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Música. e comentado por Jorge Moyano

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Academic year: 2021

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Música

13 aBRiL ‘08

conceRto

inteRpRetado

e coMentado

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DOMINGO 13 · GRANDE AUDITÓRIO · 11h00 · DURAÇÃO 1h30 · M/6 Piano Jorge Moyano

Programa Alban Berg Sonata opus 1 Maurice Ravel Le Tombeau de Couperin George Gershwin Rhapsody in Blue

O repertório incluído no presente recital destaca a heterogeneidade na produção de música para piano do início do século xx. As obras que o compõem foram concebidas em espaços geográficos, intervalos cronológicos e contextos esté-ticos distintos. A Sonata, op. 1, de Alban Berg, foi composta entre 1907 e 1908, encontrando-se associada a uma estética de charneira entre o tardo-Romantismo e o Expressionismo, então encarnada pela chamada Segunda Escola de Viena.

Le Tombeau de Couperin resulta da

apropriação do património barroco de matriz francesa sob uma perspectiva modernista, e a sua composição abarcou o período 1914-1917. A afirmação de uma estética de matriz especificamente norte-americana, com fortes influências da música popular (em particular, do que na altura se entendia por jazz), no

repertório concertístico encontra-se representada pela Rhapsody in Blue (apresentada na sua primeira versão a 12 de Fevereiro de 1924).

A Sonata, op. 1, foi estreada em Viena a 24 de Abril de 1911, num recital cujo programa incluía obras de alunos de composição de Arnold Schönberg (1874-1951). O percurso das figuras tute-lares do seu professor e do compositor Gustav Mahler (1860-1911) apresenta-se central na produção de Berg. O composi-tor tinha então terminado recentemente o seu percurso educativo regular com Schönberg, cujo vértice foi a materializa-ção da sua opus 1. Utilizando um modelo formal de “allegro de sonata”, no qual se apresentam dois grupos temáticos con-trastantes, posteriormente desenvolvidos e re-apresentados no final, Alban Berg

Berg, Ravel e gershwin:

matrizes modernistas

na música para piano

das primeiras décadas

do século XX

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sintetiza a tradição cristalizada pela pro-dução vienense de Beethoven e Mahler e expande-a através da incorporação de elementos associados às estéticas modernistas emergentes, apresentadas numa linguagem de cunho marcada-mente pessoal. Desenvolvendo a estru-tura a partir de um número reduzido de elementos musicais (dois motivos primordiais são constantemente proces-sados e variados ao longo de toda a obra), o compositor apresenta um largo espectro de atmosferas, conciliando os modelos frásicos e harmónicos associa-dos aos romantismos com a plasticidade formal nas novas estéticas. Apesar de se integrar nos paradigmas tonais vigentes na época, a expansão da tonalidade a partir do recurso ao constante croma-tismo e a progressões cíclicas de acordes tendencialmente desfuncionalizados é um aspecto essencial na Sonata, op.1. O virtuosismo do compositor encontra-se especialmente patente na recapitulação, em que o material temá-tico é constantemente variado. A Primeira Guerra Mundial reconfigu-rou determinantemente o mapa cultural da Europa do início do século xx. O final do século xix encontra-se marcado pela ascensão do Império Alemão enquanto potência continental e pelas constantes tensões franco-alemãs, que resultaram no conflito armado de 1914-1918. Culturalmente, o desenvolvimento de modelos estéticos de matriz francesa encontra-se entre as preocupações centrais de diversos agentes culturais, em especial como contraponto à expansão

dos paradigmas germânicos postulados por Richard Wagner (1813-1883), obliqua e ambiguamente recebidos no meio parisiense. A recuperação do patrimó-nio musical francês dos séculos xvii e xviii (entendidos como um período áureo da produção local, anterior à sua contaminação por modelos italianos e germânicos) desempenhou um papel relevante na afirmação de França no panorama cultural no início do século xx. Contudo, Ravel não se limitou a actualizar o modelo da suite barroca francesa, mas revisitou os mais variados géneros de música para teclado dessa época. O género suite consistia, essencial-mente, no encadeamento de tipologias estilizadas de dança social. Neste caso, Ravel integrou alguns elementos asso-ciados à suite (como o Prélude e diversas danças – Forlane, Rigaudon e Menuet) e expandiu o género pela inclusão de uma fuga e uma toccata. Paralelamente, o tombeau era um género igualmente cultivado na cultura cortês francesa do Barroco, consistindo numa homenagem a alguém já falecido. Ravel presta, simul-taneamente, homenagem ao compositor François Couperin (1668-1733, um dos expoentes máximos da produção musical francesa) e dedica cada andamento da obra a um dos seus amigos falecidos no decorrer da Primeira Guerra Mundial.

Le Tombeau de Couperin foi estreado em

Paris, a 11 de Abril de 1919. A intérprete da estreia foi a pianista Marguerite Long (1874-1966), viúva do musicólogo Joseph de Marliave, dedicatário da Toccata da obra. Inicialmente concebida enquanto obra para piano solo, alguns andamentos

foram posteriormente orquestrados pelo compositor, traço que veio a ser recorrente no seu percurso. Elementos característicos da apropriação dos géne-ros barrocos pelo compositor nesta obra são: um modelo específico de ornamen-tação (em especial no Prélude), a presença de um gesto rítmico recorrente e unifica-dor associado a contornos melódicos e harmónicos estilizados (em especial nas danças e na Toccata) e a preservação dos invólucros formais tradicionais (como no

Menuet – apresentado na forma ABA – e

na fuga, cuja textura contrapontística de entrada sucessiva de vozes é respeitada). O percurso de Gershwin enquanto notório pianista e compositor na área da música popular norte-americana, em especial associado à composição de musicais para os teatros da Broadway, alargou-se ao circuito internacional da música de concerto com a apresentação da Rhapsody in Blue. Inicialmente desti-nada a piano e orquestra de jazz, a obra foi adaptada para diversos efectivos instrumentais (piano e orques-tra sinfónica, dois pianos ou piano solo). A experiência obtida pelo compositor enquanto pianista em diversos espaços de entretenimento e a sua associação à pre-paração de rolos para pianolas contribuiu determinantemente para a concepção da obra, estreada pelo próprio Gershwin. Dominando e contribuindo para o alargamento das convenções das músi-cas populares vigentes na época, o compositor integrou-as na Rhapsody in

Blue de forma a enfatizar determinados

aspectos estilísticos dessas tradições.

A adaptação desses elementos (swing, harmonia, traços melódicos característi-cos) ao contexto sinfónico configura-se essencial para uma obra que, desde cedo, integrou os programas dos concertos e recitais. A obra concertística mais conhecida do compositor contribuiu para o seu reconheci-mento e consequente difusão da sua produção nos mais variados contex-tos. A Rhapsody in Blue consiste numa apresentação sucessiva de episódios, com particular recorrência do primeiro tema. Na sua versão para piano solo foi mantida uma abordagem orquestral ao instrumento, que sintetiza os elementos expressivos do original.

No presente recital, encontra-se claramente patente a heterogeneidade e o contraste existente entre diversos repertórios solistas para piano nas pri-meiras décadas do século xx: a recepção e alteração dos cânones herdados do Romantismo, a valorização de tradições musicais do passado e a expansão de modelos a partir das músicas populares.

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PrÓXImo ESPECTÁCULo

dança SEX 18, SÁB 19 aBril

Os portadores de bilhete para o espectáculo têm acesso ao parque de estacionamento da Caixa Geral de Depósitos.

GRANDE AUDITÓRIO · 21h30 Duração aprox. 50 min · M/12

Ladrões de Almas é um espectáculo de

dança que parte por um lado de um conto de Herberto Hélder, e por outro de uma série de testemunhos de pessoas que passaram pela experiência de serem salvas, ou que salvaram alguém, ou ainda que gostariam de ter salvo mas por alguma razão não foi possível. A ideia de salvação aplica-se a pessoas, plantas ou animais.

Com um elenco de actores e bailarinos o espectáculo terá uma forte compo-nente física e teatral articulando-se com as áreas de vídeo, som e luz.

joAnA providênciA

“Era uma vez um lugar com um pequeno inferno e um pequeno paraíso, e as pes-soas andavam de um lado para o outro, e encontravam-nos, a eles, ao inferno e ao paraíso, e tomavam-nos como seus, e eles eram seus de verdade. As pessoas eram pequenas, mas faziam muito ruído. E diziam: é o meu inferno, é o meu paraíso. […] Às vezes acordavam a meio da noite e agarravam-se freneticamente. Tenho medo, diziam. E depois amavam--se depressa e lavavamamavam--se, e diziam: boa noite, boa noite. Isto era uma parte da vida delas, e era uma das regiões (como-vedoras) da sua humanidade, e o que é humano é terrível e possui uma espécie de palpitante e ambígua beleza.”

lugar lugares, os passos em volta

herBerto hélder

Ladrões

de almas

De Joana Providência

A partir de Lugar Lugares,

de Herberto Hélder

Nascido em 1951 iniciou os estudos musicais na Fundação Musical dos Amigos das Crianças. Em 1968 con-cluiu o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, na classe da Profª Maria Cristina Lino Pimentel, tendo posteriormente frequentado vários cursos de aperfeiçoa-mento sob a orientação de mestres como Helena Moreira de Sá e Costa, Karl Engel e Claude Helfer, entre outros.

Em 1974 terminou o curso de Engenharia Civil e somente em 1975, ano em que entrou para o Conservatório como professor de Piano, passou a dedi-car-se exclusivamente à música.

Teve a oportunidade de se apresen-tar no estrangeiro, nomeadamente na Alemanha, Itália, Espanha, Jugoslávia, França, Bélgica e Canadá, desenvol-vendo a sua actividade não apenas como solista mas igualmente no domínio da Música de Câmara. Sendo frequentemente convidado para tocar com as diferentes orquestras portugue-sas – Gulbenkian, Sinfónica Portuguesa, Nacional do Porto, Metropolitana de Lisboa. Foi também solista com a orquestra de Câmara da Comunidade Europeia e com a Sinfónica de Tóquio.

Detentor de diversos prémios nacio-nais, exerce funções docentes na Escola Superior de Música de Lisboa e mantém simultaneamente actividade como concertista.

Faz parte regularmente de júris de concursos nacionais, tendo igual-mente integrado os júris dos concursos internacionais Vianna da Mota e Cidade do Porto.

Editou um cd com obras de Schumann.

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Conselho de AdministrAção presidente

António Maldonado Gonelha Vice-presidente

Miguel Lobo Antunes AdministrAdorA Margarida Ferraz Assessores dAnçA Gil Mendo teAtro Francisco Frazão Arte contemporâneA Miguel Wandschneider serViço educAtiVo Raquel Ribeiro dos Santos João Cardoso Estagiário direcção de produção Margarida Mota produção e secretAriAdo Patrícia Blázquez Mariana Cardoso de Lemos Jorge Epifânio

Judite Jóia

exposições

coordenAção de produção Mário Valente Almeida produção e montAgem António Sequeira Lopes produção

Paula Tavares dos Santos montAgem

Fernando Teixeira culturgest porto Susana Sameiro comunicAção

Filipe Folhadela Moreira Marta Fernandes Estagiária Sara Nogueira Estagiária publicAções

Marta Cardoso Rosário Sousa Machado ActiVidAdes comerciAis Catarina Carmona serViços AdministrAtiVos e FinAnceiros Cristina Ribeiro Paulo Silva direcção técnicA Eugénio Sena direcção de cenA e luzes Horácio Fernandes

Assistente de direcção cenotécnicA José Manuel Rodrigues

AudioVisuAis

Américo Firmino ChEfE dE imagEm Paulo Abrantes ChEfE dE audio Tiago Bernardo

iluminAção de cenA Fernando Ricardo ChEfE Nuno Alves mAquinAriA de cenA José Luís Pereira ChEfE Alcino Ferreira técnico AuxiliAr Álvaro Coelho Frente de cAsA Rute Moraes Bastos bilheteirA Manuela Fialho Edgar Andrade Paula Pires Tavares recepção Teresa Figueiredo Sofia Fernandes AuxiliAr AdministrAtiVo Nuno Cunha colecção de Arte dA cAixA gerAl de depÓsitos María Jesús Ávila Valter Manhoso

Maria del Sol Aragão Estagiária

cULtURgest, UMa casa do MUndo

Edifício Sede da CGD

rua arco do Cego, 1000-300 lisboa Tel 21 790 51 55 · Fax 21 848 39 03 culturgest@cgd.pt · www.culturgest.pt

Referências

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