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te
^il
BRIEF
^
THEATRO
POPULAR
PORTUíiUKZ
ENTREMEZES,
FORÇAS
E
SCENA
S-COMICAS
M
JV.o *•»ilâlBl
iáttl
li
lâiOáMBOI
ESCOLHIDO
ENTREMEZ
DE
COMEDIA
PARASER
REPRESEMADO
«AS FESTASDOEÍVTRIDO EM TODASASTERRAS DE PORTlíiALPOR
ANTÓNIO
JOSÉ
DA
COSTA NABIÇA
DA ('HKGIKZIA riK VIl.í.AIt [){) l'|.MIR!U() (MAIA) COXCKLIK) DK VH.LA LIO CO.NDK
cuido de
grande
variedade de poesias domesmo
autlior, asaber:—
Algumas
partes para
comedias—
Cânticos ao BleninoDeus
—
Algumas
partes parare-presentação dos Reis
—
O
cego a despedir-se domundo—
Borboletae aLuz
—
O
homem
feliz nacompra
dos burros—
Um
homem
amante
de Baccho quese pesou a
cavallo—
A
papoula e abonina—
Loa
jocosa para se recitarem
qualquer
comedia
ou entremez.PERSONAGENS
D'ESTE
ENTREMEZ
O
ENTRUDO
(figura de palha)UM
OFFICIAL
(com banda e espada)UM
DITO
(combandeiras)VOLANTE
(comum
chicote na mão)VARREDOR
(comuma
vassoura na mSo)OUTRO
Dito(para contrariaraloadoofficial)OUTRO
(que hadelêrum
testamento)OUTRO
(que hade lêruma
prophecia)Damas, maneebos, velhos e velhas (para
formarem nofim adança)
m
!AiLE
d;
QUE
SERÁ"REPRESENTADO DA
FOR.MA SEC.TINTE:Uma
figura de palha, figurando gente,com
um
vestido horrendo, á qualse daráonome
d'Entrudo,
em
um
carro,acompanhada
d'uma festa, seguindoseasseguintesfiguras:um
ofiScial, de banda e espada; outro dito,com
bandeiras; outro,com
um
chicoteaque se dá o
nome
de Volante; outro,com
uma
vassouraa quese dá onome
deVar-redor; outro, que hadecontrariara loa doofficial; outro, que hadeler
um
testamento;outro, que hadelêr
uma
propheciaacompanhado
dedamas,mancebos, velhos e velhas,para formarem no fim aa danças no gosto que quizerem, todos estes
em
figura de portuguezes, dizendo que éum
rei estrangeiro que veio visitar Portugal. (No fimd'est.'ientremez encontra-se
uma
scenaque sepoderárepresentarno finalde qualquercomedia
com
três figuras,como
adiante se verá). Depois de reunidos todos os masca-rados marcharão ao logar, onde hão-derepresentar, da forma seguinte: na frenteoVolante,chegando ao logardestinado, dirá
:
Senhores queiram dar largueza
Para que
formem
um
terreiroQue
bem
possareceberUm
monarcha estrangeiro.O
que ahi jávem
marchando
Rodeado denobreza
De
fidalgos e fidalgasD'esta nação portugaeza,
O
qual mereceserDe. todos regosijado
Portao heróicasacções
Que
sempre tem praticado.Justo é queo recebam
Como
ho-spede realQue
por nos ter íiífeiçãoVem
prestarsea Portugal.E
sem
maiscom
isto voltoParavirna companhia
Do
grande hospederealE
de toda a fidalguia.iDarii auas voltas com ochicote etoruará í.
recta-guardaepela esquerda do Bandeira).
BANDEIRA
(dirá:)Illustrados cavalheiros,
Cidadãosde Portugal, Recebei
com
regosijoO
grande hospedo real.O
qual é de todoomundo
Reverenciado e querido
Porque todasas nações
Com
honra otem recebido.Por não haver
um
segundo Nas seiencias ena bellez»,Nos
bens terrenos erespeitoNo
poder e na riqueza.O
que mais que todas prezaA
nação dePortugal,Que
nosvem com
giandejubilo Prestarseu valorreal.Como
jáfoirecebidoDe
condes ode marquezes,De
duquese de marechaes.Dos
mais nobres poituguezes.Osquaes
vem
jáadjuntos D'essagrande magestade,Como
logo chegarvereisParafirmada verdade.
E
sem que maisdigavoltoN'uma
marchaviolentaPara vir
com
o estandarte,Marchando nasuafrente.
(Dito istovoltarãoárectagurdaejuntaudo-se ao
ran-chomarcharão uafreute).
VAKKEDOK(dirá:)
Com
brevidade e destrezaVou
varrereste logar,Em
quea nossafidalguiaLogo
dançasvem
formar,Somentepor darrecreio
Ao
grande hospede real,Que
ahivem
cheio de prazer Visitar a Portugal.E
assim sem mais demoraPrincipio avarrer,
Que
está prestes a chegarComo
logohSode ver.[Oofficialrecitaráaloa seguinte:)
A
tão distincto congresso3
—
AttençSo para queeu possa
Minha6 verdadespropor.
A
fim deum
grande monarchaA
quem
devemos respeitarPelos grandes benefícios
Que
a todos faz e tem feito.Pois sSo tantas as virtudes
Que
o ditosoberano tem,Que
somente seempregaEm
a todos fazer bem.Tudo
sustentaa chouriçosE
vinhos engarrafados,Em
que gastacada dia*Doze inilhõesde cruzados:
Por querer ver todos os
moços
Nutridos e
bem
tratadosDe
forma que nuncaandem
^om
asIjarbasbem
untadas.V bem
força de prezuntos,Ilabanadas e filhozes,
Como
pae quesó deseja'•'Tsuaslilhas mimozas.
is aquellfis que saoorphãs
viuvas desamparadas,
Ainda além do asmanter
As
traz muito asseadasE
asmesmas
que estão velhasJádo
mundo
esquecidas,Nunca
quer queellasandem
Sem
as barrigas sortidas.Baeta vermos para prova
Da
suagrandebondade,Que
até a sua bellacasaSódenotacaridade.
Pois osea rozadorosto
Só parece una resplendor,
Que
a todos alegraos olhosVera sua linda cor.
E
os olhos que elletemComo
estrellas brilhantes;Finalmentesó parece
Os mais ricos diamantes.
E
osseus dentes que brilhamComo
íiores dejasmim,Parecem pérolas ricas
Mais brilhantes que marfim. E'elle de todo ocorpo
Tão formosoe perfeito.
Que
porobras e figuiasEm
toda a parte o respeitam.De
toda aEuropa eAziaE
contorno africano,Todos os mancebos renderão
Graças áquelle soberano.
Que
lhes faz vastospresentesDe
presuntos epaiões.Touros,bois, vaccas, vitellas,
Gallos, gallinlias e capões,
E
tudo distribuoParasustento dos povos.
Porque só quer veralegres
Velhos, velhas,novns. novos.
E
no dia de seus annos Fazuma
grande funcçãoEm
que assistem asraparigasQue
lhe vãobeijar a mão. Mais costuma n'eBse diaCom
todas as raparigas RepartirigualmenteOitocentasmillibras
(Sair-lhe-ha áfreutea contra-lôacom a aspadana
mão, mostrando quenão édo rancho,e fallará daformaseguinte:>
Suspenda seutrapaceiro
Que
conceitonão merece Pcvvir augmentarum
monstroQue
a todos aborrece.Só mereceporcastigo
De
augmentarum
casquetão, Trinta mil cliicotadasE
dezannos de prizão.Mas
se isto não é bastantePor decantarura carranca Sejas maia duzentas vezes
Bem
cortidocom
uma
tranca.De
forma quenem
um
ossoLhe
possaficar direito,Portanto que tem mentido
Ante
um
povode respeito.Pois eu
mesmo
jáconheçoO
congresso enojado D'ouvirtão vastas mentirasQue
eseinfanetem
ditado.Um
homem
sem
leinem
tino;Falto de luz erazão.
Basta que
chama
monarchaAo
miolo deum
colxão.Sendo
uma
palhaimmunda
Com
figura deum
corpoQue
só tem tanto respeitoComo
um
cão depoisde morto. Atédiz que o seu rosto Brilhacomo
resplendor.Quando
elle ótSo brilhante—
4
—
Tem
dentescomo
degrade,Olhos
como
cãodamnado
Suacara
como
lagosta,O
nariz encurrilhado.Finalmenteé tão horrendo
Que
se osdiabos oviam
Cheios de
medo
e espantoAté que d'elle fugiam. Pois o
mau
cheiroque deitaAté que moiva peste
Que
contaminaosviventesDa
superfícieterrestre.Portantosejaslançado
Z^as labaredas a arder.
Não
é justo que por elieTantos tenham quesoftrer.
iDesafiodo espada)
LOA
Cale-seahi seuinfame
Que
porser tão atrevidoTem
decretado o monarchaDe
lhedar por seu castigo:Trinta pontapés debotas,
Cincoenta de sapatos,
Trezentos couces de cão,
Mil dentadas da gatos.
E
se nãotiveremenda
íí'essalinguadepravada
Lhe
será paramaiscastigoA
cabeça degolada.CONTKA
Retire-ee já d'aqui
Sem
que espere mais nada.Senão ati e aelle
Passojáa lio de espada.
LOA
Vai-te prostar a seus pés
Senão ésjáfuzilado
Dize-lhe que andas doudo
Para quesejas desculpado.
CONTKA
Eu
não soucomo
tu éaUm
pateta trapaceiroQue
andaschamando
monarchaA' palha de
um
colmeiro.LOA
Tu nem
sequer o apartasPor sua rara belleza,
Que
ó a mais linda creaturaDa
humana
natureza.Não
vês seus reaespésQue
sãoalvoscomo
neve?CONTRA.
Bem
vejo eaté parecePés de burro de almocreve.
LOA
Não
vês suasreaespernasTão
direitas e bonitas?CONTKA
Bem
vejo e atéfiguramQue
parece arcos depipas.LOA
Não
vês quanto ébem
dispostoEm
todo o seu realcorpo?CONTRA
Bem
vejo e até figuraQueparece
um
burro morto.LOA
Não
vée sua realcaraDe
todasa mais formosa?CONTRA
Bem
vejoe até pareceDa
cadella maislinhoza.LOA
Não
vés 03seus reaes dentesQue
atéparecem de prata?CONTRA
Bem
vejo e até parecemCada
um
uma
eataca.LOA
Não
vés osseus riaesolhosQue
atéparecem dourados?CONTRA
Bem
vejo e atéparecemQue
sãoolhos dosdiabos.LOA
Não
vés seurealcabelloQue
parecem fiosde ouro?CONTKA
Bem
vejo e atéparecemQue
é deum
rabo deum
touro.LOA
Não
vesequer, seu pateta,Que
épagem
real.Que
émonarcha
estrangeiro5
—
CONTRA
Eu
bem
vejo e conheçoTu
queésum
trapalh5oElle que é feito depalha,
Que
já foi ninho deum
cio.LOA
Não
me
possomais conterSem
coitar este asneirão.IJogarãoambosaespadae Contraretirar-se-ha)
TESTAMENTO
Cessem tambore
zabumba
E
todo o maisinstrumentoPara que
com
a tençãoOuçam
o real testamento.Determina D. Entrudo
Deixar tudo quanto tem
A
todas as raparigasPorque sempre lhe quiz bem. Deixa ásmoças d
Por serem muito engraçadas
A
liberdade de andarem Passeiando nas estradas.E
deixa ásmoças
dPor serem muito divertidas
Todasas cadeias francas
Nas
entradas e saidas.E
deixa ás moçasdPor nunca lhe serem falsas
A
liberdade deandarem
Bem
calçadas ou descalças.E
deixa ás moças dPor serem muito interesseiras
A
liberdade deandarem
A' caça das capoeiras.
E
ás moças dE' o seu gosto deixar
As maisricas jóias de ouro
Mas
se ellas aspagar.Declara mais quedeixa A's antigas emodernas
A
liberdade de entrarEm
botequins e tabernas.E
deixa ás moças d.. .Por serem da suaafteição
De
pulgas e percevejosAinda passa de
um
milhfio.E
ás moças dePor nuncater queixa d'ellas
Deixaficardois túneis
Sem
tamposnem
aduelasE
ásmoças
dePor ser muito cozinheiras
A
essas deixa os seus taxosE
.as suas frigideiras.Mas
com
esta condiçãoDe
pagarao caldeireiroTrinta mil reisque lhedeve
Com
dezoitoao ferreiro.E
tudo mais que lhe i'estaE' o seu gosto deixar A's que ficaremsolteiras
Que
não cuidarem
cazar.Mais lhe deixa de rezerva
Uma
casa sem quintalSitano logar do Porto A' porta do Olival.
Recomraenda
mais que façam Grandes festas e fogueirasPorqueaté depois de morto Preza as suas brincadeiras.
llemata advertindo,
No
fimdo seutestamentoQue
hadevir de hoje a ura annoDar-llie o agradecimento.
PROPHECIA
A
tão distincto congressoAqui voupatentear
As
finezas deum
monarcha Das quaessehSode
admirar.Porser
um
sábio e distinctoDas
sciencias tão discretaQue
não só éum
monarcha
Mas também
éum
propheta.Por que já prophetizou
Esse distincto soberano
Maravilhas nuncavistas
Que
vereis nofuturo anno.Cauzarão prazere espanto
Essas grandes maravilhas A' vistas de olhos de avôzes
6
—
Mas
para que tae3 raridadesEm
antes possam saberAttendam
que a propheciaDesdeo principio vou lér.
Haverá
tão grande incêndioMotivado porCupido
Que
doamor
abrazado Arderãoem
fogo vivo.Sem
fumo nem
labaredasHão
de arderem
um
brazâoNão
sódamas
e mancebosMas nem
velhos escaparão.Nem
na agua bastanteParatal fotíro se apagar
O
remédio efíicazParaisso é cazar.
Atévelhinhas de oitenta
Que
já estavamesquecidas Vereis procurar cazõesEguaesás suas medidas.
Muita gentese hade rir
Quando
fôrque istose veja.Velhos
mesmo
a cairA
correr para a egreja.Sejam tortas, corcovadas,
Mancas sem
poder andar, Dirãovamos
lá depressaPara chegarmosa cazar.
Até algumas qi-e haja
Que
jácem
possam contarSem
podersairdo leitoE
dii-áque quercazar.De
forma que então veremos Noivados tão figurõesCom
noivinhas de moletasE
noivos de seus bordões.Mas
não sóisto vereisNa
ordem
racionalAté queo
mesmo
vereisNo
império vegetal.Vereis as
mesmas
arvoresNão
sóum
fructo darãoMas
simdous noinvernoOutro no pino do verão.
Ainda mais maravilhas
Vereis no futuro anno Semeiaes na terralinho
E
nascertecido panno.Mais nota queas videiras
Tantovinho hão- de dar
Que
não hão-dehaver vazilhasQue
o possam arrecadar.Porqueos vinhos para o anno Hão-deter tanta virtude
Que
um
cacho daráseispipasCada
uvaum
almude.De
forma quequem
viverQue
ao anno quevem
chegar Tanto vinho veránaterraComo
deagua haverá no mar.Os
milheiros vereis criarEspigas tão avultadas
Quo
aindapassam
em
comprimentoD'atravessaras estradas.
Tereis outramaravilha
No
centeio eno trigoQue
em
logarde criar grão Criarájá pão cozido.E
de tudo mais vereisUm
anno tão abundanteQue
osavós dirão aosnetos^unca
se viu semilhante. Vereis grandeprazer e saúdeEm
todaa nossa naçãoQue
por causa de doençasNem um
real gastarão.Assim
esta PropheciaRemato com
dizerQue
se nada fôr mentiraTudo
isto sehadevèr.(Findarãoos diterios epriucipiarãoas danças)
LOA
(Paraserrecitadaem qualquer comedia2}elaprimeirafiguraquesaliir áscena,
principiando da
forma
seguinte)Tão
magestozo congresso Altos senhorese senhoras, E' o que vejo agora Bellasdamas
e mancebos,Que
me
pareceem
seubrilho 1A
quem
de cantar pretendoA
brilhante bella aurora.Mas
atanto nãome
atrevo.Pois só a lingua de
um
anjo Poderia decantarEsseillustre auditório
Que
tanto vejo brilhar.Só
me
pareceum
jardimCom
deceucias e bellezaCheios de cravos e rozas
—
7Mas
porminha
desventuraSou rude por natureza
NSoposso ainda que queira
Decantar tanta grandeza.
Mas com
tudo istoesperoQue
heide teralgum
conceitoD'um
generozo congressoDe
bondade e de respeito.Que
me
hão-de desculparTudo
em
que fôr erranteAttendendo ásfraquezas
Do
maisfrágil ignorante.E
seaqui dosmeus
errosPor favor fôrdesculpado
Vivo cheio de prazer Livre de sercensurado.
Assim tudo quepretendo
Sem
mais voupatentearQual ofim que
me
obrigouA
vira este logar.Foi senhores o
meu
desejoD'aquivir dar
um
recreioA um
povotão distincto*
Que
hoje a estelogar veiu.Pois eu
bem
queria que todosGozassem satisfação
Em
recompensa de virHonrar anossa funcçSo.
Mas
só agora conheçoQae
em
tudosou diminuto Incapaz de vir fallarAnteos senhores que
me
escuto.Por
me
faltaras scienciasNem
aminha
linguapodeExpressar-se ante o congresso
Distincto sábio e nobre.
Assim
somente direiDe
que o bailevae constarJá que
me
falta o talentoPara
me
desempenhar.E
entremez de comediaDe
que o baile se contemO
quelogo vereispatenteQae
em
minha
seguidavém.E
assimlem
mais demoraA
outro deixo o logarQue
depois demim
vem
outroDe
quem
mais hão-de gostar.E
com
isto peço perdão Pelos erros que fizessePois eu agradar a todos Pretendiase podesse.
S@@^@.,
PARA
SER\1R
KO FECHO DE QUALQUER
COMEDIA,
REPRESENTADA
PELOS
ACTORES
SEGUINTES:
Guilherme
Deolinda
Júlio
(SaeGuilhermeadir&:)
Ora,senhores,
Fuieu sócontra trinta
E
cá sócom
omeu
cajado Pois senhores dei-lhe tantasQue
os levouo diabo.E
elles todos armadosDe
fouces e de forcados.Mas
assim que seviramCom
ascabeças rachadasE
oshombros deslocadosFugiram
todosQue
os levouos diabos.iDitoistodiri:)
Ai! Ai! Ai!...
O' mulher! O' mulher! O' mulher!
Acodeme
que estouem
afflicçãoQue
tão grande dorme
deuQue
me
estala o coração.<Cahiráemterra eassimestará at*ao fimdasceua, aaeDeolindae diri:i
. . .
Casado
. , .
Mulher
. . . Cirurgião
Ai!
em
que estado euvejoMeu
carinhozo maridoQue
me
estalao coraçãoDe
over aqui estendido.Mas
eu vou-Ihe dar nas pernasUma
boafricçãoQue
lhe fazdescer aos pésEssa grande afflicção.
(Esfréga-lhe os pés, Guilhermedirá;)
O' mulher que
em
grandeaugmento
Vae
aminha
afflicçãoQuerojá que
sem
demora Váschamar
o cirurgião.DEOLINDA
Antes venha para oleito
Qae
o quero ver estimadoQue
me
dóeo coraçãoDe
over aquiestirado.Que
dirá o cirurgiãoEu
que tratocom
despresoMen
carinhoso marido.GUILHERME
Vai chamaro cirurgião
E
deixa-me aquificarQue
eu aqui hei-demorrerOu
aquihei de sarar.DEOLINDA
Ainda antes de eu lá ir
Vou
matar-lheuma
franguinhaQue
antes deir lhe quero darUma
agua de gallinha.GUILHERME
Tu
deixa-te defranguinhasVae chamar
o cirurgião,Que eu estou a verquando ouço
Estalar
meu
coração.DEOLINDA
(aparte)Ainda ella tearrebente
Como
estoura a castanhaMas
que dêtamanho
estaloQue
seouça na Hespanha.A
mais não tenho razãoPara que
me
possa queixarQue
tem sidobom
maridoTem-me
sabido estimar.Mas
seme
pilho viuvaNunca
mais serei mulherQue
eunão quero terum homem
Quero ter quantos quizer.
GUILHERME
O'mulher que estásadizer
Que
eucom
aminha
affliçãoNão
tepude comprehender?DEOLINDA
Eu
dizia queseme
faltassesMorrologo de paixão
Porque
nada
hanomundo
Que
me
dê consolação.GUILHERME
Isso está nas
mãos
deDeusTem
paciênciamulher;
Que
tudoestá oíferecido A'quillo queDeus
quizer.DEOLINDA
(aparte)Oh
! milagroso S.Cosme
e S.Damião
Sepermittis que
meu
homem
morra Antesdeuma
hora.Cedo-voso
meu
grilhão.GUILHERME
O' mulher tunão andes a sciemar Poisandasfallando só
Sem
ninguém para ti fallar.DEOLINDA
Eu
estava-me aapegarcom
devoçãoCom
S.Cosme
e S.Damião
Que
se sarardentroem
uma
hora Hei-de-lhe dar omeu
grilhão.GUILHERME
Tu
sempre tivestebom
coraçãoSempre
és filha de bons pães Tiveste boa educação Ora andaminha menina
Vae
chamar o cirurgião.E
andalogo a mais elleBem
sabes que deves estarPara tomar conta uo remédio
Que
elleme
receitar. '(Deolinda vae-se e
rtirú:)
logo virá após ileJúlio eJúlio
Oh
lá!como
assim está enfermoO
maior amigomeu
;E
então que senteomeu
amigoComo
foi que issolhedeu?GUILHERME
Senhor deu-me de improviso
Uma
grande afdicção,E
juntamenteuma
dôrQue
me
ofíende o coração.JÚLIO
Deixe cávera suamão,
3Iuito
bem
nSo se assusteQue não valeassustar
Mas
antes tenho esperançasQue
breve ha-demelhorarTomando
um
certobanhoQue
eu lhevou applicar.Tomará
um
banho deassento Sentadoem uma
caldeiraMas com bem
íogo por baixoIsto
uma
tardeinteira.Que
eulheprometto saúde Se estebanho tomarQue
emquantoomundo
formundo
Nunca
mais seha-do queixar.GUIHLERME
Oh
! senhor isso ébom
Para
me
acabar de matar.Veja se ha outro remédio
Que
me
possaapplicar,Sem
que lique recosidoQuando
eu sem isso smto Dentro demim
um
calorQue
julgoser o motivoD'esta
minha
grande dor.Pois
uma
tarde a ferverNem um
osso sóme
ticaSem
que tique recosido.Se
me
dessebanhos frescosEu
isso ReceitariaPorque até
me
pareceQue
com
elles sararia.JÚLIO
Pois então eu lhe applioo
Banhosá suaafifeição
Que
istosendo banhoBfrescorQuatro llie bastarão.
Será arrojado a
um
poço Bera atado pela cintaQue
tenhacem
palmos de altoE
deagua mais detrinta.
Será então quatro vezes Arrojado de chimpão
E
d cada vez trêshorasDebaixoda agua o terSo.
Assim que por esta forma OsbanliOBtiver tomado Então por
uma
vezPara cimaserá guindado. Saiba que lhecertifico
Se estes banhos tomar
Nunca
maisterá moléstiaDe
quese possa queixar.GUILHERME
O' senhor onde andou a estudar
Que
só estudouRemédios para
me
matar.Eu
assimtambém
seireceitar Poisisso ébom
parame
afogar.DEOLINDA
Valha-o
Deus
homem
E' para
bem
dasua saúdeTome
os banhos que o sr. dr.lhes diz.GUILHERME
Vaetu tomal-08, e mais elle
E
mais oteu nariz.Arrenego-te eu diabo
Olha que
amor
me
tensQue
me
queres verafogado.Vejasehaoutroremédio
Que
me
possa applicarMas
queseja de beberBanhos não quero tomar. .JÚLIO Poisentão eulhe applico
Remédio
para tomarQue
sevocemecê o beberLogo
hade
melhorarCom
03 medicamentos Conforme lhe vou dizerParaque-es^ei remédio
Grande-,^''>ipossa ter
.
Quarect?. br.''alo8de sinos,
Sessentade '^ampainlias,
Du;zentas unhas degaios
E
trezentas de galliuhas.Suor de chinellos velhos,
Duzentos rabcs de gatos,
Dozelinguas de rapozas,
Dez
biqueirasde sapatos.E
tudo isto ferviàoEm
um
almude de agua forteE
logo que isto tomarFicará
como
um
barrote.Mas
será este remédio Porcinco vezes tomadoDe
forma que beba tudoNão
deve ficar muado,GUILHERME
Oh
! senhor isso ébom
Para
me
dar a mortePois
como
é quehei de beberUm
almudede agua forte..JULIO
Com
as outrasmais espéciesAgua
forteé rebntidaQue
até assimaagu.i forteFaz
uma
boa bebida,DEOLINDA
Vocemecê
ouveO
que o sr. doutor diz?Que
faz muitoboa bebida Pois tome esse remediosinhoPara allivio da dôr
E
conservação da vida.GUILHERME
O' mulher não
me
digns issoQue
me
estás aafiigir,Dize
me
badalos de sinoComo
sehão de engulir?DEOLINDA
Olhe
homem:
ua TrindadeHa
uns sinosmuito pequeninosQue
tem uns badalosmhosQue
hãode servirQue
eu vou láescolherDos mai.« miudinhos
Para vocemecê ospoderengulir.
GUILHERME
Mas
como
hei deengulirA
maistrapalhadaNem
que eutivessebarriga de baleiaE
gargantacomo
uma
estradaE
como
se hão dearianjar—
10
E
osrabos de tauta gatarrada.Aindaíóra a mais cangalhada Olheesse remedo
Quem
quizerque o tomeQue
eu d'isso nãotomo
nada.JÚLIO
Desde queeu sou cirurgião
Ainda não encontrei
Doenteimpertinente
Como
o que hoje aqui achei.Todos
tomam
oremédioQue
lhe dá o cirurgiãoCom
esperanças desaúdeE
muitasatisfação.Só vocemecê quanto lhedou
Tudo
recusatomarQuem
óassim nãome
chame
Porque tem de
me
pagar.Logo
qu9 isso assim éEu
até jávoa emboraMas
não vousem
quame
pagueE
que não haja demora.GUILHERME
Tenha
compaixão demim
Por
quem
ésr. doutorVeja se haoutro remédio
Que
me
applaque estadôr.Que
se for outroremédio Prometto de otomar Para verseesta dôrMe
fará alliviar..JÚLIO Poisjáque tanto
me
pede Outrolhe voureceitarE
nada mais lheapplicoSe este
me
recusar.Duzentas dúzias de bolos
Cem
dúziasem
cadamão
Que
lhefaz sahir asunhas Essador do coração.GUILHERME
Oh
9r. cirurgião, digame:
Os
bolos que osr.me manda
darSe lh'o.seu der
em
vocemecêTambém
podereisarar?JÚLIO
Que andemos
nos estudosPara sermoscirurgiões
E
depoisem
recompensaSoífrermos uns mandriões.
Eu
depormim
taes asneirasNão
estou paratolerarE
com
ostavou-me embora Tratemjádeme
pagar.GUILHERME
Tenha
demim
piedadeQue
estoumesmo
a morrerE
ainda alem daminha
pagaDeus
lhehade agradecer. Vejase ha outro remédioQue
lhe peço por favorParaverse
me
dá allivioA
tãopenetrantedôr.DEOLINDA
Senhor dê-lhe outro remédio
Sequerparaoconsolar
Que
eu porquem
sou lhepromettoQue
elle oha de tomar.JÚLIO
Pois ea outro lhe applico
Mas
é só porseu respeitoQueporelle osnão tomar
Não
estounada satisfeito.O
menos que eulheposso dar E' vinteeuma
chicotadaQue
lhe faz sahira pelleE
a dôrque está entranhada.GUILHERME
O
sr, diga-me:Se eu lhe der
em
vocemecêEssa contadobradae
bem
repuchadaTambém
farásahir a pelleE
a dôr que está entranhada?JÚLIO
Quando
o facultativoFaz
uma
operaçãoO
doente nãogovernaQuem
governa é o cirurgião.Tudo
o que selhe receitaPor força odeve tomar
Ou
elle queiraou não queiraNão
se deixa governar.DEOLINDA
Tem
razão, senhor doutor.Assim se devefazer
Ou
ellequeira ou não queiraO
doentenão tem quererE
assim senhor doutorCumpra
jácom
o seu dever.(JuHo daráuma chicotada emGuilhermee
Guilher-medirá aquid'el-reie 8elevantará correndocO'
mo quem tem saúdeperfeita e Júlio dirá
:
ICspere deixeacabar de o curar.
GUILHERME
Eu
jáestoubem
curado,Já estou
como
um
barroto—
11JÚLIO
Ainda develevar outra
Para acabar desarar
E
para que essa dòrNunca
mais lhe torne a dar.GUILHERME
Já estou
bem
curadoXSo
tenho mais que curarEstou curado e
bem
curadoE
vocemecé pôdeirembora
E
vácom
Deus oucom
o diabo.JÚLIO
Pois então
vamos
áscontasPorque tem de
me
pagar Quantas vezes receiteiQue
vocemecé não quiz tomar?Como
estivecom
receitaMais de
uma
hora detidoHa-de dar-
me
duas librasA
maisécomo
amigo.GUILHERME
O' senhorissonão tem duas libras
Nem
meias duaslibrasNem
meio darNem
meio deixar de dar.Olhe, quando vocemecé estiver doente
Eu
é que o hei de ir curar,E
ha de ser por estemodo
Que
lheeuhei de pagarPago
ebem
pagoSendo poreste
modo
Hei de lhepagar dobrado
Que
o hei de curarCurado e
bem
curado.JÚLIO
Pague-me
já, seu patife.Se não
mando
-o obrigar Pois que estado tem vocemecéPara
que saiba curar?GUILHERME
Eu
como
muito finoNão
foi preciso estudarPorquefoicomsigo
mesmo
Que
eu aprendi a curar."Ha
de ser por estemodo
"Que
lhe eu hei de pagar"Porque o hei de curar
"A
vocemecéeasua mulher"E
a quantos doentes"Em
sua casa houver "E hei-de cural-o"Curado e
bem
cvirado"Tomara
eu que vocemecé esteja"Doente que
me
hei de "Regalar deo chicotear"Bem
chicoteado.CJulioinvestindoãixi:)
Pague
para cá seubrejeiroNão
estou para o aturar.GUILHERME
Vocemecé pôdeirembora
Não
temos mais quefallarQuando
estiverdoenteEu
é quelhe hei deirpagar.(Júlio investirá a Guilherme; tocará
um
apito decaçador; sahirá
um
leão; Guilhermedii-á:avan-ça meu leão, •oleãoavançará ao Júlio e Júlio
fugirá gritandoe Guilhermeo seguirá; e d'38ía
maneira terminaa acena'
)
Um
cego
que
sempre
viveu
despedindo-se
Adeus
mundo, adeus pátria,Adeus lugar
em
que eu nasci,Adeus
pessoas queme
viramE
adeus tudo que eu não viAdeus
todas asfloresQue
eunomundo
conheciaSomentepor seus aromas
Que
eu assuas coresnão via.Adeus innocentesaves,
Que
com
a vossa cançãoMuitas vezes alliviastes
Maguas
domeu
coração.Adeusralos egrilinhos
Que
cantaes na noute escuraCom
ser bichinhos mostraeaQue
gosaesmaior ventura.pobre
enunca mendigou,
do
mundo
Adeus
ranzinhas dos riosQue
mais é vossa alegriaQue
eu na terra vivo tristeE
vós cantando na aguafria.Adeus
pesados invernosAdeus
vastos chuveirosQue
tantome
atormentastesNos
dezembros ejaneiros.Adeus furiosos ventos,
Adeus vastos saraiveiros
Que
era o mais dasrabanadasQue
eu topava nos fevereiros.Mas
queixanenhuma
tenhoDo
rigorosoinvernoPorser tempo destinado
—
12
Adeus
pedrinhas das ruasEm
que deitantas topadasQue
me
fez ficar por veze,Com
as unhas desmembradas.Adeus
vastos arvoredosQue
por vezesencontrei,Que
entre as vossas verdes facesEm
minha
testapizei.ii-deus espinhosas arvores
Que
tantas vezes u;e cravastesAdeus ó agrestes silvas
Que
de sangueme
manchastes.Adeus
raízes que estaesNas
quelhas atravessadasEm
que tanto tropeceiE
dei vastas canelladas.Adeusó brechasescuras,
Em
quetrês vezes cahiMas
da ventura ajudado E' queem
vós nunca morri.Adeus
rios, adeus pontesQue
em
vós nunca soffriPassei semprea salvamento PorfortunanSo cahi.
Adeus
pocinhas daschiivasEm
que tantome
alagueiQue
atécom
omeu
calçadoBem
pocinhas esgotei.Adeus geadas da neve
Que
falseasteismeus
pésAs quaes nas
manhãs
friasEram
osmeus
cliás e cates.Adeus
ófaces devalas,.Adeus caacellase esteios,
Adeus
todos ostranquilhosQue
encontrei nosmens
passeios.Maa
detudo que éimmovel
Eu
nãome
posso queixarPorquenão
me
molestavam Se 08não fosse encontrar.Só
me
queixodos piíeirosQue
trêsvezesme
morderam
Sem
que eu lhes dessemotivoCom
desamorme
oífenderam.Mas
qusixasnenhuma
tenhoDo
gadinho cavallarQue
por vezesencontreiE
deixou deme
atirar.Abençoadosboizinhos
Vastas vezes aconteceram
Encontral-osentre os chifres
Porem
nuncame
offenderara.Tudo
isto aconteciaPela falta de pastor
tí por euandarsoziaho A'ventura do senhor.
Como
sempre vivipobreE
esmola não pediaAssim
davaosmeus
passeiosSempre sem tercompanhia.
Como
só se de seu votoAlguma
esmolame
davam
Porisso luxonão tinha
Para quetivesse criado.
Porque só tenhovivido
Com
osmeus
ganhosmesquinhos-Sou qual outroNabiça
Que
vivia de versinhos.Mas
agora que é horaQue
estou prestes amorrerA
todos os bemfeitoresSó aeus quero dizer.
Rogai-me a
Deus
pelaalmaPelo
amor
de JesusPara que eualém das trevas
Vá
gozar eterna luz.Porvós rogarei
também
Para que todos gozemos Para todosempre amen.
A
PAPOULA
E
A
BONINA
PAPOULA
Sai-te já d'aqui bonina
Não
estejasaopédemim
Porquetu não ésílôr
Digna
d'estarem
jardim.Que
sópodesterlogarEm
campinas evalladosAonde
só terudeiem Pampillose saramagos.Porqueé pouco oteu brilho
E
aromanenhum
tensSe brilharas
como
eu Merecias parabéns.Que
com
omeu
grande brilhoDou
belleza ao jardimE
grandeprazer aos olhos—
13
—
BONINA
Não
te utanea vaidozaPorquo errasno quedizes
Maisdo queagradas aos olhos Aborreces aosnarizes.
Que
até já muitas pessoasQue
á tua beira teem idoTem
comos dedos nos narizesA
todaabrida fugido.E
dizendoa papoulaNão
merece estima(,;ãoPorque tem peioraroma
Do
que a caiida d'umcSo.Aindapor outro motivo
E'
bem
baixo oseu valorPorque assim que abre a roza
Deixa cahir aflor.
Fica só
com
o cabaçoQue
|»ai'ec8uma
caveiraOu uma
cabeçacalvaEstando
sem
ter cabelleiraAté por isso nilo serve
Paraestar era logar sagrado
Porque somente o cabaço
E
que é firme no vazo.Pois
em
quanto a tiorFirmeza
nenhuma
temE' compararlo á meutira
Que
pouco dura tombem.O
que assim nSo aconteceCom
a flor da boninaQue
pela sua firmeza E' da maisalta estima.P'ra maiord'isso ó flor
Do
inverno e do verão Servesempre noaaltaresE
ada papoulanão. Isto nãoé querer baixar-teNem
quereraugmentar amira São diterios de muitosQue
disfructojardim.Assimnão vale o agastaves-te
Que
entre nósnão ha questõesPorqueestanossa eausa
Pendesó d'opÍDÍões.
Nem
pode estanossacauza Entre nós seradvogada Diz-mejá estásconforme'?D'e3ta razãotão clara?
Não
respondes, ébem
certoQue
aquem sem
razão íallarAcontecemuitasvezes
Dar
armas p'ra sematar.O
que só por quererganharJoga
atéque gastatudo.Perguntando-lhese
ganhou
Mais vale fazer-se mude.
Que
devem
ser dirigidos
ao
Meníno-Deus,
dentro dos
Templos
Oh meu
luenino .Jesus,Entrai no
meu
coraçãoPuriíicae minha alma Dai-me estaconsolação.
Oh
meu
meninoJesus,Nosso doceRedemptor
;
Ouvios humildes rogos
De
ura coração peccador.Oh meu
meninoJesus,Não
vosesqueçaes demim
;Fazeia minha almavossa
Paraséculos sem fim.
Oh'
meu
menino Jesus,Oh'
meu
infante divinoPerdoaeme
osmeus
pecoadoaDai-me ovosso patrocínio.
Oh'
meu
menino Jesus,Filho davirgem sagrada Fazeias nossasalmas
Entrem
na vossamorada. Oh'meu
menino JesusEnsinae-me que soismestre
Para que eu possa entrar
No
vossoreino celeste.Oh'
meu
meninoJesus Defendei-me dósinfernos:Para queeu, alem damorte
Vá
gosar os benseternos.Oh'
meu
meninoJesus Filho daVirgem
Maria.Proraettique
vamos
todosGosar vossacompanhia. Oh'
meu
menino JesusPorvossa santabondade Dai-meabemaventurança Por toda aeternidade. Acceitai
meu
Deus maninoEstasminhas orações
Daime
forçaspara que eupossaCombater tentações.
Cobri-me
com
vossagraçaDai-me avossa santa benção
Paraque eu vivae morra
Sem
mais commetterofíensa.—
14
—
&
£t
ÍCTsSBORBOLETA
Luz
para queme
offendesQae
me
queimassem
razão,Pois que cauzate dei eu
Para
me
usares deingratidão?LUZ
Tu
para queme
rodeiasSete podesaffastar.
ISIâotechegues para mira
Se te não quizeres queimar.
BORBOLETA
Eu
não teposso deixarEstou comtigo encantada Quero-te andar volteando
Dançando
no estrepaeiado.LUZ
Logo
que eu nâo teprocuroE
tu és queme
persegues Se demim
fores offendidaQueixar-te de
mim
não deves.Isto sevê
meuB
leitoresNos
damesma
ordem
liumanaDos
queamam
com
afiectoA
quem
sem
affeeto ama.Mas
direi eu n'esse casoQuem
uSo quer marcharerradoNunca
caiana fraquezaDe
pagaradeantado.O
homem
infeliz
nâ compra
dos
burros
A
um homem
d'e3ta terraCerto caso aconteceu
Do
que tivebem
pezarPorser
um
amigo
meu.Que
deu olle porum
burro Trinta eum
mil e quinhentosE
vendeu portrês librasQue
infeliz contentamento.Não
somentefoi desgraçaAs
quatro queelleperdeuMas
quetãomalempregou
Aindaas três quo recebeu.
Porque as deapor
um
burroBravo echeiode murrinba
Que
aténem
por alto valeO
preço d'uma gallinha.A
mais tevebem
amigosQue
parabem
oavizassemQue
não caisse na asneiraQue
tal burro não comprasse.Aos
d'aquellesbons conselhosDe
nenhum
seconvenceu Só desde que comprou o burro E' quebem
se arrependeu.Depoisde entendeique fez
Uma
asneiratão compridaLogo
disse:já o vendo,E
com
perca deuma
libra.Atédisse a
um
amigo Se porduas lh'ovendesseQue
lhe dava meialibraPara quelhe agradecesse.
Que
fez estebom
amigo Depressa u'isso cuidouEncontrando
um homem
talA
vendalhe eííectuou.Indo darparteaoamigo
D'aquelle
bom
resultadoMas
que fez elle íaltouAo
que tinha contratado.Por
serum
d'aquelleshomens
Comparados aosventos
Assim
dissenão o douMenos
dedoze e quinhentos.Ficou mal o quevendeu
E
mais malo que faltouE
só dostrês ficoubem
Aquelle que não comprou. Porque davaduas libras,
Isto não émangação, Por
um
burro quesó valeSeisvinténs ou
um
tostão.Que
falando averdadeAssim
mesmo
como
éEsse
homem
que tem burroMesmo
sem
quereranda a pé.Até quando quermontar
Que
d'isso tenho eu dorE' pagando aluguer
Quando
não é de favor.Não
ê no seutorpe burroPorqueda forma queó bravo
Tem-se aprumo nos dois pés
—
ISQue
já parao amausarLhe
usaram de ideiaDe
pendurar-lhe ao pescoçoDuas
arrobas e meia.Porém
otal roscinanteCom
o seu rumpante bravoO
cavalleiro e pezos Deitou ludo como diabo.E
mais é cheio demôrmo
Todo coberto de tinha
Isto é aqui para nós
E'
um
poço de murrinha.Finalmente é desfortuna
Mas
ninguém acertasempreO
remédio é gemeioNa
cama
que élogar quente.Porém
não se descontenteQue
ainda n'este casodigoQue
o céo está preparadoPara o
bem
arrependido.E
a fim da sua desgraçaNada
mais quero dizerPorque tenho a bocca secca
Já
um
litro vou beber.Se quizervenha a mais eu
E
ambos
sócearemosE
emquanto a fim do burroAté mais não conversemos.
UM
HOMEM
MUITO
AMANTE
DE
BACCHO
QUE
SE
QUIZ PESAR A
CAVALLO
Certo caso aconteceu
Que
lhes digo,meus
senhores,Olhem
que isto foi verdadeUm
homem
acavallo n'um burroPezou-se
n'uma
balançaPor não haver outro tal
E
qne d'istofiz lemlirança.Querem
saber,meus
senhores,O
qualerao mais pezadoDisseram queera o
homem
Porqueo burro eramagro.
Que
até o pobre burrinhoPassavapor bacalhau Por não haver
um
tãomagro
Entre a terrae o céo.
Só por causa do trabalho
Que
oamo
lhetinha dadoE
sustentadocom
sombrasDe
paredes e telhado.Assimfoiporhomens sábios
O
peso d'elle orçadoJulgonse pesaro
homem
M
is do que oburro dobrado.Mas
isto ésó ás vezesQue
elle nSo pesa assimsempreE
quandoestáfeito odreCom
a caracomo
gente.Mas
tendo o odre vazioQue
n'ellenão tragavinhoEntãopesasemdifferença
Bem
igualcom
oseu burrinhoMas
emquanto ao beberDigo que fez muito bera
E
sealguém tiverinveja•
Que
façaomesmo
também.Que
ohomem
por beberNão
deixade serhonradoDeve
beber do melhorE
só do engarrafado.Que
lhes diga senhoresUm
caso quetenha graçaErase euá custadielle
Esgotasse
uma
garrafa.E
que fossedo maisfinoPara cantar
uma
cantigaE
dizerduas gracinhasA
mais bella rapariga.Poisse fosse
um
grande copoOu
poruma
grande enfuzaEntão é quese veria
Maravilhar
minha
muza.Que
então tocava guitarra Soltavaaminha
cançãoConversava as raparigas
Atélhe
punha
amão.Como
assim não aconteceAdeus
até outro diaSó desejoa
meus
senhores Vida, paze alegria.Digam
ao dono doburroQue
o tratemsem
preguiçaE
para omais quequizerTem
ás ordens o nabiça.O
logaraonde se viuEste
homem
e o burro pesarFoi aonde se
pesam
os bois—
16
-Loa
graciosa
para
qualquer comedie
Guarde-os Deus,
meus
senhores,Venho
notar certo casoQue commigo
aconteceuEmpeceram-me
dois lobosE
n'e3te caso queíiz eu?A
um
deium
pontapé N'outro deium
bofetão.Que
elleslogo de repenteCabiram mortos no chão.
Depoisencontrei mais três
Mas
peguei-lhes pelos rabosDei
com
ellesn'um
rochedoQue
até os puzem
bocados.Mas
outrame
aconteceuQue
essa fez-meafflicçãoDepois de eu matarlobos
Appareceu-me
um
leão.E
todofeito amim
Com uma
íuria arroganteMas
votei-lhe asmãos
ás guelrrasQue
oesganein'um instante.Aindaaquinãolinda o caso
Mais lhe digo
sem
mentir.Que
d'estaminha
verdadeKão
deixarão dese rir.Hontem
n'um certologarQue
erabem
deshabitadofcJahiram doze pantheras
E
todas juntasme
assaltaram. Pois senhores n5o foimaisnadaA
couces e pontapésDas
dozefugiram duasMas
mortas ficaram dez.Depois deisto logo, logo
Me
inveatiuuma
serpenteMas
puzlheum
pé naoabe^aQue
ellamorreu de repente.Pois senhores era temível
Sem
lhes faltar áverdadeNa
grossurae na grandezaParecia
me uma
trave.E
morreucom
o ferrão de iór;Poiso lhe era tãocomprido Tinha dois metrose meio
Que
atépormim
foimedida.E
hoje pelamanhã
Empeceu-me
uma
quadrilhaQue
me
saliiraã'um bosqueA
mim
eá minhafilha.Poiseram
bem
mais detrintaMas com
talmedo
fugiam Para que eu osnão caçasseAté avão passaram
um
rio.Assim venho notaristo
Se alguém de
mim
precisarQue
eu osvenha soccorrerEntãovão-me procurar.
Que
eulhevou dizer osnom( Porquem
hão-de pergantarMas
isto é sónocazoQae
alguém cheguea precizaMeu
pae é D. Francisco dasciMinha
mãe
D. Joanna das ciMeu
avô D. João dascamaud
Contratador das burras preta
E
eu 80U tataraneto deManu
E
bisneto deSamsâo
E
pormeu
nome
me
assignoD. Gonçalo Valentão.
E
com
istovou-me embora Se alguém demim
precizarPergunte por estes
nomes
Qae a