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UM CORPO NEM TÃO ABJETO ASSIM: SUBVERÇÃO AS NORMAS EM UM AMBIENTE ESCOLAR.

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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES 15 a 17 de Maio de 2013

Universidade do Estado da Bahia – Campus I Salvador - BA

UM CORPO NEM TÃO ABJETO ASSIM: SUBVERÇÃO AS

NORMAS EM UM AMBIENTE ESCOLAR.

Deivide Souza1

Este artigo trata de uma pesquisa inicial realizada no Colégio Municipal Jesus Cristo, localizado no bairro de Pau da Lima, Salvador, dentro das instalações da Mansão do Caminho, dirigida pelo líder espiritual kardecista Edivaldo Franco. O objetivo foi o de analisar uma experiência singular que ocorre nesse Colégio que, mesmo não sendo um ambiente totalmente laico, tem entre seu quadro de funcionários um professor que, na época em que foi realizada a pesquisa, identifiquei como uma travesti. Isso ocorreu porque, em conversas informais, o professor se identificou, em vários momentos, como uma “trava”. O termo significa travesti na gíria usada pela maioria das pessoas que se identificam como travesti. No decorrer desse artigo irei tratar sobre esse tema.

Inicialmente, o intuito foi de tentar achar respostas para essas perguntas: como esta professora trans dialoga entre os professores e alunos? Como essa experiência colabora para resolver o problema da homofobia na escola? O que essa experiência pode dizer aos alunos que têm uma orientação sexual “diferente”? Como esses alunos são vistos pelos professores? E os alunos, como veem os professores gays, lésbicas, travestis e transexuais? No decorrer do trabalho, verifiquei que alguns desses aspectos mereceriam mais tempo para serem identificados e, por isso, para esse trabalho, apenas tratarei sobre a relação desse profissional com a direção de escola e da sua experiência em sala de aula. O modo como os alunos tratam o professor não foi investigado.

O trabalho consistiu em entrevistas realizadas com a direção da escola e com o referido professor. Além disso, a observação participante em sala de aula, que segundo Valadares, necessita de uma ligação entre pesquisador e pesquisado na qual se faz necessária uma negociação para se ter os resultados esperados, muito embora o pesquisador não saiba das relações de poder que são executadas no ambiente a ser pesquisado, em nosso caso, na escola em geral e na sala de aula. A observação participante consiste na vivência do pesquisador no ambiente pesquisado, o que inclui ouvir, escutar, ver, bem como fazer interferências quando necessário. “É preciso aprender quando perguntar e quando não perguntar, assim como que perguntas fazer na hora certa” (VALADARES, 2007, p.153).

Essa metodologia teve o objetivo de subsidiar também as perguntas das entrevistas e para compreender um pouco da ambiência do local. Por fim, uma entrevista com o professor e pesquisador Leandro Colling, que estuda as relações entre a cultura, os gêneros e as sexualidades.

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Graduando do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, bolsista de iniciação científica do CNPq e pesquisador do grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CuS). Correspondência: Universidade Federal da Bahia, Campus Universitário de Ondina. CULT – Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Rua Barão de Jeremoabo, s/n. CEP: 40170-115, Salvador-BA. E-mail: deivideblue@gmail.com.

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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES 15 a 17 de Maio de 2013

Universidade do Estado da Bahia – Campus I Salvador - BA

A diversidade sexual em escolas de ensino fundamental é um assunto que, atualmente, vem pautando a vida dos brasileiros como, por exemplo, através do chamado kit anti-homofobia do projeto Escola sem Homofobia, desenvolvido pelo Ministério da Educação e recentemente suspenso pela presidenta Dilma Russef. Antes de tratar sobre os resultados da pesquisa, farei um rápido resgate de algumas reflexões teóricas que serão importantes para a análise.

Marco teórico

A sociedade hoje tem sido obrigada a aceitar os “diferentes”. Mas será que ela está preparada para isso? O desafio é descobrir até que ponto a escola vem se preparando para atender alunos que têm uma identidade sexual e de gênero dita diferente das “normais” e problematizar a evasão escolar desses gays, lésbicas, transexuais, travestis e transgêneros que não têm acesso à escola e, quando têm, como esse acesso é feito e mantido.

Com o crescimento da visibilidade LGBTTT (gays, lésbicas, transexuais, travestis e transgêneros) e a luta do movimento por políticas públicas que ampliem a igualdade e a inclusão, crescem a violência sofrida pelas chamadas minorias, conforme os meios de comunicação estampam nos jornais a cada dia.

Uma pesquisa feita pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura), publicada em 2004, em 241 escolas públicas e particulares, em 14 cidades brasileiras, revela que um quarto dos alunos e alunas não gostariam de ter homossexuais como colegas de turma. Foram entrevistados 16.422 estudantes, 4.532 pais e mães e 3.099 docentes.

A pesquisa observou que a discriminação e preconceito estão estritamente ligados à homofobia, “um tipo de violência pouco documentado quando se tem como referência a escola” (CASTRO, ABRAMOVAY e SILVA citado no Caderno Escola Sem Homofobia, s/d, p.55 e 56). Essa e outras pesquisas constatam que a evasão escolar tem motivos mais que comprovados para ocorrer em grande escala.

E o caso não é muito diferente quando se trata de docentes homossexuais. Outra pesquisa, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 501 escolas de 27 estados brasileiros, mostra que 8,1% dos 18.599 entrevistados disseram já ter tido conhecimento de práticas discriminatórias contra professores/as homossexuais.

Segundo Louro, historicamente várias instituições vêm tomando funções pedagógicas, como as igrejas, a medicina, a mídia, entre outras. Os discursos vindos desses ambientes não são homogêneos, pois cada um tem uma maneira singular de pensar as identidades de gênero. “Afirmar isso, ou seja, assumir que há pluralidade de representações e de discurso, não significa, no entanto, que as diferenças tenham desaparecido ou que elas tenham sido niveladas” (LOURO, 2010, p. 145). A escola hoje tem que pensar para além de respeitar as diferenças, mas pensar que com as diferenças também pode haver ensino. Seffner ainda complementa, ao colocar que os gays, as lésbicas e trans não devem ser postos como coitados, mas como sujeitos que podem trazer uma

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discussão mais ampla para escola. E reafirma isso quando diz: “a adequada discussão dessas questões deve ser feita levando em conta que a escola é um espaço público, e necessariamente laico” (SEFFNER, 2009, p. 135). Ou seja, a escola deve ser democrática e o professor não é líder religioso, ao menos dentro da escola, pautado na valorização e respeito às diferenças.

Para produção desse artigo, é necessário discutir uma série de conceitos e perspectivas teóricas, tais como: homofobia, heterossexualidade compulsória, heteronormatividade, distinção entre travestis, transexuais e transgêneros, identidades sexuais e de gêneros.

Segundo Nardi (2010), o termo homofobia foi inicialmente usado pelo psicólogo George Weinberg, em 1969, no artigo publicado pela revista Time, onde ele definiu homofobia como “ódio, medo, repulsa irracional por homossexuais ou a tudo que possa se relacionar a ela”. Trata-se de “uma manifestação arbitrária que consiste em designar o outro como contrário, inferior, ou anormal. Sua diferença irredutível o coloca em outro lugar fora do universo comum dos humanos” (BORRILLO apud NARDI, 2010 p.153). Logo, todo e qualquer tipo de estranhamento, insulto, violência tanto verbal ou física dirigida a gays, lésbicas, travestis e transexuais podem ser caracterizadas como homofobia.

E o que é a heteronormatividade e a heterossexualidade compulsória? Os dois conceitos estão intrinsicamente ligados e “denunciam” como todos nós estamos presos ao padrão binário (homem-mulher). Esses padrões ditam o que é “correto” sobre as sexualidades e geram as normas que regem nosso sistema educacional sobre a sexualidade. Essas normas têm como objetivo fixar a linha entre sexo> gênero> desejo> prática sexual, como aponta Miskolci (2010 p. 109). Assim, o sexo biológico deve ter determinado gênero da pessoa, que deverá desejar o sexo/gênero oposto e praticá-lo. Sempre que exigimos essa linha coerente para todas as pessoas, estamos reforçando a heterossexualidade como uma obrigação (compulsória) e a heteronormatividade.

A heteronormatividade consistisse em estabelecer a heterossexualidade (identidade de gênero) como sendo a maneira “normal” de se vivenciar a sexualidade. A heteronormatividade usa como norma o padrão homem e mulher, ou seja, apenas dois sexos e apenas dois gêneros. Segundo Miskolci, a heteronormatividade colabora para “formar a todos para serem heterossexuais ou organizarem suas vidas a partir do modelo supostamente coerente, superior e “natural” da heterossexualidade” (MISKOLCI, online).

Entendo, então, que heterossexualidade compulsória e a heteronormatividade estabelece como exigência, no entanto a homossexualidade é proibida ou patologizada, enquanto a heteronormatividade expressa à demanda social de que todos, independentes da identidade sexual vivenciem a sexualidade dentro dos padrões heterossexuais.

As questões de gênero utilizadas nesse projeto não se restringem as características biológicas, mas, ao contrário, visam “rejeitar um determinismo biológico implícito no uso dos termos como sexo ou diferença sexual, elas desejam acentuar, através de linguagem, o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo” (LOURO apud SCOTT, 2003 p. 21).

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Então, entendemos que o gênero é uma ferramenta política nas quais elas (as identidades de gêneros e sexuais) se confundem e se misturam, porém, isso não está evidente nos discursos dos sujeitos. Ou seja, o sexo (pensado como o biológico) não necessariamente determina qual o gênero do sujeito, ainda que as normas da sociedade, marcadas pela heteronormatividade, exijam que, se a pessoa possui um pênis ele tenha que adotar um gênero masculino, desejar e praticar sexo com uma mulher (tida como alguém que tenha nascido com uma vagina). O que a experiência trans (termo usado para agrupa travestis, transexuais e transgêneros) vai demonstrar é que essa linha coerente entre sexo (biológico) e gênero não é seguida por uma série de pessoas.

Colling (on line) diferencia a travestilidade e a transexualidade por a travesti fazer interferências no seu corpo, mas conviver muito bem com sua genitália, já a transexual tem uma repulsa a sua genitália e quase sempre recorre a intervenções cirúrgicas, em contra partida o transgênero não tem essa necessidade te fazer essas intervenções, elas ficam no entre lugar podendo usar ao mesmo tempo adereços masculinos e femininos e muitas vezes não se identificam com mulheres.

“Eu acordo ser humano”

Um dos primeiros desafios da pesquisa foi o de como identificar o profissional que motivou o nosso trabalho. Inicialmente, ele se identificou como “trava”, o que levou à identifica-lo como uma travesti. Na entrevista realizada no Colégio, Jaquison Ribeiro disse: “Eu sinto ser humano, eu acordo ser humano. Eu não estou dentro de uma escola ou dentro de um ônibus e fico pensando se estão me olhando se sou homossexual. Eu não me auto-rotulo, eu sou um ser humano diferente, porque todos nós somos. Eu sou professor e me considero um ser humano muitíssimo respeitado”. Na continuidade da entrevista, perguntei se ele prefere ser chamado de professor ou professora e ele respondeu: “Professor, sem dúvida. Eu não nasci mulher, eu nasci com gosto por pessoas pelo mesmo sexo. Na minha mente não funciona eu sou mulher.”

Mas, então, porque Jaquison teria se identificado anteriormente como “trava”? Seria apenas uma força de expressão, uma brincadeira, uma frase dita “mais à vontade”, algo que não poderia ser dito dentro de uma entrevista no Colégio? Ou a resposta inicial também não traduziria a sua performatividade de gênero? Jaquison tem cerca de 1 metro e 65 centímetros, usa cabelos compridos cacheados até a altura dos ombros, têm as unhas pintadas de cores claras (nas nossas entrevistas as cores variavam entre rosa claro e branco), costuma usar algumas roupas mais atribuídas ao universo feminino e outras mais masculinas (por exemplo, uma camisa masculina com calça capri feminina), sandálias havaianas rosas. Tem um gestual bastante característico do universo trans, gesticula bastante, cruza as pernas e usa o famoso “bate cabelo” (forma de virar rapidamente o cabelo para um dos lados). Ou seja, ainda que ele prefira ser chamado de professor, é inegável que a sua aparência física e sua performatividade de gênero estejam distante das normas exigidas pela sociedade do que é ser um homem masculino em sala de aula.

Mesmo respeitando a identidade solicitada pelo entrevistado, podería pensar Jaquison como uma pessoa que transgride as normas de gênero ao transitar entre os pólos masculino e feminino. O seu

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corpo, gestual, vestuário e forma de falar (com voz aguda) podem ser relacionados com aqueles sujeitos que, conforme explica Pelúcio (2004, p. 129) “perpassam o criticado binarismo macho/fêmea, masculino/feminino”.

E como a presença desse profissional impacta em sala de aula? Não seria previsível que ocorresse alguma reação contrária? Durante o nosso tempo em que estive na escola e pelas entrevistas realizadas com o professor e a direção do Colégio, não percebi nenhum tipo de estranhamento ou discriminação. Os alunos e alunas, de cerca de 9 anos, demonstraram grande carinho pelo professor dentro e fora de sala de aula. “O valor não está na orientação sexual, está no trabalho. Quando você tem os argumentos, você cala as pessoas. Existiam algumas pessoas que perguntaram seu eu tinha coragem de contratar ele. A coragem seria a de contratar um professor ruim. Aí eu realmente não teria”, disse a diretora do Colégio.

Essas constatações geraram outras perguntas no decorrer da pesquisa: Por que Jaquison é bem aceito e até goza de certo prestígio dentro do estabelecimento? Em função da observação, pude perceber que Jaquison é um professor muito presente no dia a dia da escola, que aceita desafios e inclusive, às vezes, aumenta sua carga de trabalho para cobrir as faltas dos demais. Em um ambiente que é marcado por carências de recursos humanos, Jaquison se sobressai ao dedicar muito tempo ao Colégio, trabalhando uma carga horária além da prevista em seu contrato. Essas constatações geraram outras perguntas no decorrer da pesquisa. Além disso, outro aspecto importante é que ele é um antigo conhecido da escola. Ele já havia estudado na escola e, quando cursava o antigo Magistério, descobriu que poderia estagiar no Colégio. “Escolhi logo porque o Colégio é perto de minha casa e eu não gastaria sequer com transporte”. Ou seja, o ambiente escolar parecia já estar, de alguma forma, habituado com a sua presença. No entanto, antes dele ser efetivamente contratado, a direção do Colégio se reuniu com uma comissão de professores para decidir se ele seria contratado ou não.

“A minha aceitação é maravilhosa, há uma resposta das crianças e dos pais que querem que seus filhos sejam meus alunos. Tem uma resposta positiva da sociedade. Mas é obvio que tem alguns que criticam. Jesus Cristo não agradou a todos, quem sou eu pra agradar”, disse o professor. Um desses momentos problemáticos foi lembrado por Jaquison. Uma mãe de aluno teria perguntado para outra professora de “aquele boiola” (referindo-se a Jaquison) daria aula para a sua filha. “Sim, não tem problema nenhum, ele, por sinal, também será professor da minha filha”, teria retrucado a colega. Para ele, o fato de sua homossexualidade ser explícita é o que gerou o respeito da comunidade escolar. “Quanto mais percebível (a homossexualidade), mais você será respeitado (pelos alunos). Tem que ser original. Teve um professor aqui que era gay e escondia e os alunos perceberam. Isso gerou um grande problema da relação entre eles e eu fui chamado para ajudar a resolver”, conta ele. E o fato da escola ser localizada dentro de uma instituição espírita e ser chamada Jesus Cristo? Jaquison diz que isso não foi um empecilho para a sua contratação e para o desenvolvimento do seu trabalho. Isso porque a escola não sofreria nenhum tipo de orientação religiosa dos kardecistas.

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Segundo o professor, inclusive a disciplina de ensino religioso contempla várias religiões. “Com os meus alunos eu peço que eles façam uma conversa com Deus antes das refeições. Cada um faz da maneira que quiser”, explicou.

Considerações finais

O que essa experiência de Jaquison nos revela sobre a sexualidade e o ambiente escolar? Ou melhor, o que essa experiência tem a nos ensinar sobre o respeito à diversidade sexual e de gênero nas escolas? Depois de apresentar as entrevistas e diários de campo da pesquisa, fiz essas perguntas para o professor Leandro Colling. Alguns dos aspectos que inferi em conjunto com Colling, a partir dessa pesquisa inicial, são:

- o trabalho de campo parece mostrar que, para as crianças que são alunas do professor Jaquison, todas com cerca 9 a 10 anos, a sexualidade dele não é um problema. Pouco importa como ele se comporta ou se veste. O que importa é a relação que Jaquison têm com eles;

- ainda que o ambiente da escola não seja laico, conforme defende Seffner (2009) ao tratar sobre o combate à homofobia, e que o estabelecimento esteja situado dentro das instalações de uma denominação religiosa, a presença de Jaquison parece ser garantida também porque o kardecismo não compactua com visões ligadas aos fundamentalismos religiosos sobre a sexualidade. Além disso, parece que o modo como a escola ministra a própria disciplina de Ensino Religioso também interfere nesse processo. Ou seja, se a escola não é efetivamente laica, ela pode ser, pelo menos, não disseminadora de ódio para com os diferentes;

- o trabalho de Jaquison também é possível em função da compreensão da direção, que aceita as suas diferenças e o defende das eventuais críticas homofóbicas. Caso a direção não compreendesse as diferenças do professor Jaquison, talvez ele nunca teria sido contratado ou mantido no cargo há cerca de cinco anos;

- a presença de Jaquison, por si só, já problematiza a heteronormatividade ao provocar o trânsito entre as identidades de gênero. Ainda que não faça isso de forma consciente, o professor embaralha as noções rígidas e fixas entre o que é ser masculino e o que é ser feminino. Essa performatividade, em termos subjetivos, colabora para que os estudantes tenham acesso e compreendam o quanto as pessoas são diferentes e que não há problema em ser diferente. Ou seja, a partir de uma referência positiva os estudantes conhecem e vivenciam um pouco mais sobre a diversidade que existe em nossa sociedade;

Referências

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COLLING, Leandro. Vídeo guerrilha. Entrevista disponível em http://www.culturaesociedade.com/cus/index.php?option=com_videoflow&view=fbook&Itemid=6 2. Acessado em 24 de abril de 2011.

LOURO, Guacira Lopes. Sexualidades minoritárias e educação: novas politicas? In: POCAHY, Fernando (org.). Políticas de enfrentamento ao heterossexismo. 1ª ed. Porto Alegre: Nuances, 2010, p. 143 a 150.

LOURO, Guacira Lopes. A emergência do gênero. In: _____ (org.). Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 5ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.

MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Questão das Diferenças: por uma analítica da normalização. Disponível em http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/prog_pdf/prog03_01.pdf. Acesso em 24 de abril de 2011.

________. A sexualidade no espaço escolar. In: _______(org). Marcas da diferença no ensino escolar. São Carlos: EDUFScar, 2010, p. 79 a 111.

NARDI, Henrique Caetano. Educação, heterossexismo e homofobia. In: POCAHY, Fernando (org.). Políticas de enfrentamento ao heterossexismo. 1ª ed. Porto Alegre: Nuances, 2010, p. 151 a 167.

PELÚCIO, Larissa. Travestis, a (re)construção do feminino: gênero, corpo e sexualidade em um espaço ambíguo. In: Revista Anthropológicas, ano 8, volume 15, 2004, p. 123 a 154.

SEFFNER, Fernando. Equívocos e armadilhas na articulação entre diversidade sexual e politicas de inclusão escolar. In: JUNQUEIRA, Rogério Diniz (org.). Diversidade sexual na educação: problematizações sobre homofobia na escola. 1ª ed. Brasília: UNESCO, 2009, p. 125 a 139.

VALLADARES, Licia. Os dez mandamentos da observação participante. IN: Revista Brasileira de Ciências Sociais 2007, vol.22, n.63, p. 153-155.

AUTOR DA OBRA. Título da obra: subtítulo. Número da edição. Local de Publicação: Editor, ano de publicação.

AUTOR da parte. Título da parte. Termo In: Autor da obra. Título da obra. Número da edição. Local de Publicação: Editor, Ano de publicação. Número ou volume, se houver, páginas inicial-final da parte, e/ou isoladas.

AUTOR. Título: subtítulo. Ano de apresentação. Número de folhas ou volumes. Categoria (Grau e área de concentração) - Instituição, local.

AUTOR. Título do artigo. Título da publicação seriada, local, volume, número, mês ano. Paginação ou indicação de tamanho. Disponível em: <Endereço.>. Acesso em: data.

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