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ISSN: 2178-7514 Vol. 13| Nº. 1| Ano 2021

VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Daniela Ferreira Leite1; Brenda Beatriz Silva Monteiro1; Luisa Cabral Matias1; Luciane Lobato Sobral2; Rodrigo Canto Moreira3

RESUMO

Introdução: o Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma disfunção hemodinâmica neurológica que pode ser isquêmico (AVEi) ou hemorrágico (AVEh). Essa patologia pode trazer incapacidades e o óbito, portanto a fisioterapia é importante na reabilitação. O objetivo do estudo é relatar sobre o AVE, suas complicações e descrever o tratamento a um paciente vítima de AVEh. Métodos: relato de experiência descritivo, sem financiamento. Os colaboradores da pesquisa são constituídos pela equipe do Ambulatório Neurofuncional da Unidade de Assistência em Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UEAFTO). O registro de dados consta na ficha de avaliação do setor, com toda anamnese. Resultados e discussão: paciente A. R. L., sexo masculino, 34 anos, com sequela pós AVEh e aneurisma, resultando em perda de força no hemicorpo esquerdo e déficit de equilíbrio. Os objetivos do tratamento voltaram-se ao ganho de força muscular e de equilíbrio. As condutas terapêuticas propostas foram: cinesioterapia ativa-resistida e treino de equilíbrio em apoio uni e bipodal. Considerações finais: a conduta proposta mostrou-se eficaz frente às queixas do paciente. Além disso, percebe-se que é possível alcançar resultados positivos em pacientes pós-AVE nas primeiras sessões de fisioterapia.

Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral. Aneurisma. Complicações. Equilíbrio Postural. Fisioterapia.

ABSTRACT

Introduction: Stroke is a neurological hemodynamic dysfunction that can be ischemic or hemorrhagic. This pathology can lead to disabilities and death, so physiotherapy is important in rehabilitation. The aim of the study is to report on the stroke, its complications and describe the treatment to a patient suffering from stroke. Methods: descriptive experience report, without funding. The research collaborators are constituted by the team of the Neurofunctional Ambulatory of the Unidade de Assistência em Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UEAFTO). The data record is included in the sector evaluation form, with all anamnesis. Results and discussion: patient A. R. L., male, 34 years old, with sequelae after stroke and aneurysm, resulting in loss of strength in the left hemibody and balance deficit. The objectives were to gain muscle strength and balance. The proposed therapeutic approaches were: active-resisted kinesiotherapy and balance training in uni and bipedal support. Final considerations: the proposed conduct proved to be effective in the face of the patient’s complaints. In addition, it is clear that it is possible to achieve positive results in post-stroke patients in the first physical therapy sessions.

Keywords: Stroke. Aneurysm. Complications. Postural Balance. Physical Therapy Specialty.

Autor de correspondência

Rodrigo Canto Moreira E-mail: rodrigo.canto@uepa.br

Physiotherapeutic care in patient victim of aneurism and hemorrhagic vascular accident: experience report

1 Acadêmica de Fisioterapia. Universidade do Estado do Pará (UEPA).

2 Fisioterapeuta. Doutora em Ciências do Movimento. Universidade do Estado do Pará (UEPA). 3 Fisioterapeuta. Mestre em Neurociências e Comportamento. Universidade Federal do Pará (UFPA).

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INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Encefálico (AVE), anteriormente denominado como Acidente Vascular Cerebral (AVC), conceitua-se como uma disfunção hemodinâmica neurológica, o qual manifesta-se de duas maneiras: isquêmico e hemorrágico. O AVE isquêmico (AVEi) ocorre quando há uma obstrução vascular localizada no cérebro, prejudicando o fornecimento de glicose e oxigênio, bem como os processos metabólicos da região. O hemorrágico (AVEh), por sua vez, é menos comum e é causado por um aneurisma ou trauma dentro das áreas extravasculares do encéfalo1.

Nesse sentido, o AVE pode trazer incapacidades motoras, sensitivas e cognitivas do paciente, além do óbito. As sequelas manifestam-se de acordo com o local e extensão da lesão, sendo os comprometimentos mais comuns as alterações na força muscular e na sensibilidade tátil, dificuldades de equilíbrio e marcha, diminuição da amplitude de movimento, dificuldades na fala e na comunicação2.

Vale ressaltar que o AVE é uma patologia de alta prevalência em adultos e idosos, principalmente os acima de 65 anos. Em escala mundial, o AVE é a segunda principal causa de morte, apresentando cerca de 6,7 milhões de óbitos em 2016. A tendência deve manter-se até o ano de 2030, cuja previsão será de 12,2% dos óbitos no mundo3.

No Brasil, a taxa de mortalidade é a quarta maior considerando a América Latina e Caribe. Cerca de 90% dos sobreviventes apresentam múltiplas sequelas, o que impacta diretamente na qualidade de vida dessa população4. O país tem seu perfil de óbito liderado pelas doenças crônicas não transmissíveis, nas quais está inserido o AVE. Com uma incidência de 13,7 milhões de casos por ano, o Brasil registrou, em 2017, 101,1 mil óbitos por AVE. Em 2018, foram registrados 197 mil atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrência da patologia5.

Diante disso, a fisioterapia possui papel importante frente à reabilitação desses pacientes, podendo ser iniciada ainda na fase aguda (após 72h), ou na fase pós-aguda, em ambiente ambulatorial ou domiciliar2. Desse modo, por ser uma ocorrência comum, percebe-se que os estudos voltados às pessoas que sofreram AVE são relevantes.

O caso relatado teve como paciente um indivíduo do sexo masculino, de 34 anos, o qual havia sofrido um AVEh. O objetivo do estudo, portanto, é relatar sobre o AVE, suas complicações e descrever o tratamento fisioterapêutico proposto ao paciente.

MÉTODOS

Trata-se de um relato de experiência descritivo, desenvolvido por meio da vivência prática do Estágio Supervisionado em Fisioterapia Neurológica, do curso de Fisioterapia

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da Universidade do Estado do Pará (UEPA), realizado no Ambulatório Neurofuncional da Unidade de Ensino e Assistência em Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UEAFTO), localizado na cidade de Belém – PA.

O ambulatório em questão possui recursos mecanoterapêuticos, eletroterapêuticos e proprioceptivos. Os atendimentos ocorreram no turno matutino, às 9 horas, nos dias de segundas, quartas e sextas-feiras.

O desenvolvimento desta pesquisa ocorreu em duas etapas, sendo estas:

10 Etapa – Embasamento Teórico: O fundamento teórico do estudo foi pesquisado em banco de dados como: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e National Library of Medicine (PUBMED).

Esse levantamento bibliográfico ocorreu durante os meses de janeiro e fevereiro de 2021, utilizando os seguintes descritores: “Acidente Vascular Encefálico”, “Acidente Vascular Cerebral”, “Epidemiologia do AVE” e “Fisioterapia no AVE”, com o intuito de conhecer sobre a patologia, suas complicações e tratamento.

20 Etapa – Coleta de Dados: ocorreu no período de 08/01/2021 ao dia 19/02/2021. Nesse intervalo, realizou-se a avaliação do paciente, a qual possui seus dados pessoais, história clínica e anamnese, além do tratamento proposto.

Quanto ao protocolo fisioterapêutico, utilizou-se cinesioterapia ativa-resistida e treino de equilíbrio uni e bipodal, de acordo com as queixas principais do paciente no momento da avaliação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Paciente A. R. L., sexo masculino, 34 anos, residente em Ananindeua – PA, com diagnóstico clínico de sequela pós AVE hemorrágico e Aneurisma, resultando em perda de força no hemicorpo esquerdo e déficit de equilíbrio. Realizou avaliação no setor de Fisioterapia Neurofuncional da UEAFTO no dia 8 de janeiro de 2021.

O paciente relatou que em agosto de 2020 apresentou um aneurisma, e que no momento da cirurgia para correção, ocorreu um AVE hemorrágico, no qual o hemicorpo esquerdo ficou paralisado por completo, necessitando de internação durante 15 dias. A queixa principal, no momento da avaliação, foi a “falta de força no lado esquerdo, principalmente na perna”. Foram referidas também duas quedas nos últimos meses, ao andar de bicicleta, devido desequilíbrio.

No AVE hemorrágico ocorre extravasamento ou rompimento de um vaso do cérebro ou em áreas adjacentes, levando ao aumento da pressão intracraniana e de outros agravos. Qualquer AVE causa graves danos se não for tratado adequadamente, porém o AVEh é o mais grave e fatal6.

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Durante a anamnese, o paciente relatou ser etilista e não praticar atividade física, porém afirmou que não é fumante, nem hipertenso ou diabético. Apresentou função cognitiva, linguagem e sensibilidade preservadas.

Ao exame físico, durante avaliação, os sinais vitais apresentaram-se estáveis e dentro da normalidade (PA = 100/70 mmHg; FC = 70 bpm; FR = 18 rpm; AP = murmúrio vesicular presente, sem ruídos adventícios). Na inspeção, notou-se alterações posturais, como postura cifótica, anteriorização da cabeça, anteversão pélvica e inclinação para a esquerda.

Em relação às limitações funcionais, observou-se redução de força no hemicorpo esquerdo e diminuição no equilíbrio estático e dinâmico. Diante disso, os objetivos voltaram-se ao ganho de força muscular e de equilíbrio unipodal e bipodal. Para tanto, as condutas terapêuticas propostas foram: cinesioterapia ativa-resistida e treino de equilíbrio em apoio uni e bipodal.

Nesse sentido, o tratamento clínico varia conforme o tipo de AVE. De acordo com o Ministério da Saúde7, pode-se utilizar medicamentos como anti-trombolíticos ou antiagregante plaquetário, assim como abordagem cirúrgica realizada preferencialmente com o paciente estável hemodinamicamente, a fim de preservar a área acometida de danos e aliviar a pressão existente no local.

Além disso, a fisioterapia é significativamente eficaz na recuperação da

independência funcional desses pacientes, por meio da melhoria na função dos membros superiores, inferiores e do controle postural. Diante disso, pode-se utilizar recursos como cinesioterapia passiva, ativo-livre e livre, treino de marcha e equilíbrio, fortalecimento muscular, Conceito Bobath e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP)8.

Quanto às condutas propostas, a cinesioterapia ativa-resistida consistiu nos movimentos de flexão e extensão do ombro associados à rotação de tronco, em frente ao espelho, com halteres de 1 kg, e posteriormente, 2 kg; adução de quadril, em decúbito dorsal no tatame, utilizando como resistência uma bola média entre os joelhos; abdução de quadril, em decúbito dorsal no tatame, utilizando faixa elástica cinza; extensão de quadril, em decúbito ventral no tatame, com caneleira de 2 kg, e posteriormente, 3kg; flexão plantar utilizando inicialmente caneleira de 1 kg, após 2kg, em apoio no espaldar. O paciente realizou 3 séries com 10 repetições para cada exercício. Quanto ao treino de equilíbrio, utilizou-se disco proprioceptivo e superfície instável (esponja), em apoio uni e bipodal e manutenção da posição sem apoio por 10 e posteriormente, 15 segundos.

Ademais, em dois exercícios propostos, aplicou-se cinesioterapia resistida e treino de equilíbrio simultaneamente: agachamento sobre disco proprioceptivo, e movimento de sentar e levantar de uma cadeira, sobre esponja, associando com a flexão de ombro com halteres.

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Nesses dois, paciente também executou 3 séries com 10 repetições. Por fim, vale ressaltar que o paciente foi acompanhado em 12 sessões, sem intercorrências, queixas álgicas e com estabilidade de sinais vitais e nível de cansaço leve após os exercícios.

A melhora quanto à força muscular foi notória. Nas primeiras sessões, o paciente utilizava pesos menores e havia fraqueza muscular, principalmente nos extensores de quadril e nos flexores de tornozelo, evidenciada por tremores durante os exercícios. Ganhou-se também equilíbrio, notado pela evolução do paciente no tempo sobre o disco proprioceptivo sem apoio, e pela menor instabilidade durante as tarefas.

Ademais, o próprio paciente relatou, durante os atendimentos, que sentiu melhoras em seu cotidiano após o início do tratamento. Devido à falta de equilíbrio, andar de bicicleta tornou-se difícil, e com o ganho proprioceptivo, o paciente sentiu segurança em voltar a praticar essa atividade. Em relação à marcha, inicialmente, também havia complicações quanto à movimentação do hemicorpo esquerdo, fato que também foi percebido pelo paciente como melhor após as 12 sessões. Desse modo, é possível perceber a eficácia da fisioterapia na reabilitação de pacientes pós-AVE.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o relato exposto nesse estudo, a conduta proposta mostrou-se eficaz para a reabilitação das queixas do paciente em questão. Durante os atendimentos, o paciente foi assíduo

e empenhava-se durante a terapia, apresentando e relatando melhoras clínicas à terapeuta.

Além disso, este relato evidencia que é possível alcançar resultados positivos em pacientes pós-AVE nas primeiras sessões de fisioterapia, apesar de ser um tratamento a longo prazo. Desse modo, em virtude do elevado número de casos de AVE, estudos com essa temática contribuem para o acervo científico sobre o tema.

REFERÊNCIAS

1. Gouvêa D, Gomes C, Melo S, Abrahão P et al. Acidente vascular encefálico: uma revisão de literatura. Ciência Atual 2015; 6(20): 02-06.

2. Martins E, Neto C, Soares L, Medeiros L, Figueiredo H. Intervenção fisioterapêutica no pós imediato de acidente vascular encefálico em um hospital no sertão da Paraíba. Fisioter Bras 2018; 19(5): 161-169.

3. Santos L, Waters C. Perfil epidemiológico dos pacientes acometidos por acidente vascular cerebral: revisão integrativa. Braz. J. of Develop 2020; 6(1): 2749- 2775.

4. Gonçalves J, Feitosa E, Borges R. Perfil epidemiológico de vítimas de acidente vascular encefálico em um hospital de referência do Ceará/ Brasil. R. Interd 2019; 12(2): 92-103.

5. Ferezin S, Castro B, Ferreira A. Epidemiologia do ataque isquêmico transitório no Brasil. Braz. J. of Develop 2020; 6(8): 61125-61136. 6. Rodrigues M, Santana L, Galvão I. Fatores de risco modificáveis e não modificáveis do AVC isquêmico: uma abordagem descritiva. Revista de Medicina 2017; 96(3): 187-192.

7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. Manual de rotinas para atenção ao AVC / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2013. 8. Araújo L, Souza G, Dias P, Nepomuceno R et al. Principais fatores de risco para o acidente vascular encefálico e suas consequências: uma revisão de literatura. Revista Interdisciplinar do Pensamento Científico 2017; 3 (1): 283-296.

OBSERVAÇÃO: Os autores declaram não existir conflitos de interesse de qualquer natureza.

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