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Análise da Formação Continuada em Educação Ambiental dos Professores da Rede Municipal de Ensino de Jahu

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Análise da Formação Continuada em

Educação Ambiental dos Professores

da Rede Municipal de Ensino de Jahu

Fábio Leonardo Romano FRAGNAN¹ Yanina Micaela SAMMARCO²

Resumo

Este trabalho apresenta um estudo sobre a eficiência e influência de capacitações em Educação Ambiental, oferecidas pelos órgãos responsáveis por esta modalidade, to-mando como ponto de referência, a formação continuada oferecida aos professores da Rede Municipal de Ensino da cidade de Jahu pela Secretaria do Meio Ambiente em parceria com a Secretaria de Educação no ano de 2010. Foram coletados dados e informações através de entrevistas com professores, diretores, coordenadores e res-ponsáveis pela capacitação e analisados documentos, com o objetivo de identificar os temas que foram abordados e o quanto influenciou na prática pedagógica diária dos professores, desenvolvendo atividades e projetos com a temática ambiental. Com todos os resultados analisados, foi possível a discussão e a elaboração de propostas, as quais têm como objetivo contribuir para a formação continua dos professores no que se diz respeito à temática Meio Ambiente.

Palavras-chave: Educação Ambiental Formal Formação Continuada, Prática

Pedagó-gica, Trandisciplinaridade, Escola.

1. Introdução

Para a compreensão da importância da relação meio ambiente x escola, se faz necessário antes, compreender o significado do que é Educação Ambiental (EA) e a importância que os eventos precursores sobre meio ambiente e EA tiveram para a inserção da temática ambiental nos currículos escolares.

A Educação Ambiental é uma proposta abrangente cujo objetivo é des-pertar na população a construção de uma nova práxis, sendo a variável meio ambiente inserida em todas as suas dimensões da sociedade e no contexto escolar, nas disciplinas pertencentes ao currículo. Torna-se um componente essencial e permanente, se fazendo presente em todos os níveis e modalida-des do processo de educação (DIAS, 2004)

1. Faculdade de Tecnologia de Jahu – f.romano.fragnan@gmail.com.

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A intensificação da preocupação ambiental nos últimos anos é vista como impulso para o surgimento de iniciativas por parte de vários setores da soci-edade com o propósito de desenvolver atividades e projetos cujo objetivo é educar a sociedade como um todo, sensibilizando-a nas questões referentes ao meio ambiente (CUNHA; JADOSKI, 2006). Das iniciativas adotadas, a mais utilizada, é a educação, uma vez que é a base para o desenvolvimento de uma sociedade, assim os indivíduos adquirem subsídios, os quais permitem exi-gir seus direitos e cumprirem com seus deveres, tendo condições para desem-penhar seu papel de cidadão (CUNHA; JADOSKI, 2006).

A Educação Ambiental também é vista como um processo duradouro, sendo desenvolvido como uma prática educativa integrada, contínua e per-manente, não sendo implantada como disciplina específica dos currículos escolares (CUNHA, JADOSKI, 2006). O professor deve priorizar sua própria formação à medida que as necessidades surgem ao longo do processo edu-cativo. Ele deve ter como meta aprofundar seu conhecimento, por dois moti-vos, o primeiro para que ao abordar os conteúdos gerais e específicos em cada disciplina, o professor consiga vê-los não só por partes, mas também o glo-bal. O segundo motivo está relacionado com a habilidade de identificar as diversas oportunidades para abordar o tema meio ambiente de maneira trans-versal e integrada (MEDINA, 2006).

Figura 1 Instrumentos de Transformação da Prática Pedagógica. FONTE:MEC,2001 apud Medina,2006.

Neste sentido, a formação continuada dos professores deve ter como eixo orientador o processo de construção e reconstrução dos conhecimentos e va-lores os quais a partir de uma reflexão crítica e dos conhecimentos de cada disciplina forma parte de seus conteúdos e práticas pedagógicas (MEC, 2001

apud MEDINA, 2006). Os objetivos, conteúdos e as formas de avaliação de-vem estar coerentes com as propostas de EA voltadas para o Ensino

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Funda-mental, permitindo discussão dos conceitos mais complexos como educação, meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Cada conteúdo trabalhado deve ser contextualizado de maneira interdisciplinar gerando formas de pen-sar diferentes, compreendendo os processos envolvidos nas questões am-bientais. Assim é possível a construção de novas formas de compreende o saber como instrumento de transformação da prática, pedagógica (MEC, 2001

apud MEDINA,2006).

A atuação do MEC nas políticas públicas voltadas para ações de Educa-ção Ambiental que consistem no desafio de apoiar professores, tornando-os educadores ambientais capacitados, atuando nos processos de construção de conhecimentos, pesquisa e intervenção educacional com base nos valores voltados a sustentabilidade. Como principal programa temos o ProNEA, cri-ado como uma continuidade de outros projetos, tendo como grande ação a formação do professor com o objetivo de potencializar a inserção da EA no cotidiano a partir da promoção de transformações de indivíduos, grupos e sociedade (SORRENTINO, 2005).

O MEC e o MMA em acordo com a Política Nacional de Educação Am-biental e o Programa Nacional de Educação AmAm-biental, desenvolvem propos-tas de formação de educadores ambientais, atuando em seus públicos espe-cíficos, desenvolvendo processos contínuos e permanentes, no processo edu-cacional (SORRENTINO, 2005). É importante que sejam produzidos ma-teriais de apoio e instrumentos comuns aos objetivos de facilitar o entendi-mento dos técnicos de cada ministério atuante neste processo. Espera-se com o tempo que os setores responsáveis pela Educação Ambiental (MEC e MMA) junto aos coletivos de educadores, se tornem os principais parceiros do de-senvolvimento de políticas públicas voltadas a Educação Ambiental.

O município de Jaú, começou em 2010, a trabalhar a capacitação dos pro-fessores que pertencem a rede municipal de ensino e atuam no ensino fun-damental, visando adaptá-los para trabalhar de maneira satisfatória a temática ambiental com seus alunos, utilizando-se das habilidades adquiridas nas capacitações. A Análise da formação continuada em Educação Ambiental dos

pro-fessores da Rede Municipal de Ensino do Município de Jaú, permitirá fazer um comparativo das ações adotadas antes e após a realização dos cursos de for-mação continuada, diagnosticando as mudanças de atitudes e metodologias adotadas pelos o professores. Também teve como objetivos, oferecer ao pro-fessor mais conhecimento sobre as legislações vigentes, a apresentação do marco inicial pela preocupação com o desenvolvimento de atividades envol-vendo a temática ambiental, oferecer suporte ao professor para desenvolver atividades em sala de aula e projetos envolvendo a temática ambiental e ofe-recer mais conhecimento no que se diz respeito ao global da temática meio ambiente.

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2. Materiais e Métodos

O presente trabalho foi desenvolvido através da análise de informações sobre a formação continuada em EA obtidas junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Educação e cinco escolas pertencen-tes a Rede Municipal de Ensino da cidade de Jahu. Foram selecionadas cinco escolas, onde foram convidados cinco professores cada uma, porém pela dis-ponibilidade de tempo, vinte e dois participaram das entrevistas. Além dos professores foram realizadas entrevistas com diretores e/ou coordenadores das escolas visitadas.

A análise das informações foi feita de maneira quanti-qualitativa, uma vez que foram analisadas informações como:

t número de escolas que estão desenvolvendo projetos após a formação continuada;

t número de professores que estão envolvidos nos projetos que as escolas desenvolvem;

t percepções dos professores (novas habilidades/atitudes);

t atendimento das expectativas dos professores em relação a formação continuada;

t envolvimento com o tema meio ambiente.

Para a obtenção de tais informações foram necessárias a utilização de ferramentas, entre as quais destacam-se:

a) aplicação de questionários para os responsáveis do curso de formação continuada em EA na Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Educação, diretores e coordenadores das escolas e professores; b) entrevistas individuais (responsável pela formação continuada na

Secretaria do Meio Ambiente e Secretaria da Educação, Diretores e coordenadores das escolas) e coletivas (no caso das entrevistas com os professores);

c) observação do trabalho desenvolvido pelos professores e pela escola; d) comparação de dados obtidos ao longo do trabalho.

A análise dos dados foi feita de maneira quanti-qualitativa, através da análise das respostas obtidas, com a aplicação dos questionários para os pro-fessores e diretores/coordenadores das escolas visitadas. Os dados foram analisados e quantificados de acordo com os números de respostas obtidas, originando gráficos e tabelas que serviram como demonstrativos qualitativos que foram possíveis quantificar.

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As questões qualitativas tiveram suas respostas agrupadas e originaram tabelas com categorias determinadas em ordem decrescente do item mais ci-tado para o menos cici-tado. A análise quantitativa representa a qualidade do grau de percepção dos professores, agentes multiplicadores, e serviu como base para as discussões sobre o verdadeiro sentido das formações continua-das em Educação Ambiental e analisando possíveis propostas, feitas pelos mesmos durante as entrevistas.

3. Resultados e discussões

Após a aplicação dos questionários e análise dos dados e informações obtidas, foram analisados os resultados e posteriormente discutidos, toman-do como base o referencial teórico e observações realizadas ao longo toman-do pro-cesso de entrevistas.

Entre os dados obtidos com a Professora Gislaine responsável pela capacitação na Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Educação, segun-do ela a capacitação apresentou os seguintes objetivos.

t Oferecer ao professor mais conhecimento sobre a legislação ambiental vigente;

t Apresentar o marco inicial pelo interesse e pela preocupação no desenvolvimento de atividades envolvendo a temática meio ambiente; t Oferecer ao professor suporte para desenvolver atividades em sala

de aula e projetos com a temática;

t Oferecer mais conhecimento no que se diz respeito ao global da temática meio ambiente;

Para identificar as necessidades dos professores em relação a temática Meio Ambiente e Educação Ambiental, foi aplicado um questionário para os professores, onde eles apontavam os temas os quais tinham mais interesse e as dificuldades para desenvolver atividades com as temáticas. Após a análi-se destes questionários, chegou-análi-se aos eixos temáticos que foram discutidos durante os encontros da capacitação. Ao longo da capacitação, foram produ-zidos materiais (cartilhas, folhetos, resumos, etc) com os conteúdos dos en-contros os quais eram entregues aos professores.

Da mesma forma, foram propostos aos professores sugestões para o desen-volvimento de projetos, os quais obedeciam as diretrizes propostas no plano gestor de cada escola. Dentre os projetos propostos temos o da Reciclagem/Re-colhimento de materiais, a horta, a arborização e o projeto referente á poluição.

A forma de avaliação dos projetos desenvolvidos ocorreu com uma apre-sentação no último encontro da capacitação, onde cada escola apresentou o

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que foi desenvolvido com os alunos ao longo do ano letivo. A apresentação dos projetos se deu em forma digital (CDs e DVDs) e também através de pas-tas e portfólios.

Segundo a Professora responsável pela a capacitação, os resultados ob-tidos foram positivos e uma proposta de continuidade da capacitação já está inserida no planejamento da Secretaria de Meio Ambiente. A curto prazo o que já se tem a respeito de formação continuada, são materiais e sugestões se sites para desenvolverem projetos, que são enviados a todos os professores por e-mail (considerada a principal ferramenta de comunicação entre os pro-fessores e a Secretarias). Estes materiais enviados estão prontos e necessitam apenas se adequar a realidade de onde a escola está inserida.

Em relação aos dados obitidos dos questionários aplicados aos profes-sores, ao pesquisar sobre o grau de relevância da temática, observa-se que é dada uma importância média a temática, não sendo prioritária nas discussões em aula. Isso provavelmente pode ser pela excessiva carga de conteúdos que são colocados para os professores cumprirem, no material apostilado, fican-do para segunfican-do plano as sequências de atividades e/ou projetos com a temática meio ambiente. Foi possível diagnosticar com a análise realizada, que a formação continuada abordou pouco em seus encontros a verdadeira im-portância da Educação Ambiental, preocupando-se apenas em trabalhar blo-cos de conteúdos ambientais que acabam não focando nas necessidades e potencialidades dos professores, não possibilitando ao professor compreen-der a importância conceitual do processo da Educação Ambiental.

Também foi possível diagnosticar, pela percepção dos professores, que a Educação Ambiental foi abordada como uma forma de sensibilização sobre o uso dos recursos naturais e uma forma de estimular mudanças de atitudes visando a conservação do meio ambiente. Da maneira que foi realizada a capacitação em Educação Ambiental, observamos que foi utilizada uma abor-dagem naturalista, quando na verdade de acordo com os documentos que se referem a formação continuada em EA, o ideal são capacitações que busquem uma abordagem global, ou seja, uma abordagem socioambiental, possibilitan-do a compreensão sistêmica das relações existentes entre ser humano e meio ambiente. Isso se comprova com os discursos a seguir.

“Muito importante para a manutenção do nosso planeta e melhoria na qualidade de vida.” (Entrevistado E4)

“É conscientizar as pessoas sobre a importância do meio ambiente para a vida dos seres vivos e colocar em prática medidas para que seja preservado.” (Entrevistado C2)

Algumas questões abordadas durante as entrevistas dos professores e diretores, merecem destaque pelos resultados obtidos. Quando perguntado

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sobre a realização de um diagnóstico prévio para a implantação da capa-citação, os professores em sua maioria (91%) responderam que não foi reali-zado o diagnóstico, já quando feita a mesma pergunta para diretores e/ou coordenadores, houve diferença nos resultados, onde 40% disseram que foi realizado o diagnóstico. O diagnóstico realmente foi realizado, porém nem to-dos os professores que passaram pela capacitação responderam o questionário diagnóstico aplicado pela Secretaria do Meio Ambiente e Secretaria da Edu-cação, o que apresentou essa diferença nas informações. Segundo os profes-sores e diretores/coordenadores entrevistados, é necessário para que haja uma capacitação contínua e eficaz, assim como a realização de um diagnós-tico prévio para o levantamento de temas os quais despertam o interesse dos interessados na capacitação (professores e diretores/coordenadores).

A realização de um diagnóstico prévio quando ocorre o processo de implantação de capacitação em Educação Ambiental visando a formação con-tinuada de professores e diretores/coordenadores é importante, porque atra-vés desse diagnóstico é possível identificar as necessidades e potencialidades do grupo que passará por essa formação continuada, servirá como referencial norteador para elaboração do programa de conteúdos a serem abordados na formação continuada. Ainda torna-se possível buscar a melhor qualidade no processo de formação contínua em Educação Ambiental, atingindo os obje-tivos e metas propostas na abordagem da temática ambiental na escola.

Outro resultado que podemos apontar, é o que está relacionado com o atendimento das expectativas dos professores em relação à capacitação em Educação Ambiental oferecida. De acordo com os resultados 64% dos profes-sores disseram que as expectativas foram parcialmente atendidas, uma vez, a capacitação enfatizou mais a parte teórica deixando a parte prática pouco abordada, sendo o ponto negativo destacado pelos professores. Já quando feita a pergunta para diretores e/ou coordenadores, 60% também afirmaram que as expectativas foram parcialmente atendidas, também com destaque positivo para a formação teórica que a capacitação ofereceu. O fato das expec-tativas terem sido parcialmente atendidas pode estar relacionado com a fal-ta de planejamento da capacifal-tação em Educação Ambienfal-tal considerando suas necessidades, não sendo abordado ao longo do processo o que realmente era de interesse de professores e diretores/coordenadores. Também por não ter apresentado uma parte prática efetiva, não permitindo a vivência de experi-ências dos conceitos abordados, fugindo dos princípios de implantação de capacitações em Educação Ambiental, que diz que deve ser um campo de vivência, de troca de experiências para aprimorar sua prática pedagógica.

Outro ponto abordado durante as entrevista foi em relação ao acesso a documentos e materiais relacionados à Educação Ambiental e quais as prin-cipais ferramentas utilizadas. É possível diagnosticar que este acesso se limita

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para professores e diretores/coordenadores, uma vez que a internet na mai-oria das vezes acaba sendo a principal ferramenta de pesquisa. Foi destaca-do que há falta de apoio pelos órgãos responsáveis (Secretaria de Educação, Meio Ambiente e escolas) e a busca por capacitações também acaba sendo apenas individualmente por parte de professores que realmente se interessam em estar enriquecendo suas informações e buscando conhecimentos novos.

Segundo os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), a Educação Ambiental de ver abordada como um tema transversal, estando presente no conjunto das diversas disciplinas que compõe o currículo básico da educação em todas as modalidades de ensino, porém este aspecto de transversalidade deixa de existir quando não é oferecido ao professor suporte na busca por novas informações e novos conhecimentos, limitando-se apenas a informações básicas que muitas vezes já é de conhecimento do professor.

Isso não é uma falha apenas dos órgãos responsáveis, mas da maioria das escolas em si, pois em uma escola onde diretores e coordenadores participam pouco das capacitações, como foi observado pelos dados deste estudo. Quan-do analisada a participação de diretores e coordenaQuan-dores na capacitação, os resultados demonstram que apenas 20% deles participaram efetivamente do processo de formação, sendo que em sua maioria (60%) participaram parcial-mente. Existindo apenas a participação parcial de diretores e coordenadores, é provável que os projetos em EA propostos, não terão tanto sucesso, pois dire-tores e coordenadores são o elo de comunicação entre professores e órgãos res-ponsáveis, para a obtenção de suporte de materiais e acessória. Neste sentido,, fica difícil as mudanças de paradigmas quando se tratar de oferecer oportuni-dades de informação e formação em Educação Ambiental aos professores e tam-bém aos demais setores da comunidade escolar (secretaria, faxineiros, seguran-ças, etc) a partir do momento em que escolas, não oferecerem capacitações e formações internas aos seus professores e funcionários. De acordo com os da-dos obtida-dos 91% da-dos professores disseram que a escola não oferece nenhuma formação a parte, e se limitam apenas quando às Secretarias de Meio Ambien-te e Educação firmam parcerias e promovem as formações continuadas.

Para que haja de fato uma formação continuada que permita aos profes-sores atuarem no desenvolvimento de projetos em Educação Ambiental, é ne-cessário que essa capacitação em Educação Ambiental, desenvolva uma com-preensão do global, permitindo vivências, fazendo com que assumam uma postura critica, desenvolvendo projetos contextualizados de acordo com as propostas das políticas governamentais direcionadas a Educação Ambiental.

Ë necessário que as formações continuadas contenham diagnósticos, processos participativos e planejamento detalhado. Alem disso, que ofereçam a base teórica e práticas suficientes para que permita aos professores

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diferen-ciar projetos de atividades pontuais de processos educativos, uma vez que ocorre confusão quando se tratado nesse aspecto. Sendo assim a formação continuada em EA oferecida teve algumas falhas na abordagem de como deve ser desenvolvido um projeto em Educação Ambiental, quais etapas obedecer. Ou seja, lacunas não foram preenchidas, fazendo com que apenas ocorresse um aperfeiçoamento da formação teórica de alguns conteúdos. Levando em consideração o princípio de que um projeto em Educação Ambiental deve ser de caráter socioambiental, as capacitações em Educação Ambiental, não es-tão oferecendo suporte para o desenvolvimento de projetos que contemplem esse aspecto. Este é um ponto a ser repensado durante o planejamento de uma capacitação, buscando capacitar e formar continuamente o professor para desenvolver os processos em Educação Ambiental ao invés de apenas ativi-dades pontuais..

Mesmo a capacitação em Educação Ambiental deixando lacunas no que diz respeito a processos em EA, de acordo com os resultados obtidos 45% dos professores disseram estar desenvolvendo projetos com a temática, porém observou-se, que muitos desses projetos na verdade são atividades pontuais previstas nas sequências didáticas do material apostilado ou referentes as datas comemorativas como o dia da água, semana do meio ambiente entre outras datas. Os resultados podem ser identificados nos discursos a seguir.

“Sim, atualmente estamos desenvolvendo o tema água.” (Entrevistado A1) “Projetos com um produto final não. Trabalhamos com algumas atividades que tratam do assunto até mesmo no sistema apostilado.” (Entrevistado B4)

Em relação ao envolvimentos dos pais e da comunidade do entorno da escola nos projetos de Educação Ambiental, 40% dos diretores e coordenado-res entrevistados disseram que há envolvimento, porem essa participação pode ser mais efetiva, uma vez que as capacitações ofereçam o suporte neces-sário para o desenvolvimentos de projetos sistêmicos de EA, envolvendo toda a comunidade escolar.

Também foi levantado a questão sobre como ocorre a avaliação de pro-jetos e atividades em Educação Ambiental desenvolvidas na escola. Segun-do os resultaSegun-dos apresentaSegun-dos, a avaliação é feita de acorSegun-do com a realidade de cada escola, sendo que cada uma se utiliza de ferramentas próprias, como observação diária pelos coordenadores pedagógicos no planejamento diário dos professores percorrendo as salas de aula. Também durante as reuniões semanais de HTPCs, são feitas devolutivas com os professores, destacando o que pode ser melhorado e os aspectos positivos da prática adotada pelos professore e também discussões coletivas com todo o corpo docente envol-vido, onde cada um expõe sua ideia formando um conjunto único e padrão de atividades.

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A avaliação dos projetos e atividades em Educação Ambiental desenvol-vidas ao longo de um período na escola permitem identificar se os professo-res realmente colocam em prática o que foi proposto durante a capacitação, utilizando como parâmetro os indicadores qualitativos e quantitativos ante-riormente citados. A forma mais efetiva de avaliação dos projetos e ativida-des em Educação Ambiental, consiste em visitas às escolas, com o objetivo de verificar, monitorar e acompanhar o desenvolvimento dos projetos, auxilian-do o professor em possíveis falhas que vem ocorrenauxilian-do durante o processo de execução e avaliação.

Utilizando-se de ferramentas como os documentos que contém os obje-tivos e metas a serem atingidos no desenvolvimento de processos em Edu-cação Ambiental, é possível nivelar os tipos de projetos desenvolvidos e rea-lizar comparações dentro da escola e posteriormente com projetos desenvol-vidos por professores em outras escolas, obtendo assim um panorama real da influência da capacitação na prática pedagógica dos professores.

Durante as entrevistas com diretores/coordenadores, foi perguntado como a Educação Ambiental está inserida no Projeto Político Pedagógico da escola ou se existe uma política específica para a Educação Ambiental. Foi possível verificar que todas as escolas participantes, têm um Projeto Político Pedagógico, que é elaborado seguindo como referência, a Política maior pro-posta pela Secretaria da Educação. Ainda é possível verificar que a EA, de alguma forma está inserida nela, a maioria das escolas destacou a EA inserida e abordada através de projetos, os quais obedecem os objetivos propostos pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Os resultados são identifi-cados com os discursos a seguir.

“Na proposta pedagógica a Educação Ambiental é abordada através de projetos seguindo os objetivos propostos pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) em seus temas transversais.” (Entrevistado A) “Sim, e está inserida em várias matérias como por exemplo ciências e geografia.” (Entrevistado C)

4. Conclusões e Propostas

A partir da análise dos resultados e das discussões levantadas anterior-mente, são propostas algumas questões que podem ser desenvolvidas com a finalidade de promover a formação continuada dos professores em Educação Ambiental, facilitando assim o desenvolvimento de ações junto a comunida-de escolar (funcionários, alunos, pais, moradores do entorno..) as quais as escolas estão inseridas.

t O primeiro passo seria a realização de um diagnóstico prévio junto aos professores, diretores/coordenadores e demais funcionários que

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compõe o quadro da escola, com o objetivo de levantar informações através de questionários e diálogos coletivos, onde fossem elencados os conteúdos sugeridos em cada escola, realizando por último um levantamento dos conteúdos mais citados no contexto global após discussões em todas em as escolas.

t A partir das informações obtidas com o diagnóstico, será possível começar a planejar o programa de conteúdos e quais metodologias serão utilizadas para o desenvolvimento da formação conti-nuada,indicadores e ferramentas de avaliação e a continuidade do processo de capacitação em Educação Ambiental,.

t Em relação aos registros de atividades e projetos que cada escola desenvolve, propõe-se a adoção de um padrão de registros, onde modelos podem ser adotados pelos órgãos responsáveis pela formação continuada, e disponibilizados para as escolas. A partir desses registros, podem ser criados portfólios que podem ser individuais para cada professor e com uma avaliação interna, selecionar os melhores projetos da escola, criando um portfólio global da escola. Outra ferramenta a ser proposta é a criação de um banco de informações dentro de cada escola, onde cada material utilizado pelo professor no desenvolvimento dos projetos, é arquivado podendo ser fonte de consulta para as outras escolas, realizando assim uma troca de experiências, enriquecendo o desenvolvimento dos projetos desenvolvidos.

t Visando à participação efetiva dos diretores e coordenadores nas formações continuadas em Educação Ambiental, propõe-se a realização de intervenções por parte das Secretarias de Meio Ambiente e Educação, com a realização de um ciclo de palestras com o objetivo de destacar a importância da formação continuada. As mesmas poderiam ser realizadas ao longo do trabalho de capacitação, já que os coordenadores são os porta-vozes da comunidade escolar e conhecem a realidade de cada escola.

t Quando abordada a questão da formação continuada orientada ao desenvolvimento de projetos, é recomendável a parceria com universidades que pudessem oferecer suporte técnico, orientando os gestores das capacitações em Educação Ambiental, sobre quais os procedimentos a serem implantados na elaboração de projetos em Ed. Ambiental. Ou seja, capacitar os grupos que elaboram as capacitações em Educação Ambiental destinadas aos professores, diretores e coordenadores, permitindo despertar o senso para o desenvolvimento de projetos em Educação Ambiental.

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t Para a elaboração dos projetos em Educação Ambiental, o levantamento da realidade social da comunidade local onde a escola está inserida, se torna importante para conquistar o sucesso dos projetos em Educação Ambiental a serem desenvolvidos pela escola, e também se torna importante para elencar temas socioambientais a serem abordados na capacitação em Educação Ambiental, podendo ainda a escola organizar formações continuadas em Educação Ambiental menores destinadas aos professores e envolvendo os líderes das comunidades de bairro próximos a escola.

Foi possível diagnosticar ao longo desse estudo que existem as forma-ções continuadas em Educação Ambiental, porém acabam não sendo bem planejadas, e muitas vezes não atendendo a realidade do que os professores necessitam para desenvolver projetos e atividades em Educação Ambiental, não alcançando os objetivos propostos. Para isso, as propostas acima menci-onadas são sugestões de pontos chaves destacados pelos próprios professo-res, diretores e coordenadores entrevistados, podendo contribuir para o pla-nejamento de futuras formações continuadas em Educação Ambiental visan-do a formação continuada de professores, diretores e coordenavisan-dores.

5. Referências

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BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394. Brasília, 20 de dezembro de 1996. BRASIL, Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6938. Brasília, 31 de agosto de 1981. BRASIL, Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9795. Brasília, 27 de abril de 1999. CUNHA, Juliana Alves Lacerda; JADOSKI, Sidnei Osmar. Educação Ambiental Formal: Papel e Desafios. Revista Eletrônica Lato Senso – Ano 2, nº1, julho 2007.

DIAS, Genebraldo Freire. Educação Ambiental: princípios e praticas. 9ed – São Paulo: Gaia, 2004.

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GOÉS, Hervaldira Barreto de Oliveira. Formação Continuada: Um Desafio Para o Professor

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