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Academic year: 2021

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15/07/2021

Número: 0823922-95.2021.8.18.0140

Classe: AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE Órgão julgador: Central de Inquéritos de Teresina Última distribuição : 15/07/2021

Valor da causa: R$ 0,00

Assuntos: Prisão em flagrante Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? SIM

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Tribunal de Justiça do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

Central de Flagrantes de Teresina (AUTORIDADE) Delegacia da Mulher Centro (AUTORIDADE)

JEFFERSON MOURA COSTA (FLAGRANTEADO) FRANCISCO ALBELAR PINHEIRO PRADO (ADVOGADO) SOLANGE BERLAMINO DA SILVA (INTERESSADO)

Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 18380 764 15/07/2021 13:14 Decisão Decisão

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ

Central de Inquéritos de Teresina DA COMARCA DE TERESINA

Praça Edgard Nogueira, S/N, Cabral, TERESINA - PI - CEP: 64000-830

PROCESSO Nº: 0823922-95.2021.8.18.0140

CLASSE: AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (280) ASSUNTO(S): [Prisão em flagrante]

AUTORIDADE: CENTRAL DE FLAGRANTES DE TERESINA, DELEGACIA DA MULHER CENTRO

FLAGRANTEADO: JEFFERSON MOURA COSTA

DECISÃO

Trata-se de auto de prisão em flagrante em que Jefferson Moura Costa, já qualificado no feito, foi autuado pela suposta prática de estupro, conduta descrita no art. 213 do Código Penal, por fatos ocorridos no dia 14 de julho de 2021, por volta das 16:30, na rua Honorio Parente, nº 1950, Fátima, em Teresina-PI.

A autoridade policial comunicou a prisão em flagrante.

Inicialmente, deixo consignado que não ocorrerá a audiência de custódia do autuado, em decorrência da Recomendação nº 62, de 17 de março de 2020 do Conselho Nacional de Justiça, a qual recomenda aos Tribunais e aos magistrados, em seu art. 8°, que “em caráter excepcional e exclusivamente durante o período de restrição sanitária, como forma de reduzir os riscos epidemiológicos e em observância ao contexto local de disseminação do vírus, considerar a pandemia de Covid-19 como motivação idônea, na forma prevista pelo art. 310, parágrafos 3º e 4º, do Código de Processo Penal, para a não realização de audiências de custódia”.

Ademais, o juízo da Central de Inquéritos de Teresina-PI (portaria Nº 02/2020) ratificou na íntegra a recomendação emitida pelo CNJ, determinando a não realização das audiências de custódia, tendo em vista os riscos concretos de contágio evidenciados no contexto local.

Assim, em atenção ao art. 8º, da Recomendação no 62/2020 do CNJ, apresento motivação idônea e justifico a não realização, nesta data, da audiência de custódia, passando à análise da legalidade da prisão e de sua eventual conversão em prisão preventiva, na forma do art. 3º,§ 3º, da Resolução TJPI no 128/2019.

A autoridade policial representou pela prisão preventiva de Jefferson Moura Costa, nos termos dos arts. 282, § 2º, e 311, ambos do Código de Processo Penal (fl. 17 sob id. 18362169).

O Ministério Público se manifestou pela HOMOLOGAÇÃO do Auto de Prisão em Flagrante em epígrafe e requereu a conversão da prisão em flagrante de JEFFERSON MOURA COSTA, em PRISÃO PREVENTIVA, com fulcro nos arts. 312 e 313, I, do Código de Processo Penal.

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Jefferson Moura Costa, por intermédio de advogado particular (Lucas Ribeiro Ferreira OAB/PI 15.536), requereu a LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA com APLICAÇÃO DE MEDIDAS DIVERSAS DA PRISÃO.

A documentação colacionada narra que a vítima trabalha como faxineira para complementar sua renda, e ontem, 14 de julho de 2021, por volta 15:00, teria ido prestar serviços a um homem identificado como Jefferson Moura Costa. O suspeito levou a vítima até sua residência e, segundo a palavra da vítima, no caminho até o local da tarefa, aquele falava sozinho e sorria alto, dizendo "suas vagabundas, vocês vão ver...", causando pânico na vítima.

Ao chegarem no prédio, o suposto agressor teria "dado uma virada no porteiro" - a vítima acredita que Jefferson fez isso para que aquele não a visse. No apartamento, ele trancou a porta e ela foi para um dos quartos, espantando-se quando viu a quantidade de camisinhas (novas e usadas) espalhadas e vários lubrificantes.

A vítima passou a estranhar a ausência de roupas ou objetos femininos, suspeitando que ele havia mentido sobre ter uma esposa e "sentiu" naquele momento que seria estuprada. Logo após, ela viu o pênis dele ereto dentro do short e que ele estava massageando o órgão genital. Quando a senhora S.B.S. foi para um dos quartos, ele a surpreendeu, agarrando-a pelo seu pescoço e passando a mão nos seus seios. Ele teria tirado a roupa da vítima e colocado o pênis na sua vagina, usando camisinha.

Ela pedia que ele parasse e não a matasse, mas ele continuava com o ato forçado, dizendo coisas sem nexo, como: "Essas vagabundas tem é que morrer mesmo" e "Vagabunda merece é isso mesmo, tu e as outras vagabundas!."

O suposto infrator a jogou num colchão e ficou lhe dando ordens, mandando que a vítima pulasse em cima de seu pênis ("Pula Vagabunda! Pula e goza!"). Ela falou que não conseguia, enquanto chorava, instante em que ele começou a esfregar os dedos na sua vagina, dizendo que se ele quisesse a matar, ele daria um tiro em sua cara.

Depois disso, ele voltou para o sofá e continuou lendo um livro (sobre sexo). Enquanto isso, ela olhava pelas janelas, procurando meios de fugir e, ao mesmo tempo, continuava a faxina para disfarçar. Quando o suspeito viu a vítima pegando uma faca, perguntou-lhe agressivamente o que ela queria mexendo ali.

Posteriormente, ela pulou da janela. Ao chegar num prédio próximo, contou a um porteiro que havia sido estuprada, o qual não acreditou nas palavras da vítima, mas um senhor ordenou ao porteiro que abrisse para ela entrar e se proteger, acionando a polícia em seguida. Uma moradora deste prédio afirmou que viu quando o carro do suspeito passou duas vezes na frente do local, procurando por S.B.S., e que anotou a placa do carro, repassando depois aos policiais. Ainda desponta da narrativa que o suposto agressor também dizia "Agora vai terminar teu serviço vagabunda, que daqui a pouco é a vez de outra". A equipe policial chegou ao local e deparou-se com Jefferson voltando no carro com outra mulher, que também era faxineira.

É o relatório. Passo a decidir.

Compulsando o Auto de Prisão em flagrante, vê-se que estão presentes os requisitos formais previstos no art. 285 e seguintes e também no art. 302 e

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seguintes, todos do Código de Processo Penal Brasileiro, não havendo nenhuma ilegalidade a justificar o relaxamento da prisão procedida pela Autoridade Policial, pois, foi realizado mediante condutor e testemunhas, todos foram ouvidos e assinaram o auto e encontrando-se instruído com a nota de culpa, comunicações e advertências legais quanto aos direitos constitucionais dos presos.

Portanto, não existem vícios formais ou materiais que possam macular a peça, razão pela qual, homologo, para que produza os seus jurídicos e legais efeitos, o presente auto de prisão em flagrante.

Superada a questão da legalidade da prisão em flagrante, passo à análise da conversão em prisão preventiva.

A prova da existência do crime restou demonstrada por documentos que instruem o Auto de Prisão em Flagrante, tais como o termo de oitiva dos condutores e das testemunhas, as declarações da vítima e o laudo preliminar de estupro.

Igualmente considero presente prova indiciária mínima a respeito da autoria delitiva. É relevante notar que nos crimes contra a dignidade sexual, por serem praticados às ocultas, sem a presença de testemunhas oculares, e, por vezes, não deixarem vestígios capazes de serem identificados por exames periciais, confere-se especial relevância à palavra da vítima ou, sendo esta inimputável, de seus representantes e responsáveis (STJ, HC 643674 / SP).

Ao conferir vital importância à palavra da vítima, considero relevante as declarações prestadas à autoridade policial (fls. 11 e 12), amplamente destacadas em linhas pretéritas.

Sendo assim, verifico que o fumus comissi delicti resta evidenciado, um dos pressupostos estabelecidos pelo art. 312 do CPP para a decretação da prisão preventiva, uma vez que há provas suficientes da materialidade/existência do crime e, ainda, fortes indícios da autoria do fato.

A legislação não se contenta com a comprovação da materialidade e os indícios de autoria, exigindo ainda que haja a demonstração do perigo gerado pela liberdade do agente, consubstanciado por uma das hipóteses trazidas pelo caput do art. 312 (garantia da ordem pública e da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e garantia de aplicação da lei penal), o periculum libertatis. Este requisito, que embora já fosse apreciado por este juízo antes das mudanças legislativas, e decorresse da percepção da prisão preventiva como medida cautelar extrema e excepcional, releva destacar que recebeu expresso reconhecimento legal, no caput do art. 312, do CPP.

Além disso, é necessária a presença de alguma das hipóteses dos incisos I, II, III, ou § 1º do art. 313 do Código de Processo Penal.

No caso em análise, trata-se de crime punido com pena privativa de liberdade superior 04 (quatro) anos (art. 213 do Código Penal). Assim, resta

configurada a hipótese autorizativa do art. 313, I, do CPP.

Presente a hipótese autorizadora do inciso I do art. 313 do CPP, deve-se apreciar se há, ou não, o preenchimento de quaisquer dos fundamentos do art. 312, hábil a caracterizar periculum libertatis e a justificar eventual medida extrema

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de prisão preventiva.

Assim, tem-se que, quanto ao periculum libertatis, basta a presença de uma das quatro circunstâncias previstas no art. 312 do CPP, para autorizar, em princípio, a segregação cautelar de um cidadão, quais sejam: a garantia da ordem pública, a garantia da ordem econômica, a conveniência da instrução criminal e, por fim, a garantia de aplicação da lei penal.

No caso em tela, a liberdade do custodiado revela-se comprometedora à garantia da ordem pública, haja vista a (i) gravidade concreta da conduta e (ii) o risco de reiteração delitiva.

Mirando o caso concreto, e considerando a coesão da narrativa contida nos autos, percebo que a liberdade do agente representa risco à ordem pública, pelos seguintes motivos:

a) a conduta em tese praticada pelo autuado ultrapassou o simples limite de reprovabilidade contido no tipo penal do art. 213 do CP. Como desponta dos autos, (a.i) ele trancou o apartamento; (a.ii) tentou dissimular a iminente prática criminosa, ao tentar esconder a vítima quando entrou no prédio e virou o porteiro; (a.iii) ameaçou matar a vítima; (a.iv) a vítima foi abordada enquanto trabalhava como faxineira, tendo a sua confiança violada, já que esta, em tese, possuía a falsa percepção de que iria realizar serviços domésticos. Assim, denota-se gravidade concreta enquanto manifestação de ofensa à ordem pública;

Em resumo, reputo que a gravidade em concreto do crime aparentemente praticado é elevada e supera a mera descrição típica constante do Código Penal, conforme motivos declinados, revelando modo de agir excessivamente grave.

b) há elementos que revelam o risco concreto de reiteração delitiva, pois (b.i) a biografia criminal do autuado, nos termos dos apontamentos da

certidão sob id. 18363423, indica a sua contumácia delitiva, inclusive com

ação penal em curso nos autos nº 0000763-78.2010.8.18.0032 (homicídio qualificado); (b.ii) das peculiaridades do caso concreto é possível depreender que a prática delitiva é reiterada, uma vez que o autuado teria dito

"Vagabunda merece é isso mesmo, tu e as outras vagabundas!." e "Agora vai terminar teu serviço vagabunda, que daqui a pouco é a vez de outra"; (b.iii)

após a fuga da vítima, e enquanto aguardava a presença da polícia militar, o autuado teria voltado ao apartamento com outra faxineira, vítima potencial do mesmo delito sexual.

Desse modo, justifica-se a manutenção da custódia do flagranteado

para garantir a ordem pública – em atenção ao modus operandi que revela gravidade em concreto elevada e ao risco concreto de reiteração delitiva.

Assim, tem-se que, desponta dos autos, de modo concreto, a insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão. Pela redação do art. 282, §6º, do Código de Processo Penal, a prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319), que é o caso dos autos em tela.

Dessa maneira, é imprescindível a decretação da prisão preventiva de Jefferson Moura Costa, para fins de assegurar a ordem pública e a futura instrução criminal, fundamentando tal conclusão, na forma do arts. 313, I, e 312, do CPP.

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Presentes o fumus comissi delicti e o periculum libertatis, restou evidenciada a necessidade concreta de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva da custódia cautelar.

Diante do exposto, nos termos do art. 310, 312 e 313, I, todos do código de processo penal, e em consonância com a representação da autoridade policial e o parecer ministerial, converto a prisão em flagrante em prisão preventiva do autuado Jefferson Moura Costa, diante do justo receio de que, em liberdade, cause risco à ordem pública.

Expeça-se mandado de prisão preventiva contra o autuado, incluindo o no BNMP, e encaminhe-se cópia deste mandado de prisão e desta decisão à autoridade policial que determinou a lavratura do flagrante delito para que o encaminhe de imediato para o estabelecimento prisional apropriado.

Expeça-se ofício ao juízo onde tramita ação em desfavor do autuado. Intimações e expedientes necessários.

Cumpra-se.

TERESINA-PI, 15 de julho de 2021. Markus Calado Schultz

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