FORTALEZA - CEARÁ,TERÇA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2021
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“E minha amiga que é doida pelo Lula e tá casa-da com um bolsominion? Ele não só é bolsominion, como tem a família inteira de di-reita, viciada no Bolsonaro. Ela é esquerda, lulista e tem a família toda petista. Eles se conheceram em uma fes-ta antes da pandemia e, na época, não sabiam que eram tão diferentes. Só descobri-ram depois, quando estavam apaixonados. Mesmo assim, decidiram se casar”. É dessa maneira que começa um dos vídeos mais famosos de Pa-trick Torres na plataforma TikTok. A história pode até parecer uma fofoca, mas, na verdade, o estudante de me-dicina e também influencia-dor digital adaptou o enredo do clássico “Romeu e Julie-ta”, de William Shakespeare, para a realidade brasileira.
Ele tem uma dezena de ou-tros conteúdos neste mesmo formato, que foi denominado de “fofoca literária”. No total, reúne mais de dois milhões de curtidas e 220 mil segui-dores em seu perfil @patz-zic. Na contramão do baixo índice de leitura no Brasil, os “booktokers” ganham espaço na rede social do momento por falar sobre livros. A lin-guagem leve e descontraí-da se une à literatura para atingir, principalmente, um público jovem. Esses consu-midores são diversos: gos-tam de romance, fantasia, ficção científica, clássicos e
A
literatura
INVADE O
TIKTOK
| REDE SOCIAL |
Com informação e humor, produtores de
conteúdos voltados ao incentivo à leitura conquistam espaço
no TikTok e influenciam os movimentos do mercado literário
CLARA MENEZES clara.menezes@opovo.com.br
tudo aquilo que dialoga com o universo leitor.
“Eu estava em casa lendo bastante, vendo alguns fil-mes e, às vezes, queria criar algumas coisas. Fui para o TikTok porque tem várias ferramentas interessantes para você criar vídeos. Eu criava e mandava os links só para alguns amigos íntimos para eles assistirem. Só que, numa dessas, acabou que muita gente viu e pediu para fazer mais”, explica Patrick. Com um processo orgânico e sem nenhuma divulgação, seus vídeos viralizaram. Agora com um dos maiores canais “booktok” do País, ele costuma indicar grandes tí-tulos da literatura nacional e internacional.
Para Patrick, a rede so-cial contribui para aproxi-mar potenciais leitores das obras. Apesar de já serem introduzidos aos clássicos nas escolas, os usuários têm uma visão mais acadêmica do conteúdo. “Estar imerso no dia a dia da internet, de certa forma, contribui para essa sacada que eu consi-go ter às vezes e que outros booktokers também têm de falar ao público sobre clás-sicos de um jeito mais leve. A gente só ganha com isso, porque aproxima obras e lei-tores em potencial”, afirma.
Esse é um fenômeno que já existia em outras platafor-mas: blogs, YouTube, Face-book e Instagram são redes cheias de influenciadores sobre livros. Um dos gran-des exemplos é Pedro Pací-fico, do perfil @book.ster.
Entretanto, no TikTok, a vei-culação se torna ainda mais dinâmica por causa da ma-neira em que os conteúdos são dispostos. Os usuários também são mais jovens. “O TikTok é a rede do momento para o público a partir de 10 anos de idade, que vê as re-comendações de livros nesta rede. Se você vê algum livro jovem nas listas dos mais vendidos para este público, pode ter a certeza de que veio de gente recomendando ou mostrando no TikTok. O novo ‘boom’ de Harry Potter no Brasil ano passado, deve-se, em parte, a isso”, avalia Bru-no Zolotar, diretor de marke-ting e vendas da Rocco.
Aproximadamente 40% dos parceiros da editora já
Do Instagram para o TikTok
Diferente de Patrick, Rhayssa Rada, detentora do perfil @ minhaestantecolorida, tinha criado primeiro um Instagram com o objetivo de conversar com outras pessoas apaixona-das pela literatura.
“Criei para compartilhar minhas leituras e conversar sobre livros, porque eu não tinha com quem falar sobre eles. Foi algo incrí-vel. Fiz amizades maravilhosas e sempre recebo mensagens de pessoas que, de alguma forma, eu influenciei a ler”, comenta. De acordo com ela, o público que
BUSCA POR NOVOS LEITORES
O POVO também está no TikTok. No perfil, é possível conferir informações e curiosidades sobre temas diversos. Veja o conteúdo em @opovoonline. Patrick Torres @patzzic Rhayssa Rada @minhaestantecolorida Jess Martins @surtandonasleituras
alcançava na rede social de Mark Zuckerberg era quem já tinha al-guma proximidade com obras literárias. A diversidade chegou com o TikTok e, depois, com a ferramenta “Reels” no Instagram. “Nos dois apps o processo de criação requer bastante criati-vidade. No Instagram, eu tento sempre chamar a atenção para as fotos e convencer o leitor nas resenhas. No TikTok, eu sempre tento ficar ligada nas trends e inovar nos vídeos para prender a atenção das pessoas com mensagens curtas e obje-tivas”, explica sobre a maneira
que elabora os conteúdos. Agora, ela também trata de outras temáticas que envol-vem cultura pop: o universo de Harry Potter, os funkos (bone-cos colecionáveis) e animes são alguns dos assuntos que gosta e compartilha.
“Na era digital parece que é ainda mais difícil prender a atenção das pessoas em um li-vro. Por isso a importância de chamar novos leitores. Graças aos vídeos e aos diversos leito-res nas redes sociais, isso pa-rece estar mudando”, pondera. marcam presença na rede
social, que ganhou mais re-percussão no ano passado. De acordo com Bruno, a internet tem papel fundamental para o incentivo à leitura. “Não con-sigo imaginar a indústria do livro hoje, sem o que a inter-net agregou, que são milha-res de pessoas falando sobre livros nas mais diferentes re-des e plataformas. Se o espaço na televisão e no jornal é res-trito, podemos dizer que, na internet, ele é ilimitado e feito por pessoas que são apaixo-nadas por livro, que divulgam por amor a leitura. E isso é muito importante para que o livro continue conquistando novas gerações”, pontua.
Continua na página 3 Patrick Torres Patrick Torres Patrick Torres Patrick Torres Patrick Torres @patzzic @patzzic @surtandonasleituras @surtandonasleituras @surtandonasleituras @surtandonasleituras
O POVO
NO TIKTOK
FLÁVIO PAIVA*
contato@flaviopaiva.com.br www.flaviopaiva.com.br *ESCREVE ÀS TERÇAS C O N F I R A E STA E O U T R A S C O LU N A S E M W W W. O P O V O . C O M . B R / C O LU N A SBORDAR SEM
RISCAR ANTES
COM LÁPIS ERA
UMA FORMA
DE PINTAR
COM LINHA, DE
COLORIR A VIDA E
DE DAR FLUIDEZ À
ARTE ORGÂNICA
QUE GERAVA COM
O MUNDO E PARA
O MUNDO
Nice é a mensagem
Nos últimos minutos da roda de conver-sas realizada pela Biblioteca Pública do Ceará (BECE) no sábado passado (17) como parte das homenagens ao centenário da artista e mestra da cultura Nice Firmeza (1921 – 2013), o media-dor Rodrigo Ribeiro perguntou qual a mensa-gem que a Nice poderia nos transmitir nesses tempos tão difíceis de pandemia. A minha res-posta foi: A Nice é a mensagem.
Por que a Nice é a mensagem? Dos pontos em comum que o artista visual Carlos Macêdo, a his-toriadora Paula Machado, a gestora cultural Ra-chel Gadelha (responsável pelo legado do Mini-museu Firmeza) e eu colocamos nesse amoroso encontro virtual, pode-se destacar, entre tantas, sua organicidade afetiva, acolhedora, inventiva, libertária e produtora de convergências.
Em toda a sua vida a Nice foi uma inquieta e uma rompedora espirituosa de mediocridades, falsidades e negacionismos. Desenvolveu com o seu amado Estrigas (1919 – 2014) uma relação de cumplicidade e autenticidade existencial na arte e na vida, com base na relação de respeito mútuo, mesmo sendo duas pessoas tão diferentes.
Construíram juntos um lugar ecocultural, de vínculos plurais (Minimuseu Firmeza); um lugar
em que ninguém saía de lá com as mãos abanan-do, fosse uma cheirosa flor de estrelinha no cabelo ou um buquê de flores secas de baobá. Quem fre-quentava ou visitava a casa-museu de Nice e Es-trigas fazia algum tipo de escambo sentimental e cultural e saía de lá engrandecido.
Era impressionante a relação forte que a Nice tinha com a infância. Ela atraía meninas e meni-nos em suas descontraídas aulas de pintura, es-truturada em uma pauta desinteressada, própria da brincadeira. Certa vez viajamos para Aracati e testemunhei o seu converseiro com amigas de in-fância. O encontro dela com a Dona Maricota em Canoa Quebrada não dá para descrever.
Nice era cheia de deambulações imaginárias, e esse vaguear cultural, lendário e histórico preponderava na sua arte de expressividade brincante, em que a presença de crianças e de cores berrantes era constante. Quando ela can-tava as desventuras da Nau Catarineta (“Passa-va mais de ano e um dia / Que iam na volta do mar”) ou as predições da lenda da Carimbamba (“Amanhã eu vou, amanhã eu vou”), fazia aquilo tirando de dentro de si.
Bordar sem riscar antes com lápis era uma for-ma de pintar com linha, de colorir a vida e de dar
fluidez à arte orgânica que gerava com o mundo e para o mundo. Cozinhando era a mesma coisa, um empadão de carne de caju aqui, um sorvete de sapoti ali e um doce de coco verde com seriguela -ameixa acolá. Não era diferente quando confa-bulava com flores e plantas ou contava histórias plenas de graça, sabedoria e espontaneidade.
Sempre chamei a casa-museu do Mondubim de ‘anticlube lírico’ porque Estrigas e Nice rece-biam amigas e amigos das artes, da literatura, da educação, das ciências sociais e da política com base em um código tácito: ninguém era melhor do que o outro naquele laboratório de convivências. Por mais de 35 anos participei quase que semanalmente dessa experiência de amizade e transformação.
Dos amigos de arte e afetos, Nice e Estrigas es-colheram quatro para chamar de ‘filhos adotivos’: Gilmar de Carvalho (1949 – 2021), Bené Fonteles, Carlos Macêdo e eu. Havia, no entanto, um quinto, o ferreirinho-relógio que fez o seu enorme, com-prido e bem trançado ninho pendurado em um finíssimo galho do pé de pitanga, ao lado do al-pendre. Quando ele estava a cantar, sacudindo a cauda lateralmente, a Nice dizia: “este também é meu filho”. A Nice é a mensagem!!!
A mostra “Valber Benevides - O artista por trás das caricaturas” apresenta várias faces do pintor, escultor, chargista e caricaturista cearense Valber Benevides GUILHERME SILVA/DIVULGAÇÃO Com direção de Nadav Lapid, o filme “Synonymes” (2018) será exibido nesta terça-feira, 20, no Canal Brasil DIVULG A ÇÃO
O
MELHOR
DA A G E N DA C U LT U R A L
Q U E R D I V U L GA R S E U E V E N T O ? R E P O R T E R @ O P O V O . C O M . B RENTREVISTA COM
MONJA COEN E
KIKO ZAMBIANCHI
DOCE 22
BANDA SOUL MÚSICA POPA banda Soul da Paz entrevistará nesta terça-feira, 20, às 20h30min, Monja Coen e o cantor, compositor e guitarrista Kiko Zambianchi. A iniciativa faz parte de uma série de entrevistas em que artistas-educadores e personalidades influentes serão convidadas, unindo música ao vivo e reflexões.
Quando: nesta terça-feira, 20,
às 20h30min
Onde: Banda Soul da Paz no YouTube
Está disponível nas plataformas de streaming o projeto “Doce 22”, segundo álbum da carreira da cantora e compositora pop Luísa Sonza. O trabalho foi elaborado ao longo de um ano e é composto por 14 faixas em estilos musicais variados, com canções mais animadas e dançantes e também composições mais sensíveis e melódicas.
Onde:Plataformas digitais de música
INFORMAÇÕES SOBRE ATRAÇÕES, DATAS E HORÁRIOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS ORGANIZADORES DOS EVENTOS
O ARTISTA
POR TRÁS DAS
CARICATURAS
SYNONYMES
EXPOSIÇÃO CANAL BRASILO Cineteatro São Luiz estreia a exposição “Valber Benevides - O artista por trás das caricaturas”. A mostra apresenta várias faces do pintor, escultor, chargista e caricaturista cearense Valber Benevides. Após a estreia da exposição, ocorrerá um bate-papo entre Valber, o artista visual Carlus Campos e o jornalista Flávio Paiva. A mediação será feita pelo jornalista Nelson Augusto.
Quando: hoje, dia 20, às
18 horas; bate-papo às 18h30min
Onde: site e canal do
Cineteatro São Luiz no YouTube
Com direção de Nadav Lapid, o filme “Synonymes” (2018) será exibido nesta terça-feira, 20, no Canal Brasil. Na obra, o israelense Yoav chega a Paris esperando encontrar salvação de seu país no local. Determinado a se afastar de suas origens, ele abandona a língua hebraica e tentar encontrar uma nova identidade. Com elenco de nomes como Tom Mercier e Louise Chevillotte, o longa venceu o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim.
Quando: hoje, dia 20,
às 22 horas
Onde: no Canal Brasil Classificação etária: 18 anos
CURSOS NO
PORTO IRACEMA
FORMAÇÃO Continuam abertas as inscrições para cursos em linguagens como fotografia, desenho e pintura, audiovisual e teatro na Escola Porto Iracema das Artes. Os conteúdos integram a edição de 2021 do Programa de Formação Básica e são destinados a estudantes da rede pública que estejam cursando ou tenham concluído o ensino médio, que residam em qualquer município cearense. Quando: inscrições até sábado, 23 Onde: portoiracemadasartes.org.br A cantora e compositora pop Luísa Sonza lança “Doce 22”, segundo álbum de sua carreiraFELIPE GRAFIAS/DIVULG
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FORTALEZA - CE, TERçA-FEiRA, 20 DE juLhO DE 2021
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Continuação da Capa
redes sociais
A influenciadora digital Jés-sica Martins (@surtandonas-leituras) já tinha um perfil no Instagram que estava parado há algum tempo. Foi com o TikTok que ela reencontrou o público e agora detém mais de 30 mil se-guidores e 582 mil curtidas. En-tre vídeos engraçados, En-trends e indicações, seu maior foco são romances eróticos.
“Nas duas plataformas, aca-bo tendo um público que ama vídeos curtos com dicas de li-vros hots e vídeos divertidos. Mas, sem dúvidas, os meus ví-deos mais conhecidos são aque-les que indico livros hot para as pessoas (...). Independente da plataforma, quando termi-no um livro que amo, já penso: ‘Minha nossa, preciso muito indicar esse livro para os meus seguidores e eles precisam co-nhecer também’”, conta.
Jess, como foi apelidada nas redes sociais, indica que seu maior objetivo é incentivar a leitura independentemente do gênero. “Acho muito importan-te as pessoas saberem que elas podem ler o que quiserem, que existem livros para vários gos-tos diferentes, que você não precisa se envergonhar por gostar de determinado gênero e não de outros”, defende.
Para ela, o público deve en-tender os benefícios que a lei-tura traz para a vida. “Acho que é muito importante usar a internet a nosso favor, nse mundo tecnológico que es-tamos. Ao invés de indicar tal livro que amou para uma pes-soa, porque não indicar para milhares? Em algum momento, aquele livros poderão fazer a diferença na vida de pelo me-nos uma pessoa”.
Sua relação com os livros começou cedo e, como muitos brasileiros que hoje são leito-res, lia os gibis da “Turma da Mônica” na infância. Durante a adolescência, parou com o há-bito e só retornou depois, quan-do descobriu a saga “Crepúscu-lo”. “Me encontrei no gênero hot, que amo e que começo a indicar um tempo depois, em um mo-mento de esgotamo-mento que es-tava no meu antigo trabalho e
| Literatura |
Em meio à agitação no TikTok, influenciadores abordam
diferentes temas. A criadora de conteúdo Jéssica Martins indica romances eróticos
Leituras
além dos
clássicos
que precisava, urgentemente, me distrair e ser levada para outro universo através das pá-ginas”, recorda.
Por isso, defende que as pessoas não devem desistir da leitura, mas persistir até en-contrar um tipo que gosta. “A pessoa não deve desistir e, sim, achar um gênero que faça falar: ‘Nunca pensei que um livro po-deria ser tão bom’, pois a leitura pode transformar vidas, assim como transformou a minha. Os livros são onde me encontro. Se estou triste vou ler um livro feliz e sei que, no final, ficarei com o coração quentinho e aquele mo-mento de tristeza vai amenizar”.
(Clara Menezes)
Mais
booktokers
Rhayssa Rada @minhaestanteco-lorida Em sua página, Rhayssa compar-tilha experiências com livros, sua coleção de “funkos” (bonecos colecio-náveis) e dicas de como arrumar a estante. Jess Martins @surtandonaslei-turas Um dos gêneros favoritos de Jess é o “romance hot”. Além de indicações de livros que dialo-gam com a temática, também traz outras obras.Tiago Valente @otiagovalente Um dos mais famo-sos “booktokers” brasileiros, Tiago Valente sugere, principalmente, livros infanto-juve-nis. Ainda produz conteúdos em que relaciona as refe-rências literárias nas músicas de artistas. Ivana Amaral @ivanamamaral No formato do Tik-Tok, Ivana publica resenhas e indica-ções. Há livros de suspense, romance e conteúdos cômicos sobre literatura. Patrick @patzzic Patrick também é um dos mais segui-dos da plataforma. Ele utiliza a lingua-gem leve da rede so-cial para falar sobre os clássicos, além de trazer curiosida-des históricas sobre livros e autores.
REpRODuçãO/ ins
TAgRAm @suR
TAnDOnAsLEiTuRAs
editoras atentas ao novo
Mercado editorial
Aliar as grandes histórias da literatura mundial aos recursos da atualidade: essa é a estratégia da Editora Antofágica. seu slogan sintetiza a ideia: “clássicos para novos tempos”.
“Respeitar, mas interpretar o livro dentro da modernidade, do que estamos passando, da cultura contemporânea, que evoca a estética da netflix e envolve o mundo digital”, resume Daniel Lameira, diretor criativo nas editoras Antofágica e Aleph. É a alquimia que combina o passado da escrita com o presente dos posfácios, ilustrações de artistas com linguagens visuais contemporâneas e aulas que acompanham cada obra. “É quase como coprotagonizar a edição”, analisa.
A modernização pode ganhar mais importância
em um cenário em que os pré-adolescentes de 11 a 13 anos somam 81% dos leitores. É a faixa etária que mais lê no país, apontou a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2020. na categoria geral, pouco mais da metade da população (52%) tem hábitos de leitura, com a média de livros lidos por ano de 4,2 por pessoa. “Outras edições cumprem um papel importante de ter o texto limpo, nossa intenção é ocupar outro espaço que é possível”, pondera Lameira. Cada edição tem cerca de quatro textos extras e a carta de um apresentador. Este último papel já foi ocupado pelo ator e humorista gregório Duvivier, na obra 1984. O intuito é gerar essa proximidade, apresentar um leitor a outro.
(agência estado)
Ao invés de
indicar tal livro
que amou para
uma pessoa,
porque não
indicar para
milhares?”
Jéssica Martins produtora de conteúdoO que é e como jogar
1. O jogo é constituído de 81 quadrados numa grade de 9 x 9 quadrados, subdivivida em nove grades menores de 3 x 3 quadrados. 2. Cada fileira (vertical e horizontal) deverá conter números de 1 a 9. 3. Cada grade menor, de 3 x 3 quadrados, deverá conter números de 1 a 9.
4. Nas fileiras horizontais e verticais da grade maior, cada número deverá aparecer uma só vez.
SUDOKU
PALAVRAS CRUZADAS
23 DE SETEMBRO A 22 DE OUTUBRO 23 DE OUTUBRO A 21 DE NOVEMBRO 22 DE NOVEMBRO A 21 DE DEZEMBRO 21 DE JUNHO A 22 DE JULHO 23 DE JULHO A 22 DE AGOSTO 23 DE AGOSTO A 22 DE SETEMBRO
22 DE DEZEMBRO A 20 DE JANEIRO 21 DE JANEIRO A 19 DE FEVEREIRO 20 DE FEVEREIRO A 20 DE MARÇO 21 DE MARÇO A 20 DE ABRIL 21 DE ABRIL A 20 DE MAIO 21 DE MAIO A 20 DE JUNHO
Brincar
Os mundos de Liz.
DANIEL BRANDÃO
www.estudiodanielbrandao.comJorge Amargo.
DENILSON ALBANO
@albanoseletorEntre as sarjetas.
ISE NISHI
@entreassarjetasHORÓSCOPO PERSONARE
www.personare.com.br | a.martins@personare.com.brPEIXES
AQUÁRIO
CAPRICÓRNIO
SAGITÁRIO
ESCORPIÃO
LIBRA
VIRGEM
LEÃO
CÂNCER
GÊMEOS
TOURO
ÁRIES
A Lua se harmoniza com Marte e pode estimular as parcerias, promovendo melhora na qualidade de sua vida. A tensão lunar com Júpiter e Netuno alerta para a necessidade de pautar seus julgamentos analisando racionalmente os fatos, já que o excesso de subjetivação tende a ser negativo.
Busque se dedicar ao trabalho, pois a Lua se harmoniza com Marte, dinamizando as tarefas e apontando ganhos efetivos. Você pode buscar nas aquisições materiais maneiras de satisfação emocional, representando risco para o orçamento, como alerta a tensão lunar com Júpiter e Netuno.
Mesmo que certas situações lhe incomodem, tente adotar postura prática, pois a Lua se harmoniza com Marte, deixando-lhe confi ante para resolver os problemas. As quadraturas que a Lua forma com Júpiter e Netuno pode lhe predispor ao drama diante de desafi os familiares, afetando o convívio.
Como aponta a harmonia Lua-Marte, busque fortifi car seu organismo e se posicionar de forma prático diante dos desafi os. Situações que causam de instabilidade emotiva tendem a afl orar na tensão lunar com Júpiter e Netuno, impactando na autoconfi ança e no andamento das rotinas.
Marte em seu signo se harmoniza à Lua, podendo elevar o usufruto dos prazeres e a autoconfi ança na gestão dos seus projetos. A Lua quadra com Júpiter e Netuno entre as áreas social e íntima, de forma que é necessário reduzir a exposição e evitar misturar o privado com o coletivo.
Lua e Marte se harmonizam, estimulando posicionamento prático diante dos desafi os. Ressentimentos tendem a afl orar nas relações íntimos, levando-as ao atrito, pois a Lua quadra com Júpiter e Netuno. Tente evitar depositar expectativas em excesso nas pessoas, não sendo muito rígida.
É importante não perder tempo com lamentações e busque adotar posição prática diante dos desafi os, pois Lua e Marte se harmonizam. A Lua quadra com Júpiter e Netuno entre as áreas de crise e comunicação, o que lhe predispõe a reagir emocionalmente às difi culdades.
As relações devem se apoiar de modo mútuo, como aponta a iminente harmonia Lua-Marte. Os aspectos tensos que a Lua forma com Júpiter e Netuno podem lhe predispor a se colocar à disposição dos outros, deixando de lado a própria estabilidade material. Procure estabelecer limites!
A Lua se harmoniza com Marte, de forma que você vai conquistando confi ança e fazendo as coisas acontecerem. Frustrações profi ssionais tendem a afl orar com a Lua tensionada a Júpiter e Netuno entre o setor do trabalho e seu signo, mas tente não deixar que a autoestima se abale. Busque se divertir e
interagir com os amigos, algo benefi ciado no trígono Lua-Marte, mas é importante restringir aos contatos aos ambientes virtuais, devido à pandemia. O foco nos problemas tende a abalar a autoconfi ança. Sendo assim, procure evitar especular sobre os obstáculos.
A família tende a lhe transmitir força, já que Marte na área doméstica se harmoniza à Lua. É fundamental reduzir a interação social e se concentrar na vida privada, visto que a Lua transita no setor íntimo em quadratura a Júpiter e Netuno na casa das amizades.
Procure estimular o que têm de melhor, como aponta o trígono Lua-Marte. Confl itos podem afetar no andamento do trabalho, conforme sinaliza a tensão lunar com Júpiter e Netuno. Tente neutralizar o que alimenta o estresse para que as pessoas tenham confi ança umas nas outras.
O SANTO
Santa Margarida
O ANJO
Daniel
Nascida no ano de 275, em Antioquia de Pisídia, era órfã de mãe, criada pelo pai, um sacerdote pagão. O pai confiou sua educação a uma ama católica. Margarida se dedicou a Deus, porém o pai percebia que ela não frequentava mais os cultos e o templo, principalmente aos sacrifícios aos deuses. O pai não suspeitava de sua participação escondida dos cultos cristãos, até ser alertado. Após descobrir, ele
fez com que a jovem passasse por suplícios, exigindo que abandonasse o cristianismo. Ela recusou e o sacerdote lhe impôs um castigo severo, fazendo com que ela trabalhasse junto dos escravos. Diante das autoridades, negou-se a abandonar sua fé. Margarida foi açoitada, depois teve o corpo colocado sobre uma trave e rasgado com ganchos de ferro. Ela morreu em 20 de julho de 290, com 15 anos. Este Anjo ajuda a obter a misericórdia de Deus e a ter consolação. Favorece a justiça, o clero e a magistratura. Dá inspiração para não ficar indeciso ou embaraçado pelos mais diferentes motivos. Quem nasce sob esta influência, será trabalhador e executará todas as suas atividades com muito amor. Terá sorte e proteção contra as enfermidades. Determinado, não gosta de nada que não seja claro e bem explicado.
FORTALEZA - CE, TERçA-FEiRA, 20 DE juLhO DE 2021
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AudiovisuAl
Aviso
A coluna Clovis holanda não está sendo publicada pois o jornalista está de férias“Medusa”, o filme da brasileira Anita Rocha da Silveira exibido na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela de Cannes, não é o único em que a raiva feminina é libertada em forma de grito. Ou-tros longas em exibição no festi-val, todos dirigidos por mulhe-res, também expressam assim anos de contenção do eu verda-deiro, de repressão de emoções, desejos e atitudes considerados pouco apropriados para moças recatadas, de luta para conse-guir seu espaço. “É como se fos-se um rugido coletivo”, aponta a costa-riquenha radicada na Suécia Nathalie Álvarez Mesen, diretora de Clara Sola, também da Quinzena dos Realizadores.
Em seu longa de estreia, ela voltou a seu país de origem para falar de Clara (Wendy Chinchilla Araya), uma mulher de 40 anos retraída, considerada milagreira pela comunidade local, que tem um despertar sexual e de liber-tação das convenções sociais. Como em “Medusa”, a opressão patriarcal sobre Clara vem de outras mulheres, no caso, sua mãe, associada a dogmas re-ligiosos. “Quisemos usar essa chance para dar um rugido co-letivo por todas as mulheres que não têm oportunidade de elevar suas vozes”, afirma Mesen. “Nos-sa personagem é sozinha, mas, como agora está no mundo, ela não está mais sozinha. Acho im-portante a gente soltar esse gri-to para poder começar de novo e melhorar o caminho para as próximas gerações.”
A jovem atriz Luàna Bajra-mi, de apenas 20 anos, coloca o rugido no título de seu filme de estreia, “The Hill Where the Lio-nesses Roar” (na tradução livre, “A colina onde as leoas rugem”),
também apresentado na Quin-zena dos Realizadores. Bajrami nasceu no Kosovo e foi criada na França, onde atuou em pro-duções como “Retrato de uma Jovem em Chamas”, de Céline Sciamma. Em seu filme, ela vol-ta à pequena vila de Pleshina, no Kosovo, onde nasceu, colocando três amigas no centro da histó-ria: as adolescentes Qe (Flaka Latifi), Jeta (Uratë Shabani) e Li (Era Balaj) passam seus dias conversando, rindo e fazendo nada enquanto esperam a res-posta da universidade, seu pas-saporte para fora daquele lugar sem futuro. As três começam a cometer crimes, seja para juntar o dinheiro necessário, para afir-mar que podem apesar de ser meninas ou simplesmente com-bater o tédio. “Era importante, para mim, mostrar essa
pers-pectiva e também deixar claro que elas são presas às condições locais, mas que compartilham as mesmas insatisfações que mui-tos jovens franceses, por exem-plo”, pontua Bajrami.
Em “Libertad”, exibido na Semana da Crítica, a espanho-la Cespanho-lara Roquet também faz sua estreia em longas. Aqui, o gri-to fica preso na garganta numa história dominada por mulhe-res de gerações e classes sociais diferentes, ainda assim à mercê dos homens. A adolescente Nora (Maria Morera) passa férias na praia com a irmã mais nova e a mãe, Teresa (Nora Navas), na lu-xuosa casa da avó, Ángela (Vicky Peña). Rosana (Carol Hurtado) é a imigrante colombiana contra-tada para cuidar de Ángela, que sofre de Alzheimer. A chegada da filha de Rosana, Libertad
(Nicol-| Análise (Nicol-|
Com produções de diferentes países, incluindo o brasileiro “Medusa”, o Festival
de Cannes destacou filmes realizados por mulheres e que tensionam temáticas sociais e políticas
Grito que ecoA
Além dAs telAs
Jogo de escolhas e caminhos
| experiênciA |
”Road 96” inova ao escapar dos padrões da indústria
Sabe quando você começa a consumir alguma coisa e per-cebe que aquilo tem um toque diferente em relação a qualquer outra coisa que você já viu? Essa foi a exata sensação que eu tive quando eu comecei a jogar a demonstração de “Road 96” pela primeira vez. E esse é um mérito dos desenvolvedores que ousam em fazer algo novo, escapando — pelo menos um pouco — de padrões consa-grados na indústria.
O jogo, que está sendo de-senvolvido pelo estúdio francês Digixart, inova por trazer o que parece uma sólida sensação de liberdade em explorar o mundo criado. E isso em relação tanto às ações e aos cenários disponí-veis, como nos diálogos com os personagens, que tem potencial para ser bem cativantes.
A história se passa em um contexto em que o país está à beira de um colapso e é preciso escapar do território. A questão é: a fronteira está a milhares de quilômetros e o caminho até lá é a razão de existir do jogo. Cada experiência é criada de forma procedural — técnica que usa
Ficha técnica do game
road 96
Estúdio: DigixArt (França) Classificação Etária: 16 anos
Plataformas: Windows (Steam) e Nintendo Switch Previsão de lançamento: até setembro de 2021
REPRODuçãO REPRODuçãO/ iNSTAgRAm @ANiTAROChADASiLvEiRA
le García), que vem da Colômbia para reencontrar a mãe depois de dez anos, vai romper o equilí-brio delicado dessas relações.
Nora e Libertad são muito diferentes, mas ficam amigas. “Eu quis indagar se é possível quebrar as barreiras de classe por meio da amizade, do amor, da conexão”, reflete Roquet. É impossível não assistir a “Liber-tad” sem pensar no brasileiro “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert. Rosana é considerada “da família”, mas logo se vê que as coisas não são bem assim. Ro-quet conheceu o filme brasileiro quando já tinha escrito o roteiro, que é inspirado pelas suas pes-quisas com imigrantes latinas para seu curta “El Adiós” (2015) e sua própria história familiar.
Os três filmes são exibidos num ano em que a competição
do Festival de Cannes teve, no-vamente, um pequeno número de longas dirigidos por mulheres - 4 entre 24. Na mostra Um Cer-to Olhar, a situação é um pouco melhor: 7 entre 20 dirigidos por mulheres. As paralelas foram mais equilibradas. Na Quinzena dos Realizadores, dos 25 longas apresentados, 13 são dirigidos por mulheres ou por pelo menos uma mulher. Na Semana da Crí-tica, 7 dos 13 longas são coman-dados por pelo menos uma mu-lher. “Vejo progresso, mas claro que há um longo caminho a per-correr”, observa Nathalie Álvarez Mesen. “Eu trabalhei com muitas mulheres e, de modo geral, esco-lhi meus colaboradores sabendo que eles tinham a mesma visão de respeito por esta história minista, de empoderamento fe-minino”. (Agência Estado)
Eu quis indagar
se é possível
quebrar as
barreiras de
classe por meio
da amizade,
do amor, da
conexão”
clara roquet
Cineasta espanhola
‘medusa’ foi apresentado na ‘quinzaine des realisateurs’, do Festival de cannes
um algoritmo matemático para criar um mundo diferente a cada novo jogo iniciado.
Pegar carona com pessoas es-tranhas, arranjar formas distin-tas de ganhar dinheiro e passar o tempo em fliperamas de postos de gasolina são apenas algumas das coisas que o universo do jogo permite fazer. Mas cuidado! As-sim como em outros jogos lança-dos em um passado recente, cada escolha tomada pode influenciar na vida das pessoas à sua volta e na sua própria jornada.
De acordo com o site oficial do jogo, o que acontece duran-te a trama é inspirado em fatos reais, além de filmes de direto-res renomados, como Tarantino (“Pulp Fiction”) e os Irmãos Coen (“Fargo”). O título é feito pelos mesmos criadores de “Valiant
Hearts” e “Memories Retold”. Ah, e não dá para deixar de falar do visual e da trilha sonora apresentados na demonstração, disponibilizada durante o even-to Steam Vem Aí, em junho des-te ano. A iluminação do jogo é o que chama mais atenção, sendo bem marcante a passagem do dia e o capricho no detalhamen-to das sombras.
Com previsão de lançamento para daqui a dois meses, Road 96 estará disponível para Windows (Steam) e Nintendo Switch. Com certeza é um jogo para deixar no radar e ficar de olho para quan-do a versão completa for dispo-nibilizada. Uma ótima oportu-nidade de testar algo diferente do usual e com potencial para garantir boas horas de imersão.
Se a primeira temporada da série “Betty”, da HBO, já havia sido marcada pelo espírito rea-lista ao retratar as vidas das jovens skatistas de Nova York, a segunda reforçou essa inten-ção. Ambientada nos últimos meses de 2020, a série incorpo-rou elementos do contexto de pandemia na trama. Isso sem falar, naturalmente, dos temas contemporâneos que ela abor-da, como feminismo, racismo, redes sociais, vivências LGBT+ e relacionamentos. Com a re-cente conclusão da temporada, o V&A traz com exclusividade uma entrevista realizada em junho com as atrizes Rachel-le Vinberg e Ajani Russell, que interpretam Camille e Indigo. Todos os 12 episódios das duas temporadas de “Betty” estão disponíveis na HBO Max.
O que vocês sentiram quando souberam que “Betty” teria uma segun-da temporasegun-da?
Rachelle Vinberg - Eu
fi-quei muito entusiasmada. Quando nós ficamos sa-bendo, estava com a Crystal (Moselle, diretora da série) na praia em Montauk. Ela repetia: “Vamos ter a se-gunda temporada!”. E eu repetia: “Genial!”. É uma
excelente oportunidade para explorar mais. Sinto que na primeira temporada dissemos muita coisa, mas sempre queríamos mostrar e contar muito mais sobre o nosso mundo. Principal-mente compartilhar muitas das histórias mais loucas que vivemos nos últimos anos. Então, tínhamos essa oportunidade.
Ajani Russell - A primeira
coisa que pensei foi: “Uau, acho que as pessoas gos-tam!”. Estou contente de poder contribuir para esta representação de mu-lheres negras no mundo do skate e de navegar em Nova York, à medida que crescemos e nos damos conta de quem somos.
Os laços entre o elenco parecem realmente na-turais. Como foi traba-lhar juntas?
Ajani - Somos todas amigas.
Eu já morei com a Crystal (Moselle); a Rachelle mo-rou com a Moonbear alguns anos. Somos uma espécie de família. E também so-mos muito unidas.
Rachelle - Também estamos
habituadas a fazer esse tipo de coisa, a filmar
des-se jeito. Sinto que, quan-do você pratica skate em geral, sempre está com a câmera enquanto faz as piruetas e as pessoas es-tão se incentivando. Filmar com elas é assim também. Às vezes você chega ao set de filmagem e não está se sentindo bem, mas feliz-mente tem as suas amigas que conversam e ajudam a enfrentar aquela situação ruim. De repente, você está em cena com elas, rindo e se sentindo muito melhor.
Quais são os destaques da nova temporada?
Ajani - Bem, as nossas duas
per-sonagens passam por muita coisa nesta temporada.
Rachelle - É verdade. Eu
gos-to de como o roteiro colo-cou cada amiga na relação dentro do grupo e tam-bém na conexão com ou-tras pessoas. Então, temos histórias que cruzam, e foi muito divertido trabalhar assim. A Ajani e eu nos di-vertimos muito durante as nossas cenas.
Ajani - As nossas personagens
podem explorar suas re-lações entre si. O simples fato de haver mais conver-sas só entre as nosconver-sas duas
| ENTREVISTA |
Atrizes da série ‘Betty’, da HBO, Rachelle Vinberg e Ajani Russel falam sobre
os temas da segunda temporada da produção. A trama é atravessada por fatos reais de 2020
RetRatos
de um
tempo
DivuLgAçãO
Cinema
&
séries
personagens permite ver quem elas são e descobrir seus valores e sua moral, e o que as motiva.
A série explora diver-sos temas importantes e muito atuais, como Black Lives Matter, Breonna Taylor [vítima da vio-lência policial], e carac-terísticas de mulheres racistas, denominadas “Karen”. Qual foi a im-portância de incluir isso no roteiro?
Ajani - A série se baseia nas
nossas vidas, então neces-sariamente a história acon-tece e cresce junto conosco. E o mundo também muda.
Rachelle - O roteiro foi
escri-to durante a pandemia, quando tudo isso estava acontecendo. É claro que, quando você está no meio de algo assim, isso che-ga ao roteiro, porque está acontecendo diante de nós. Outro tema genial da série é o cuidado com os deta-lhes que vemos em todos os aspectos. Se você parar para observar de perto o fundo, por exemplo, vai ver cartazes que mostram com precisão o que está ocor-rendo no mundo hoje. Na
tomada de abertura da rua, o público verá lugares va-zios durante o isolamento social. Reflete exatamente o que estava acontecendo.
Os fãs adoram o estilo na série. Vocês puderam co-laborar com a própria vi-são da moda?
Ajani - Sim, claro, demos a
nos-sa colaboração. Eu acho que o estilo das nossas persona-gens tem a ver com o nosso. Íamos às provas de figurino e selecionávamos as rou-pas dizendo “eu usaria isto”, “ah, os acessórios”.
Rachelle - As roupas das
per-sonagens mostram basi-camente o que nós usa-mos. Todas nos vestimos muito como as nossas personagens.
Ajani - Mas como se
tivésse-mos dinheiro e mais tempo para fazer compras, e se pudéssemos nos dedicar mais a isso.
Na primeira temporada houve muito amor nas redes, proveniente de mulheres jovens. Vocês receberam mensagens animadoras das fãs?
Rachelle - Muitas. Mesmo que
fossem mensagens dizen-do só “Oi, comecei a andar de skate por sua causa”. Na verdade, eu comecei a praticar skate porque vi o filme “Os Reis de Dogtown”, da Catherine Hardwicke, e pensei “isso é incrível”. Eu gosto muito do personagem do Emile Hirsch Por isso, é louco quando as pessoas entram em contato e dizem que começaram a andar de skate porque viram “Betty”.
Ajani - Principalmente
quan-do estamos todas juntas, o amor é muito. O outro fa-tor importante para mim, e que continua me moti-vando a fazer “Betty”, é ser uma personagem inspira-dora que eu não tive. Du-rante esta temporada, eu filmei com uma menina de
10, no máximo 13 anos. Ela me disse: “Não vejo muita gente como você ou com o seu cabelo [no mundo do skate]”; ela tinha um cabelo afro gigante e bonito. Então, estou feliz de que esta garo-ta negra tenha esse tipo de confiança em si mesma tão cedo e que possa ser tão reflexiva. Eu me emocionei novamente depois quando a mãe dela me disse: “Es-tou muito contente que ela tenha conhecido você. É fantástico que ela tenha al-guém a quem admirar que ande de skate”. A menina me perguntou se podia fa-zer uma foto comigo, e eu respondi: “É claro”. Depois eu disse que precisava ir embora, mas virei as costas e comecei a chorar. Fiquei muito emocionada.
Como vocês estão se sen-tindo com o lançamento?
Ajani - Apavorada!
Rachelle - A série é para
pes-soas como nós. É para garotas e para pessoas parecidas com a gente. E isso é o que realmente im-porta. O que os outros vão dizer não importa. Não é para todo mundo.
Ajani - Fizemos com um
pú-blico-alvo na cabeça, para pessoas como nós. Para pessoas que se sentem sub -representadas ou mal re-presentadas.
Rachelle - Eu acho que é uma
série com a qual todo mun-do pode se identificar, mas o foco são os nossos pares.
O POVO MAIS
mAis.OpOvO.COm.bR Confira íntegra da entrevista e mais
conteúdos da série no OP+
Betty
Temporadas 1 e 2 disponíveis na HBO Max