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CONVIVÊNCIA Volume 1 Número 16 janeiro a junho de 2016

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Academic year: 2021

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CONVIVÊNCIA

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Universidade Estadual da Paraíba

Profº Antonio Guedes Rangel Junior Reitor

Prof. Ethan Pereira Lucena Vice-Reitor

Editora da Universidade Estadual da Paraíba

Diretor

Cidoval Morais de Sousa Diagramação

Carlos Alberto de Araujo Nacre

Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade do Departamento de Letras

Direção Geral e Editorial Luciano Barbosa Justino Editor deste número Luciano Barbosa Justino Conselho Editorial

Alain Vuillemin, UNIVERSITÉ D´ARTOIS Alfredo Adolfo Cordiviola, UFPE

Antonio Carlos de Melo Magalhães, UEPB Arnaldo Saraiva, UNIVERSÍDADE DE PORTO Ermelinda Ferreira Araujo, UFPE

Goiandira F. Ortiz Camargo, UFG

Jean Fisette, UNIVERSITÉ DU QUÉBEC À MONTRÉAL ( UQAM) Max Dorsinville, MC GILL UNIVERSITY, MONTRÉAL

Maximilien Laroche, UNIVERSITÉ LAVAL, QUÉBEC Regina Zilberman, PUC-RS

Rita Olivieri Godet, UNIVERSITÉ DE RENNES II Roland Walter, UFPE

Sandra Nitrini, USP

Saulo Neiva, UNIVERSITÉ BLAISE PASCAL Sudha Swarnakar, UEPB

Coordenadores do Mestrado em Literatura e Interculturalidade Antonio Carlos de Melo Magalhães e Luciano Barbosa Justino Revisores

Eli Brandão da Silva, Luciano B. Justino, Sébastien Joachim, Antonio Magalhães

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CONVIVÊNCIA

Sociopoética

Volume 1 | Número 16 | janeiro a junho de 2016

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APRESENTAÇÃO CONVIVÊNCIA

Ariadne Costa da Mata Preparado entre o final de 2015 e meados de 2016, a construção deste número da revista Sociopoética acompanhou um dos períodos mais conturbados da história brasileira. Durante os tortuosos meses em que se desenrolou o impeachment da presidenta Dilma Roussef, experimentamos coletivamente a radicalização dos posicionamentos ideológicos. As paixões políticas dividiram famílias, afastaram amigos, ergueram muros nem sempre metafóricos. Enquanto, por um lado, crescia a tensão gerada pela incompatibilidade das visões de mundo, por outro lado, recrudesciam os discursos de ódio e avançavam as políticas de caráter conservador, marcadamente intolerantes à diversidade (étnica, de gênero ou religiosa). Em momentos como este, a crítica é chamada à tarefa de desconstruir discursos, redesenhar alternativas, encontrar os modos de interpretar a realidade. Diante do desgaste das palavras, cabe à crítica o esforço de inquiri-las e renová-inquiri-las. É o que propomos fazer neste número com a convivência, tratando-a como uma das palavras-chave da nossa contemporaneidade.

Inspirado pela visão do crítico alemão Ottmar Ette, para quem a literatura é um “repositório dinâmico e mutável de saber sobre a vida”, em especial, o saber sobre o viver junto (Ette, 2010, p.18), este dossiê propôs reunir textos que discutissem a convivência sob diferentes ângulos. Viver junto, habitando um mesmo tempo e espaço, implica, obviamente, uma relação: entre indivíduos, entre grupos, entre os humanos e o ambiente. Implica afeto, mas não necessariamente em chave amorosa. Conviver inclui atrito, desafio, negociações de espaço. Como esclarece Ette, a convivência não é simplesmente a coexistência pacífica, mas é também fricção, violência, catástrofe (2015, p.177). Jacques Rancière (1996) também nos recorda que o desentendimento é a condição essencial da política, o que nos leva a reconhecer o conflito como inerente à convivência. E no entanto, é possível pensar a convivência sob perspectivas muito diversas, não só em

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se tratando de pessoas, mas também o viver junto das ideias, das diferentes lógicas, das línguas. A tradução, por exemplo, em si mesma sempre imperfeita e conflitante, pode ser pensada como um mecanismo da convivência.

O dossiê procurou favorecer a multiplicidade de origens e interpretações do tema, buscando fazer da própria revista um espaço onde se exercita a convivência na diversidade. O número abre com o texto gentilmente cedido por Vera Kutzinski, professora da Vanderbilt University, nos Estados Unidos, e tradutora de Ottmar Ette para o inglês. Seu artigo é ao mesmo tempo uma apresentação das ideias de Ette e um testemunho da convivência através da discussão das peculiaridades do processo de tradução dos termos cunhados pelo autor. Numa época em que, como afirma Kutzinsk, “a retórica da vida foi capturada pelas ciências biológicas, mas também, e de modo mais agressivo, por organizações fundamentalistas religiosas ou similares”, Ette e Kutzinsk se encontram num esforço para buscar as palavras que nos ajudem a interpretar o presente, usando como ferramenta a literatura. Mas para que se possa aprender com a literatura, insistem os autores, é preciso que os estudos literários sejam capazes de transcender as fronteiras de língua e nação que tradicionalmente estruturaram (e, portanto, limitaram, no duplo sentido de designar as fronteiras e de restringir) o campo. Radicada nos Estados Unidos, Kutzinski escreve sob a perspectiva de quem testemunha a ascensão da xenofobia, do discurso demagógico do medo do outro. Sua leitura de Ette não poderia ser mais oportuna.

Em “Poesia de roda”, Luciana di Leone dá continuidade ao tema da “poesia e as escolhas afetivas”, que dá título a seu livro de 2014. Concentrando-se na amizade poética entre Manuel Bandeira e Alfonso Reyes, a autora observa os diferentes destinos que teve a poesia de circunstância na consagração da obra de cada um dos poetas. Neste texto, o próprio poema é visto ao mesmo tempo como locus e como indício da convivência, com os nomes próprios testificando nos versos o encontro físico dos corpos.

Maura Cristina de Carvalho e Eliana Rigotto Lazzarini pensam a convivência a partir da relação entra a psicanálise de Freud e os textos literários, trabalhando com os contatos e diálogos entre os textos para, por fim, tomar o prefácio como prática convivial.

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das teorias queer contemporâneas empreendida por Felipe Paiva e Antonio Pádua. Os autores realizam uma crítica contundente às ideias de Paul Beatriz Preciado, Berenice Bento e Judith Butler, algumas das principais autoras associadas ao campo emergente dos estudos queer. Sua preocupação fundamental é a relação entre a teoria e realidade material dos corpos na sociedade, ou ainda, “as condições materiais em que a violência emerge e como atuar para que as mesmas sejam eliminadas ou atenuadas”. O pensamento dos autores se desenvolve no sentido de buscar um impacto concreto na realidade, para além das soluções discursivas.

Pensar os afetos no mundo contemporâneo é o ponto de partida de Paulo César Oliveira. A relação entre o próprio escritor e seu mundo é pensada sob a ótica da perda da experiência enunciada por Walter Benjamin. Com foco na escrita autoficcional ou autoetnográfica de Bernardo Carvalho e Michel Laub, o autor trata dos trânsitos, migrações e da promessa de mobilidade da globalização.

A convivência como trânsito e fricção aparece, ainda, no artigo de Gilvan de Melo Santos. O autor mostra a transformação da representação do cangaceiro, arquétipo do sertão nordestino, quando, passado o auge do fenômeno do cangaço, o personagem migra para os centros urbanos. É na literatura de cordel produzida a partir dos anos 1940 que o autor vai encontrar a figura do cangaceiro-reitrante. Seu texto aponta para o papel dessa ficcionalização do cangaceiro no jogo de forças político, particularmente na luta travada entre camponeses e latifundiários.

O dossiê conclui com a tradução do conto “Ladies Special”, de Namrata Poddar, pelas mãos de Tiago Silva e Roland Walter, que também assinam a apresentação do texto e da autora1. Passado

na Índia, terra natal de Poddar, o conto trata da convivência na sua forma mais física e intensa: como encontro, pressão, atrito de corpos que não escolheram compartilhar o mesmo espaço.

O microcosmo do vagão descrito por Poddar funciona, aqui, como uma alegoria do viver junto no século XXI. Entre as canções que alentam e o sangue que escorre desenhando novos mapas, vamos buscamos coletivamente os modos de habitar o mesmo

1 Os tradutores optaram pelo título “Vagão Rosa”, referindo-se ao modo como se chama, no Brasil os vagões de trem e metrô exclusivos para mulheres.

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espaço e tempo; cada um seguro de empreender sua própria jornada e, no entanto, todos sendo levados por um mesmo trem de destino incerto. Esperamos, com este número, contribuir para a imensa tarefa de procurar coordenadas que nos ajudem a encontrar o rumo desta viagem.

REFERÊNCIA

ETTE, Ottmar. “Literature as Knowledge for Living, Literary Studies as Science for Living”. Tradução Vera M. Kutzinski, PMLA, v. 125, n. 4, outubro de 2010.

RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento. Tradução Ângela Leite Lopes. São Paulo: Editora 34, 1996.

Referências

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