta bancária n.º … (PT …), domiciliada no BCP;

c) Da conta bancária n.º … (PT …), domiciliada no BCP;

d) Da conta bancária n.º PT …, domiciliada na CGD;

e) Da conta bancária n.º …. (com o IBAN PT ….) e …, domiciliadas na CEMG.

14. A conta bancária n.º …, domiciliada no BCP, era co-titulada pela inventariada HH. e o saldo nela existente era pertencente a esta.

15. A conta bancária n.º …., domiciliada no BCP, era co-titulada pela inventariada HH. e pela 2.ª Ré EE., e o saldo nela existente era pertencente àquela.

16. As contas bancárias n.ºs … e …, domiciliadas na CEMG, eram co-tituladas pela inventariada HH. e pelo 1.º Réu CC..

17. Na conta bancária n.º …., domiciliada na CEMG, foi depositada, em 12.12.2011, o montante de € 15.120,00.

18. Em 13.06.2011, foi liquidado o depósito a prazo da conta n.º …, no valor de € 13.661,86.

19. O réu CC. fez o resgate da quantia de € 15 000 da conta do Montepio.

20. Desde pelo menos dezembro de 2009 que a inventariada HH. padecia de demência, não sendo autónoma e não dispondo de capacidade de discernir sobre a gestão ou movimentação de dinheiro ou contas bancárias.

21. Os Autores interpelaram o 1.º Réu CC. à restituição à herança de saldos bancários ocultados, mediante apresentação de reclamação contra a relação de bens no processo de inventário, reclamação da qual a ré EE. teve conhecimento no âmbito do referido processo.

(9)

§ Oriundos da contestação:

22. Na conta bancária com o n.º …, domiciliada na CEMG, a inventariada HH. recebia os valores da pensão processada pela Caixa Geral de Aposentações e pelo IGFSS, nos montantes que constam dos extratos de fls. 21/verso a 213.

23. O 1.º Réu CC. fez o depósito das quantias de € 3 000, € 8 400 e € 7 585 na conta bancária com o n.º …, domiciliada na CEMG.

24. O dinheiro recebido na conta bancária a título de pensões servia para o pagamento de medicamentos e demais cuidados com a sua mãe.

25. O 1.º Réu CC., além de pagar diretamente da conta algumas despesas, fazia retiradas para entregar à 2.º Ré EE., que era quem cuidava da mãe, para que aquela comprasse os bens essenciais para esta.

26. Enquanto a inventariada HH. foi viva, o 1.º Réu CC. movimentou aquela conta para fazer os diversos pagamentos das despesas correntes da vida da sua mãe.

§ Considerados nos termos do artigo 607º/4, do CPCiv:

27. A conta domiciliada na CGD [referida na al. d), de 18.] foi cancelada em 23.01.2012, não registando qualquer movimento desde 31.08.2004.

28. A conta bancária n.º …, domiciliada no BCP, tinha o saldo € 102,90, à data da morte da inventariada e o de € 435,39 em 29.12.2017.

29. A conta bancária n.º …., domiciliada no BCP, referida em 14., era ainda co-titulada por PP., (falecido) marido da Autora BB., apresentando o saldo de € 14.219,64 à data da propositura da ação.

30. As contas bancárias domiciliadas na CEMG n.º ….. e o n.º …… apresentavam, à data da morte da inventariada HH., os saldos de € 702,54 e € 15.500,00.»

III

III.1.

Defendem os Apelantes que o acórdão da Relação se encontra ferido de nulidade, por contradição lógica entre os fundamentos de facto e de direito e o segmento decisório, nos termos do art. 615.º, n.º 1, alínea

(10)

c), do CPC.

De acordo com os ensinamentos de José Alberto dos Reis, uma tal nulidade ocorre quando «a construção da sentença é viciosa, pois os fundamentos invocados pelo juiz conduziriam logicamente, não ao resultado expresso na decisão, mas a resultado oposto» (Código do Processo Civil Anotado, Coimbra Editora, 1952, Vol. V., pág. 141).

Como se observou no Ac. do STJ de 09-02-2006, Rel. Salvador da Costa, Proc. 06B202, publicado em www.dgsi.pt, «uma coisa é a contradição lógica entre os fundamentos e a decisão da sentença ou do acórdão, e outra, essencialmente diversa, o erro de interpretação dos factos ou do direito ou na aplicação deste, que não raro, na prática são confundidos».

No corpo das alegações, os Recorrentes referem que é contraditório o raciocínio expendido no acórdão em recurso no que à matéria da titularidade do dinheiro concerne.

Dizem, a propósito, o seguinte:

«De facto, sobre esta matéria entende o Tribunal recorrido que “provou-se que o réu CC. depositou na conta do Montepio nº …… as quantias de € 3 000, €8 400 e € 7 585. Não se provou a proveniência destes valores. Porém, tendo os depósitos sido feitos pelo réu CC. e não havendo indícios de que tenham outra proveniência, tudo indica que os valores depositados lhe pertenceriam a si. Nada aponta no sentido de que estes valores pertenceriam à falecida HH. pois que a mesma, à data desses depósitos, não tinha outros rendimentos conhecidos para além da sua pensão mensal de reforma de pouco mais de € 200, que era também depositada nessa conta.

Como tal, conclui-se que os valores depositados na conta do Montepio nº …… pelo réu CC. pertenciam ao mesmo.”

Mais à frente refere o mesmo Tribunal que “Como tal, do total do saldo das contas do Montepio não pertence à herança a quantia de € 15 500, que pertence ao réu CC., sendo que só o remanescente pertence à herança. É certo que o total dos depósitos ultrapassa a quantia de € 15 500, todavia, é o próprio réu que afirma que só € 15 500 lhe pertencem. Portanto, os valores que ultrapassam esta quantia não se consideram seus.”

Ora, não deixa de ser ilógico e contraditório que o Tribunal “a quo” entenda que, sem qualquer prova nesse sentido, as quantias depositadas pelo R. CC. na conta nº …, domiciliada na CEMG, e titulada por si e pela sua mãe, a inventariada HH., eram pertença daquele e depois entenda que das quantias aí existentes à data do óbito apenas a dita quantia de €15.500,00 seja pertença do mesmo, porque este terá alegado que apenas este lhe pertencia.

(11)

Como ilógico e contraditório será o Tribunal “a quo” entender que a conta bancária referida em 16 foi constituída ou aberta com valores que pertenciam à inventariada HH. – “Daqui se conclui que não há indícios de que a conta tenha sido aberta com valores pertencentes ao réu CC., mas antes que os valores que a conta foi aberta pertenciam à falecida HH.” – e depois conclua que pelo facto de os talões de depósito juntos com as alegações da apelação se encontrarem subscritos pelo réu CC. as respetivas quantias lhe pertenciam, desvalorizando em absoluto que tal conta era titulada e foi constituída pela inventariada HH..

Isto é, pelo facto dos comprovativos dos depósitos se encontrarem subscritos pelo réu CC., a Relação presume que as respetivas quantias depositadas são pertença do depositante, mas já não presume que tendo essas quantias sido depositadas na conta da inventariada HH. as mesmas são de sua pertença.

Salvo o devido e merecido respeito, tal encerra uma contradição lógica entre os fundamentos de facto e de direito e o segmento decisório, o que nos termos do disposto na alínea c), do nº 1, do artigo 615º, do CPCivil consubstancia a nulidade acórdão, nulidade esta que desde já ora se invoca e argui para todos os efeitos legais.»

No acórdão que teve como objecto a apreciação das nulidades arguidas, proferido em conferência antes de o recurso subir a este Tribunal, considerou-se não se verificarem as apontadas contradições, referindo-se, entre o mais, o seguinte:

«No caso em análise, da leitura do acórdão decorre que não existe qualquer contradição entre a fundamentação e a decisão. Há uma absoluta coerência lógica entre o raciocínio desenvolvido e a conclusão a que se chegou, havendo um correto e lógico silogismo judiciário.

A fundamentação e a decisão proferida podem estar corretas ou incorretas, e, a verificar-se a última hipótese, haverá um erro de julgamento com a consequente alteração/revogação da decisão proferida. Porém, salvo o devido respeito por opinião diversa, o que não haverá é oposição entre os fundamentos e a decisão.

Com efeito, na fundamentação do acórdão explica-se que o levantamento feito pelo réu CC. não implica qualquer sonegação de bens visto que os valores aí depositados lhe pertenciam até ao limite de €15 500, explica-se porque é que só se considera o valor de €15 500, apesar de os depósitos terem valor superior, e fundamenta-se porque se entende não existir sonegação de bens dada a ausência de conduta dolosa por parte do réu.

Explica-se a atuação de cada um dos réus relativamente às contas bancárias e porque se entende que não existe nem sonegação nem obrigação de restituição de bens.

(12)

Em decorrência lógica desta fundamentação, o acórdão revogou as als. b) a g) da sentença proferida na 1ª instância (onde se tinha declarado que metade das quantias depositadas nas contas bancárias identificadas pertenciam à herança aberta por óbito de HH. e que o réu CC. tinha sonegado metade das quantias pelo que se condenava o mesmo a proceder à sua restituição à herança, perdendo o direito às quantias sonegadas em benefício dos restantes herdeiros, condenando ainda a ré EE. a restituir à herança o saldo bancário de uma conta) e declarou que das quantias depositadas nas contas bancárias existentes na CEMG e referidas em 16 dos factos provados pertence à herança aberta por óbito de HH. a quantia de € 702,54, tendo absolvido os réus do restante contra si peticionado.

Ora, salvo o respeito que nos merece opinião contrária, não há nenhuma contradição entre a fundamentação e a decisão; ao invés, a decisão está em clara decorrência lógica do que se fundamentou.

Pode dizer-se que a fundamentação está incorreta ou que não valorou corretamente a prova; no entanto, não se pode considerar que está em oposição ou contradição com o que foi decidido.

Assim, o acórdão pode enfermar de um erro de julgamento, a corrigir por via de recurso, mas, salvo o respeito que nos merece opinião díspar, não se encontra inquinado de vício por oposição entre a fundamentação e a decisão, não sendo, por conseguinte, nulo.

O alegado pelos recorrentes de ser ilógico e contraditório o tribunal recorrido considerar sem qualquer prova nesse sentido que as quantias depositadas pelo réu CC. na conta da CEMG titulada por si e pela sua mãe pertenciam àquele e depois entender que das quantias existentes na conta à data do óbito apenas a quantia de € 15 500 pertenciam ao réu Joaquim, por este ter alegado que lhe pertenciam, poderá, em abstrato, configurar um erro de julgamento, mas nunca uma contradição lógica entre a fundamentação e a decisão. Até porque tal contradição, a existir, seria entre dois segmentos da fundamentação e nunca entre a fundamentação e a decisão.

O mesmo se diga quanto ao alegado pelos recorrentes de ser ilógico e contraditório entender que a conta foi aberta com valores pertencentes à inventariada HH. e depois se concluir que pelo facto de os talões de depósito estarem subscritos pelo réu CC. as respetivas quantias lhe pertenciam, desvalorizando em absoluto que a conta era titulada e foi constituída pela inventariada HH..

Também esta situação, em abstrato, poderá configurar um erro de julgamento, mas nunca uma contradição lógica entre a fundamentação e a decisão. Até porque tal contradição, a existir, seria entre dois segmentos da fundamentação e nunca entre a fundamentação e a decisão.

Da fundamentação do acórdão consta o percurso do raciocínio seguido para concluir a quem pertenciam os valores e o porquê de se entender que não ocorreu sonegação, tendo a decisão sido proferida em plena

(13)

conformidade com tal fundamentação.

Como tal, não existindo contradição lógica entre a fundamentação e a decisão, conclui-se que a nulidade invocada não se verifica.»

Há que apreciar.

Deu-se como provado que as contas bancárias n.ºs …… e ……, domiciliadas na CEMG, eram co-tituladas pela inventariada HH. e pelo 1.º Réu CC. (ponto 16) e que essas contas apresentavam, à data da morte da inventariada HH., os saldos de € 702,54 e € 15.500,00 (ponto 30).

Considerou-se também provado que:

23. O 1.º Réu CC. fez o depósito das quantias de € 3 000, € 8 400 e € 7 585 na conta bancária com o n.º …., domiciliada na CEMG.

O Tribunal a quo, na subsunção dos factos ao direito, considerou estar definitivamente assente, ocorrendo trânsito em julgado relativamente a essa matéria, que a conta … (facto 15) e a conta … (facto 29), ambas domiciliadas no BCP, integram a herança, importando saber se as contas do Montepio (facto 16) pertencem ou não à mesma herança, se existe obrigação de restituição por parte dos Réus e se houve sonegação de bens da herança.

Na apreciação da problemática em jogo, o Tribunal da Relação, tendo em conta a matéria dada por provada no ponto 23, concluiu que os valores aí referidos (€3 000,00, €8 400,00 e €7 585,00), depositados pelo Réu CC. na conta nº ….., domiciliada na CEMG, pertenciam a este.

Entendeu o Tribunal recorrido que, tendo os depósitos sido feitos pelo R. e não havendo indícios de outra proveniência, tudo indica que os valores por si depositados lhe pertenciam, nada apontando no sentido de que pertencessem a HH., pois que a mesma, à data desses depósitos, não tinha outros rendimentos conhecidos além da sua pensão mensal de reforma de pouco mais de €200,00, que era também depositada nessa conta.

Ponderou ainda o Tribunal recorrido em que:

«À data da morte da inventariada, existiam duas contas no Montepio, a conta à ordem que tinha um saldo de € 702,54 e o seguro de capitalização que tinha um saldo de € 15 500.

(14)

Esta quantia pertencia ao réu CC., face aos depósitos que o mesmo aí efetuou e que se referiram. Com efeito, como se pode concluir do extrato junto aos autos, depois de efetuados os depósitos foi constituído um fundo no valor de € 15 500 e este fundo foi mais tarde resgatado e transferido para a conta à ordem, sendo que só posteriormente é que o réu CC. levantou €15 000. Como tal, do total do saldo das contas do Montepio não pertence à herança a quantia de € 15 500, que pertence ao réu CC., sendo que só o remanescente pertence à herança. É certo que o total dos depósitos ultrapassa a quantia de € 15 500, todavia, é o próprio réu que afirma que só €15 500 lhe pertencem. Portanto, os valores que ultrapassam esta quantia não se consideram seus.

Perante esta conclusão é manifesto que o levantamento feito pelo réu CC. não implica qualquer sonegação de bens visto que os valores aí depositados lhe pertenciam até ao limite de € 15 500.

E, assim sendo, resta concluir que da totalidade do saldo das duas contas bancárias do Montepio só pertence à herança a quantia de € 702,54 correspondente ao saldo existente na conta nº ….., em 21.11.2011, data da morte da inventariada.»

O Tribunal da Relação entendeu alterar a matéria de facto, considerando, designadamente, o teor dos documentos juntos com as alegações.

Conforme se refere no Ac. do STJ de 02-05-2019, Rel. Tomé Gomes, Proc. nº 260/03.5TBPTS.L1.S1, publicado em www.dgsi.pt:

«(…) é lícito à Relação, nos termos do artigo 607.º, n.º 4, ex vi do artigo 663.º, n.º 2, do CPC, extrair ilações dos factos dados como provados, nomeadamente por via de presunção judicial, de modo a precisar-lhe o respetivo alcance, desde que tal não contrarie outros factos tidos como não provados e que não tenham sido impugnados».

Conjugando a matéria dada por provada, o Tribunal a quo concluiu que as quantias mencionadas no ponto 23, depositadas pelo R. CC., eram sua pertença.

Ter-se reconhecido que apenas €15.500,00 eram pertença do R., à data da morte de HH., e que, nessa mesma data, o montante existente na conta nº ….. (€702,54) será de atribuir à herança, não se apresenta, salvo o devido respeito, como contraditório com o facto de se ter dado por provado que os ditos depósitos, atribuídos ao R., ultrapassaram aquele montante.

Provou-se que:

«24. O dinheiro recebido na conta bancária a título de pensões servia para o pagamento de medicamentos e demais cuidados com a sua mãe.

(15)

25. O 1.º Réu CC., além de pagar diretamente da conta algumas despesas, fazia retiradas para entregar à 2.º Ré EE., que era quem cuidava da mãe, para que aquela comprasse os bens essenciais para esta.

26. Enquanto a inventariada HH. foi viva, o 1.º Réu CC. movimentou aquela conta para fazer os diversos pagamentos das despesas correntes da vida da sua mãe.»

Resulta desta factualidade que estamos perante uma conta que era regularmente movimentada.

Uma “resposta” negativa, como a que consta do ponto 36 (factualidade alegada pelo R. e não provada) não conduz necessariamente a resultado contrário (como sempre foi entendido pela jurisprudência).

O Tribunal a quo considerou que, tendo em conta o momento da morte da HH., só era possível dar por assente que pertencia ao R. o dito montante. Podendo os elementos probatórios indiciar um quantitativo superior a favor do R., resultou da posição do próprio apenas aquele que se deu por adquirido.

O juízo feito pelo Tribunal recorrido não é contraditório, movendo-se, sim, dentro dos limites decorrentes dos elementos probatórios produzidos e dos factos, em consequência, dados por provados. A questão coloca-se ao nível da correcta/incorrecta apreciação das provas, o que não cabe a este Tribunal sindicar (art. 674º, nº 3, do CPC).

Defendem ainda os Apelantes que é ilógico e contraditório ter o Tribunal “a quo” entendido que a conta bancária referida em 16 foi constituída ou aberta com valores que pertenciam à inventariada HH. e depois conclua que, pelo facto de os talões de depósito juntos com as alegações da apelação se encontrarem subscritos pelo réu CC. as respectivas quantias lhe pertenciam, desvalorizando em absoluto que tal conta era titulada e foi constituída pela dita inventariada.

Vejamos:

A propósito do ponto 35 (no qual se deu por não provado que «[a] abertura da conta bancária referida em 16. foi feita apenas com o dinheiro do 1º Réu CC.», o Tribunal a quo, ao proceder à apreciação da impugnação da decisão da matéria de facto, referiu ser de concluir que «não há indícios de que a conta tenha sido aberta com valores pertencentes ao réu CC., mas antes que os valores com que a conta foi aberta pertenciam à falecida HH..»

Foi mantida a “resposta negativa” do ponto 35.

(16)

«16. As contas bancárias n.ºs ……. e ……., domiciliadas na CEMG, eram co-tituladas pela inventariada HH. e pelo 1.º Réu CC..»

Ou seja, os aludidos depósitos foram feitos pelo R. numa conta também por ele titulada.

Não há contradição entre considerar-se, em sede de apreciação da impugnação da matéria de facto, haver indícios de que uma conta tenha sido aberta com valores da inventariada HH. e julgar-se provado que os montantes mencionados em 23, que vieram a ser depositados pelo R., lhe pertenciam, pelas razões aduzidas, tratando-se de uma conta de que, conforme resulta do ponto 16, também era titular.

Trata-se, igualmente aqui, de um problema de correcta avaliação dos elementos probatórios produzidos.

Não se verifica, pois, a invocada contradição entre os fundamentos e a decisão.

III.2.

Alegam os Recorrentes que, pese embora o mecanismo ex novo da alínea b), do nº 2, do artigo 662º, do CPC, em resultado da última reforma processual, tenha vindo ampliar os poderes da Relação em sede de matéria de facto, nomeadamente poder ordenar a produção de novos meios de prova, inclusive documental, tais poderes não são discricionários ou arbitrários, encontrando-se, desde logo, limitados aos casos em que exista dúvida fundada sobre a prova realizada e, nessas situações, o Tribunal da Relação deverá tanto quanto possível colocar-se num plano semelhante àquele em que se encontrava o juiz do Tribunal de 1ª instância aquando da realização da audiência de julgamento que precede a sentença.

Acrescentam que, no caso dos autos, não foi isso que aconteceu, porquanto a Relação, não só confunde dúvida na prova realizada com falta ou inexistência de prova, como, no juízo ou valoração que faz sobre a prova realizada, não se coloca num plano semelhante ao da Mma Juíza da 1ª instância. Por isso, nunca os documentos juntos pelos Réus com as alegações deveriam ter sido admitidos, não só porque, conforme decidido, não se verificavam os respectivos condicionalismos previstos no artigo 651º, mas também porque da prova produzida não resultou qualquer dúvida quanto à titularidade do dinheiro, mas outrossim, não foi feita qualquer prova efectiva no que a tal concerne.

Importa analisar.

Verifica-se que os RR. CC. e EE., tendo interposto recurso de apelação, juntaram com as alegações três documentos: dois comprovativos de depósito bancário e um extracto de movimentos de conta.

Recebidos que foram os autos na Relação, a Exmª Desembargadora Relatora proferiu (em 04-03-2020 e que foi notificado às partes, com certificação Citius elaborada em 05-03-2020), o seguinte despacho:

(17)

«Os réus recorrentes, com as alegações de recurso apresentadas em 9.12.2019 (requerimento ref ……), juntaram aos autos três documentos.

Os documentos em questão são dois comprovativos de depósitos bancários, datados de 13.9.2007 e 4.10.2007, e o extrato de movimentos da conta existente no Montepio referente ao período de 14.4.2005 a 31.12.2012, extrato este obtido em 14.10.2019.

Segundo a alegação dos réus recorrentes, trata-se de documentos que só foram obtidos após o encerramento da audiência de julgamento.

*

Os autores recorridos vieram pedir o desentranhamento de tais documentos.

*

Nos termos do art. 652º, nº 1, al. e), do CPC, cumpre autorizar ou recusar a junção de tais documentos.

Dispõe o art. 651º, nº 1, do CPC, que as partes podem juntar documentos às alegações nas situações excecionais a que se refere o art. 425º, do CPC, ou no caso de a junção se ter tornado necessária em virtude do julgamento proferido em 1ª instância.

As situações excecionais a que se refere o art. 425º, do CPC, consistem na possibilidade de junção de documentos cuja apresentação não tenha sido possível até ao encerramento da discussão em 1ª instância.

No caso em apreço não se está perante esta situação excecional. Com efeito, é verdade que o extrato tem data de 14.10.2019 e a audiência de julgamento terminou em 11.10.2019.

Todavia, daqui não se pode concluir que a apresentação dos documentos não era possível até à data do encerramento da discussão. Bastava que os documentos tivessem sido pedidos em data anterior, não estando alegada qualquer impossibilidade de efetuar tal pedido o qual se justificava desde a apresentação da contestação face ao que o réu alegou nos arts. 31º e 35º da contestação onde invoca que o dinheiro lhe pertencia sendo que o saldo existente no momento do encerramento da conta resulta da soma dos depósitos por si efetuados ao longo do tempo.

Consequentemente, também não resulta que a junção dos documentos se tenha tornado necessária em virtude do julgamento em 1ª instância.

(18)

Assim sendo, a junção dos documentos com as alegações não é admissível ao abrigo do disposto no art. 651º, do CPC.

*

Dispõe o art. 662º, nº 2, al. b), do CPC, que a Relação deve, mesmo oficiosamente, ordenar, em caso de dúvida fundada sobre a prova realizada, a produção de novos meios de prova.

Como refere António Geraldes (in Recursos no Novo Código de processo Civil, 5ª edição, pág. 296) “trata-se de uma diligência que não está circunscrita a depoimentos, podendo incidir sobre quaisquer meios de prova, desde que se revele a existência de dúvida fundada sobre a prova realizada que seja suscetível de sanação mediante a produção de novos meios de prova” (...) e “deve ser encarado como um poder/dever atribuído à Relação e que esta usará de acordo com critérios de objetividade, quando percecione que determinadas dúvidas sobre a prova ou falta de prova de factos essenciais poderão ser superadas mediante a realização de diligências probatórias suplementares. (...)

Como “critério orientador pode servir a apreciação crítica da atuação que o juiz de 1ª instância teve ou deveria ter tido aquando da realização da audiência final, ponderando casuisticamente a amplitude dos poderes de averiguação que a lei lhe confere (art. 411º) e que podem ser transpostos naquelas circunstâncias para a Relação, quando esta se depare com as aludidas dúvidas sérias suscetíveis de serem dirimidas.”

Ora, no caso em análise, os documentos juntos com as alegações revelam-se úteis para o apuramento da verdade material e justa composição do litígio pois existem no caso dúvidas sérias no que toca à propriedade dos valores depositados na conta bancária do Montepio e que subsistem mesmo após a produção de prova na audiência de julgamento.

Perante tais dúvidas, este tribunal pode ordenar a junção dos documentos, por força do princípio do inquisitório, ao abrigo das disposições conjugadas dos arts. 662º, nº 2, al. b) e 411º, ambos do CPC.

Não faz sentido, do ponto de vista da economia processual, determinar o desentranhamento dos documentos, por não se verificar o condicionalismo a que alude o art. 651º, do CPC, e, de seguida, determinar oficiosamente a junção dos mesmos documentos, desta vez ao abrigo do princípio do dispositivo.

Por esse motivo, embora, como supra se concluiu, a junção dos documentos não seja admissível ao abrigo do art. 651º, do CPC, uma vez que se considera que tais documentos, no concreto caso em apreço, são necessários ao apuramento da verdade material e justa composição do litígio, ao abrigo do princípio do inquisitório previsto no art. 411º, do CPC, admite-se a sua junção aos autos.»

(19)

Na mesma altura, mandou-se inscrever o processo em tabela. Porém, haveria de ser dela retirado (cota de 16-03-2020), em consequência de um provimento que determinou o encerramento temporário do Tribunal da Relação, naturalmente devido à situação de pandemia. Foi reinscrito em tabela em 15-04-2020, vindo a ser proferido acórdão em 23-04-2020.

Não houve, autonomamente, reclamação do despacho aludido, mas é certo que, pelo meio, ocorreu a suspensão dos prazos decorrente da situação da Covid-19, nos termos do disposto no art. 7º da Lei nº 1-A/2020, de 19-03, e da Lei nº 4-A/2020 de 06-04, a que se juntaram as férias da Páscoa, após as quais (no segundo dia subsequente) ocorreu a dita reinscrição em tabela.

O acórdão recorrido assumiu a junção dos documentos que foi determinada pela Exmª Relatora, como emana da apreciação da impugnação da matéria de facto, na qual o respectivo conteúdo foi tomado em consideração.

Dispõe o art. 662º, nºs 1 e 2, al. b) do CPC:

«1 - A Relação deve alterar a decisão proferida sobre a matéria de facto, se os factos tidos como assentes, a prova produzida ou um documento superveniente impuserem decisão diversa.

2 - A Relação deve ainda, mesmo oficiosamente:

(…)

b) Ordenar, em caso de dúvida fundada sobre a prova realizada, a produção de novos meios de prova»

Conforme refere Abrantes Geraldes, estamos, no que concerne à previsão constante da al. b) do nº 2, perante uma diligência que não está circunscrita a depoimentos, podendo incidir sobre quaisquer meios de prova, desde que se revele a existência de dúvida fundada sobre a prova produzida (Recursos em Processo Civil, 6ª edição, Almedina, Coimbra, 2020, p. 341), tratando-se de «um poder/dever atribuído à Relação e que esta usará de acordo com critérios de objetividade, quando percecione que determinadas dúvidas sobre a prova ou falta de prova de factos essenciais poderão ser superadas mediante a realização de diligências probatórias suplementares» (ibid., p. 342).

Assinala Abrantes Geraldes que «como critério orientador, pode servir a apreciação crítica da atuação que o juiz de l.a instância teve ou deveria ter tido aquando da realização da audiência final, ponderando casuisticamente a amplitude dos poderes de averiguação que a lei lhe confere (art. 411.°) e que podem ser transpostos naquelas circunstâncias para a Relação quando esta se depare com as aludidas dúvidas sérias suscetíveis de serem dirimidas», não se configurando uma tal situação como a realização de um novo

(20)

julgamento pela Relação, «mas antes uma medida paliativa destinada a resolver situações patológicas que emergem simplesmente de uma nebulosa que envolva a prova que foi produzida e que não foi convenientemente resolvida (devendo sê-lo) segundo o juízo crítico da Relação» (ibid., p. 342), o que leva a que, de certo modo, ceda «a regra peclusiva do art. 651º, que condiciona a prova documental em sede de recurso» (ibid., p. 343).

No Ac. do STJ de 07-03-2019, Rel. Abrantes Geraldes, Proc. nº 32063/15.9T8LSB.L1.S1, publicado em www.dgsi.pt, considerou-se, entre o mais, que:

«1. Os documentos demonstrativos dos factos alegados devem ser juntos, em princípio, com os respetivos articulados, sendo ainda admitida a sua junção até 20 dias antes da audiência final (art. 423º, nº 2, do CPC).

2. Fora do condicionalismo previsto no art. 651º do CPC, a fase de recurso de apelação não é adequada à junção de documentos, sem embargo de a Relação, mesmo oficiosamente, ordenar a produção de novos meios de prova perante fundada dúvida sobre a prova produzida (art. 662º, nº 2, al. b)).»

Na fundamentação deste aresto, refere-se, a dado passo, que «sendo o Tribunal da Relação um tribunal de instância, com amplitude de poderes no que concerne à apreciação da matéria de facto, não está afastada a possibilidade de integrar nos poderes do relator o de requisitar ou solicitar documentos que sejam necessários, nos termos do art. 652º, nº 1, al. d)». E, noutro ponto, pondera-se no seguinte:

«A opção da Relação de aproveitar o documento extemporaneamente junto pelo A. com as suas contra-alegações de recurso traduziu, na realidade, a assunção dos poderes que detém como tribunal de instância, fazendo jus à ideia cada vez mais presente de que os argumentos formais devem ceder perante os resultados que melhor conjuguem a verdade formal com a verdade material e que, além disso, aportem ao processo mais-valias no campo da celeridade e economia processual.

Era tudo isso que estava em causa quando a Relação, obviando à anulação da sentença, estabeleceu o imediato confronto com um documento que se revelava essencial para a decisão de mérito e que, afinal, já estava acessível, sem necessidade de intermediação do tribunal de 1ª instância.»

No caso que nos ocupa, a Exmª Desembargadora Relatora lançou mão do disposto no art. 662º, nº 2, al. b), do CPC, usando, no mencionado despacho, dos poderes que lhe são conferidos pelo art. 652º, nº 1, al. d) do CPC, segundo o qual ao relator incumbe ordenar as diligências que considere necessárias.

A circunstância de concluir pela inadmissibilidade, em termos formais, da junção dos documentos, face ao preceituado no art. 651º, nº 1, do CPC, não constituía obstáculo a que o Tribunal da Relação, oficiosamente, ordenasse a junção dos documentos, não em deferimento do requerimento do

(21)

apresentante, mas por entender, como entendeu, que eram necessários ao apuramento da verdade material e justa composição do litígio, por existirem «no caso dúvidas sérias no que toca à propriedade dos valores depositados na conta bancária do Montepio e que subsistem mesmo após a produção de prova na audiência de julgamento».

Defendem os Recorrentes que da prova não resultou dúvida sobre a titularidade do dinheiro, sucedendo, sim, não ter sido feita prova efectiva no que a tal concerne. E citam a seguinte passagem do acórdão:

“Do conjunto da prova produzida no julgamento e documentos juntos aos autos até à prolação da sentença, que este tribunal analisou na íntegra conforme já supra referiu, acompanha-se a decisão proferida em 1ª instância sobre esta matéria, ou seja, que face aos elementos juntos não foi feita prova efetiva sobre a titularidade do dinheiro. A fundamentação da sentença sobre esta matéria é clara e escorreita e fez uma análise crítica da prova que se tem como adequada e em conformidade com as regras da experiência comum. Remete-se, pois, para o que na sentença se disse sobre este concreto ponto factual.

Porém, a sentença, perante o não apuramento da titularidade do dinheiro depositado nas contas, socorreu-se da presunção legal do art. 516º, do CC, e concluiu que metade dos saldos existentes pertenciam à falecida HH..

Tendo em conta os elementos que à data existiam nos autos esta conclusão por via da presunção legal afigurava-se correta, não sendo merecedora de reparo.”

Os anteriores considerandos respeitavam, na apreciação da impugnação da matéria de facto, ao facto provado 16, cuja redacção era a seguinte:

«16. As contas bancárias n.ºs …… e ……., domiciliadas na CEMG, eram co-tituladas pela inventariada HH. e pelo 1.º Réu CC. e metade dos saldos nelas existentes era pertencente àquela».

O Tribunal da Relação, após expender o que resulta do extracto citado pelos Recorrentes, prosseguiu deste modo:

«Face a tal, seria de manter inalterada a redação dada ao facto 16.

Todavia, posteriormente vieram a ser juntos com as alegações, os comprovativos de depósitos efetuados pelo réu CC. das quantias de € 8 400 e € 7 585.

Ora, de acordo com a normalidade da vida e as regras da experiência comum, quando alguém deposita dinheiro numa conta bancária esse dinheiro pertence-lhe. Por tal motivo, perante esses depósitos,

(22)

considera-se que não é possível concluir que não se apurou a quem pertence o dinheiro e, perante tal inconclusividade, aplicar a presunção.

Ao invés, considera-se que tem de ser alterada a redação do art. 16º, eliminando o segmento referente à titularidade do dinheiro, que foi obtido por presunção.

Assim sendo, o facto 16 deverá passar a ter a seguinte redação:

16. As contas bancárias n.ºs … e …, domiciliadas na CEMG, eram co-tituladas pela inventariada HH. e pelo 1.º Réu CC..»

Deste trecho, que completa o citado pelos Recorrentes, resulta, a nosso ver, explicada a razão de ser da junção, oficiosamente determinada, dos documentos em causa, pois deles emanou, na perspectiva da Relação, como tribunal de instância, no uso dos seus poderes de reapreciação da matéria de facto, a alteração do ponto 16, cuja redacção assentara, no que tange à titularidade do dinheiro, na presunção legal do art. 516º do C. Civil. Ou seja, a Relação considerou que os elementos probatórios que mandou juntar eram essenciais para a resolução da dúvida que levara a 1ª Instância a servir-se de uma presunção legal, sendo certo que o Tribunal da 1ª Instância, como decorre do despacho proferido em 10-10-2019 (ref. Citius …..) não teve uma diligência probatória, requerida pelo R., tendente à obtenção dos ditos comprovativos, como imprescindível à descoberta da verdade, pois, estando-se, na altura, em fase de produção de prova, na audiência de julgamento, entendeu indeferir tal diligência, sem prejuízo de, até final, caso se viesse a mostrar pertinente, o Tribunal usar do poder inquisitório conferido pelo artigo 411º do CPC, o que não veio a ser feito.

O Tribunal da Relação teve, assim, uma diferente posição sobre a essencialidade dos documentos em apreço, entendendo que importavam à dissipação da mencionada dúvida.

Refere Abrantes Geraldes que:

«O Supremo reiteradamente vem assumindo o entendimento de que, embora não possa censurar o uso feito pela Relação dos poderes conferidos pelo art. 662.°, n.°s 1 e 2, já pode verificar se a Relação, ao usar tais poderes, agiu dentro dos limites traçados pela lei para os exercer.[…] Por isso, quando, no âmbito da revista em que tal questão seja suscitada, se constate o incumprimento dos deveres legais nessa área, o processo deve ser remetido à Rela​ção, a fim de lhes ser dado cumprimento» (op. cit., p. 359).

Assim, sem olvidar a regra, expressa no nº 4 do art. 662º, da irrecorribilidade das decisões da Relação previstas nos nºs 1 e 2 do mesmo artigo, não se poderá concluir, in casu, pelo que ficou dito, que a Relação não tenha agido dentro dos poderes traçados pela lei para os exercer.

(23)

Improcede a revista.

*

Sumário (da responsabilidade do relator, nos termos do art. 663º, nº7, do CPC)

1. A contradição entre os fundamentos e a decisão, que dá origem à nulidade prevista no art. 615º, nº 1, c), do CPC, ocorre quando a construção da sentença é viciosa, pois os fundamentos invocados pelo juiz conduziriam logicamente, não ao resultado expresso na decisão, mas a resultado oposto, não se confundindo uma tal situação com o eventual erro na avaliação dos elementos probatórios produzidos nem com a interpretação dos factos no exercício da subsunção ao direito.

2 . A circunstância de se concluir pela inadmissibilidade, em termos formais, face ao preceituado no art. 651º, nº 1, do CPC, da junção dos documentos com as alegações, não constitui obstáculo a que o Tribunal da Relação, oficiosamente, como tribunal de instância, ordene que sejam juntos esses documentos.

3. Tal terá cabimento quando o Tribunal da Relação entenda, assumindo uma posição diferente da da 1ª Instância, serem os documentos necessários ao apuramento da verdade material e justa composição do litígio, capazes, na sua perspectiva, de resolver uma dúvida que levara a 1ª Instância a lançar mão de uma presunção legal para dirimir a questão em jogo.

IV

Pelo que se deixou exposto, na improcedência da revista, mantém-se a decisão recorrida.

- Custas pelos Recorrentes, sem prejuízo do apoio judiciário concedido.

*

Lisboa, 21-01-2021

Tibério Nunes da Silva (relator)

Olindo dos Santos Geraldes (2º Adjunto)

(24)

*

Nos termos do art. 15º-A do DL nº10º-A de 13.03, aditado pelo DL nº 20/20 de 01.05, o relator declara que o presente acórdão tem o voto de conformidade do Exmº Senhor Juiz Conselheiro 2º Adjunto e voto de vencida da Exmª Senhora Juíza Conselheira 1ª Adjunta, nos seguintes termos:

Voto de Vencida

«Vencida quanto à conjugação entre os artigos 651.º e 662.º, n.º 2, b) do CPC, por me parecer que os poderes conferidos à 2ª Instância no recurso interposto da decisão sobre a matéria de facto não podem ultrapassar os ónus e preclusões que o CPC de 2013 continua a impor às partes (Notas sobre o Regime de Recursos no Código de Processo Civil, pág. 405, in O Novo Processo Civil, Contributos da Doutrina para a Compreensão do Novo Código de Processo Civil, Caderno I (2.ª ed.), Centro de Estudos Judiciários, Dezembro de 2013, pág. 395 e segs.).

Manteria portanto o ponto 16 tal como veio provado da 1ª Instância e a presunção de igualdade na propriedade do dinheiro depositado (cfr. o princípio aflorado no actual n.º 5 do artigo 780.º do CPC e o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 15/3/2012, de que fui relatora).

Maria dos Prazeres Pizarro Beleza»

Referências

Documentos relacionados

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

O objetivo desse estudo é realizar uma revisão sobre as estratégias fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da lesão de LLA - labrum acetabular, relacionada à traumas

Cândida Fonseca Duração e local: 11/09/2017 a 03/11/2017 – Hospital São Francisco Xavier Objectivos e actividades desenvolvidas: Os meus objectivos centraram-se na

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

Apresentaremos a seguir alguns resultados que serão fundamentais para obtermos uma generalização dos teoremas das seçãos anterior para uma versão com tempo contínuo. Consideremos

novo medicamento, tendo como base para escolha as necessidades de cada segmento do mercado farmacêutico; e c) licenciamento do produto, o processo mais demorado

Por fim, na terceira parte, o artigo se propõe a apresentar uma perspectiva para o ensino de agroecologia, com aporte no marco teórico e epistemológico da abordagem

O projecto “Viver Saúde”, com o qual colaborei no meu estágio tem como objectivo principal melhorar o estilo de vida da população de Dois Portos, promovendo