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Decreto-Lei n.º ... / 2016

de ... de ...

A introdução na natureza de espécies exóticas ou não indígenas constitui já uma das principais causas de perda de diversidade biológica a nível mundial.

O Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro, veio regular de uma forma sistemática a introdução na natureza de espécies não indígenas da flora e da fauna, tendo em consideração o seu caráter transversal a vários setores de atividade, no seguimento do preconizado por diversos diplomas internacionais que Portugal ratificou, como a Convenção de Berna, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 95/81, de 23 de julho, ou a Convenção da Diversidade Biológica, aprovada pelo Decreto n.º 21/93, de 21 de junho, e da própria Lei de Bases do Ambiente recentemente aprovada, Lei n.º 11/97, de 7 de abril.

Ocorreram, desde então, novos desenvolvimentos legislativos, como a adoção da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de outubro, ou a aprovação do regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade, através do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 242/2015, de 15 de outubro, que vieram confirmar a importância desta matéria no quadro da conservação da diversidade biológica. Por outro lado, também a União Europeia veio manifestar idênticas preocupações ao preconizar o 5.º objetivo prioritário do Plano de Ação da União Europeia, anexo à Comunicação da Comissão COM (2006) 216 final, relativa ao travar da perda da biodiversidade até 2010 e além, e com a Comunicação da Comissão COM (2008) 789 final, para uma Estratégia da União Europeia sobre espécies invasoras. Mais recentemente, em maio de 2011, a Comissão Europeia adotou uma nova Estratégia de Biodiversidade que estabelece o quadro de ação da União Europeia para os próximos dez anos, com vista a atingir o objetivo central para 2020 em matéria de biodiversidade que foi fixado pelos dirigentes da União Europeia em março de 2010. Esta estratégia articula-se em torno de seis objetivos que se apoiam mutuamente e incidem nos principais fatores de perda de biodiversidade e que têm por objetivo reduzir as principais pressões a que a natureza e os serviços dos ecossistemas estão sujeitos na União Europeia. Um destes objetivos (Meta 5) diz respeito exatamente a esta matéria: - combater as espécies exóticas invasoras referindo que “até 2020, as espécies exóticas invasoras e as suas vias de introdução serão identificadas e classificadas por ordem de prioridade, as espécies prioritárias serão controladas ou erradicadas e as vias de introdução geridas de forma a impedir a introdução e o estabelecimento de novas dessas espécies”. Estas preocupações da União Europeia vieram a culminar na apresentação pela Comissão Europeia, em setembro de 2013, de uma proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho sobre a prevenção e gestão da introdução e disseminação de espécies exóticas invasoras. Esta proposta foi aprovada em 22 de outubro de 2014, dando origem ao Regulamento (UE) n.º 1143/2014.

Enquanto diploma inovador, o Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro, procurou ser pedagógico e sensibilizar os agentes económicos e o público em geral para a problemática da introdução de espécies exóticas. Essa dimensão pedagógica acabou por interferir na estrutura do diploma, ao acentuar uma dicotomia entre a introdução intencional e a introdução acidental cuja aplicação veio revelar algumas deficiências e dificuldades. O presente diploma pretende tornar esta legislação mais legível e mais fácil de aplicar, clarificando os seus dois principais campos de incidência, que são a

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disseminação ou libertação na natureza de espécimes de espécies exóticas, independentemente do resultado ou do dolo do agente, e a detenção e exploração económica dessas espécies, indo assim ao encontro do objetivo da União Europeia de cumprir o seu Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 e as Metas de Biodiversidade de Aichi, em particular a Meta n.º 9.

Procurou-se ainda harmonizar o léxico empregue, substituindo a designação “não indígena” adotada pelo Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro, pela de “exótica”, que foi a internacionalmente consagrada, bem como acompanhar e incorporar uma terminologia mais atualizada e consentânea com as preocupações internacionais em relação às espécies exóticas, nomeadamente com a Decisão VI/23 da Convenção da Biodiversidade, que adotou um conjunto de princípios orientadores para a prevenção, introdução e mitigação dos impactos das espécies exóticas que ameaçam os ecossistemas, os habitats e as espécies, com a Estratégia Europeia para as Espécies Exóticas Invasoras adotada pela Convenção de Berna, baseada nessa Decisão e que traduz a aplicação dos seus princípios para a escala europeia, com o Regulamento (CE) n.º 708/2007 do Conselho, de 11 de junho de 2007, alterado pelo Regulamento (CE) n.º 506/2008 da Comissão, de 6 de junho de 2008, e pelo Regulamento (UE) n.º 304/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de março de 2011, relativo à utilização na aquicultura de espécies exóticas e de espécies ausentes localmente, que no seu artigo 4.º preconiza a adoção de medidas pelos Estados-Membros que evitem efeitos adversos para a biodiversidade derivados da introdução em aquicultura de espécies exóticas ou ausentes localmente, e com o Regulamento (UE) n.º 1143/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2014, sobre a prevenção e gestão da introdução e disseminação de espécies exóticas invasoras. Daí resultam os três níveis de objetivos que esta revisão, de uma forma mais nítida, vem afirmar: prevenir a introdução de novas espécies exóticas em território nacional ou em unidades geograficamente isoladas; fazer a deteção precoce de situações de introdução e acionar rápidos mecanismos de controlo; conter a proliferação das espécies exóticas invasoras introduzidas, através de planos de controlo e erradicação.

Procurou-se também, com o objetivo de clarificar e simplificar, reduzir o número de listas de espécies, nomeadamente eliminando o anexo que incluía as espécies exóticas já introduzidas em Portugal, pois a existência do mesmo, onde se incluíam espécies totalmente inócuas e espécies invasoras, tornava confuso o seu alcance. Esta informação, de natureza muito dinâmica, fica disponível ao cidadão através dos organismos públicos responsáveis pela aplicação deste diploma, nomeadamente no portal do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P..

O presente diploma substitui assim o Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro, aprovando em anexo a Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras.

Por fim, aproveita-se a ocasião para adaptar o quadro sancionatório ao novo regime das contraordenações ambientais introduzido pela Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, alterada e republicada pela Lei n.º 114/2015, de 28 de agosto.

Ouvidos os órgãos de governo próprio das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

Assim:

No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido pela Lei n.º 19/2014, de 14 de abril, e nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

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CAPÍTULO I Disposições introdutórias

Artigo 1.º Objeto

O presente diploma regula a introdução na natureza de espécies exóticas e estabelece regras para prevenir, minimizar e mitigar os impactos negativos sobre a diversidade biológica e os serviços dos ecossistemas a ela associados, resultantes da introdução e disseminação de espécies invasoras em território nacional.

Artigo 2.º Âmbito 1 – Este diploma não se aplica:

a) À introdução, utilização e detenção de organismos geneticamente modificados, ou de produtos que os contenham, que é regulado por legislação própria;

b) Aos organismos patogénicos causadores de doenças animais ou humanas, objeto de legislação própria de proteção sanitária ou saúde humana;

c) Aos organismos prejudiciais aos vegetais e produtos vegetais, objeto de legislação própria de proteção fitossanitária;

d) Aos microrganismos fabricados ou importados para utilização em produtos fitofarmacêuticos já autorizados na União Europeia ou para os quais está em curso uma avaliação nos termos do Regulamento (CE) n.º 1107/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho;

e) Aos microrganismos fabricados ou importados para utilização em produtos biocidas já autorizados na União Europeia ou para os quais está em curso uma avaliação nos termos do Regulamento (UE) n.º 528/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho;

f) À introdução, utilização e detenção de organismos utilizados como auxiliares na luta biológica, quando incluídos na lista da Organização Europeia de Proteção de Plantas;

g) Às espécies objeto de exploração agrícola ou florestal, quando incluídas nos catálogos comuns ou nacionais de variedades de espécies agrícolas e hortícolas ou florestais.

2 – As medidas destinadas ao controlo e gestão de águas de lastro e sedimentos dos navios são definidas em legislação própria.

Artigo 3.º Definições Para efeitos do presente diploma entende-se por:

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a) Análise de risco – procedimento pelo qual se avaliam as consequências da introdução e a probabilidade de estabelecimento no meio natural de uma espécie exótica;

b) Animal de companhia – qualquer animal, indígena ou exótico, detido ou destinado a ser detido pelo Homem, designadamente em sua casa, para seu entretenimento e enquanto companhia ou ornamento;

c) Confinamento – ações destinadas a criar barreiras que minimizem o risco de uma população de uma espécie invasora se dispersar e propagar para além da área invadida;

d) Controlo da população – ações letais ou não letais aplicadas a uma população de uma espécie invasora com vista a manter o número de indivíduos o mais baixo possível, minimizando a sua capacidade invasora e os impactos negativos na biodiversidade e nos serviços dos ecossistemas a ela associados, na saúde humana ou na economia;

e) Criadores ou viveiristas – pessoas singulares ou coletivas que procedem à reprodução de espécimes de espécies de fauna ou de flora e que promovem a sua circulação, seja por doação, cedência, troca ou comercialização; f) Erradicação – ações letais ou não letais aplicadas a uma população de uma

espécie invasora com vista à sua eliminação completa e permanente num dado território;

g) Espaço confinado – instalações fechadas para a manutenção de organismos, das quais não é possível a fuga ou a disseminação;

h) Espécie – conjunto de indivíduos inter-reprodutores com a mesma morfologia hereditária e um ciclo de vida comum, incluindo quaisquer categorias taxonómicas inferiores ou as suas populações geograficamente isoladas;

i) Espécie exótica – também designada não indígena ou alóctone, é qualquer espécime vivo de uma espécie não originária de determinado território nem tendo aí área natural de distribuição, passada ou presente, incluindo os seus híbridos;

j) Espécie invasora – espécie exótica cuja introdução ou propagação num dado território ameaça ou tem um impacto negativo na diversidade biológica e nos serviços dos ecossistemas a ela associados;

k) Introdução – disseminação ou libertação por ação humana, intencional ou acidental, de um ou mais espécimes de uma espécie exótica, incluindo gâmetas, sementes, ovos, propágulos ou qualquer porção que possa sobreviver ou reproduzir-se, em território no qual essa espécie não se encontra presente, exceto se for em espaço confinado;

l) Planta ornamental - qualquer planta detida ou destinada a ser detida pelo Homem, com fins estéticos;

m) Repovoamento - disseminação ou libertação, num dado território, de um ou mais espécimes de uma espécie exótica aí previamente introduzida; n) Risco ecológico – potencial impacto negativo, suscetível de ameaçar a

diversidade biológica e os serviços dos ecossistemas a ela associados num dado território;

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o) Território – unidade geográfica equivalente ao continente, à plataforma continental ou a cada uma das ilhas das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e, no caso de espécies dulçaquícolas, a cada uma das bacias hidrográficas.

Artigo 4.º

Lista Nacional de Espécies Invasoras

1 – É criada uma Lista Nacional de Espécies Invasoras, adiante designada por Lista de Espécies Invasoras, constante do Anexo A a este diploma e que dele faz parte integrante, na qual se incluem:

a) As espécies exóticas para as quais existe informação científica e técnica que permite classificá-las como invasoras em Portugal;

b) As espécies consideradas como invasoras em disposições ou normas de âmbito nacional ou europeu e em instrumentos internacionais ratificados por Portugal, que não sejam espécies autóctones.

2 – A revisão da Lista de Espécies Invasoras, bem como a inclusão ou exclusão isolada de espécies na mesma, é efetuada por portaria dos membros do Governo com a tutela do ambiente, da agricultura, das florestas, das pescas e da saúde.

3 – No portal eletrónico do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. (ICNF, I.P.) fica disponível, a título informativo, uma lista, aprovada por despacho do seu Conselho Diretivo, com as espécies exóticas não invasoras cuja introdução e ocorrência em cada uma das unidades geográficas do território nacional, referidas na alínea o) do artigo anterior, está identificada e confirmada.

CAPÍTULO II

Introdução de espécies exóticas

Artigo 5.º Interdição

1 – Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, é proibida a introdução de qualquer espécie exótica.

2 – É interdito o repovoamento de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras.

Artigo 6.º Exceções

1 – Mediante despacho conjunto dos membros do Governo com a tutela do ambiente, da saúde e da atividade em causa, sob proposta do ICNF, I.P., pode ser permitida uma introdução, verificadas cumulativamente as seguintes situações:

a) A espécie objeto da pretensão não estar incluída na Lista de Espécies Invasoras;

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b) Existirem vantagens inequívocas para o Homem ou para as biocenoses naturais;

c) Não haver nenhuma espécie autóctone apta para o fim pretendido;

d) Ser precedida da elaboração de uma análise de risco ecológico, cujas conclusões são relevantes para a autorização.

2 – A exceção referida no número anterior, quando referente a introduções em áreas classificadas, ilhas sem população humana residente, lagoas e lagunas naturais, só é aplicável no caso de essa introdução ser a única ação eficaz para a conservação da natureza ou para a salvaguarda da saúde ou segurança públicas.

3 – A análise de risco ecológico referida na alínea d) do n.º 1 é da responsabilidade do interessado e deve basear-se em informação científica sobre o risco atual relacionado com a introdução e conter elementos sobre:

a) A taxonomia, etologia e ecologia, nomeadamente habitat, dieta e relações interespecíficas da espécie em causa;

b) A biologia da reprodução, as patologias, a capacidade de dispersão e os riscos de hibridação com espécies indígenas;

c) O habitat de suporte, compreendendo a avaliação das consequências da introdução sobre esse habitat e os circundantes e das medidas apropriadas para reduzir ou minimizar os seus efeitos negativos;

d) Os riscos da introdução em causa, bem como as medidas que possam ser tomadas para eliminar ou controlar a população introduzida, incluindo a viabilidade e custos das mesmas, caso surjam efeitos imprevistos e danosos dessa introdução;

e) As introduções da espécie em causa noutros locais, quando existam, e as suas consequências;

f) A identificação da entidade responsável pelo processo de introdução em causa e a descrição dos métodos a utilizar.

Artigo 7.º Ensaio controlado

1 – O despacho conjunto previsto no n.º 1 do artigo anterior pode fazer depender a autorização da realização de um ensaio controlado, com espécimes da espécie em causa, em local confinado com características ecológicas idênticas às do território onde se pretende efetuar a introdução.

2 – Para efeitos do número anterior, o despacho conjunto identifica as entidades administrativas responsáveis pelo acompanhamento do ensaio, dependendo a autorização da apreciação positiva do seu resultado.

Artigo 8.º Quarentena

Independentemente do resultado da análise de risco ecológico, os espécimes a introduzir são sujeitos a um período de quarentena sanitária específica para cada

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situação, de acordo com o definido pelas competentes autoridades veterinárias ou fitossanitárias.

CAPÍTULO III

Detenção de espécies exóticas

Artigo 9.º

Espécies exóticas introduzidas e aquicultura em espaço confinado

O disposto nos artigos seguintes não é aplicável:

a) Às espécies exóticas não invasoras cuja introdução e ocorrência está identificada e confirmada, constantes da lista referida no n.º 3 do artigo 4.º, quando o cultivo, criação, detenção, cedência, compra, venda ou transporte dos seus espécimes aconteça dentro de cada um dos territórios onde a introdução está confirmada;

b) À aquicultura praticada em espaço confinado com espécies não incluídas na Lista de Espécies Invasoras, regulada pelo Regulamento (CE) n.º 708/2007 do Conselho, de 11 de junho de 2007, com as alterações do Regulamento (CE) n.º 506/2008 da Comissão, de 6 de junho de 2008, e do Regulamento (UE) n.º 304/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de março de 2011.

Artigo 10.º Espécies invasoras

1 – É proibido o cultivo, a criação, a detenção ou a utilização como planta ornamental ou animal de companhia de espécimes das espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras.

2 – A cedência, a compra, a venda, a oferta de venda, a detenção e o transporte de espécimes das espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras fica restrita a espécimes ou partes de espécimes não vivos e sem propágulos viáveis, como forma de prevenir a possibilidade de introdução ou de repovoamento através de evadidos.

3 – A restrição prevista no número anterior não se aplica à cedência, compra, venda, oferta de venda, detenção e transporte de espécimes de espécies cuja captura esteja enquadrada num plano de controlo, confinamento ou erradicação devidamente aprovado nos termos do artigo 18.º, desde que tal seja previamente autorizado por despacho do Conselho Diretivo do ICNF, I.P..

4 – Qualquer espécime de uma espécie constante da Lista de Espécies Invasoras que seja capturado ou colhido no exercício de uma atividade regulada por legislação especial, nomeadamente caça ou pesca, é obrigatoriamente retido.

5 – O disposto nos n.ºs 1 e 2 não é aplicável à cedência, compra, transporte, cultivo, criação e detenção, quando praticados para fins científicos ou pedagógicos por entidades devidamente licenciadas pelo ICNF, I.P., nos termos dos artigos 11.º e

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seguintes, desde que os espécimes estejam enquadrados em projetos que prossigam esses fins e desde que cumpridas as particulares condições de segurança exigidas, atendendo ao risco específico de cada uma das espécies em causa.

6 – Em derrogação do disposto nos n.ºs 1 e 2, pode ser excecionalmente autorizada a exploração de determinadas espécies já presentes em Portugal cuja utilização seja considerada de extraordinária relevância para o país, de acordo com regras a definir por portaria do membro do Governo com a tutela do ambiente e da atividade em causa, que incluam, nomeadamente, medidas de contenção e de renaturalização do espaço utilizado no final do período da sua exploração, quando se trate de espécies da flora, ou eliminação total dos efectivos, quando se trate de espécies da fauna.

Artigo 11.º

Licença para detenção de espécies exóticas

1 – As pessoas singulares ou coletivas que, na prossecução de fins comerciais, científicos ou pedagógicos, sejam detentoras de espécimes de espécies exóticas, nomeadamente em jardins botânicos, estufas, viveiros, hortos, lojas de plantas, jardins e parques zoológicos, safaris, circos e outras atividades de exibição de animais selvagens, aquários, lojas de animais, instalações pecuárias e outras formas de criação de animais, necessitam de uma licença do ICNF, I.P. para deter espécies exóticas, especificando quais as espécies passíveis de serem detidas.

2 – Para efeitos de cumprimento do disposto no número anterior, aos criadores ou viveiristas já licenciados pelo ICNF, I.P., ao abrigo de outra legislação, para deter espécimes vivos de espécies exóticas, basta comunicar esse facto ao ICNF, I.P., com indicação das espécies exóticas abrangidas.

3 – A licença para deter espécies exóticas não substitui qualquer outra licença ou autorização exigível nos termos da legislação em vigor.

Artigo 12.º

Condições de licenciamento

1 – A licença referida no artigo anterior só pode ser concedida a quem comprove possuir instalações com condições de segurança adequadas às espécies exóticas que detenha ou pretenda deter, de acordo com a legislação específica em vigor e de modo a impedirem qualquer risco de dispersão.

2 – As licenças são revogadas se os seus titulares não derem cumprimento às seguintes obrigações e, no caso de comerciantes de plantas ornamentais ou de animais de companhia, às constantes do artigo 15.º:

a) Manter as instalações nas condições sanitárias e de segurança adequadas às espécies exóticas que detenham, de acordo com a legislação específica em vigor, podendo as mesmas ser vistoriadas, a todo o tempo, pelos serviços do ministério com a tutela do ambiente e pelos demais com competência específica;

b) Organizar e manter atualizado um registo dos espécimes das espécies exóticas que detenham, a apresentar quando solicitado por qualquer

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entidade que, nos termos deste diploma, tenha competências de fiscalização, e enviar ao ICNF, I.P., até ao final do mês de fevereiro do ano civil subsequente àquele a que se reporta a atualização, um relatório circunstanciado, nos termos definidos pela portaria referida no n.º 3 do artigo 14.º;

c) Fazer a marcação dos espécimes de espécies da fauna exóticas que detenham, quando e da forma preconizada no licenciamento, de modo a poder ser identificada a sua origem em caso de evasão;

d) Comunicar ao ICNF, I.P., logo que detetada, a evasão ou disseminação acidental de qualquer espécime de uma espécie exótica, para que possam ser avaliados os riscos da introdução e acionados os mecanismos de controlo.

3 – Com base nas vistorias referidas na alínea a) do número anterior, as entidades competentes nas matérias em causa podem propor, com caráter vinculativo, alterações a introduzir nas instalações e o prazo em que as mesmas devem ser implementadas, sob pena de revogação da licença.

4 – Caso a licença tenha sido concedida com base em falsas declarações do requerente, a licença é considerada como não válida para todos os efeitos legais.

Artigo 13.º Requisitos de segurança

1 – As instalações destinadas a deter espécimes de espécies exóticas devem obedecer a requisitos mínimos de segurança que impeçam a sua evasão ou disseminação.

2 – O requerente da licença para deter espécies exóticas deve comprovar o cumprimento dos requisitos mínimos referidos no número anterior, sendo responsável por qualquer disseminação ou evasão de um espécime detido, incluindo os custos decorrentes da aplicação de mecanismos de controlo a que possa dar origem.

3 – Sem prejuízo dos requisitos mínimos referidos nos n.ºs anteriores, a detenção, cultivo, criação e transporte, ao abrigo da exceção prevista no n.º 5 do artigo 10.º, de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras estão sujeitos a condições de segurança particulares definidas na licença prevista no artigo 11.º, em função do risco específico das espécies em causa.

Artigo 14.º Prazo do licenciamento

1 – A licença para detenção de espécies exóticas é concedida pelo ICNF, I.P. no prazo de 45 dias após entrada nos serviços do respetivo requerimento.

2 – Caso o ICNF, I.P. não responda ao pedido de licenciamento no prazo referido no número anterior há lugar a deferimento tácito.

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3 – O ICNF, I. P. organiza e mantem atualizada toda a informação referente a cada licenciamento, nos termos definidos por portaria dos membros do Governo com a tutela do ambiente e das finanças.

4 – A emissão de uma licença para deter espécies exóticas está sujeita ao pagamento dos respetivos custos, nos termos definidos pela portaria referida no número anterior.

Artigo 15.º

Plantas ornamentais e animais de companhia

1 – Os comerciantes de plantas ornamentais ou de animais de companhia devem afixar em local bem visível do seu estabelecimento um extracto-resumo conforme ao modelo constante do Anexo B, o qual faz parte integrante do presente diploma.

2 – Os comerciantes de plantas ornamentais ou de animais de companhia devem indicar, no requerimento de licenciamento para a detenção de espécies exóticas referido nos artigos 11.º a 13.º, o destino dos espécimes detidos dessas espécies, em caso de cessação da actividade.

3 – Os comerciantes de plantas ornamentais ou de animais de companhia desoneram-se da responsabilidade referida no n.º 2 do artigo 13.º relativamente aos espécimes de espécies exóticas vendidos se, quando da venda e da transferência da posse para o novo detentor, registarem e mantiverem o registo dessa venda, com a identificação do comprador e a comprovação de que o mesmo foi informado de que passa a ser responsável por qualquer disseminação ou evasão do espécime transferido.

Artigo 16.º

Registo de criadores e viveiristas

1 – Os criadores ou viveiristas de espécies exóticas que promovam a transferência de espécimes vivos, com fins comerciais ou não comerciais, têm de estar registados junto do ICNF, I.P., nos termos definidos pela portaria referida no n.º 3 do artigo 14.º.

2 – Para efeitos de cumprimento do disposto no número anterior, aos criadores ou viveiristas já registados junto do ICNF, I.P., ao abrigo de outra legislação, basta comunicar esse facto ao ICNF, I.P..

3 – Os criadores já existentes que detenham espécies exóticas e que, nos termos do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro, não estavam obrigados a registo, devem registar-se junto ao ICNF, I.P. no prazo de 90 dias a contar da publicação da portaria referida no n.º 1.

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CAPÍTULO IV Medidas mitigadoras

Artigo 17.º Deteção precoce

A disseminação ou libertação acidental, bem como a observação na natureza em locais onde a sua presença era desconhecida, de espécimes de espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras, deve ser imediatamente comunicada ao ICNF, I.P. através da plataforma eletrónica disponível no seu sítio Internet.

Artigo 18.º

Planos de controlo, confinamento ou erradicação

1 – As espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras já introduzidas devem ser objeto de planos de ação nacionais ou locais com vista ao seu controlo, confinamento ou erradicação, os quais podem também abarcar grupos de espécies com caraterísticas semelhantes:

a) Promovidos pelo membro do Governo com a tutela do ambiente, em articulação, consoante os casos, com o membro do Governo com a tutela da agricultura, das pescas ou da saúde, e previamente avaliados pelo ICNF, I.P. quanto à sua compatibilidade com os princípios da conservação da natureza e da biodiversidade, no caso de um plano nacional;

b) Promovidos pelo ICNF, I.P., ou, em articulação com o ICNF, I.P., por um Município territorialmente competente ou por qualquer entidade, pública ou privada, com interesse na matéria, no caso de um plano local.

2 – Os planos de controlo, confinamento ou erradicação definem prioridades de atuação de acordo com a gravidade da ameaça e o grau de dificuldade previsto para a erradicação, confinamento ou controlo das espécies e devem incluir medidas proporcionais ao impacto ambiental causado e adequadas às circunstâncias específicas de cada território e espécie, com base numa análise de custos e benefícios, compreendendo, tanto quanto possível, a recuperação dos ecossistemas degradados, danificados ou destruídos e a prevenção de novas invasões.

3 – No âmbito das ações de aplicação dos planos referidos no número anterior, devem também ser objeto de controlo outras espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras quando os seus espécimes possam ser capturados ou colhidos durante essas acções.

4 – Os espécimes de espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras apreendidos numa ação de fiscalização ou recolhidos ou capturados no decorrer de um plano de controlo, confinamento ou erradicação são eliminados, exceto quando esse plano lhes preveja outro destino ou quando sejam necessários para fins científicos ou pedagógicos nos termos do n.º 5 do artigo 10.º.

5 – Sempre que estejam em causa espécimes de espécies da fauna, durante os processos de erradicação, confinamento ou controlo devem ser adotadas as medidas necessárias para lhes minimizar a dor, a angústia e o sofrimento.

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6 – Caso sejam detetados espécimes de espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras em bens ou produtos existentes no mercado ou em circulação comercial, devem as autoridades veterinárias ou fitossanitárias imobilizar e isolar esses bens ou produtos até verificarem e garantirem que os mesmos não contêm propágulos ou qualquer porção dessas espécies que possam sobreviver ou reproduzir-se, ou, na impossibilidade dessa garantia, efetuar a sua limpeza, desinfeção ou destruição.

7 – Nas atividades recreativas e desportivas desenvolvidas em águas interiores, as autoridades administrativas com a tutela dos recursos hídricos e da atividade em causa devem sujeitar a medidas de prevenção e controlo as embarcações e outros materiais utilizados, de modo a evitar a introdução ou disseminação acidental nessas águas de espécies constantes da Lista de Espécies Invasoras.

Artigo 19.º

Estratégia nacional para o controlo de espécies invasoras

1 – No prazo de um ano o membro do Governo com a tutela do ambiente promove a análise das vias de propagação e introdução acidental de espécies invasoras no território nacional, incluindo nas águas marinhas, identificando as que exigem uma ação prioritária devido ao volume das espécies introduzidas por essas vias ou aos danos reais e potenciais por elas causados.

2 – No prazo de 24 meses o membro do Governo com a tutela do ambiente, em articulação com os restantes membros do Governo, promove a elaboração da estratégia nacional para o controlo de espécies invasoras, a qual estabelece as prioridades nacionais de atuação nesta matéria e define os meios, os instrumentos financeiros e fiscais e os instrumentos de execução disponíveis para a sua aplicação.

3 – No prazo de três anos o membro do Governo com a tutela do ambiente, em articulação com os membros do Governo com a tutela sobre a matéria em causa, promove a criação e aplicação de um ou vários planos de ação para controlar as vias de propagação e introdução identificadas como exigindo ação prioritária, incluindo a sua calendarização e a descrição das medidas a adotar.

CAPÍTULO V

Funções administrativas e científicas

Artigo 20.º Competências

1 – O ICNF, I.P. é a autoridade administrativa nacional para a introdução de espécies exóticas.

2 – Compete ao ICNF, I.P. assegurar as funções administrativas e técnico-científicas necessárias à aplicação do presente diploma, nomeadamente:

a) Apreciar os pedidos de introdução e as análises de risco ecológico e propor as introduções a autorizar, conforme previsto no artigo 6.º;

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b) Autorizar a cedência, a compra, a venda, a oferta de venda e o transporte de espécimes de espécies cuja captura esteja enquadrada num plano de controlo, confinamento ou erradicação, conforme previsto no artigo 10.º; c) Licenciar e revogar licenças para a detenção de espécimes de espécies

exóticas e organizar e manter atualizada a informação referente a cada licença concedida, conforme previsto nos artigos 11.º a 14.º;

d) Proceder ao registo dos criadores e viveiristas de espécies exóticas, conforme previsto no artigo 16.º;

e) Avaliar os riscos de introdução e acionar os mecanismos de controlo necessários relativamente aos espécimes exóticos evadidos ou disseminados acidentalmente que lhe sejam comunicados, conforme previsto nos artigos 12.º e 17.º;

f) Propor a inclusão ou exclusão de espécies da Lista de Espécies Invasoras, por sua iniciativa ou de terceiros, com base em proposta devidamente fundamentada;

g) Efetuar a avaliação prévia dos planos nacionais de controlo, confinamento ou erradicação referidos no artigo 18.º e promover ou apoiar a promoção dos planos de ação locais, conforme previsto no mesmo artigo.

Artigo 21.º Conselho consultivo

1 – Para aconselhar o ICNF, I.P., nas suas funções técnico-científicas relativas à aplicação do presente diploma, é instituído um conselho consultivo que integra peritos nomeados por despacho do membro do Governo com a tutela do ambiente, sob proposta do ICNF, I.P..

2 – O conselho consultivo tem a seguinte composição:

a) Dois representantes do ICNF, I.P., um dos quais preside;

b) Um representante do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. (IPMA, I.P.);

c) Um representante do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. (INIAV, I.P.);

d) Um representante das organizações não-governamentais de ambiente (ONGA);

e) Três elementos da comunidade científica nacional, de reconhecido valor técnico e científico na área em causa;

f) Dois representantes dos agentes económicos, nomeadamente criadores e viveiristas.

3 – O conselho consultivo funciona preferencialmente através de correio eletrónico, reunindo sempre que convocado pelo ICNF, I.P..

(14)

CAPÍTULO VI Contraordenações

Artigo 22.º

Contraordenações ambientais

1 – Constitui contraordenação ambiental muito grave, punível nos termos da Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, na sua redação atual, a prática dos seguintes atos e atividades:

a) A introdução de qualquer espécie incluída na Lista de Espécies Invasoras, em violação do disposto no n.º 1 do artigo 5.º;

b) O repovoamento de qualquer espécie já ocorrente em território nacional incluída na Lista de Espécies Invasoras, em violação do disposto no n.º 2 do artigo 5.º.

2 – Constitui contraordenação ambiental grave, punível nos termos da Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, na sua redação atual, a prática dos seguintes atos e atividades: a) A introdução de qualquer espécie exótica não incluída na Lista de Espécies

Invasoras, em violação do disposto no n.º 1 do artigo 5.º;

b) A utilização, detenção, criação ou cultivo de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, em violação do disposto no n.º 1 do artigo 10.º ou do n.º 4 do artigo 29.º;

c) A cedência, compra, venda, oferta de venda e transporte de espécimes vivos ou com propágulos viáveis de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, em violação do disposto no n.º 2 do artigo 10.º;

d) A não retenção e devolução ao meio natural de espécimes de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras que tenham sido colhidos ou capturados, em violação do disposto no n.º 4 do artigo 10.º;

e) O incumprimento das medidas de contenção, de renaturalização do espaço utilizado ou de eliminação total de efetivos no final do período de exploração, quando excecionalmente autorizada, de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, em violação do disposto no n.º 6 do artigo 10.º ou na alínea c) do n.º 2 do artigo 31.º.

f) O incumprimento dos requisitos mínimos de segurança previstos nos n.ºs 1 e 3 do artigo 13.º.

3 – Constitui contraordenação ambiental leve, punível nos termos da Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, na sua redação atual, a prática dos seguintes atos e atividades:

a) A detenção de espécimes de espécies exóticas na prossecução de fins comerciais, científicos ou pedagógicos sem a licença prevista no n.º 1 do artigo 11.º;

b) O incumprimento do dever de registo previsto na alínea b) do n.º 2 do artigo 12.º, bem como do dever de envio do relatório aí referido;

(15)

c) O incumprimento do dever de marcação dos espécimes de espécies da fauna previsto na alínea c) do n.º 2 do artigo 12.º;

d) O incumprimento do dever de comunicação de qualquer evasão ou disseminação detetada previsto na alínea d) do n.º 2 do artigo 12.º;

e) A falta de afixação do extracto-resumo em violação do disposto no n.º 1 do artigo 15.º;

f) O incumprimento do dever de registo previsto no n.º 1 do artigo 16.º; g) O incumprimento do dever de informação previsto no n.º 2 do artigo 29.º; h) A manutenção da detenção de espécimes de novas espécies incluídas na

Lista de Espécies Invasoras para além do prazo transitório previsto para essa detenção ou em desrespeito das condições em que a mesma pode ser mantida, em violação do disposto no n.º 3 do artigo 29.º, nos n.ºs 1 e 3 do artigo 30.º e nos n.ºs 1 e 2 do artigo 31.º.

4 – A condenação pela prática das contraordenações ambientais muito graves previstas no n.º 1, bem como, quando a medida concreta da coima aplicada ultrapasse metade do montante máximo da coima abstrata aplicável, das contraordenações ambientais graves previstas no n.º 2, pode ser objeto de publicidade, nos termos do disposto no artigo 38.º da Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, na sua redação atual.

Artigo 23.º

Apreensão cautelar e sanções acessórias

A entidade competente para a aplicação da coima pode proceder a apreensões cautelares e aplicar as sanções acessórias que se mostrem adequadas, nos termos do disposto na Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, na sua redação atual.

Artigo 24.º Fiscalização

As funções de fiscalização, para efeitos deste diploma, competem ao ICNF, I.P., especialmente através do serviço de vigilantes da natureza, às Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, às direções regionais de Agricultura e Pescas, à Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), à Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, à Agência Portuguesa do Ambiente, I.P., à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), à Guarda Nacional Republicana, especialmente através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), e às demais autoridades com competência legal no âmbito da conservação da natureza.

Artigo 25.º

Instrução de processos e aplicação de sanções

O ICNF, I.P. é a autoridade administrativa competente para o processamento das contraordenações e aplicação das coimas e sanções acessórias previstas nos artigos 22.º e 23.º deste diploma, sem prejuízo do disposto no artigo 71.º da Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto, na sua redação atual.

(16)

Artigo 26.º

Reposição da situação anterior e adoção de medidas minimizadoras

1 – Sem prejuízo do procedimento contraordenacional e da aplicação das sanções acessórias referidas no artigo anterior, o infrator está obrigado a remover as causas da infração e a repor a situação anterior à sua prática, bem como a minimizar os efeitos decorrentes da mesma ou a adotar as medidas que lhe sejam comunicadas pelo ICNF, I.P. como adequadas à prevenção de danos ambientais.

2 – Sempre que os deveres referidos no número anterior não sejam voluntariamente cumpridos, o ICNF, I.P. atua diretamente por conta do infrator, podendo as respetivas despesas, se necessário, ser cobradas coercivamente através do processo previsto para as execuções fiscais.

3 – Para efeitos do disposto no número anterior, a certidão passada pelo ICNF, I.P., comprovativa das quantias despendidas, serve de título executivo.

CAPÍTULO VII

Procedimentos fronteiriços e rede de alerta

Artigo 27.º

Procedimentos fronteiriços

1 – Quando detetada, em mercadorias apresentadas para inspeção nos Postos de Inspeção Fronteiriços, a presença de espécimes vivos, ou propágulos viáveis, de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, as mesmas são rejeitadas pela autoridade veterinária ou fitossanitária e o seu importador ou representante é notificado para decidir, num prazo não superior a 48 horas, se os espécimes em causa são destruídos ou devolvidos ao país de origem.

2 – Quando detetada pelas autoridades alfandegárias, nos terminais de passageiros de portos e aeroportos, a presença de plantas ou animais vivos de espécies exóticas, as mesmas comunicam o facto à autoridade veterinária ou fitossanitária competente, que procede à sua identificação e, caso se trate de espécimes de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, determina a sua rejeição, sendo o seu detentor notificado para decidir, num prazo não superior a 48 horas, se os espécimes em causa são destruídos ou devolvidos ao país de origem.

3 – Quando detetada, em mercadorias apresentadas para inspeção nos Postos de Inspeção Fronteiriços, a presença acidental, como clandestinos ou contaminantes, de espécimes vivos, ou propágulos viáveis, de espécies exóticas, as mesmas são imobilizadas pela autoridade veterinária ou fitossanitária, que procede à sua identificação e, caso se trate de espécimes de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, determina a rejeição das mercadorias em causa e notifica o seu importador ou representante para decidir, num prazo não superior a 48 horas, se as mesmas são destruídas ou devolvidas ao país de origem ou, caso haja garantia de que ficam livres dos espécimes clandestinos ou contaminantes detetados e dos seus propágulos viáveis, limpas e desinfetadas.

(17)

4 – Quando detetada, em mercadorias colocadas na área aduaneira e não apresentadas a um Postos de Inspeção Fronteiriços, a presença de espécimes vivos suspeitos de pertencerem a espécies exóticas, as autoridades alfandegárias suspendem o despacho aduaneiro e comunicam o facto à autoridade veterinária ou fitossanitária competente, que procede à sua identificação e, caso se trate de espécimes de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, determina a rejeição das mercadorias em causa e notifica o seu importador ou representante para decidir, num prazo não superior a 48 horas, se os espécimes em causa são destruídos ou devolvidos ao país de origem.

5 – A autoridade veterinária ou fitossanitária comunica à alfândega a decisão do importador das mercadorias ou detentor dos espécimes e, consoante a mesma, é responsável pela execução e supervisão da destruição ou eutanásia dos espécimes, da limpeza e desinfeção ou destruição das mercadorias ou da devolução dos espécimes ou das mercadorias em causa ao país de origem.

6 – Os custos resultantes da estadia, eutanásia, destruição, reexpedição, limpeza, desinfeção ou outras medidas destinadas a eliminar os espécimes detetados ou seus propágulos, ficam a cargo do importador das mercadorias ou do detentor dos espécimes em causa.

Artigo 28.º Rede de alerta

1 – Para facilitar a coordenação e a comunicação entre as autoridades competentes, é criada a rede de alerta para a vigilância de espécies invasoras, designada Rede de Alerta.

2 – Integram a Rede de Alerta os pontos focais designados pela DGAV, para as áreas da sanidade animal e fitossanidade, pela AT, pela autoridade administrativa CITES principal, pelas autoridades competentes das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, pelo SEPNA e por outras entidades da administração central com competências legais na matéria, e um grupo de coordenação no ICNF, I.P..

3 – O grupo de coordenação da Rede de Alerta tem por função criar um sistema de informação geográfica dos focos potenciais de invasões biológicas, coordenar a informação disponibilizada pelo público e organizações interessadas e difundir a informação entre os pontos focais e o grupo de coordenação.

4 – Compete aos pontos focais da Rede de Alerta:

a) Criar, dentro do seu âmbito de intervenção, redes de alerta precoce;

b) Informar rapidamente o grupo de coordenação sobre a existência de novos focos ou populações de espécies invasoras e a sua identificação, localização, riscos e extensão;

c) Informar o grupo de coordenação quanto à possibilidade de uma resposta rápida com ações de erradicação e controlo.

5 – O sistema de informação geográfica é aberto ao público, para assegurar a sua participação na Rede de Alerta, e está disponível através da plataforma eletrónica referida no artigo 17.º.

(18)

CAPÍTULO VIII

Disposições finais e transitórias

Artigo 29.º

Detenção, transporte e comercialização

1 – Para as espécies exóticas já introduzidas em Portugal continental incluídas na Lista de Espécies Invasoras, que não se encontravam classificadas como espécies invasoras no Anexo I do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, nem constavam do seu anexo III, a aplicação do disposto no presente diploma relativamente à detenção, transporte e comercialização de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras fica suspensa, pelo prazo de seis meses a contar da data da sua entrada em vigor.

2 – Os detentores de espécimes das espécies referidas no número anterior devem, no prazo de seis meses, informar o ICNF, I.P. dessa detenção e adotar as medidas de prevenção adequadas para evitar o repovoamento das mesmas.

3 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, os criadores e viveiristas dessas espécies devem, no mesmo prazo, proceder à sua substituição por espécies não incluídas na Lista de Espécies Invasoras.

4 – As espécies da flora abrangidas pela suspensão referida no n.º 1 não podem, durante o período de suspensão, ser plantadas ou semeadas em espaços artificiais não confinados, nomeadamente jardins públicos ou infraestruturas lineares de transporte e vias de comunicação.

Artigo 30.º

Plantas ornamentais e animais de companhia

1 – Os proprietários e detentores sem fins comerciais de plantas ornamentais de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, que não estavam classificadas como espécies invasoras no Anexo I do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, nem constavam do seu anexo III, devem proceder à sua destruição ou envio para fora do território nacional no decorrer do prazo referido no n.º 1 do artigo anterior.

2 – Excetuam-se do disposto no número anterior os espécimes detidos em jardins botânicos, parques urbanos e jardins públicos, que podem ser mantidos em espaço confinado ou desde que adotadas as medidas adequadas para evitar a sua propagação no meio natural, ao abrigo do disposto no n.º 5 do artigo 10.º, ficando interdita a sua comercialização ou cedência.

3 – Os proprietários e detentores sem fins comerciais de animais de companhia de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, que não estavam classificadas como espécies invasoras no Anexo I do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, nem constavam do seu anexo III, são autorizados a manter os seus animais de companhia até à morte natural dos mesmos, desde que verificadas as seguintes condições:

a) O espécime já era detido pelo interessado antes da inclusão da espécie na Lista de Espécies Invasoras;

(19)

b) O espécime é mantido em espaço confinado e são tomadas todas as medidas adequadas para impedir a sua fuga ou a sua reprodução.

4 – Aos proprietários e detentores que não podem garantir o cumprimento das condições previstas no número anterior são retirados os espécimes que detenham e transferidos para instalações de entidades autorizadas a deter espécimes dessas espécies ao abrigo do disposto no n.º 5 do artigo 10.º.

Artigo 31.º Operadores comerciais

1 - Os operadores comerciais, incluindo produção e exploração, de espécimes de espécies incluídas na Lista de Espécies Invasoras, que não estavam classificadas como espécies invasoras no Anexo I do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, nem constavam do seu anexo III, relativamente aos espécimes vivos que tenham adquirido antes da sua inclusão na Lista de Espécies Invasoras, podem, pelo prazo de dois anos a contar da data de entrada em vigor do presente diploma:

a) Deter e transportar esses espécimes ou suas partes reprodutíveis exclusivamente para venda ou doação às entidades referidas no n.º 5 do artigo 10.º, desde que cumpridos os requisitos previstos nos artigos 11.º e seguintes, em particular as específicas condições de segurança determinadas para as espécies em causa;

b) Abater esses espécimes, para escoar as suas unidades populacionais, ou enviá-los para fora do território nacional.

2 - Os operadores comerciais referidos no número anterior que, à data de publicação deste diploma, sejam beneficiárias de projectos co-financiados por fundos europeus, podem continuar a referida produção ou exploração, incluindo a detenção e o transporte dos espécimes em causa, desde que cumpram os seguintes requisitos:

a) Sejam possuidores, nessa data, de todas as autorizações necessárias ao respetivo funcionamento e à detenção das espécies em causa;

b) Cumpram os requisitos previstos nos artigos 11.º e seguintes, em particular as específicas condições de segurança determinadas para essas espécies; c) Finda a produção ou exploração, procedam à renaturalização do espaço

utilizado, quando tenham por objeto espécimes da flora, ou à eliminação total dos efetivos, quando tenham por objeto espécimes da fauna.

Artigo 32.º Regiões Autónomas

O regime previsto no presente diploma é aplicável às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, sem prejuízo das adaptações decorrentes da estrutura própria da administração regional autónoma, a introduzir por diploma regional adequado.

Artigo 33.º Norma revogatória

(20)

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de ... Promulgado em ... Publique-se. O Presidente da República, …. Referendado em .... O Primeiro-Ministro, …. ANEXO A

Lista Nacional de Espécies Invasoras

[…]

* Espécies exóticas introduzidas em Portugal continental que não estavam classificadas como espécies invasoras no Anexo I, nem constavam do Anexo III, do Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro.

ANEXO B

Modelo do extrato-resumo a afixar pelos comerciantes nos estabelecimentos de plantas ornamentais e animais de companhia, conforme preconizado pelo n.º 1 do artigo 15.º

ANTES DE ADQUIRIR UMA PLANTA ORNAMENTAL OU UM ANIMAL DE COMPANHIA SAIBA QUE:

Há espécies que, por não serem originárias do território nacional ou duma sua área geograficamente isolada, nem tendo aí área natural de distribuição, passada ou presente, são designadas ESPÉCIES EXÓTICAS, NÃO INDÍGENAS, ou ALÓCTONES.

A disseminação ou libertação, intencional ou acidental, de um ou mais exemplares de espécies exóticas, incluindo os seus gâmetas, sementes, ovos, propágulos ou qualquer porção que possa sobreviver e reproduzir-se, é considerada uma INTRODUÇÃO.

A introdução de espécies exóticas pode causar prejuízos irreversíveis à FLORA e FAUNA INDÍGENAS, através da competição ou predação, assim como pode afetar seriamente as atividades económicas e a saúde pública, incluindo a transmissão de agentes patogénicos ou parasitas.

A detenção de um ou mais exemplares de espécies exóticas implica o seu acomodamento em instalações com REQUISITOS MÍNIMOS DE SEGURANÇA que impeçam a sua evasão ou disseminação.

(21)

A introdução de espécies exóticas está, por regra, PROIBIDA, incorrendo os infratores em responsabilidade contraordenacional sancionada com coimas, para além do pagamento dos custos de ativação de mecanismos de controlo a que possam dar origem e de reposição da situação anterior à infração.

A introdução de espécies exóticas está regulamentada através do DECRETO-LEI N.º XXX/2016, de XX de XXXXXX.

Referências

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