• Nenhum resultado encontrado

CARIME DOS SANTOS SOUZA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CARIME DOS SANTOS SOUZA"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

CARIME DOS SANTOS SOUZA

Conservação e Reúso de Água em Indústria de Cosmético,

Estudo de Caso da Natura Cosméticos

Sorocaba Novembro 2013

(2)

CARIME DOS SANTOS SOUZA

Conservação e Reúso de Água em Indústria de Cosmético,

Estudo de Caso da Natura Cosméticos

Trabalho apresentado como requisito para a obtenção parcial da menção na disciplina Reúso das Águas ministrada pelo professor Dr. Eduardo Luiz de Oliveira, do Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Sorocaba Novembro 2013

(3)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 OBJETIVO ... 3

3 DADOS NATURA COSMÉTICOS ... 3

3.1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ... 5

4 CICLO DA ÁGUA NO ESPAÇO NATURA ... 8

4.1 A CAPTAÇÃO DE ÁGUA NO ESPAÇO NATURA CAJAMAR ... 8

4.2 TRATAMENTO NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA) ... 9

4.3 DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO ESPAÇO NATURA ... 10

4.4 TRATAMENTO DE RESÍDUOS NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO (ETE) ... 11

4.4.1 Tratamento preliminar do efluente industrial... 12

4.4.2 Tratamento dos efluentes sanitários ... 13

4.5 O CONTROLE DO PROCESSO ... 15

4.6 REAPROVEITAMENTO DE ÁGUA ... 15

5 CONCLUSÃO ...18

(4)

1 INTRODUÇÃO

A Superfície terrestre é coberta por 77% de água. Por conta disso, o planeta Terra, visto do espaço, assemelha-se a uma esfera azul. Desse total, 97,5% são mares e oceanos, ou seja, água salgada, e apenas 2,5% água doce. A maior parte desta água doce concentra-se nas geleiras, nas regiões dos pólos e nos lençóis subterrâneos profundos dos continentes. (ANA, 2009).

Apesar da abundância, somente 0,3% da água no planeta está disponível para o consumo humano. Seu uso indiscriminado, ao longo da história da humanidade, vem colocando em risco o futuro da na Terra. Mais de 2 bilhões de pessoas já enfrentam problemas de escassez de água, principalmente no norte da África e na Ásia Ocidental. Até 2025, esse número deve saltar para 4 bilhões, o equivalente a 50% da população mundial prevista. (ANA, 2009).

O Brasil possui uma das maiores reservas de água doce do mundo. Estima-se que o país concentre quase 12% das águas superficiais da Terra, aquelas de fácil acesso para o consumo. Grande parte dessa reserva, mais de 80%, concentra-se na região da Amazônia, uma área de baixíssima densidade populacional. As chuvas também são abundantes no país, com exceção do semi-árido nordestino, um dos locais que mais sofre com o problema da escassez de água.

Nosso regime pluvial alimenta um dos maiores conjuntos hidrográficos do mundo, composto de 55 mil quilômetros de rios capazes de movimentar mais de 5 mil quilômetros cúbicos de água por ano. Essas águas tornam única nossa biodiversidade e garantem o sustento dos povos indígenas e populações tradicionais que vivem às suas margens. (ANA, 2009).

O Brasil também possui um enorme estoque de águas subterrâneas. Segundo estimativas, essa reserva teria aproximadamente 11 mil quilômetros cúbicos. O governo tem pouco controle e poucos dados sobre a quantidade de poços abertos e de água extraída deles. Acredita-se que existam 300 mil poços já perfurados no país e que novos 10 mil sejam abertos

(5)

ao ano. Empresas de serviços e indústrias são as que mais se utilizam dessa forma de obtenção de recursos hídricos. (NATURA, 2004).

Por causa dessa aparente fartura, por mais de 500 anos os recursos hídricos no Brasil foram tratados como inesgotáveis. Atualmente, sabe-se que a água é um recurso finito, mas o país enfrenta sérios problemas de gestão de suas reservas hídricas, que incluem a falta de planejamento para sua correta utilização e manutenção. Entre os mais graves, está a ocupação urbana desordenada de áreas de mananciais, que provocam a contaminação do solo e dos lençóis freáticos. (NATURA, 2008).

Diante dessa ameaça, governos e empresas começam a questionar os atuais padrões de consumo da água, que estão profundamente relacionados ao modelo de desenvolvimento econômico adotado no país.

A população brasileira está bem informada sobre os riscos de escassez da água. De acordo com pesquisa inédita encomendada pelo Programa Água para a Vida da WWF-Brasil, ao Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião Pública e Estatística (Ibope) sobre os hábitos de consumo e a percepção da questão dos recursos hídricos no Brasil, divulgada em março de 2005, 88% dos brasileiros acreditam que o país irá enfrentar problemas de abastecimento de água, a médio ou longo prazos, em razão da forma como o recurso é utilizado. No entanto, a mesma pesquisa demonstrou que o brasileiro não sabe como participar de iniciativas coletivas para a preservação e proteção da água. (NATURA, 2008).

Para mudar esse cenário, é preciso promover a utilização responsável da água, o que só será possível se as pessoas tomarem consciência de que esse recurso é valioso, escasso e importante para a manutenção da vida.

Cabe à humanidade assumir a responsabilidade pelo uso criterioso e pela valorização da água e pelo cuidado no tratamento dos assuntos, projetos, serviços e produtos relacionados a ela. Para isso, é importante a disseminação de informação a respeito do tema e a adoção de tecnologias mais adequadas.

Hoje, existem alternativas para grande parte dos problemas ligados à água, tanto no ambiente doméstico quanto nos âmbitos empresarial e governamental. Entre elas, destacam-se os processos de tratamento e de reuso. As modernas estações de tratamento de água e esgoto, por exemplo, já conseguem devolver a água com qualidade para suas fontes de origem, além de permitir sua reutilização para outros fins que não o consumo humano. (ALVES, 2009).

(6)

2 OBJETIVO

Tendo em vista que que grandes consumidores industriais, cujos processos não exigem água potável são o campo preferencial para o reuso da águas servidas, este trabalho tem como objetivo estudar os processos e práticas adotados no gerenciamento dos recursos hídricos do Espaço Natura Cajamar, bem como reunir os resultados sobre a utilização da água reciclada.

3 DADOS NATURA COSMÉTICOS

A Indústria e Comércio de Cosméticos Natura Ltda., fundada em 1969, dedica-se à produção de produtos de perfumaria e cosméticos em geral. Sua unidade industrial começou a operar em 2001 e situa-se no município de Cajamar/SP, no Km 30,5 da Rodovia Anhanguera.

Figura 1: Localização da Natura Cosméticos (AGIMAGEM, 2011)

Esta unidade envolve um complexo industrial integrado de fabricação, distribuição, administração e treinamento, ocupando uma área de aproximadamente 88.000 m², em terreno de aproximadamente 680.000 m², onde 4.200 pessoas trabalham e o regime de produção é em

(7)

3 turnos diários. A produção média mensal da empresa atingiu em dezembro de 2008 cerca de 22 milhões de unidades/mês, com um portfólio de cerca de 1.000 produtos diferentes. (NATURA, 2008).

Esses produtos possuem características bastante distintas, podendo ser:  Sólidos: pós-compactos e batons;

 Pastosos: cremes, géis, “gloss” labiais e condicionadores;  Líquidos: colônias, perfumes, desodorantes, xampus e óleos.

Dentre todas as matérias primas, a água é a mais utilizada na formulação e fabricação de cosméticos. Além de usada como solvente de componentes (corantes, aditivos, etc.) a água constitui parte significativa da maioria dos cosméticos.

A fabricação de colônias emprega de 15 a 40% de água em sua composição. Cremes, de 45 a 75%. Loções de 75 a 85 %. Géis de limpeza, de 40 a 90%. Xampús, de 35 a 70%. (ALVES, 2009).

Além da incorporação no produto final, uma grande quantidade de água de qualidade superior (água potável e também água purificada) é utilizada em operações de limpeza e sanitização de equipamentos e utensílios, para garantir a qualidade do produto final. Dados da empresa em estudo mostram que do total de água consumida no setor industrial, cerca de 26 % são efetivamente incorporados ao produto. (NATURA, 2008).

A presença na água de impurezas como cálcio, magnésio, ferro alumínio originam a lenta formação de resíduos invisível, freqüentemente agravada pela compreciptação dos componentes menos solúveis da composição dos perfumes. Se houver a presença de compostos orgânicos fenólicos, tais como antioxidantes e estabilizadores de ultravioleta, podem-se ter alterações de cor devido à reação destes com traços de metais, formando compostos corantes.

No caso de emulsões, a presença de grandes concentrações de íons inorgânicos, tais como magnésio e zinco, pode conduzir à separação de fases, por interferir no equilíbrio de cargas estáticas responsáveis pelo funcionamento adequado de certos tenso ativos da fórmula. A presença desses íons em cremes, loções e xampus pode levar à alteração de viscosidade.

Outro aspecto importante é a presença na água de contaminantes microbiológicos. Se houver a proliferação de microorganismos no cosmético, o resultado será a inutilizarão do produto devido ao desenvolvimento de odores desagradáveis, colônias visíveis de bactérias, mofo ou fungos e, no caso de emulsões, a separação de fases. A tudo se soma o mais grave que é o risco potencial à saúde do consumidor. (ALVES, 2009).

(8)

3.1 Legislação Brasileira

Apesar da importância da água para a indústria de cosméticos não existe uma legislação nacional e mesmo internacional que especifique os padrões de qualidade necessários para o uso da água nesse segmento industrial. Assim são utilizados os padrões de qualidade definidos nas normas regulatórias para indústria de alimentos ou farmacêutica. (ALVES, 2009)

Tabela 1 – Principais normas regulatórias para produtos cosméticos.

Norma regulatória Ação

Lei nº 6.360, de 23/9/1976

Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, drogas insumos farmacêuticos, cosméticos, saneantes e outros.

Decreto nº 79.094,

de 5/1/1977 Regulamenta a Lei nº 6.360/76.

Lei nº 6.480, de

1/12/1977 Altera a Lei nº 6.360/77.

Decreto nº 83.239,

de 6/3/1979 Altera o Decreto nº 79.094/77 que regulamenta a Lei nº 6.360/76 Portaria SNVS nº

348, de 18/8/1997

Determina o cumprimento das diretrizes estabelecidas no Regulamento Técnico – Boas Práticas de Fabricação e Controle para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes e institui o Roteiro de Inspeção.

Lei nº 9.782, de 26/1/1999

Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Resolução ANVS nº 335, de 22/7/1999

Estabelece a reorganização do sistema de controle sanitário de produtos de higiene pessoal, cosméticos, perfumes, notificação de produtos de grau de risco 1 e 2 e verificação do cumprimento de Boas Práticas de Fabricação de Controle. Resolução ANVS nº

481, de 23/9/1999

Estabelece os Parâmetros de Controle Microbiológico para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

Resolução ANVS nº 79, de 28/8/2000

Estabelece a definição e classificação dos produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes entre outros procedimentos.

Decreto nº 3.961, de

10/10/2001 Altera o Decreto nº 79,094/77 que regulamenta a Lei nº 6.390/76.

Fonte: (ALVES, 2009)

A Portaria nº 348, de 18 de agosto de 1997, determina as diretrizes que devem ser seguidas para as “boas práticas de Fabricação para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes”. Entretanto não especifica padrões de qualidade da água a ser usada nos diferentes processos ou mesmo para incorporação ao produto. Estabelece apenas procedimentos de caráter geral conforme abaixo:

(9)

“Água: Por sua importância dentro do conjunto de matérias-primas, deve ter atenção particular.

Os equipamentos de produção de água, assim como outros sistemas que possam existir, devem garantir uma qualidade e água que assegure, por sua vez, a conformidade do produto acabado.

Deve ser passível de proceder-se a sistemas de desinfecção, conforme procedimentos bem definidos.

Os materiais devem ser escolhidos de forma que a qualidade da água não seja afetada. Devem ser identificadas as tubulações de água quente, fria, desmineralizada e a vapor. “A qualidade química e microbiológica deve ser monitorada regularmente de acordo com procedimentos escritos e qualquer anomalia deve ser seguida de uma ação corretiva”

A Portaria nº348/1997 também apresenta um questionário (lista de verificação) que deve servir de guia para as inspeções nas indústrias, em que cada item é classificado como: R – recomendável, N - necessário, I – imprescindível ou INF – informativo. Na seção 5, Sistemas e Instalações de Água, têm-se as seguinte perguntas:

NF A empresa utiliza água potável?

NF A empresa utiliza água purificada?

Água Potável

NF Qual a procedência da água utilizada na empresa?

R A empresa possui caixa d´água?

N É feito algum tratamento antes da água ser armazenada?

N É feita limpeza da caixa d água?

R Existem procedimentos escritos para a limpeza da caixa d água?

N São feitos testes físico-químicos?

N São feitos testes bacteriológicos?

N São colhidas amostras de água em diversos pontos da fábrica, para efetuar a contagem N As tubulações utilizadas para transporte de água potável estão em bom estado de uso R A provisão de água faz-se sob pressão positiva contínua, em um sistema livre de defeitos?

Água Purificada

INF A água potável é usada como fonte de alimentação para sistema de produção de água Deionização

INF A indústria possui equipamento deionizador, para produção de água purificada?

INF A água que abastece o deionizador é tratada?

R Existe pessoal capacitado para operar o sistema?

(10)

N As resinas são regeneradas com frequência?

INF Se a água que abastece o deionizador é clorada, existe um sistema para a retirada do cloro

INF Existe depósito para a água deionizada?

N São feitos testes físicos químicos?

N São feitos testes bacteriológicos?

N O transporte ou circulação da água deionizada é feito por tubulação ou outro meio?

R É liberada pelo Controle de Qualidade antes de ser utilizada?

N É feita sanitização do sistema?

N Existem procedimentos escritos para a sanitização do sistema?

INF É feita manutenção preventiva nos equipamentos do sistema?

R Existe algum tipo de filtro no sistema?

N É feita sanitização dos cartuchos?

N Existem procedimentos escritos para a sanitização dos cartuchos?

N O sistema de purificação é validado?

Osmose Reversa (quando for o caso)

INF A indústria possui equipamento de água por osmose reversa para produção de água

INF A água que abastece o sistema é tratada?

N Existe pessoa capacitada para operar o sistema?

R Existe manual de operação do sistema?

INF Existe depósito para esta água?

N São feitos testes físico-químicos?

N São feitos testes bacteriológicos?

N O transporte ou circulação desta água é feito por tubulação ou outro meio adequado?

R É liberada pelo controle de qualidade antes de ser utilizada?

N É feita sanitização do sistema?

N Existem procedimentos escritos para a sanitização do sistema?

INF É feita manutenção preventiva nos equipamentos do sistema?

R Existe algum tipo de filtro no sistema?

N É feita a sanitização dos cartuchos?

N Existe procedimento escrito para a sanitização dos cartuchos?

N O sistema de purificação é validado?

(11)

4 CICLO DA ÁGUA NO ESPAÇO NATURA

4.1 A captação de água no espaço Natura Cajamar

A cidade de Cajamar, declarada Área de Proteção Ambiental (APA) pela Lei Estadual Nº 4.055, de 04/06/84, abriga o Espaço Natura.

Na unidade Cajamar, não se tem rede pública de abastecimento de água disponível, apesar de sua propriedade ser cortada por um rio classe 2, Rio Juquery, este não possui vazão regular e suficiente para atendimento às necessidades do empreendimento. Assim a empresa obtém a água através de poços artesianos, a 132 metros de profundidade, por meio de uma bomba localizada a 35 metros da superfície, consumindo cerca de 124.000m³ em 2007. (NATURA, 2008).

Para cumprir a legislação e garantir a recuperação natural do lençol freático, evitando danos ao meio ambiente, a bomba de captação do poço artesiano do Espaço Natura está regulada para retirar exatamente 20 m³/hora e para operar apenas por 20 horas. Ficando em repouso por 4 horas para recuperar a capacidade de vazão.

Um sistema local instalado no poço artesiano mede o tempo de reposição do lençol freático e só retira mais água quando todo o líquido já foi reposto, evitando seu esgotamento.

No caso de contingências, como seca, por exemplo, a Natura mantém uma parceria com uma indústria vizinha para utilizar sua água por meio de um sistema de captação já instalado. (ALVES, 2009)

Em outubro de 2004, a Natura concluiu a instalação de todos os hidrômetros para monitoramento do consumo nos edifícios do Espaço Natura, na produção, em lavagens e excedentes. (NATURA, 2004).

Em 2008, observou-se uma redução de 8,91% no consumo de água por unidade faturada na Natura, alcançando assim, uma redução de 2,05% no consumo absoluto, atingindo a meta proposta no ano anterior. (ALVES, 2009).

(12)

Em geral, na indústria cosmética a água é empregada nos seguintes processos:

 Como matéria prima que deve ser incorporada ao produto podendo variar de 20% a 80% da composição típica;

 Como diluente ou veículo na preparação de matérias primas como no caso de corantes e aditivos;

 Na lavagem e limpeza de tanques, equipamentos e utensílios utilizados nos processos de fabricação;

 Na lavagem e limpeza de pisos e ambientes de fabricação;

 No transporte de resíduos em geral, como efluentes dos processos de fabricação;  Como meio de resfriamento ou aquecimento (água gelada, água quente ou

vapor);

 Para limpeza de ruas e áreas externas bem como irrigação de jardins e lâminas d’água decorativas para efeito paisagístico;

 Para consumo e uso na higiene pessoal dos empregados da empresa. (ALVES, 2009).

4.2 Tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA)

A água bruta captada nas fontes subterrâneas pelo poço artesiano é direcionada à Estação de Tratamento de Água (ETA) da Natura, onde é submetida a uma série de processos que garantem sua qualidade e eliminam microorganismos nocivos à saúde, além de resíduos.

Nessa estação, a água adquire condições de potabilidade após passar pelas seguintes etapas de tratamento:

• Um dosador automático adiciona a quantidade de cloro necessária para tratar a vazão de água que será enviada ao filtro. A adição de cloro é necessária para a desinfecção e a eliminação de microorganismos, mau cheiro, gosto desagradável e qualquer coloração anormal que eventualmente possam estar presentes na água retirada do poço.

• Após processos de coagulação, neutralização e agitação, a decantação faz com que os flocos originados na etapa anterior depositem-se no fundo do tanque de água, formando uma espécie de lodo.

• Na próxima etapa, a água passa por um filtro de areia que retém as impurezas sólidas. O pH da água é controlado e, se necessário, corrigido, e ela é bombeada para as caixas d'água

(13)

da torre elevatória. Localizada na entrada do Espaço Natura, a torre da caixa d’água é composta por 5 células de 200 m³ cada.

• A água potável é armazenada em quatro destas células: nas células um, dois, quatro e cinco. É esta água que abastece as fábricas, os restaurantes e as torneiras do Espaço Natura. Na célula 3 fica a água destinada ao reuso. (NATURA, 2008).

Figura 3: Torre da Caixa d’água do Espaço Natura Cajamar. (NATURA, 2008) 4.3 Distribuição de água no espaço Natura

Toda a tubulação hídrica do Espaço Natura obedece à codificação de cores da norma ABNT para indicar o tipo de água que está sendo distribuída. Nas unidades de produção, por exemplo, a água que é desmineralizada segue através de tubulações de aço inoxidável.

As águas destinadas ao consumo humano seguem em redes de cor verde. Já as águas que receberam tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e são reutilizadas na rega de jardins, nas descargas sanitárias, no sistema de combate a incêndios, na lavagem de pisos e na Central de Compostagem da Natura passam por tubulações de cor branca. (NATURA, 2008).

(14)

4.4 Tratamento de resíduos na estação de tratamento (ETE)

Figura 4: Estação de Tratamento de Efluentes - ETE no Espaço Natura Cajamar. (NATURA, 2008) A ETE é a única estação da América do Sul dotada da tecnologia canadense de ultrafiltração, que utiliza membranas para tratamento de efluentes industriais e domésticos. Com esses recursos, ela foi inaugurada com capacidade para tratar 230 mil litros por dia, quantidade de esgoto (resíduos químicos e orgânicos) equivalente ao produzido por uma cidade de 45.000 habitantes. Com a instalação de uma nova membrana, a produção diária está em 253 mil litros, o que corresponde a um aumento de 10% de sua capacidade original.

A utilização dessa tecnologia, combinada com um sistema de coleta de esgoto sanitário a vácuo, possibilitou uma redução de 5 vezes em sua área construída em relação às estações de tratamento convencionais. Além disso, se a Natura tivesse que mandar os efluentes domésticos e industriais para serem tratados fora, além do impacto ambiental resultante da necessidade de transportar todo esse efluente e dos riscos associados a essa operação, teria um custo direto 5 vezes superior ao dispendido na operação atual. (NATURA, 2008).

Figura 5: Ultrafiltração. (NATURA, 2008)

O moderno sistema de controle e supervisão da ETE permite que ela funcione de forma automática, reduzindo o número de colaboradores necessários para a sua operação. O ciclo de tratamento obedece a duas operações distintas:

(15)

 Efluentes Industriais: as águas e efluentes provenientes da limpeza dos equipamentos de produção e dos pisos das fábricas são mandados para a ETE por meio de tubulação própria. Estes efluentes chegam com alta concentração de elementos inorgânicos, óleos, álcool e outras substâncias utilizadas na fabricação dos produtos Natura.

 Efluentes Orgânicos: as águas e efluentes originados da cozinha e dos equipamentos sanitários são destinados à ETE também por meio de um sistema independente de tubulação, onde só entram elementos orgânicos. (NATURA, 2008).

4.4.1 Tratamento preliminar do efluente industrial O tratamento é realizado nas seguintes etapas.

Os efluentes industriais, com elevada carga de material químico inorgânico e orgânico, além de metais solúveis e álcool, chegam à ETE com pequenas partículas sólidas. Uma peneira separa os elementos sólidos, como pedaços de papel, de lacres, de sacos plásticos ou de produtos mal dispersos. O material sólido retido é despejado em caçambas e destinado a aterros sanitários.

A seguir, os efluentes líquidos são mandados para um tanque intermediário, com capacidade de 3 m³, que funciona como tanque pulmão ou reserva de contingência. Ele é usado por segurança, no caso de haver necessidade de interrupção do fluxo de efluentes para a etapa seguinte do tratamento. Os efluentes são bombeados para o tanque de equalização, onde se inicia o seu pré-tratamento. Ali, ficam em constante agitação através de injeção de ar comprimido, que homogeneiza a mistura e dissolve oxigênio na água. Do tanque de equalização, os efluentes industriais são bombeados para o tanque de reação, onde recebem produtos químicos e continuam sendo agitados.

Uma amostra é coletada para se determinar a quantidade de cada elemento químico necessário ao tratamento, a ser usado no tanque de reação. Então, ajusta-se o painel de controle para dar início ao processo. Durante todo o processo de reação, a água fica em constante agitação para melhor dissolver os reagentes. Neste processo, formam-se flocos que decantam. Após cerca de 6 horas de agitação, obtém-se o lodo industrial decantado. O líquido da superfície do tanque é mandado para um tanque intermediário – chamado Elevatória 1, que tem função de segurança, caso a etapa seguinte do tratamento não possa receber imediatamente o fluxo proveniente do tanque de reação. A água enviada para a Elevatória 1 é bombeada para o tanque bioreator, no qual a sua carga orgânica é removida por processo

(16)

biológico. O material depositado no fundo do tanque de reação é bombeado para o tanque de lodo físico-químico ou lodo industrial. Uma amostra deste lodo é colhida para análise de pH e consistência.

O lodo industrial é agitado e recebe os reagentes químicos necessários para equilibrar os parâmetros de pH e consistência, determinados no laboratório da ETE. Após agitação por mais 2 horas, o material decantado é mandado para o filtro prensa. A água extraída do filtro prensa é mandada para o bioreator. O material prensado, conhecido por torta de lodo industrial, é acondicionado em caçamba para ser enviado ao aterro industrial. (NATURA, 2008).

4.4.2 Tratamento dos efluentes sanitários

Os efluentes sanitários contêm grande concentração de compostos orgânicos. Eles são formados pelas águas usadas nos restaurantes, nas pias dos banheiros e nos vasos sanitários – que funcionam com um sistema de coleta a vácuo.

Na ETE, existem bombas que mantêm a pressão negativa do sistema. Assim, por meio desse processo, os efluentes sanitários já chegam à estação homogeneizados. Os efluentes sanitários passam, então, por uma peneira, que separa os elementos sólidos da água. Esta peneira retém metais, plásticos, pedaços de tecido e demais partículas sólidas trazidas pelas tubulações. O fluxo segue para o tanque sanitário, que tem função de reserva de contingência ou pulmão.

Do tanque sanitário, a água é bombeada para o bioreator, onde é misturada à água pré-tratada dos efluentes industriais. Ali, acontece o processo de biodigestão aeróbica dos elementos orgânicos ou seja, em um meio equilibrado, bactérias digerem os elementos orgânicos dissolvidos na água. O líquido fica em constante agitação por meio de injeção de ar comprimido, para manter o nível de oxigênio na água e a atividade das bactérias aeróbicas. Nesta etapa, é feita uma avaliação com espectrofotômetro para determinar os níveis de nitrogênio, fósforo e outras substâncias. A concentração de bactérias na água é determinada através de análise microscópica. Conforme o resultado das análises, são adicionados componentes químicos necessários à manutenção da população ideal de bactérias. Estando em condições adequadas, a água do bioreator é mandada para o sistema de ultrafiltração de membrana. No filtro, a água pura é separada dos elementos orgânicos dissolvidos.

Quando as membranas do filtro estão saturadas de matéria orgânica, é feita uma retrolavagem e a água do processo é mandada de volta para o bioreator. A massa orgânica do

(17)

bioreator é constantemente monitorada e, quando sua concentração é muito alta, o produto do processo de retrolavagem é desviado para o tanque de lodo biológico.

No tanque de lodo biológico, é colhida uma amostra do lodo para determinar a quantidade de reagentes químicos que deve ser adicionada. O lodo é mantido em agitação por meio de injeção de ar comprimido, além de receber reagentes químicos. Após sua estabilização, o lodo biológico é mandado para o filtro de prensa. A água excedente do processo de prensagem retorna ao bioreator. A torta do lodo biológico é acondicionada em caçamba para ser enviada a uma empresa de reciclagem, que a reprocessa e a transforma em um adubo orgânico. (NATURA, 2008).

Figura 6: Fluxograma da Estação de Tratamento de Efluentes - ETE.

Em 2005 a capacidade de tratamento de efluentes na ETE era de 253 m³/dia. que foi ampliada para 340 m³/dia. O volume tratado de efluentes sanitários e industriais em 2004 foi de 73.500 m³, contra 69.677 m³ em 2003. Esse crescimento exigiu a necessidade de ampliação da capacidade. (NATURA, 2008).

(18)

4.5 O controle do processo

Para dar suporte tanto à ETA quanto à ETE, a Natura implantou um laboratório que funcionam 24 horas. Esse laboratório está capacitado a realizar análises físico-químicas e biológicas da água utilizada no Espaço Natura Cajamar. Para monitorar a confiabilidade dos resultados dessas análises, semestralmente a empresa chama um laboratório externo para fazer uma análise das mesmas amostras.

Os resultados servem para validar os valores obtidos na análise interna. Em caso de discrepância, são realizadas contraprovas. Se as divergências permanecem, é iniciado um processo de investigação para detectar se o desvio ocorreu por falha humana, erro de leitura de algum equipamento ou incorreção na metodologia das análises. (NATURA, 2008).

Figura 7: Utilização de água no Espaço Natura Cajamar de Janeiro a dezembro de 2004. (NATURA, 2008)

4.6 Reaproveitamento de água

Após os processos de tratamento na ETE, a água que sai da ultrafiltragem de membrana é mandada para a caixa de cloração, onde recebe cloro por meio de um dosador automático.

Deste ponto, a água é bombeada para a célula 3 da torre da caixa d’água, onde fica disponível para uso nos vasos sanitários, na reserva para combate a incêndios, na limpeza de piso de rodagem e na rega dos jardins do Espaço Natura.

(19)

O excedente é mandado de volta para a natureza, mas antes serve de meio de vida para os peixes do lago da ETE e dos diversos espelhos d’água que existem no Espaço Natura Cajamar, o que comprova que a água está apropriada para ser despejada no rio Juquery.

Até 2011, a água reciclada era utilizada apenas no sistema de irrigação e sanitários. A partir de 2012, foi incluída mais uma etapa no tratamento, que eleva a qualidade da água e viabiliza sua utilização para outros fins, como nas caldeiras para gerar vapor, resfriamento ou aquecimento de equipamentos e no resfriamento do ar-condicionado.

A reutilização da água aumentou de 29%, em 2003, para 39,5%, em 2004. No início de 2005, o volume de reuso já superou este índice e alcançou a média de 50%.

No ano de 2008 os processos de produção e a população de empregados da Natura geraram 88.162 m³ de efluentes que foram tratados na própria estação de tratamento da Natura, sendo: 44.811 m³/ano de efluentes industriais e 43.351 m³/ano de efluentes sanitários. (ALVES, 2009).

Nesta data a Natura contava com 4.200 trabalhadores, passando para 5.317 em 2012. Para atender a esta população e aos processos industriais em 2008 foram consumidos 124.000 m³ de água, enquanto que em 2012 houve uma redução no consumo para 121.688 m³ de água, dos quaos foram tratados 88.162 m³ em 2008 e 117.223 m³, como pode ser visto na Figura 8.

(20)

Em relação ao reúso, a Natura vem aumentando o volume de água reciclada e ampliando a sua aplicação para outros usos finais e em usos mais nobres, que exigem qualidade de água diferenciada, como pode ser visto na Tabela 3.

Tabela 2: Reuso de água entre os anos de 2010 a 2012.

Unidade 2010 2011 2012

Volume de água reciclada ¹ e reutilizada ² m³ 49.733 41.630 69.465 Percentual de água reciclada sobre

o total de água tratada na estação

de tratamento de efluente ³ % 38 29 45

Percentual total de reutilização

sobre o total de água retirada4 % 47 36 57

1. Proveniente dos efluentes sanitários e industriais gerados pelo site de Cajamar que após tratamento é destinado ao uso na rega de plantas, em vasos e mictórios, limpeza de pisos de rodagem e espelhos d’água.

2. Água que retorna do processo produtivo de Cajamar e é aproveitada no sistema de água potável. 3. Percentual refere-se ao volume de água de reciclada, proveniente do tratamento de efluente, comparado ao total de água tratada na estação de Cajamar.

(21)

5 CONCLUSÃO

Para atender ao processo de reuso, o efluente resultado do processo de fabricação é separado em industrial e sanitário, sendo na geração captado e transportado até a ETE de forma diferenciada, utilizando tubulações de cores distintas.

Com isto, o efluente sofre processo de tratamento com técnicas avançadas e processos mecanizados Dessa forma, a ETE devolve ao meio ambiente a água com qualidade acima dos padrões exigidos tanto pela legislação ambiental estadual quanto pela federal, efetuando mensalmente todas as análises comprobatórias de atendimento às normas.

Pela qualidade conferida o efluente tratado se torna apto a reutilização. A Natura reutiliza esta água no sistema de irrigação, nos sanitários, nas caldeiras para gerar vapor, resfriamento ou aquecimento de equipamentos e no resfriamento do ar-condicionado.

O resultado é que a água excedente, não reutilizada em suas instalações e despejada no rio Juquery, é devolvida à natureza com qualidades físico-químicas e biológicas bem superiores àquelas que o próprio rio apresenta.

Como se pode ver, com a aplicação de formas de tratamento avançadas e com o desenvolvimento tecnológico no campo de tratamento efluetnes, será possível a avançar na direção de utilização da água servida em campos mais nobres.

(22)

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ALVES, S. S. Conservação e Reúso de água em indústria de cosméticos - Estudo de caso da Natura Cosméticos. 2009. Tese (Mestrado) – Escola Politécnica, universidade de São Paulo.

 ANA – Agência Nacional de Águas. Recursos hídrico no Brasil. Brasília: 2009.  NATURA. Relatório Anual 2004, São Paulo.

 NATURA. Relatório anual 2008, São Paulo.  NATURA. Relatório anual 2012, São Paulo.

Referências

Documentos relacionados

Tal será possível através do fornecimento de evidências de que a relação entre educação inclusiva e inclusão social é pertinente para a qualidade dos recursos de

Dessas praticas, cita-se o sistema de tratamento e reuso de águas cinzas, ou seja, águas servidas pro- venientes dos pontos de consumo de água na edifi- cação (lavatórios,

à sua atuação como lobista junto ao Partido dos Trabalhadores. PABLO KIPERSMIT também não soube informar o porquê dos pagamentos, uma v e z que nunca contratou serviços

Há várias maneiras de não gastar água sem necessidade, por exemplo: pode-se usar a água da máquina de lavar para lavar o quintal e evitar um desperdício.. Resolva

Um dos participantes deste grupo que resolveu a tarefa, Smeagol, iniciou tentativas de pescar a caixa imediatamente após encaixar a ferramenta, da mesma forma que Sultão

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

Figura 8 – Isocurvas com valores da Iluminância média para o período da manhã na fachada sudoeste, a primeira para a simulação com brise horizontal e a segunda sem brise

 Para os agentes físicos: ruído, calor, radiações ionizantes, condições hiperbáricas, não ionizantes, vibração, frio, e umidade, sendo os mesmos avaliados