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DETERMINANTES DO DISCLOSURE VOLUNTÁRIO: UM ESTUDO NO SETOR BANCÁRIO BRASILEIRO

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DETERMINANTES DO DISCLOSURE VOLUNTÁRIO: UM ESTUDO NO SETOR BANCÁRIO BRASILEIRO

Autoria: Lianny Maria Forte, Fernanda Maia de Souza, João Batista dos Santos Neto, Fábio Chaves Nobre, Liana Holanda Nepomuceno Nobre, Dimas Barreto de Queiroz

RESUMO

Objetiva-se verificar os fatores que determinam o disclosure voluntário nos bancos brasileiros. Utilizou-se como amostra os 100 maiores bancos atuantes no Brasil, classificados pelo Banco Central no ano de 2012. As variáveis foram o disclosure voluntário (DIS) como variável dependente e reputação corporativa (REPT), tamanho da empresa (TAM), desempenho (DESP) e internacionalização (ADR), como variáveis independentes. Os dados foram tratados por regressão linear múltipla. Os resultados indicam uma associação positiva entre as variáveis, corroborando a hipótese. Constatou-se que o tamanho das empresas é outro fator direcionador do disclosure: as empresas maiores evidenciam mais informações voluntárias.

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1 INTRODUÇÃO

Em decorrência do intenso volume de recursos negociados no panorama internacional (IBGC, 2013), percebe-se, no cenário brasileiro, a intensificação na busca por uma maior divulgação de informações contábeis, prestação de contas e comportamento ético por parte das empresas. Como consequência desta tendência, espera-se melhorar a relação entre as organizações e os stakeholders. Assim, quanto mais informações relevantes as organizações fornecem, mais bem vistas elas se tornam junto ao público externo.

Fernandes (2010) constatou que, no Brasil, são escassas as pesquisas que dissertam sobre a teoria da divulgação. Assim, a autora buscou referência nos estudos de diversos autores, entre eles os precursores nas pesquisas sobre o disclosure voluntário: Verrecchia (1983) e Dye (2001), que concluíram que “os gestores definem as informações que serão evidenciadas para os stakeholders, e esses confiam e tomam decisões a partir dessas evidenciações” (FERNANDES, 2010, p. 2.).

Yamamoto e Salotti (2006) verificaram que, enquanto Dye (2001) acredita que a teoria da divulgação já está bastante desenvolvida, Verrecchia (2001, p.100) afirma que “não há uma teoria da divulgação abrangente ou unificada, [...]. Na literatura da pesquisa sobre divulgação, não há nenhum paradigma central, nem uma única noção convincente que dá origem a todas as pesquisas subsequentes”. O estudo de Yamamoto e Salotti (2006) aponta que a divulgação, se obrigatória ou voluntária, gera discussões entre os pesquisadores: enquanto os favoráveis à obrigatoriedade afirmam que as empresas não fornecem informações suficientes aos investidores, os que defendem a divulgação voluntária acreditam haver nas empresas estímulos necessários para fornecer informações capazes de satisfazer os investidores.

Michelon (2007) identificou, em sua pesquisa, quatro categorias de informação. A primeira categoria trata da divulgação de informações estratégicas, que indica as informações básicas da empresa, como objetivos da gestão, estratégia do negócio, governança, ambiente competitivo e produtos e mercados atendidos. A segunda categoria, que engloba a evidenciação de informações ambientais, envolve os impactos ambientais das atividades da empresa, além de suas políticas ambientais. Na terceira categoria, o disclosure de informações sociais compreende a divulgação de aspectos sociais das atividades da empresa, tais como práticas trabalhistas, direitos humanos, entre outros. E, por fim, a divulgação de informações financeiras abrange as informações financeiras e operacionais das organizações.

Estudos apontam que o nível de evidenciação de informações está diretamente relacionado à reputação corporativa. Toms (2002) destaca que a reputação é o mais importante dos ativos intangíveis. A reputação pode ser percebida como a forma com que os stakeholders veem as empresas. É entendida, ainda, como “uma percepção social comum ou ainda um consenso sobre como a organização se comporta em dada situação” (BROMLEY, 2002, SANDBERG, 2002 apud CRUZ e LIMA, 2010, p.3).

Considerando a importância de se fornecer informações adequadas aos stakeholders, é importante destacar a accountability, considerada a razão de ser da contabilidade, cujo significado está diretamente associado à confiabilidade, e é o resultado de um adequado nível de evidenciação. A accountability envolve, ainda, a obrigação de se prestarem contas a partir dos resultados de decisões ou ações com certa frequência, no intuito de prevenir o mau uso do poder e outras formas inadequadas de comportamento de outrem (NAKAGAWA, 2007).

Para nortear este estudo e diante do que foi exposto acima, apresenta-se a seguinte questão de pesquisa: Quais fatores interferem no disclosure voluntário no setor bancário no Brasil?

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3 A literatura mostra associações entre diversos motivos relacionados ao nível de divulgação voluntária, como, por exemplo, o tamanho (MICHELON, 2007), o desempenho e a internacionalização (SALOTTI e YAMAMOTO, 2008) e o nível de divulgação voluntária. Nesse sentido, diante da questão apresentada, o objetivo desta pesquisa é identificar os fatores que influenciam o disclosure voluntário no setor bancário brasileiro. As hipóteses a serem testada estão descrita na tabela 1.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No contexto organizacional, a informação torna-se desejável quando constatada a sua utilidade na tomada de decisão, e tem como principais características a relevância e a confiabilidade. Para Kam (1996, apud YAMAMOTO e SALOTTI, 2006), a informação é considerada relevante para uma decisão no sentido de redução de sua incerteza, ou seja, quando informações sobre eventos já ocorridos fornecem subsídios na previsão de resultados futuros. Outro componente da relevância é a oportunidade: a informação deve estar disponível no momento da decisão, do contrário, ela perde a sua relevância. Iudícibus (2000) afirma que a confiabilidade faz com que o usuário aceite e utilize a informação contábil no processo decisório.

A informação contábil é capaz de afetar o comportamento dos usuários e dos seus provedores, visto que os usuários tendem a exigir a divulgação de informações cada vez mais precisas, em maior quantidade e em menor espaço de tempo (YAMAMOTO; SALOTTI, 2006). Para verificar a relação entre teoria da divulgação e reputação corporativa, se faz necessária a definição destes conceitos.

2.1 TEORIA DA DIVULGAÇÃO

A Teoria da Divulgação, também conhecida como disclosure, é percebida como sinônimo de evidenciação ou divulgação de informações. Nesse sentido, Bushman, Piotroski e Smith (2004) associam o disclosure de informações financeiras à transparência corporativa. Os autores definem o disclosure como a ampla disponibilidade de informações específicas da companhia para quem está de fora da organização, cujas informações podem ser evidenciadas através de relatórios corporativos, expondo tanto informações voluntárias quanto as informações exigidas por lei, podendo ser, ainda, quantitativas ou qualitativas e positivas ou negativas.

As divulgações de informações obrigatórias estão relacionadas com o Art. 176 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (BRASIL, 2011), que trata das demonstrações financeiras nas sociedades anônimas. Por esta lei, a diretoria destas corporações deve disponibilizar as informações financeiras através dos demonstrativos – DRE, balanço patrimonial, fluxos de caixa, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, ao término do exercício fiscal. Tais demonstrativos devem exprimir com clareza a situação patrimonial da companhia e as mudanças ocorridas durante o exercício.

Yamamoto e Salotti (2006) afirmam que a divulgação obrigatória possui função de dá credibilidade a divulgação voluntária, ou seja, tem papel secundário, a qual é vista como uma fonte primária de informação que possibilita a verificação da veracidade da divulgação voluntária. Em posse destas informações, os autores acrescentam que é possível criar um ambiente em que a empresa possa comunicar ao mercado suas informações relevantes com credibilidade.

O objetivo do disclosure é a redução da assimetria de informações e que, desta forma, apresenta uma posição sólida sobre o desempenho empresarial. Pereira (2008) afirma que a redução pode ser feita de forma compulsória ou voluntária. Na composição do disclosure de

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4 uma empresa, além de conter as informações legalmente exigidas, há ainda todas as informações relevantes para a tomada de decisão pelos stakeholders, que oferecem maior transparência para a empresa no âmbito corporativo (LIMA, 2007). De acordo com Salotti e Yamamoto (2008, p.3), o disclosure voluntário “trata do desenvolvimento da Teoria da Divulgação considerando a divulgação como um processo endógeno, ou seja, são considerados os incentivos que os gestores e/ou as empresas têm para divulgar as informações”.

2.2 REPUTAÇÃO EMPRESARIAL

Reputação, do latim “putus”, significa puro, sem mistura (HOUAISS, 2009). Etimologicamente, cuidar de uma reputação significa cuidar de algo relacionado a pureza. Conforme o Houaiss (2009), o termo reputação tem ainda como sinônimos os vocábulos renome, estima, fama. Na percepção de Roberts e Dowling (2002), a reputação corporativa é um atributo organizacional que expressa se os stakeholders veem a organização de forma boa ou ruim. Os autores acrescentam que a boa reputação, de modo geral, é determinada pela qualidade dos trabalhos anteriores da organização. Nesse sentido, entende-se que a reputação corporativa passa a ser considerada um ativo importante nas organizações.

Corroborando este conceito, a reputação corporativa é definida por Bromley (2002) e Sandberg (2002), apud CRUZ e LIMA (2010), como consenso de como a organização se comporta dada certa situação. Assim, percebe-se que através do comportamento das pessoas, surgiu a chamada reputação corporativa. No caso das empresas, a reputação constitui-se a partir das práticas que refletem sua identificação e sua imagem.

Cruz e Lima (2010, p.3) acrescentam que a partir das definições apontadas, nota-se que o termo reputação corporativa relaciona-se a uma percepção de sociedade, ou seja, pelas “pessoas ou empresas que influenciam ou são influenciadas pelas ações da organização”, em que observa-se o comportamento da empresa ao longo do tempo. Ademais, a reputação é entendida como um conceito dinâmico, em que diferentes stakeholders podem ter diferentes percepções de uma mesma organização (FOMBRUN, 1996 apud CRUZ E LIMA, 2010).

Na percepção de Castro (2007), a reputação corporativa trata de um conjunto de julgamentos sobre a empresa, que consideram as análises financeiras, sociais e ambientais de uma organização, apontando, assim, para a necessidade de mensurar a reputação utilizando três perspectivas: (i) reputação como ativo, em que associa a reputação ao seu valor e relevância para a competição entre as firmas; (ii) reputação como avaliação, onde o julgamento e a avaliação são referências para reputação corporativa; e (iii) reputação como percepção, são consideradas as representações de conhecimento e de emoção, caso estas contemplem uma consciência sobre a firma.

Segundo Deephouse e Carter (2005), é necessário que se faça uma comparação entre as organizações para determinar a sua posição relativa. Assim, comparando-se duas empresas quaisquer, estas terão a mesma reputação ou uma terá melhor reputação que a outra. Dessa forma, evidencia-se que a comparação constitui um aspecto relevante para a mensuração da reputação empresarial.

2.3 DISCLOSURE E REPUTAÇÃO EMPRESARIAL: PESQUISAS EMPÍRICAS

Pesquisas empíricas apontam uma relação positiva entre a divulgação voluntária de informações e a reputação das empresas. Toms (2002) estudou o disclosure ambiental, e percebeu que à medida que as informações contábeis são confiáveis e precisas, a reputação é regida pela implementação de estratégias de gestão ambiental. Nesse sentido, Hasseldine,

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5 Salama e Toms (2005) constataram que os gestores devem priorizar a qualidade da informação à sua quantidade, o que pode conferir vantagem competitiva.

Bushman, Piotroski e Smith (2004) acrescentam que a disponibilidade de informações é considerada um fator determinante da eficiência da alocação de recursos e decisões de crescimento econômico.

Dessa forma, assim como o disclosure tem influência sobre a reputação corporativa, afetando o modo como os stakeholders percebem a empresa, a reputação, conforme explicam Cruz e Lima (2010, p.5), “pode ser vista como um direcionador para o disclosure, ou seja, empresas com forte reputação podem apresentar maior nível de disclosure”.

Michelon (2007) afirma que a reputação reflete o grau em que a empresa se envolve com as partes interessadas, divulgando as informações sobre o seu desempenho em várias dimensões. Nesta pesquisa, a autora buscou verificar a relação entre divulgação e reputação. Para mensurar a reputação, utilizou-se a adesão ao Índice de Sustentabilidade Dow Jones (DJSI – Dow Jones Sustainability Index), o qual está significativamente associado à quantidade de divulgação da sustentabilidade corporativa (CDS – Corporate Sustainability Disclosure). A hipótese testada foi confirmada, permitindo afirmar que as empresas com uma forte reputação fornecem aos stakeholders uma quantidade significativamente maior de divulgação, a fim de preservar sua reputação e manter sua legitimidade para operar.

3 METODOLOGIA

Este estudo traz uma abordagem quantitativo-descritiva, cuja principal finalidade da investigação é a análise das características de fatos (MARCONI e LAKATOS, 2002). Esta pesquisa classifica-se ainda como descritiva, pois “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2008, p.28).

Para resolução do problema de pesquisa levantado, utilizaram-se como amostra os 100 maiores bancos brasileiros com relação ao seu ativo total no ano de 2012. A amostra é intencional, e os dados utilizados são aqueles disponibilizados na página do Banco Central (BACEN). A escolha da amostra se deu pela maior probabilidade de evidenciarem-se mais informações. Como técnica estatística, optou-se pela regressão linear múltipla, devido à identificação de quanto uma variável explica a variância de outra variável, fornecendo uma relação de causa e efeito.

3.1 HIPÓTESES DO MODELO

As relações construídas pela pesquisa baseiam-se nas pesquisas de Cruz e Lima (2010). Dessa forma, as hipóteses deste estudo estão descritas na tabela 1.

Tabela 1:

Hipóteses de Pesquisa

Hipóteses Descrição H1 Empresas com forte reputação evidenciam maior volume de disclosure voluntário

H2 Empresas maiores evidenciam mais informações voluntárias

H3 Há uma relação positiva entre desempenho empresarial e o nível de disclosure voluntário das empresas

H4 Empresas que possuem ADR apresentam um maior nível de disclosure voluntário Fonte: Dados da Pesquisa, 2013.

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3.2 MODELOS E VARIÁVEIS UTILIZADAS

Para verificar a influência que as variáveis independentes exercem sobre o nível de disclosure voluntário das empresas deste estudo, adotou-se o modelo proposto por Cruz e Lima (2010). O modelo a ser testado nesta pesquisa tem o disclosure como variável dependente e a reputação, o tamanho, o desempenho e a internacionalização como variáveis independentes. Neste modelo, os coeficientes angulares são constantes, mas o intercepto varia entre os indivíduos, sendo essa uma forma de levar em conta a individualidade de cada empresa (GUJARATI, 2006). O modelo adotado tem a seguinte forma:

DISi = βl + β2REPi + β3TAMi + β4DESi + β6ADRi + εi

Onde:

DIS = Nível de disclosure voluntário REPT = Reputação corporativa TAM = Tamanho da empresa DESP = Desempenho da empresa ADR = Internacionalização

Dessa forma, serão testadas hipóteses para cada uma das variáveis independentes do modelo (REPT, TAM, DESP e ADR). Com base no estudo de Cruz e Lima (2010), as variáveis utilizadas no modelo proposto não são diretamente observáveis, sendo necessária, para este fim, a escolha de proxies que, conforme Salotti e Yamamoto (2008), são medidas reais empregadas para representar conceitos teóricos. A seguir serão descritas as proxies adequadas para este estudo.

3.2.1 DISCLOSURE VOLUNTÁRIO (DIS)

O critério adotado para medir o disclosure voluntário das empresas objeto deste estudo foi o modelo utilizado por Lima (2007). A técnica consiste em um check-list do grau de evidenciação do disclosure voluntário, onde verificou-se a existência de 52 itens de informações voluntárias de natureza estratégica, econômico-financeira, ambiental e social, atribuindo-se 0 para a não existência da informação e 1 para a sua existência. Dessa forma, a pontuação máxima permitida seria 52. A seguir, dividiu-se a pontuação obtida por cada empresa pela pontuação máxima total, chegando-se a uma relação indicativa do nível de disclosure voluntário da companhia (CRUZ e LIMA, 2010). A Tabela 2 apresenta o check-list do grau de evidenciação voluntário pelas empresas.

Tabela 2:

Check-list do Grau de Evidenciação do Disclosure Voluntário

Grupo de Observação: Informações Adicionais do Relatório de Administração Informações sobre treinamento de empregados

Informações sobre condições de higiene e segurança dos empregados Informações sobre índices de satisfação dos clientes da empresa Informações sobre programas de incentivo à cultura

Informações sobre programas de relacionamento com a comunidade Informações sobre práticas de Governança Corporativa (direcionamento)

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Grupo de Observação: Demonstração do Resultado do Exercício Há explicação detalhada sobre as contas da DRE e NE

Grupo de Observação: DMPL

Detalhamento das subdivisões das contas de reservas em NE

Grupo de Observação: Lay-Out das NE e Relatório de Administração Utilizou recursos gráficos

Grupo de Observação: Relatórios Adicionais Demonstração dos Fluxos de Caixa

Demonstração de Valor Adicionado Balanço Social

Balanço em CMI DRE em CMI DMPL em CMI

Conciliação do lucro e do PL pela LS e CMI

Grupo de Observação: Outras Informações em Check-List Abertura de contas de custos e outras despesas da DRE Parecer do Conselho Fiscal

Grupo de Observação: Demonstração do Valor Econômico Agregado Publicou demonstração do valor econômico adicionado – VEA

VEA em CMI

Divulgou metodologia de cálculo do custo de capital próprio Grupo de Observação: Informações Ambientais

Declarações reais e intenção da política

Compromissos da presidência com o desenvolvimento sustentável Metas e objetivos ambientais

Auditoria ambiental Revisão ambiental Escopo da auditoria

Avaliação incluindo parecer independente Sistema de gerenciamento ambiental ISO 14.001 EMAS Impactos ambientais Desperdícios Resíduos Embalagens Poluição Reciclagem

Desenvolvimento de produto ecológico

Descontaminação e recuperação de terras e águas Conservação de recursos naturais

CO2 Energia

Uso eficiente no processo industrial

Uso de resíduos materiais para a produção de energia Economia de energia pela reciclagem de produtos Esforço para a redução do consumo de energia

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Informações financeiras ambientais Despesas e investimentos ambientais Despesas ambientais extraordinárias (multas) Passivos ambientais

Políticas contábeis de itens ambientais

Contingências e comprometimentos ambientais Seguro ambiental

Outras informações ambientais Educação ambiental

Incentivo e apoio às pesquisas ambientais Florestas

Reflorestamento Água

Políticas de tratamento de água utilizada e reutilização em processos

Fonte: Lima, G. A. S. F.de,(2007).

3.2.2 VARIÁVEIS INDEPENDENTES: REPUTAÇÃO, TAMANHO, DESEMPENHO E INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA

A fim de verificar a influência da reputação corporativa sobre o disclosure voluntário nas empresas do setor bancário no Brasil, optou-se por utilizar outras variáveis independentes, identificados empiricamente como fatores que influenciam, determinam ou afetam o disclosure voluntário. As variáveis independentes foram selecionadas tendo como parâmetro o modelo adotado por Cruz e Lima (2010). As proxies utilizadas para determinar as variáveis independentes são descritas a seguir.

No intuito de classificar a reputação das empresas deste estudo, pretendeu-se inicialmente utilizar o critério adotado por Michelon (2007), no qual a proxy utilizada foi a participação ou não das empresas no Índice de Sustentabilidade Dow Jones (DJSI). Dessa forma, para fins deste estudo, a proxy seria a verificação da participação ou não das empresas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, onde Cruz e Lima (2010) observaram ser uma versão brasileira do índice utilizado pela autora. Contudo, a ideia foi descartada, pois apenas 22% da amostra possui ações na Bovespa, o que torna a classificação inadequada. As pesquisas de Roberts e Dowling (2002), Toms (2002), Hasseldine, Salama e Toms (2005) e Michelon (2007) utilizaram uma proxy para a variável reputação corporativa, e forneceram as condições para medir a reputação empresarial desta pesquisa. Para os autores, a proxy para a variável citada é representada pela obtenção do Relatório de Sustentabilidade, onde utilizar-se-á uma variável dummy, atribuindo-se 1 para a presença do relatório e 0 para sua ausência.

Quanto às demais variáveis do modelo, a operacionalização foi a seguinte: a variável Tamanho (TAM) foi calculada pelo logaritmo do ativo total da empresa; a variável Desempenho (DESP) foi representada pelo ROE (Return on Equity); e a Internacionalização (ADR) foi representada nesta pesquisa por uma variável dummy, que indica se a empresa possui ou não American Depositary Receipt.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Inicialmente foi realizada uma análise descritiva dos dados. Conforme a Tabela 3, a variável dependente, Disclosure (DIS), apresentou média igual a 0,18 com desvio padrão de

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9 0,15 e mediana de 0,12. Considerando que o limite mínimo e máximo, respectivamente, são 0,0 e 0,62, a mediana mostra que o índice está próximo do mínimo. Observou-se ainda que 51% dos dados são menores ou iguais à mediana e 62% destes estão abaixo da média.

Tabela 3:

Análise exploratória dos dados

Medidas DIS REPT TAM DESP ADR

Média 0,1833 0,2000 14,7713 0,0066 0,0700

Mediana 0,1200 0,0000 14,8000 0,0300 0,0000

Desvio-padrão 0,15491 0,40202 2,45471 0,13931 0,25643

Fonte: Próprios autores, (2013).

As variáveis independentes REP e ADR foram classificadas a partir de uma variável dummy. Assim, a variável Reputação (REPT) apresentou média igual a 0,2 e desvio padrão 0,4. Já a variável Internacionalização (ADR) teve média de 0,07 e desvio de 0,26. A mediana destas duas variáveis foi 0,0. A variável Tamanho (TAM), representada pelo logaritmo ativo total da amostra, teve uma média de 14,77. Seu desvio padrão foi de 2,45, o menor desvio padrão em relação a média da variável, e mediana igual a 14,80. Quanto ao Desempenho (DESP), sua média foi de 0,0066 e mediana igual a 0,03. O desvio padrão foi de 0,14.

Logo após a análise exploratória de dados, foi elaborado o teste de correlação de Spearman. As variáveis independentes REPT e TAM apresentaram forte correlação positiva com a variável dependente. A variável DESP mostrou uma fraca correlação positiva com o nível de disclosure voluntário, e a ADR, uma correlação positiva moderada.

Após o teste de correlação, foi gerada a análise de regressão linear múltipla, cujos parâmetros estão descritos na Tabela 4. Os resultados apontam que o coeficiente de determinação R² foi de 66,8%, indicando uma boa explicação da variância da variável dependente. A estatística de Durbin-Watson indica que não há problemas de alta correlação dos resíduos. Observa-se também que o modelo é altamente significativo (Sig = 0,000), ou seja, pelo menos uma das variáveis explicativas é significante para explicar o comportamento do Disclosure.

Tabela 4:

Resumo do Modelo

Modelo R R2 R2 Ajustado Durbin-Watson Teste F Sig.

1 0,817a 0,668 0,654 2,000 47,740 0,000a

Fonte: Próprios autores, (2013).

A Tabela 5 evidencia a análise da significância estatística dos parâmetros do modelo. Os resultados apontam que a Reputação (REPT), apresentou um coeficiente positivo e significante, da magnitude de 0,196. Dessa forma, quando a reputação cresce, o índice disclosure cresce na proporção do coeficiente. Quanto ao Tamanho (TAM), o coeficiente de regressão foi de 0,026, também com Sig ,000. Assim, evidencia-se que à medida que TAM aumenta, o disclosure voluntário também aumenta.

Tabela 5:

Significância dos parâmetros do modelo 1 Coeficientes não parametrizados Coeficientes parametrizados Testes de Colinearidade Modelo B Desvio-Padrão Beta T Sig. Tolerância VIF Constante -,242 ,069 -3,535 ,001 1 REPT ,196 ,027 ,508 7,126 ,000 ,688 1,453

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TAM ,026 ,005 ,414 5,407 ,000 ,597 1,675

DESP -,032 ,068 -,029 -,479 ,633 ,940 1,064

ADR ,014 ,041 ,023 ,339 ,735 ,772 1,295

Fonte: Próprios autores, (2013).

As variáveis desempenho empresarial e internacionalização apresentaram coeficientes de regressão, respectivamente, de - 0,032 e 0,014. Quanto à variável desempenho empresarial, observa-se uma relação inversa com o nível de disclosure voluntário. No entanto, estas variáveis mostraram baixa significância estatística (DESP = 0,633 e ADR = 0,735) e utilizando o procedimento de backward, as referidas variáveis foram excluídas do modelo. Assim, o novo modelo foi gerado considerando apenas as variáveis independentes reputação empresarial e tamanho. O novo modelo (modelo 2), apresentou um maior R2 ajustado. Nota-se que a estatística de Durbin-Watson é próxima de 2, indicando que não há problema de alta correlação dos resíduos dos resíduos (Tabela 6).

Tabela 6:

Resumo do Modelo 2

Fonte: Próprios autores, (2013).

A Tabela 7 evidencia os novos coeficientes da regressão com as variáveis REPT e TAM, respectivamente, 0,198 e 0,026. Desta forma o modelo pode ser escrito como:

DIS = - 0,243 + 0,198REPT + 0,026TAM Tabela 7:

Significância dos parâmetros do modelo 2 Coeficientes não

parametrizados parametrizados Coeficientes Colinearidade Testes de Modelo B Desvio-padrão Beta t Sig. Tolerância VIF (Constant) -,243 ,063 -3,853 ,000 REPT ,198 ,027 ,513 7,342 ,000 ,704 1,420 1 TAM ,026 ,004 ,415 5,935 ,000 ,704 1,420

Fonte: Próprios autores, (2013).

A hipótese de que empresas com forte reputação empresarial evidenciam maior nível de disclosure é corroborada, visto que o coeficiente da regressão foi positivo e significante. Este resultado corrobora com os achados de Cruz e Lima (2010). Quanto à hipótese referente à variável tamanho, observa-se que a relação inferida também foi corroborada: quanto maior a empresa, mais informações voluntárias serão apresentadas, o que também corrobora com os resultados da pesquisa de Cruz e Lima (2010).

A variável desempenho cuja hipótese era uma relação positiva com o nível de disclosure foi rejeitada, devido na primeira regressão ter apresentando um sinal negativo, e, dessa forma, contrariando a pesquisa de Cruz e Lima (2010). Contudo, como a variável não apresentou significância, foi retirada do modelo final.

A variável internacionalização tem a hipótese de que as empresas que possuem ADR deverão apresentar maior nível de disclosure. Esta hipótese foi aceita devido ao coeficiente da regressão ter-se apresentado positivo e corroborando com os resultados de Cruz e Lima

Modelo R R2 R2Ajustado Durbin-Watson Teste F Sig

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11 (2010). Contudo a variável foi retirada do modelo final por não apresentar significância. Assim, a equação final do modelo apresentou-se diferente do que foi construído por Cruz e Lima (2010).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa foram analisados os níveis de evidenciação nos 100 maiores bancos atuantes no Brasil segundo ranking do Banco Central, e gerada a regressão linear múltipla para testar a hipótese de que bancos com forte reputação possuem maiores níveis de disclosure voluntário.

Na pesquisa foi identificado que os bancos que fornecem maior volume de informações voluntárias são os de capital aberto, ou seja, estão listados na Bolsa de Valores (Bovespa).

Os resultados mostraram que há uma relação positiva entre reputação corporativa e o nível de disclosure e, dessa forma, a hipótese foi aceita. Este resultado corrobora a pesquisa de Cruz e Lima (2010) sobre a relação positiva entre as variáveis citadas acima. Essas evidências empíricas podem estar relacionadas à necessidade dos bancos em manter a reputação, conforme pesquisa de Michelon (2007) para as empresas de capital aberto.

A variável tamanho (TAM) também apresenta relação positiva com relação ao nível de disclosure. Isto quer dizer que quanto maior o tamanho do banco, maior será o impacto do disclosure, e isto pode estar relacionado a menores custos de evidenciação, conforme estudos de Cruz e Lima (2010).

Foi rejeitada a hipótese de que haveria uma relação positiva entre desempenho e nível de disclosure. Ou seja, a pesquisa evidenciou que quanto maior o desempenho dos bancos, menor a evidenciação voluntária de informações e vice versa, contrariando, assim, os estudos de Cruz e Lima (2010). Contudo, nesta pesquisa, esta variável não apresentou significância, diferente da pesquisa de Cruz e Lima (2010), sendo retirada do modelo.

Quanto à variável internacionalização, a hipótese foi aceita, haja vista que os bancos que possuem ADR foram os que mais evidenciaram informações voluntárias devido ao coeficiente da regressão positivo.

Essa pesquisa apresenta uma limitação quanto à classificação da reputação empresarial dos bancos por ainda não ter na literatura uma classificação testada e adequada a este segmento. No entanto, esta pesquisa contribui para a literatura brasileira sobre disclosure por evidenciar a realidade da transparência da gestão de bancos nacionais.

Como contribuições para futuras pesquisas, sugere-se um estudo exploratório sobre reputação bancária com o objetivo de verificar as causas e fatores da reputação e a relação com evidenciação voluntária deste segmento.

REFERÊNCIAS

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Referências

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