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O IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR) COMO FONTE DE RECEITA MUNICIPAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – CAEN

MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA – MPE

FRANCO COELHO RODRIGUES

O IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR) COMO FONTE DE

RECEITA MUNICIPAL

FORTALEZA – CEARÁ 2012

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FRANCO COELHO RODRIGUES

O IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR) COMO FONTE DE

RECEITA MUNICIPAL

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economia – Mestrado Profissional com Área de Concentração em Economia do Setor Público – da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar

FORTALEZA – CEARÁ 2012

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FRANCO COELHO RODRIGUES

O IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR) COMO FONTE DE

RECEITA MUNICIPAL

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economia – Mestrado Profissional com Área de Concentração em Economia do Setor Público – da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre

Orientador: Prof. Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar

Aprovada em: ____/____/_______

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________ Prof. Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar

(Universidade Federal do Ceará – UFC)

______________________________________ Prof. Dr. Marcelo Lettieri Siqueira (Universidade Federal do Ceará – UFC)

______________________________________ Prof. Dr. Francisco José Silva Tabosa (Universidade Federal do Ceará – UFC)

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me proporcionar saúde e força para lutar pelo bem de minha família.

A minha Esposa Dayane, que me fornece apoio incondicional em todas as etapas e desafios da vida.

Ao professor Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar, pela excelente orientação. Aos professores participantes da Banca Examinadora, Dr. Marcelo Lettieri Siqueira e Dr. Francisco José Silva Tabosa.

Aos colegas da turma de Mestrado, pelas reflexões, críticas e sugestões recebidas. À Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (SEFAZ), pelo apoio para com parte da manutenção financeira deste Curso de Mestrado.

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RESUMO

O Governo Federal, dando eficácia ao inciso III do § 4° do art. 153 da Constituição Federal, editou a Lei nº 11.250, de 27 de dezembro de 2005, que prevê a possibilidade de a União, por meio de convênio, delegar competência de fiscalização e arrecadação para os Municípios e o Distrito Federal, quanto ao Imposto Territorial Rural (ITR). Ao aderirem ao convênio, os municípios apropriam a totalidade da receita de ITR, arcando, porém, com os custos de administrá-los. Sem a adesão, os municípios recebem o repasse equivalente a 50% do arrecadado. Este trabalho tem como objetivo avaliar o potencial arrecadatório do ITR, considerando diversos cenários de custos de administração do tributo, servindo como subsídio para a tomada de decisão do gestor municipal acerca da adesão ao convênio com a União. Para tanto, utilizou-se dados do Censo Agropecuário 2006, para os 184 municípios Cearenses, em modelo de regressão linear de mínimos quadrados ordinários. Como resultado, constatou-se que características como o Índice de Gini, a área total dos estabelecimentos (lavoura, pastagem, matas e florestas, sistema agroflorestal e de forma residual), valor dos bens e área de produção animal exercem influência sobre a arrecadação do ITR. Apresenta-se, como consequência, o potencial arrecadatório do tributo para os municípios Cearenses em função dos cenários de custos considerados.

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ABSTRACT

The Federal Government, giving efficacy to section III of § 4 of art. 153 of the Federal Constitution enacted Law No. 11,250, of december 27, 2005, which provides that the Union, through an agreement, delegate responsibility for monitoring and collection for the Municipalities and the Federal District on the Rural Land Tax (ITR). By adhering to the agreement, the cities appropriated the entire revenue of ITR, paying, however, with the cost of administering them. Without membership, municipalities receive the transfer equivalent to 50% of the proceeds. This study aims to evaluate the potential of revenue collection ITR considering various scenarios of tax administration costs, serving as a resource for decision-making of the city manager about the adherence agreement with the Union For this, we used data agricultural census 2006 for 184 municipalities in the Ceará linear regression model of OLS. As a result, it was found that characteristics such as the Gini index, the total area of establishments (crop, pasture, woods and forests, agroforestry and so residual) value of goods and livestock area of influence on the collection of ITR. It is presented as a consequence, the potential revenue collection of the tax to municipalities on the basis of the Ceará cost scenarios considered.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAEN Curso de Pós-Graduação em Economia CF Constituição Federal

CTN Código Tributário Nacional

EDF Empirical Density Function (Função Densidade Empírica) GU Grau de Utilização

ha Hectare

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IN Instrução Normativa

IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará ITR Imposto Territorial Rural

MPE Mestrado Profissional Em Economia

OLS Ordinary Least Squares (Mínimos Quadrados Ordinários) PA Potencial de Arrecadação

PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público RFB Receita Federal do Brasil

SEFAZ Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará STN Secretaria do Tesouro Nacional

UFC Universidade Federal do Ceará VTN Valor da Terra Nua

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Relação do Grupo Utilização da Terra com o ITR ... 32

Gráfico 2 – Relação do Grupo Bens e Produção com o ITR ... 34

Gráfico 3 – Relação entre Índice de Gini e ITR ... 35

Gráfico 4 – Relação entre Área de Estabelecimento Lavoura e ITR ... 36

Gráfico 5 – Relação entre Valor dos Bens e ITR... 37

Gráfico 6 – Visualização 1 da Heteroscedasticidade das Variáveis (resíduos x valores “fitados”) ... 39

Gráfico 7 – Visualização 2 da Heteroscedasticidade das Variáveis (quantis dos resíduos x quantis de uma variável normalmente distribuída) ……... 39

Gráfico 8 – Visualização 3 da Heteroscedasticidade das Variáveis (função densidade empírica dos resíduos)... 40

Gráfico 9 – Visualização 1 da Correção da Heteroscedasticidade (resíduos x valores “fitados”) ... 41

Gráfico 10 – Visualização 2 da Correção da Heteroscedasticidade (quantis dos resíduos x quantis de uma variável normalmente distribuída) ……... 42

Gráfico 11 – Visualização 3 da Correção da Heteroscedasticidade (função densidade empírica dos resíduos) ………... 42

Gráfico 12 – Potencial de Arrecadação do ITR (ao custo de 20%) ... 45

Gráfico 13 – Potencial de Arrecadação do ITR (ao custo de 30%) ... 48

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Teste de Averiguação de Heteroscedasticidade ... 40 Quadro 2 – Teste de Averiguação de Heteroscedasticidade ... 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela de Alíquotas ... 14

Tabela 2 – Evolução do Montante do ITR Arrecadado e Transferido aos Municípios Cearenses... 17

Tabela 3 – Quantidade de Municípios por Estado que Celebraram Convênio ... 18

Tabela 4 – Comparação entre Regiões do Brasil ... 19

Tabela 5 – Número de Estabelecimentos Agropecuários por Faixas de Terra – CE ... 21

Tabela 6 – Área dos Estabelecimentos Agropecuários por Faixas de Terra – CE... 21

Tabela 7 – Númerode Estabelecimentos por Área (ha) ... 22

Tabela 8 – Evolução do Índice de Gini, segundo as Unidades da Federação... 23

Tabela 9 – Classificação quanto à Concentração... 24

Tabela 10 – Utilização das Terras (ha) no Estado do Ceará ... 24

Tabela 11 – Descrição dos Dados... 26

Tabela 12 – Estatística Descritiva ... 27

Tabela 13 – Regressão para o Subgrupo Lavoura...30

Tabela 14 – Regressão para o Subgrupo Pastagem...31

Tabela 15 – Regressão para o Subgrupo Matas e Florestas... 31

Tabela 16 – Regressão para o Subgrupo Agroflorestal...31

Tabela 17 – Regressão para o Subgrupo Residual ... 32

Tabela 18 – Regressão para o Subgrupo Bens... 33

Tabela 19 – Regressão para o Subgrupo Produção Animal... 33

Tabela 20 – Regressão para o Subgrupo Produção Vegetal... 33

Tabela 21 – Regressão para o Subgrupo Agroindústria... 33

Tabela 22 – Modelo Econométrico Final... 38

Tabela 23 – Modelo Econométrico FinalAjustado ... 41

Tabela 24 – Classificação dos Municípios quanto à Potencialidade PA20 ... 45

Tabela 25 – Classificação dos Municípios quanto à Potencialidade PA30 ... 48

Tabela 26 – Classificação dos Municípios quanto à Potencialidade PA50 ... 50

(11)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR)...13

1.1 O ITR na Constituição Federal... 13

1.1.1 Progressividade... 13

1.1.2 Imunidade das pequenas glebas...14

1.1.3 Possibilidade de delegação da fiscalização e cobrança ... 15

1.2 Fato gerador, base de cálculo e contribuintes...15

1.3 O ITR na Lei Federal n. 11.250/2005...16

1.4 O processo de repartição da receita tributária...17

1.5 Municípios conveniados... 18

2 ASPECTOS GERAIS SOBRE O ESTADO DO CEARÁ... 20

2.1 Caracterização territorial do Estado do Ceará: limites, regionalizações e meio ambiente...20

2.2 Aspectos importantes sobre a estrutura fundiária do Ceará...21

2.3 O Índice de Gini no Estado do Ceará ... 22

2.4 Utilização das terras e produção econômica... 24

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS E SELEÇÃO DE MODELOS ... 26

3.1 Base de dados... 26

3.2 Potencial de arrecadação de ITR... 28

3.3 Modelo econométrico ... 30

3.3.1 Estudo prospectivo...30

3.3.2 Modelo selecionado ... 37

4 RESULTADOS... 44

4.1 Cenário 1 (custo de 20% da receita arrecadada)... 45

4.2 Cenário 2 (custo de 30% da receita arrecadada)... 47

4.3 Cenário 3 (custo de 50% da receita arrecadada)... 49

4.4 Cenário atual de municípios conveniados no Estado do Ceará ... 51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 53

REFERÊNCIAS... 55

BIBLIOGRAFIA...56

APÊNDICE ... 57

APÊNDICE A – RELAÇÃO DE MUNICÍPIOS QUANTO À POTENCILIADADE DE ITR... 58

(12)

INTRODUÇÃO

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o leque de competências que ficaram a cargo dos municípios cresceu substancialmente, basta vermos o art. 29 da Constituição Federal de 1988 que enumera as competências exclusivas atribuídas aos municípios e o art. 23 que enumera as competências comuns a todos os entes federados.

Nesse sentido, a própria Carta Magna criou mecanismos na tentativa de financiar as despesas geradas por essas novas atribuições municipais. Exemplificando, a alteração no processo de repartição de receita tributária, aumentou o quinhão municipal e a definição de tributos de competência exclusiva desses entes federativos.

Essatendênciadeatribuiçõesaoentemunicipal, por um lado, permite ao gestor público local, bem mais próximo dos problemas de seu município, empreender políticas públicas eficientes e, no caso do Imposto Territorial Rural (ITR), exercer uma fiscalização mais eficaz.

Por outro lado, a previsão constitucional de fortalecimento das receitas municipais não tem sido suficiente para fazer com que os municípios realizem a contento suas novas atribuições, levando, assim, à necessidade constante dos gestores municipais de inovar e fortalecer suas receitas. Nessa esteira, o ITR se apresenta como uma alternativa de incremento das receitas municipais.

O Governo Federal, dando eficácia ao inciso III do § 4° do art. 153 da Constituição Federal, editou a Lei nº 11.250, de 27 de dezembro de 2005, que prevê a possibilidade de a União, por meio de convênio, delegar competência de fiscalização e arrecadação para os Municípios e o Distrito Federal quanto ao ITR.

Ao aderirem ao convênio, os municípios apropriam a totalidade da receita de ITR, arcando, porém, com os custos de administrá-los. Sem a adesão, os municípios recebem o repasse equivalente a 50% do arrecadado.

Esta dissertação investiga o potencial arrecadatório do ITR nos municípios Cearenses no ano de 2006, a fim de proporcionar subsídios e informações úteis aos gestores públicos municipais que realizaram ou almejam aderir ao convênio com a União, a fim de fiscalizar e arrecadar o ITR.

O trabalho está dividido em cinco capítulos. O capítulo inicial discorre sobre a arrecadação do ITR no Estado do Ceará, evidenciando quantitativamente os valores arrecadados e sua evolução no tempo. Conceitua esse imposto e apresenta suas características frente à legislação atual e à forma de distribuição da quota-parte dos municípios.

(13)

No segundo capítulo apresentam-se os aspectos importantes da estrutura fundiária do Estado do Ceará, na qual influencia de forma direita e indireta a arrecadação do ITR. Destacando-se a quantidade de estabelecimentos agropecuários, bem como a dimensão territorial rural destes, o índice de concentração de terra dos estabelecimentos agropecuários no Estado do Ceará e a atividade econômica predominante, como também a forma de utilização da terra.

O terceiro apresenta a base de dados, assim como a estatística descritiva das variáveis deinteresse.Procede-se,também,um estudo prospectivo acerca da influência dos potenciais variáveis com influência na arrecadação do ITR e a definição do modelo selecionado.

Por fim, nos dois últimos capítulos apresentam-se, respectivamente, os resultados estimados do modelo econométrico e as considerações finais acerca do potencial arrecadatório de ITR nos municípios do Estado do Ceará.

(14)

1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR)

O Imposto Territorial Rural (ITR) é um tributo de natureza extrafiscal, ou seja, não tem como finalidade primordial a arrecadação. Entretanto, não obsta logicamente ser importante o fruto de sua arrecadação para financiar políticas que promovam o real sentindo de sua implantação ou mesmo como um reforço de receita para os municípios.

O Governo Federal editou a Lei nº 11.250, de 27 de dezembro de 2005, que deu eficácia ao inciso III do § 4o do art. 153 da Constituição Federal, que prevê a possibilidade de a União, por meio de convênio, delegue competência não legislativa, mas sim de fiscalização e arrecadação para os Municípios e o Distrito Federal quanto ao ITR. Motivo este da delegação que pode ser atribuído aos baixíssimos valores arrecadados com este tributo e a ineficiência nos resultados dos projetos de desconcentração de terra e de reforma agrária.

Portanto, abriu-se uma oportunidade única para que os municípios possam reforçar suas receitas através da fiscalização e arrecadação deste imposto, que incide sobre a propriedade territorial rural, ficando assim com 100% da arrecadação deste imposto.

1.1 O ITR na Constituição Federal

OImpostoTerritorialRuralécatalogadooriginalmentecomode competência da União, definido pela Constituição Federal no art. 153, §4º, incisos I, II e III:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] VI – propriedade territorial rural; [...]

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:

I – será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;

II – não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;

III – será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.

1.1.1 Progressividade

A progressividade é a forma de tratar, de maneira diferenciada, as pessoas que se encontrem em situações desiguais, na proporção destas desigualdades ocorridas, ou seja, impondo que as alíquotas do imposto sejam maiores para os proprietários que possuam

(15)

propriedade de maior dimensão territorial rural ou mesmo para que aqueles que as mantenham improdutivas.

Conforme descreve o art. 153, § 4°, inc. I da CF/1998 as alíquotas deste imposto serão fixadas a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas, ou seja, não serão no sentido de otimizar a arrecadação. O que se pretende é tributar de maneira mais progressiva, a fim de tornar inviável a manutenção de propriedades improdutivas.

De forma a atender o ímpeto da progressividade deste imposto, o legislador federal editou a Lei n° 9.393/96 (que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, sobre pagamento da dívida representada por Títulos da Dívida Agrária e dá outras providências), no seu art. 11, alíquotas inversamente proporcionais ao grau de utilização de cada imóvel rural, conforme apontado na Tabela abaixo:

TABELA 01 – TABELA DE ALÍQUOTAS

(Área total do imóvel

(em hectares) GRAU DE UTILIZAÇÃO – GU (EM %)

Maior que 80 Maior que 65 até 80 Maior que 50 até 65 Maior que 30 até 50 Até 30

Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00

Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00 Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30 Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70 Maior que 1.000 até

5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60

Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00

Fonte: Lei n° 9.393/96 – art.11.

Como a base de cálculo é o Valor da Terra Nua (VTN), grandeza que não sofre variação em função do grau de utilização, tem como consequência que quem mais utiliza a terra, ou seja, mais produz, paga menos imposto, e quem mantém propriedade improdutiva, paga mais imposto, dependendo da área do imóvel. Conforme a Tabela acima, dependendo do grau de utilização, a alíquota pode variar entre 0,03% a 20%.

1.1.2 Imunidade das pequenas glebas

O legislador constituinte originário, no art. 153, § 4°, inc. II da CF/1998, em homenagem ao princípio da função social da propriedade, acertadamente optou-se com justiça pela imunidade a pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel.

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A definição do que é pequena gleba consta na Lei n. 9.393/96, no seu art. 2°, com a seguinte redação:

Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobrepequenasglebasrurais,quandoasexplore,sóoucomsua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a:

I – 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;

II – 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental;

III – 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

Desta forma, o legislador garantiu imunidade tributária ao pequeno produtor ou possuidordeimóvel rural, de área considerada de pequena gleba. No caso do Estado do Ceará, cabe destacar que, dos 184 municípios cearenses, 180 estão enquadrados na área considerada de polígono da seca.

1.1.3 Possibilidade de delegação da fiscalização e cobrança

Por fim, a Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional 42/2003, trouxe a possibilidade de que os municípios possam fiscalizar e arrecadar o ITR, possibilidade esta que se tornou realidade com a criação da Lei 11.250 de 2005, que regulamentou o art. 153, § 4º, inc. III da CF/1988.

Caso faça a opção, o Município será o titular de toda a arrecadação do ITR incidente sobreosimóveissituadosem seu território; caso contrário, a União repassará à municipalidade metadedo valor que arrecadar com a cobrança do tributo sobre os imóveis na mesma situação.

1.2 Fato gerador, base de cálculo e contribuintes

De acordo com o art. 29, da Lei n. 5.172/65, do Código Tributário Nacional (CTN), o ITR tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizada fora da zona urbana do município. Assim, são bens imóveis por natureza o solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.

A base do cálculo do ITR é o valor fundiário, conforme o art. 30, do CTN. O valor fundiário significa o Valor da Terra Nua (VTN). Todavia, de acordo com a legislação

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específica (art. 35 do Regulamento do ITR e art. 10, § 1°, inc. I da Lei n. 9.393/96), o valor fundiário é o Valor da Terra Nua tributável, que é o valor do imóvel excluído os valores relativos à: (a) construções, instalações e benfeitorias; (b) culturas permanentes e temporárias; (c) pastagens cultivadas e melhoradas; (d) florestas plantadas.

O contribuinte do ITR é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (art. 31, do CTN).

O domicílio tributário do contribuinte do ITR é o município de localização do imóvel, vedada à eleição de qualquer outro (art. 4°, Parágrafo único, da Lei n. 9.393/1996).

1.3 O ITR na Lei Federal n. 11.250/2005

Conforme visto, a Lei n. 11.250/2005 deu eficácia ao inciso III do § 4° do art. 153 da Constituição Federal, para que a União, por meio da Secretaria da Receita Federal do Brasil, realize convênio com os Municípios e o Distrito Federal que assim optarem, visando a delegar as atribuições de fiscalização, inclusive à de lançamento dos créditos tributários e de cobrança do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, de que trata o inciso VI do art. 153 da CF, sem prejuízo da competência supletiva da Secretaria da Receita Federal.

Importante destacar que, na implantação desta Lei, três necessárias condições foram em destaque impostas aos que firmarem convênio:

1. Deverá ser observada a legislação federal de regência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural;

2. A opção realizada pelos Municípios e o Distrito Federal não poderá implicar redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal;

3. A Secretaria da Receita Federal baixará ato estabelecendo os requisitos e as condições necessárias à celebração dos convênios a serem realizados.

Quanto ao primeiro item, revela-se em decorrência de que a União apenas delega a competência de arrecadação e fiscalização, até porque estaria expressamente proibida pelo Código Tributário no seu art. 7° a delegação da competência tributária, que é aquela que compreende a competência legislativa plena:

Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.

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Portanto, os Municípios e o Distrito Federal, ao optarem por realizar convênio com o intuito de arrecadar e fiscalizar o ITR, deverão seguir todas as normas emanadas pela União, ente designado pela Constituição Federal como possuidora de competência tributária privativa referente a este imposto.

Quanto ao segundo item, o mesmo repete expressamente parte do art. 153 da CF, no seu § 4º, inciso III, vedando que, quando da celebração do convênio, o ente possuidor da competência para fiscalizar e arrecadar use de algum artifício que possa levar à redução do imposto ou a uma renúncia fiscal.

A fim de atender ao terceiro item, o Poder Executivo regulamentou a Lei n. 11.250/ 2005, editando o Decreto n. 6.433/2008 e IN n. 884/2008, que criou condições que devem ser cumpridas pelos entes que optarem formalizar o convênio, para que possa colocar em prática o processo arrecadação e fiscalização. Pode-se constatar um conjunto de obrigações impostas aos Municípios e ao Distrito Federal para firmarem e manterem o Convênio com a União.

No caso especial do Estado do Ceará, que possui 184 municípios, sabe-se que a boa parte de deles não tem a mínima estrutura necessária, nem mesmo para serviços essenciais a saúde e educação.NãobastouapenasaUnião autorizar a celebração de convênio com o ente que assim desejar, é necessário ainda preencher um conjunto de requisitos essenciais, que demandam custos que podem tornar inviáveis a realização do convênio.

1.4 O processo de repartição da receita tributária

Ao tratar sobre o ITR como fonte de receita dos municípios, faz-se necessário analisar como é realizado o cálculo da quota-parte que é destinado aos municípios, bem como sua evolução arrecadatória.

Tabela 2 – Evolução do Montante do ITR Arrecadado e Transferido aos Municípios Cearenses

ANO TOTAL TRANSFERIDO

1996 2.180.538 606.462,29 1997 3.012.209 420.516,11 1998 1.864.743 1.167.748,86 1999 1.882.479 742.004,41 2000 1.621.509 637.628,76 2001 1.885.249 2.058.353,48 2002 2.132.726 961.259,11 2003 2.412.863 766.130,78 2004 2.537.140 833.972,88 2005 2.716.152 883.940,46 2006 3.486.415 933.502,05

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As informações da Tabela 2 foram extraídas da Receita Federal do Brasil quanto aos valores arrecadados do ITR no Estado do Ceará e da Secretaria do Tesouro Nacional quanto aos valores transferidos aos municípios referentes à sua quota-parte de 50%.

Os dados levantados juntos aos municípios cearenses no ano de 2006 é o resultado da arrecadação total subtraída do montante vinculado constitucionalmente devido à saúde (15%), à educação (25%) e outros condicionantes, posteriormente multiplicado por 50%, a título de transferência ao município. Vinculação esta em consonância com o art. 167, inc. IV da Constituição Federal:

Art. 167. São vedados: [...]

IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

1.5 Municípios conveniados

É importante que se verifique o interesse por parte dos entes locais quanto à celebração de convênio como a União por meio da Receita Federal do Brasil. Para isso, deve-se consultar a quantidade de municípios por Estado que celebraram tal convênio, para primeiramente verificar não a viabilidade e resultados, mas sim o interesse quanto à fiscalização e arrecadação do ITR.

Nesse sentido, foram extraídos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (quantidade de municípios por Estado) e dados da Receita Federal do Brasil – RFB (quantidade de municípios que celebraram convênio), montando-se a seguinte Tabela:

Tabela 3 – Quantidade de Municípios por Estado que Celebraram Convênio

Região Norte Municípios Conveniados %

Acre 22 0 0,00% Amazonas 62 4 6,45% Amapá 16 1 6,25% Rondônia 52 12 23,08% Roraima 15 0 0,00% Pará 143 19 13,29% Tocantins 139 75 54,00% Continua...

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Região Nordeste Municípios Conveniados %

Maranhão 217 10 4,60%

Ceará 184 13 7,07%

Rio Grande do Norte 167 18 10,78%

Pernambuco 185 5 2,70% Paraíba 223 9 4,04% Sergipe 75 4 5,33% Alagoas 102 8 7,84% Bahia 417 48 11,51% Piauí 223 20 9,00%

Região Sudeste Municípios Conveniados %

Minas Gerais 853 217 25,44%

São Paulo 645 327 50,70%

Rio de Janeiro 92 20 21,74%

Espírito Santo 78 17 21,79%

Região Sul Municípios Conveniados % Rio Grande do Sul 496 191 40,73%

Santa Catarina 293 50 17,06%

Paraná 399 186 54,87%

Região Centro Oeste Municípios Conveniados %

Mato Grosso 141 92 65,25%

Mato Grosso do Sul 79 76 96,20%

Distrito Federal 1 0 0,00%

Goiás 246 160 66,67%

Total 5565 1582 28,43%

Fonte: Consulta realizada no dia 29/05/2012 sítio da RFB.

Sintetizando por regiões para melhor visualização, assim ter-se-iam:

Tabela 4 – Comparação entre Regiões do Brasil

Regiões do Brasil Total de Municípios Conveniados %

Região Norte 449 111 24,72%

Região Nordeste 1793 135 7,53%

Região Sudeste 1668 581 34,83%

Região Sul 1188 438 35,94%

Região Centro Oeste 467 328 70,24% Fonte: Elaborada pelo autor.

Verificando a Região Nordeste, em especial, pode-se observar que apenas 7,53 % dos municípios nordestinos celebraram convênio com a RFB, a fim de fiscalizar e arrecadar o ITR. Um número bastante pequeno se comparado com as demais regiões do Brasil. No Estado do Ceará, com seus 184 municípios, apenas 13 deles oficializaram o convênio, perfazendo uma percentagem de 7,07%, bem próxima da média da Região Nordeste.

Comestesdados,ficaevidenteanecessidade de entender o porquê da Região Nordeste, mais precisamente o Estado do Ceará, possuir números de adeptos tão baixos. Inicialmente pode-se chegar a alguns questionamentos, dentre eles, se haveria potencial arrecadatório deste imposto no Estado do Ceará, se há viabilidade de sua implantação ou mesmo vontade política.

(21)

2 ASPECTOS GERAIS SOBRE O ESTADO DO CEARÁ

2.1 Caracterização territorial do Estado do Ceará: limites, regionalizações e meio ambiente

Segundo o informe Ceará em Números (2010), publicado pelo Instituto de Pesquisa do Estado do Ceará (IPECE), o Estado do Ceará possui como limites ao Norte o Oceano Atlântico, ao Sul o Estado de Pernambuco, ao Leste os Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba e a Oeste o Estado do Piauí, possuindo uma área de 148.825,6 km², correspondendo a 9,58% da Região Nordeste e a 1,75% da área do Brasil. Sua posição geográfica privilegiada o favorece devido à proximidade em relação a regiões como o Continente Africano, a América do Norte e a Europa, permitindo excelentes condições para o desenvolvimento do comércio exterior e do turismo internacional.

O Ceará apresenta 93% de seu território em região do semiárido nordestino, com climapredominantementeTropical Quente Semiárido, abrangendo uma área de 101.001,9km², ou seja, 67,9% do Estado, cobrindo um total de 98 sedes municipais. No que tange à ocorrência dos tipos de solos, o Estado possui três tipos preponderantes de solos, sendo os de maior ocorrência os solos do tipo Neossolos, com cerca de 53.525,5 km² ou 35,96% da área do Estado. O segundo tipo de solo com maior ocorrência são os Argissolos, com 36.720,6 km² ou 24,67% e o terceiro refere-se aos Luvissolos, com 16,72% da área total do Estado ou 24.885,6km².Oconhecimento do local de ocorrência dos diversos tipos de solos é importante, na medida em que apresenta utilidade ao contexto social e econômico, estando ligados aos demais recursos físicos ou quando integrado a um levantamento de recursos naturais.

No Ceará, de uma forma geral, os solos apresentam-se com pouca profundidade, deficiências hídricas, pedregosidade e, principalmente, susceptibilidade à erosão, o que exige a prática de ações conservacionistas para melhor aproveitamento de suas potencialidades.

Quanto à vegetação, a caatinga é a mais abrangente, ocupando 69,2% da área total do Estado. Além da área litorânea e da caatinga, o Ceará abriga importantes regiões serranas, algumas com picos cujas altitudes excedem os 1.000 metros, como, por exemplo, o Pico Alto de Guaramiranga, com uma altitude de 1.112m, e o Pico da Serra Branca entre os Municípios de Monsenhor Tabosa e Catunda, com 1.154m.

Com relação à evolução político-administrativa, em 1940 existiam 87 municípios, saltandoatualmentepara184municípios,ouseja,umcrescimento de 111,5%. Quanto à Região

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Metropolitana de Fortaleza, ao analisar a sua evolução político-administrativa, observa-se que em 1973 existiam 5 municípios, passando, atualmente para 15 municípios, refletindo um crescimento acumulado da ordem de 200%.

2.2 Aspectos importantes sobre a estrutura fundiária do Ceará

Iniciandoaanálisedosdadosdivulgadospelo IBGE, através dos Censos Agropecuários realizados ao longo dos anos, pode-se verificar, conforme Tabelas 5 e 6, o número de estabelecimentos agropecuários divididos em faixa de hectares (ha), bem como a dimensão do tamanho de suas áreas também classificadas por faixas em hectares (ha), dispostos em uma série histórica de 36 anos (de 1970 a 2006):

Tabela 5 – Número de Estabelecimentos Agropecuários por Faixas de Terra – CE

Período Menos de 10 ha 10 a menos de 100 ha 100 a menos de 1000 ha 1000 ha e mais

1970 120.046 101.830 22.076 1.238 1975 130.005 99.770 20.872 1.002 1980 117.683 104.445 22.471 1.091 1985 205.129 97.243 20.760 1.009 1996 245.312 76.199 16.871 835 2006 257.459 68.510 14.828 682

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1940/1996. Até 1996, dados extraídos de: Estatísticas do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

Tabela 6 – Área dos Estabelecimentos Agropecuários por Faixas de Terra – CE

Período Menos de 10 ha 10 a menos de 100 ha 100 a menos de 1000 ha 1000 ha e mais

1970 471.156 3.326.660 5.368.027 2.939.266 1975 516.828 3.204.303 5.087.915 2.182.534 1980 461.818 3.409.241 5.461.191 2.411.013 1985 679.306 3.128.033 4.999.219 2.202.599 1996 633.509 2.482.144 4.121.434 1.726.755 2006 533.763 2.265.444 3.661.502 1.461.505

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1920/2006. Até 1996 dados extraídos de: Estatísticas do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

Pode-se verificar, conforme a Tabela 5, que existe um aumento contínuo do número de estabelecimentos agropecuários que possui menos de 10 ha. Na verdade, se for considerado em números relativos, verifica-se um aumento de 114,47% de 1970 a 2006. Efeito inverso

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verificou-se nos estabelecimentos agropecuários que possuem mais de 1000 ha, onde se pode constatar um decréscimo relativo de 44,91%.

Apenas com a análise desta Tabela 5, se pode verificar uma falsa impressão de desconcentração de terra, pelo fato do aumento do número de pequenos estabelecimentos agropecuários. Entretanto, condensando as Tabelas 5 e 6 em uma só Tabela 7 (abaixo), pode-se verificar melhor a situação fundiária no Estado do Ceará, no ano de 2006:

Tabela 7 – Número de Estabelecimentos por Área (ha)

Grupo de Área Total (ha)

N° de Estabelecimentos Área dos Estabelecimentos (ha)

Frequência % Frequência % Menos de 10 257.459 75,40% 533.763 6,74% 10 a menos de 100 68.510 20,06% 2.265.444 28,60% 100 a menos de 1000 14.828 4,34% 3.661.502 46,22% 1000 ha e mais 682 0,20% 1.461.505 18,45% TOTAL 341.479 7.922.214

Fonte: Elaborada pelo autor.

Verifica-se, também, que o pequeno proprietário rural que possui menos de 10 ha, representa 75,40% do universo total de estabelecimentos agropecuários, entretanto, a área para si disponível representa apenas 6,74% da área total. Demonstrando, desta forma, muita discrepância entre quantidade de estabelecimentos agropecuários e quantidade de área disponível. Agora visualizando a situação dos grandes estabelecimentos, pode-se concluir que eles são apenas 0,20% do total, possuem área superior a 1000 ha e concentram quase 19% da área total disponível.

2.3 Índice de Gini no Estado do Ceará

Partindo desse pressuposto de análise inicial de concentração de terra, é possível verificar, através de índice estatístico (Índice de Gini), o grau de concentração de terra no Estado do Ceará, pois o ITR tem como a base de cálculo o Valor da Terra Nua, grandeza que não sofre variação em função do grau de utilização, tendo como consequência que quem mais utiliza a terra, ou seja, mais produz, paga menos imposto, e quem mantém propriedade improdutiva, paga mais imposto, dependendo do grau de utilização e de concentração.

Hoffman (1998) comenta que o Índice de Gini é utilizado quase sempre na análise da distribuição da renda, entretanto, é possível utilizá-lo para medir o grau de desigualdade de

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qualquerdistribuiçãoestatística,poisfrequentemente,aspalavrasdesigualdadese concentração são utilizadas como sinônimos.

No caso específico do estudo da estrutura fundiária, esse índice mede a concentração da posse da terra, ou seja, grandes extensões de terras nas mãos de um número reduzido de proprietários. O valor do Índice de Gini pode variar entre 0 e 1. O valor 0 representa desconcentração total, ou seja, todas as unidades da distribuição possuem o mesmo valor de frequência. Quando igual a 1, ele expressará o grau máximo de concentração, implicando que uma unidade da distribuição é responsável pela totalidade dos recursos, sendo as demais unidades representadas pelo valor 0 de frequência. Nesse sentido, o Censo Agropecuário divulgou o Índice de Gini dos estabelecimentos agropecuários cadastrados no referido Censo conforme Tabela abaixo:

Tabela 8 – Evolução do Índice de Gini, segundo as Unidades da Federação

Estado 1985 1995 2006 Brasil Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Maranhão Piauí Ceará

Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Mato Grosso do Sul Mato Grosso Goiás Distrito Federal 0,857 0,655 0,619 0,819 0,751 0,827 0,864 0,714 0,923 0,896 0,815 0,853 0,842 0,829 0,858 0,858 0,84 0,77 0,671 0,815 0,77 0,749 0,682 0,763 0,86 0,909 0,766 0,776 0,856 0,765 0,717 0,808 0,813 0,814 0,835 0,726 0,903 0,873 0,845 0,852 0,834 0,821 0,863 0,846 0,834 0,772 0,689 0,79 0,758 0,741 0,671 0,762 0,822 0,87 0,74 0,801 0,854 0,717 0,716 0,837 0,664 0,822 0,852 0,792 0,864 0,855 0,861 0,824 0,822 0,825 0,871 0,821 0,84 0,795 0,734 0,798 0,804 0,77 0,682 0,773 0,856 0,865 0,776 0,818 Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1985/2006.

(25)

Para efeito de classificação da concentração, medida pelo Índice de Gini, utilizou-se a escala proposta por Câmara (1949) e apresentada na Tabela 9 (abaixo), para classificar o Estado do Ceará.

Tabela 9 – Classificação quanto à Concentração

Índice de Gini Classificação De 0,000 a 0,100 Concentração nula De 0,101 a 0,250 Concentração nula a fraca De 0,251 a 0,500 Concentração fraca a média De 0,501 a 0,700 Concentração média a forte

De 0,701 a 0,900 Concentração forte a muito forte

Acima de 0,900 Concentração muito forte a absoluta Fonte: Câmara (1949).

Com a apresentação da Tabela proposta por Câmara, pode-se observar que o Estado do Ceará se encontra inserido na faixa referente à denominação “concentração forte a muito forte”, demonstrando assim, por este índice estatístico, que o Estado necessita de políticas públicas que proporcionem uma melhor utilização da terra, para que se possa promover a tão almejada e benéfica desconcentração, seja para fins de reforma agrária ou políticas de incentivo de aumento ao pequeno produtor rural.

2.4 Utilização das terras e produção econômica

Conforme dados do Censo Agropecuário, a utilização das terras dos Estabelecimentos Agropecuários no Estado do Ceará no ano de 2006 é caracterizada da seguinte forma:

Tabela 10 – Utilização das Terras (ha) no Estado do Ceará

Período Lavouras permanentes Lavouras temporais Pastagens naturais Pastagens plantadas Matas naturais Matas plantadas 1970 1.338.799 1.020.644 3.970.805 73.007 3.228.567 17.120 1975 1.226.517 913.608 3.521.803 80.645 2.564.545 2.768 1980 1.530.800 1.376.870 3.908.918 126.667 3.308.448 1.514 1985 969.939 1.405.726 3.381.575 111.917 2.436.057 6.629 1996 476.264 892.595 2.434.673 197.448 2.700.245 24.626 2006 579.419 1.339.235 2.297.319 314.209 2.834.112 15.657 Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1920/2006. Até 1996, dados extraídos de: Estatísticas do Século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

(26)

A utilização da terra pelos estabelecimentos se caracteriza pela predominância de Matas e Pastagens. Pois da área Total de 7.379.951 ha, 1.918.654 ha (26%) são provenientes da atividade de Lavoura, 2.611.528 ha (35%) de Pastagem e 2.849.769 ha (39%) pertencente a Matas e Florestas.

Quanto ao valor da Produção Econômica que compreende a Animal, Vegetal e Agroindústria no ano de 2006, seus valores foram divulgados respectivamente em R$ 937.589,328, R$ 2.831.182,996 e R$ 79.469,079. Portanto, na questão econômica, a riqueza maior gerada refere-se à Produção Vegetal.

(27)

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS E SELEÇÃO DE MODELOS

3.1 Base de dados

Para realizar o estudo proposto neste trabalho, foram obtidos dados referentes à arrecadação do Imposto Territorial Rural no Estado do Ceará junto à Receita Federal do Brasil (RFB), bem como a quantidade e identificação dos municípios optantes por realizar o convênio junto a este órgão federal. Quanto ao valor repassado aos municípios cearenses, referentes à quota-parte que lhe são de direito prevista na Constituição Federal, após as deduções previstas na legislação, foram obtidos dados junto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN),referentes ao exercício de 2006.

Os dados agropecuários a nível municipal, referentes ao número de estabelecimentos agropecuários, áreas dos estabelecimentos, utilização da terra, valor da produção, valor dos bens e Índice de Gini, foram obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da publicação do Censo Agropecuário Brasileiro 2006. A Tabela 11 a seguir descreve as variáveis utilizadas.

Tabela 11 – Descrição dos Dados

ACRONIMIA DESCRIÇÃO UNIDADE VALORES ASSUMIDOS

AR_MUNICIPIO Área do Município Hectares (ha) Valor de medida

GINI Índice de Gini Numeral 0 a 1 - conf. Concentração

RFB Convênio com a RFB Binária 0 - não conveniado

1 – conveniado

ITR50 ITR Quota parte 50% Real (R$) Valor monetário

NUM_ESTAB Total de Estabelecimentos Numeral Valor numérico

AR_ESTAB Área total dos Estabelecimentos Hectares (ha) Valor de medida

AR_ESTAB_MEDIA Área Média por Estabelecimento Hectares (ha) Valor de medida

COBERTURA Índice de Cobertura (área dos estabelecimentos /

área município) Hectares (ha) Valor de medida

NUM_ESTAB_LAV Total de Estabelecimentos que Utilizam Lavoura Numeral Valor numérico AR_ESTAB_LAV Área Total dos Estabelecimentos que Utilizam

Lavoura Hectares (ha) Valor de medida

AR_ESTAB_MEDIA_LAV Área Média por Estabelecimento que Utilizam

Lavoura Hectares (ha) Valor de medida

NUM_ESTAB_PAST Total de Estabelecimentos que Utilizam Pastagem Numeral Valor numérico AR_ESTAB_PAST Área Total dos Estabelecimentos que Utilizam

Pastagem Hectares (ha) Valor de medida

AR_ESTAB_MEDIA_PAST Área Média por Estabelecimento que Utilizam

Pastagem Hectares (ha) Valor de medida

NUM_ESTAB_MATAS Total de Estabelecimentos que Possuem Matas e

Florestas Numeral Valor numérico

AR_ESTAB_MATAS Área Total dos Estabelecimentos que Possuem

Matas e Florestas Hectares (ha) Valor de medida

AR_ESTAB_MEDIA_MATAS Área Média por Estabelecimento que possuem

Matas e Florestas Hectares (ha) Valor de medida

NUM_ESTAB_AGROFLO Total de Estabelecimentos que Utilizam Sistema

Agroflorestal Numeral Valor numérico

(28)

ACRONIMIA DESCRIÇÃO UNIDADE VALORES ASSUMIDOS AR_ESTAB_AGROFLO Área Total dos Estabelecimentos que Utilizam

Sistema Agroflorestal Hectares (ha) Valor de medida

AR_ESTAB_MEDIA_AGROFLO Área Média por Estabelecimento que Utilizam Sistema Agroflorestal Hectares (ha) Valor de medida NUM_ESTAB_RES Total de Estabelecimentos que Utilizam a Terra de

outra forma Numeral Valor numérico

AR_ESTAB_RES Área Total dos Estabelecimentos que Utilizam a

Terra de outra forma Hectares (ha) Valor de medida

AR_ESTAB_MEDIA_RES Área Média por Estabelecimento que Utilizam a

Terra de outra forma Hectares (ha) Valor de medida

NUM_ESTAB_BENS Total de Estabelecimentos Com Bens Numeral Valor numérico

VL_BENS Valor Total dos Bens Real (R$) Valor monetário

VL_BENS_MEDIO-ESTAB Valor Médio dos Bens por Estabelecimentos Real (R$) Valor monetário

VL_BENS_MEDIO_AREA Valor Médio dos Bens R$ por ha Real (R$) Valor monetário

NUM_ESTAB_PROD_ANIMAL Total de Estabelecimentos com Produção Animal Numeral Valor numérico AREA_PROD_ANIMAL Área Total dos Estabelecimentos de Produção

Animal Hectares (ha) Valor de medida

VL_PROD_ANIMAL_MEDIO_AREA Valor Médio por Estabelecimento de Produção

Animal R$ por ha Real (R$) Valor monetário

NUM_ESTAB_PROD_VEG Total de Estabelecimentos com Produção Vegetal Numeral Valor numérico AREA_PROD_VEG Área Total dos Estabelecimentos de Produção Vegetal Hectares (ha) Valor de medida VL_PROD_VEG_MEDIO_AREA Valor Médio por Estabelecimento de Produção

Vegetal R$ por ha Real (R$) Valor monetário

NUM_ESTAB_PROD_AGROIND Total de Estabelecimentos com produção Agroindustrial Numeral Valor numérico AREA_PROD_AGROIND Área Total dos Estabelecimentos de Produção

Agroindustrial Hectares (ha) Valor de medida

VL_PROD_AGROIND_MEDIO_AREA Valor Médio por Estabelecimento de Produção

Agroindustrial R$ por ha Real (R$) Valor monetário

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na Tabela 12 apresentam-se as estatísticas descritivas da base de dados, composta por 184 observações (número de municípios cearenses).

Tabela 12 – Estatística Descritiva

ACROSSEMIA N° MUNICIPIOS MÉDIA DESVIO PADRÃO VLR. MINIMO VLR. MAXIMO

AR_MUNICIPIO 184 80883,47 75706,39 5947,88 426068,4 GINI 184 0,8158696 0,0589462 0,66 0,97 RFB 184 0,0706522 0,2569421 0 1 ITR50 184 5073,381 5094,622 295,3 29892,12 NUM_ESTAB 184 2070,728 1526,876 94 7602 AR_ESTAB 184 43055,51 45074,45 1604,77 274877,9 AR_ESTAB_MEDIA 184 21,78918 16,68041 3,83 102,38 COBERTURA 184 0,5484239 0,274953 0,07 2,4 NUM_ESTAB_LAV 184 3557,88 2764,534 167 16490 AR_ESTAB_LAV 184 10424,07 10122,64 375,26 55804,69 AR_ESTAB_MEDIA_LAV 184 3,179239 2,316364 0,55 14,85 NUM_ESTAB_PAST 184 595,8859 596,4504 12 2915 AR_ESTAB_PAST 184 14188,48 18574,41 81,37 119555,8 AR_ESTAB_MEDIA_PAST 184 23,96918 20,37819 1,13 130 NUM_ESTAB_MATAS 184 329,6522 323,572 6 2111 AR_ESTAB_MATAS 184 11293,34 13650,54 37,23 71674,38 AR_ESTAB_MEDIA_MATAS 184 34,70929 26,57732 2,91 166,92 NUM_ESTAB_AGROFLO 184 124,0707 160,6734 0 834 AR_ESTAB_AGROFLO 184 4182,649 8557,519 0 65827,25 Continua...

(29)

ACROSSEMIA N° MUNICIPIOS MÉDIA DESVIO PADRÃO VLR. MINIMO VLR. MAXIMO AR_ESTAB_MEDIA_AGROFLO 183 26,8223 24,48988 0 176,48 NUM_ESTAB_RES 184 822,1413 809,1992 22 3988 AR_ESTAB_RES 184 2961,698 3488,501 11,65 19433,57 AR_ESTAB_MEDIA_RES 184 4,475272 4,479511 0,19 28,38 NUM_ESTAB_BENS 184 2009,946 1482,295 94 7514 VL_BENS 184 52312 45401,47 3517,51 300086,4 VL_BENS_MEDIO-ESTAB 184 32320,01 33739,66 5470,47 303949,1 VL_BENS_MEDIO_AREA 184 2114,47 3183,168 308,44 32475,32 NUM_ESTAB_PROD_ANIMAL 184 1294,25 1060,092 46 5028 AREA_PROD_ANIMAL 184 5095,595 7635,27 138,55 60212,9 VL_PROD_ANIMAL_MEDIO_AREA 184 6356,117 16672,34 448,7 166004,5 NUM_ESTAB_PROD_VEG 184 1867,951 1419,225 67 7419 AREA_PROD_VEG 184 15386,86 27575,97 133,42 278426,7 VL_PROD_VEG_MEDIO_AREA 184 10516,38 26115,54 517,14 288824,4 NUM_ESTAB_PROD_AGROIND 184 162,4565 258,2336 0 1773 AREA_PROD_AGROIND 184 431,7278 818,6621 0 6988,46 VL_PROD_AGROIND_MEDIO_AREA 184 4132,264 5864,451 0 41095,71

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com estes dados se pode inferir que o ITR médio recebido pelos municípios cearenses referentes à sua quota-parte (50%), após as devidas deduções previstas na legislação, ficou em torno de R$ 5.073,38 no ano de 2006.

Verifica-se, também, que a média em hectares do tamanho dos estabelecimentos agropecuários gira em torno de 21,7 ha. Neste sentido, se tal média fosse utilizada para cálculo do ITR, nenhum estabelecimento no Estado estaria obrigado a recolher este imposto, pois conforme já comentado anteriormente, a Constituição prevê no art. 153, § 4º, imunidade à pequena gleba, que conforme disposto em Lei Federal, esta seria caracterizada com área inferior a 30 ha no Estado do Ceará.

3.2 Potencial de arrecadação de ITR

A decisão do município em aderir ou não ao convênio com a União para administrar o ITR passa pela seguinte análise: se o produto da arrecadação (receita de arrecadação do ITR), líquido de todos os seus custos administrativos, for maior que o repasse da União relativo àquele tributo (quota-parte da receita de ITR), correspondente a 50% do arrecadado naquele município líquido de destinações à saúde, educação, PASEP e outros condicionantes, então o município deve aderir ao convênio, caso contrário, é melhor permanecer recebendo da União o repasse da quota-parte. A análise acima pode ser sintetizada no diagrama abaixo:

(30)

Figura 1 – Diagrama de Adesão

N S

Onde:

ŷ = valor estimado para ITR50

ˆ= vetor de coeficientes da estimação

X = vetor de variáveis independentes (definidas em 3.3) ẑliq = ẑ - c

c: medida dos custos de administração do tributo arcados pelo município que opte por administrá-lo

ẑ: receita bruta da arrecadação de ITR

ITR50: quota-parte da receita de ITR repassada pela União ao município que não opte por administrar o tributo.

Para uma análise mais clara acerca dos resultados, criou-se uma medida de potencial de arrecadação do ITR definida da seguinte forma: PA = 100 * (ẑliq/ITR50-1). Assim, PA =

10 significa que, caso haja adesão do Município ao convênio com a União para administrar o tributo, a arrecadação de ITR poderá ser 10% maior que o atual repasse da União para esse Município. Nessa esteira, é vantajoso para o Município aderir ao convênio sempre que PA for maior que zero.

ẑ = 2 ŷ I ẑliq> ITR50 ? ŷ = ˆX ẑ liq = ẑ - Custos NÃO ADERE Rec. Líq. = ITR50 ADERE AO CONVÊNIO Receita Líquida = Zliq

(31)

Na análise desse trabalho consideraram-se três diferentes cenários, em função do custo de administração do tributo arcado pelo município que opte por administrá-lo. Tais cenários consideram custos de 20%, 30% e 50% da receita bruta de arrecadação de ITR, gerando, por consequência, medidas para potenciais de arrecadação para cada cenário (respectivamente PA20, PA30 e PA50).

3.3 Modelo econométrico

Utilizou-se neste trabalho, para explicar o potencial arrecadatório dos municípios Cearenses, um modelo econométrico de Mínimos Quadrados Ordinários (OLS), tendo como variável dependente a arrecadação de ITR (quota-parte) dos municípios e como variáveis independentes as prospectadas a seguir.

3.3.1 Estudo prospectivo

Neste estudo inicial se realiza uma discussão de análise gráfica e estatística; para isso, sedivideasvariáveisem dois grupos, com seus respectivos subgrupos. O primeiro diz respeito à forma de utilização da terra, que pode ser por: Lavoura, Pastagem, Matas e Florestas, Agroflorestal e Residual.

Quanto à utilização da terra por meio do subgrupo Lavoura, a regressão apresenta os seguintes resultados:

Tabela 13 – Regressão para o Subgrupo Lavoura

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_lav .3665709 .218513 1.68 0.095 -.0646056 .7977474 ar_estab_lav .2074984 .064306 3.23 0.001 .0806078 .334389 ar_estab_media_lav 1.488.382 1.961.575 0.08 0.940 -3.721.803 4.019.479 _cons 1.558.869 8.313.888 1.88 0.062 -8.165.326 3.199.391 Fonte: Elaborado pelo autor.

Constata-se que a variável área dos estabelecimentos que utilizam lavoura (ar_estab_lav) está estatisticamente significante a 5%. Tal variável tem potencial explicativo para a arrecadação do ITR.

Quanto à utilização da terra por meio de Pastagem, Matas e Florestas, a regressão apresenta os seguintes resultados por meio das Tabelas abaixo:

(32)

Tabela 14 – Regressão para o Subgrupo Pastagem

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_past .2254571 .9233305 0.24 0.807 -1.596.487 2.047.401 ar_estab_past .1420521 .0345669 4.11 0.000 .0738437 .2102605 ar_estab_media_past -176.961 2.294.824 -0.77 0.442 -6.297.828 2.758.609 _cons 3.347.692 6.950.005 4.82 0.000 1.976.296 4.719.088 Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 15 – Regressão para o Subgrupo Matas e Florestas

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Com f. Interval] num_estab_matas -2.396.092 2.204.475 -1.09 0.279 -6.746.031 1.953.846 ar_estab_matas .2342722 .0556054 4.21 0.000 .12455 .3439944 ar_estab_media_matas -.3638723 1.597.962 -0.02 0.982 -3.189.536 3.116.762 _cons 3.230.173 7.368.747 4.38 0.000 1.776.149 4.684.197

Fonte: Elaborado pelo autor.

Da mesma forma como se comportou em relação à Lavoura, a variável área dos estabelecimentos também é estatisticamente significante a 5% no subgrupo Pastagem, Matas e Florestas.

Quanto à utilização da terra por meio Agroflorestal, a regressão apresenta os seguintes resultados:

Tabela 16 – Regressão para o Subgrupo Agroflorestal

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_agroflo 4.205.908 4.048.178 1.04 0.300 -3.782.384 121.942 ar_estab_agroflo .1167786 .089941 1.30 0.196 -.0607025 .2942597 ar_estab_media_agroflo 1.592.355 1.975.866 0.81 0.421 -2.306.633 5.491.343 _cons 3.591.103 683.008 5.26 0.000 2243.32 4.938.887 Fonte: Elaborado pelo autor.

Com estes resultados se parte inicialmente da ideia que este subgrupo Agroflorestal parece não influenciar na arrecadação do ITR, não estando estatisticamente a um nível de significância de 5%.

E, por último, se tem o subgrupo Residual, aquele que comporta a utilização da terra por outras formas, além das discriminadas acima. Com estes resultados percebe-se que este subgrupo parece influenciar na arrecadação do ITR, por meio de duas variáveis. Nele, tanto o número de estabelecimentos (num_estab_res) como a área destes estabelecimentos (ar_estab_res) possui significância a 5%, conforme apresentado na Tabela abaixo:

(33)

Tabela 17 – Regressão para o Subgrupo Residual

itr50 Coef. Std. Err. T P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_res 1.851.656 .6216592 2.98 0.003 .624979 3.078.333 ar_estab_res .457607 .1472872 3.11 0.002 .1669753 .7482386 ar_estab_media_res 2.063.858 8.731.042 0.24 0.813 -151.645 1.929.222 _cons 2.103.401 6.192.114 3.40 0.001 8.815.537 3.325.248 Fonte: Elaborado pelo autor.

A relação entre as variáveis pode ser visualiza pelo seguinte Gráfico:

Gráfico 1 – Relação do Grupo Utilização da Terra com o ITR

ITR50 GINI AR_ESTAB_LAV AR_ESTAB_PAST AR_ESTAB_MATAS AR_ESTAB_AGROFLO AR_ESTAB_RES 0 10000 20000 30000 0 10000 20000 30000 .6 .8 1 .6 .8 1 0 20000 40000 60000 0 20000 40000 60000 0 50000 100000 0 50000 100000 0 50000 100000 0 50000 100000 0 20000 40000 60000 0 20000 40000 60000 0 10000 20000 0 10000 20000

Fonte: Elaborado pelo autor.

O segundo grupo diz respeito aos Bens dos estabelecimentos e a forma de produção, que pode ser: Animal, Vegetal e Agroindústria. Tendo-se os seguintes resultados:

(34)

Tabela 18 – Regressão para o Subgrupo Bens

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_bens .4717136 .2745961 1.72 0.088 -.0701483 1.013.576 Vl_bens .0720042 .009089 7.92 0.000 .0540689 .0899396 Vl_bens_medio_esatb -.0108016 .0132384 -0.82 0.416 -.0369251 .0153218 Vl_bens_medio_area .0926102 .1204381 0.77 0.443 -.145051 .3302714 _cons 5.118.639 5.778.335 0.89 0.377 -6.283.781 1.652.106 Fonte: Elaborado pelo autor.

Pode-se constatar que a variável Valor dos Bens (vl_bens) tem potencial explicativo para a arrecadação do ITR (itr50).

Quanto à forma de produção, que pode ser Animal, Vegetal e Agroindústria, a regressão apresentou os seguintes resultados:

Tabela 19 – Regressão para o Subgrupo Produção Animal

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_prod_animal 1.300.874 .3027287 4.30 0.000 .7035201 1.898.227 area_prod_animal .4520505 .0542245 8.34 0.000 .345053 .5590479 vl_prod_animal_medio_area -.0795034 .0242316 -3.28 0.001 -.1273179 -.0316888 _cons 1.591.592 4.559.909 3.49 0.001 6.918.162 2.491.367 Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 20 – Regressão para o Subgrupo Produção Vegetal

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_prod_veg 1.826.205 .2986771 6.11 0.000 1.236.846 2.415.563 area_prod_veg .001007 .0254011 0.04 0.968 -.0491152 .0511291 vl_prod_veg_medio_area .0009411 .0258871 0.04 0.971 -.05014 .0520223 _cons 1.636.728 6.032.316 2.71 0.007 446.413 2.827.043 Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 21 – Regressão para o Subgrupo Agroindústria

itr50 Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval] num_estab_prod_agroind 2.904.428 1.954.425 1.49 0.139 -.95285 6.761.706 area_prod_agroind 1.284.506 .6329916 2.03 0.044 .0352262 2.533.786 vl_prod_agroind_medio_area -.0511324 .072153 -0.71 0.479 -.1935345 .0912696 _cons 4.265.786 5.342.069 7.99 0.000 3.211.468 5.320.103 Fonte: Elaborado pelo autor.

Do subgrupo Produção Animal todas as variáveis são estatisticamente significantes a 5%. Do subgrupo Produção Vegetal, apenas a variável “num_estab_prod_veg” é estatisticamente significante. Já do subgrupo Produção Agroindustrial, apenas a variável

(35)

“area_prod_agroind” é estatisticamente significante. A visualização gráfica desse grupo de variáveis é apresentada no Gráfico 2 a seguir.

Gráfico 2 – Relação do Grupo Bens e Produção com o ITR

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nessa etapa, compete tecer alguns comentários sobre a prospecção das variáveis. Inicialmente, cabe destacar que será tomada como valor de referência nessa análise a média de R$ 5.073 de ITR recebido pelos municípios no ano de 2006, referente à quota-parte (50%). A variável Índice de Gini é de fundamental importância na análise da arrecadação do ITR, já que diz respeito à concentração de terras nas mãos de poucos estabelecimentos. Como mencionado neste trabalho, o ITR é imposto de natureza extrafiscal, sua função principal é de desestimular a propriedade improdutiva, daí o sentido da progressividade de suas alíquotas. Nesse sentido, quanto maior a concentração de terra, espera-se uma maior carga tributária e, consequentemente, uma maior arrecadação do ITR.

Além disso, a potencial relação positiva do Índice de Gini e a arrecadação de ITR é reforçada pelo fato de a concentração implicar em grandes extensões de terras, o que, independente de sua produtividade, deve gerar impactos na arrecadação. Por fim, há que se ter em mente que concentração de terra não significa nem utilização, nem produtividade da

ITR50 VL_BENS AREA_PROD_ANIMAL AREA_PROD_VEG AREA_PROD_AGROIND 0 10000 20000 30000 0 10000 20000 30000 0 100000 200000 300000 0 100000200000300000 0 20000 40000 60000 0 20000 40000 60000 0 100000 200000 300000 0 100000200000300000 0 5000 10000 0 5000 10000

(36)

propriedade, podendo ser mera consequência de especulação imobiliária. O Gráfico 3 abaixo representa o repasse de arrecadação de ITR (em escala logarítmica) para os municípios em função do Índice de Gini.

Gráfico 3 – Relação entre Índice de Gini e ITR

Fonte: Elaborado pelo autor.

Conforme esperado, observa-se uma relação positiva entre as duas variáveis, representada pela linha cheia no Gráfico 3.

Outra variável com potencial poder explicativo para arrecadação do ITR é a Utilização da Terra por Lavoura. De acordo com o Censo Agropecuário (2006), tal variável representa as áreas de cultivo permanente ou temporária. Sendo permanente, consiste na área plantada ou preparada para o plantio de culturas de longa duração, tais como: café, laranja, cacau, banana, uva, etc., que, após a colheita, não necessita de novo plantio, produzindo por vários anos consecutivos. Já a temporária abrange as áreas plantadas ou em preparo para o plantio de culturas de curta duração, geralmente inferior a um ano, e que só produzem uma vez, sendo destruída após a colheita. Nesse último caso, também é incluída a área das terras com horticultura, a que se encontrava em descanso, visando a sua recuperação, além da área total

Abaiara Acarape Acaraú Acopiara Aiuaba Alcântaras Altaneira Alto Santo Amontada Antonina do Norte Apuiarés Aquiraz Aracati Aracoiaba Ararendá Araripe Aratuba Arneiroz Assaré Aurora Baixio Banabuiú Barbalha Barreira Barro Barroquinha Baturité Beberibe Bela Cruz Boa Viagem Brejo Santo Camocim Campos Sales Canindé Capistrano Caridade Cariré Caririaçu Cariús Carnaubal Cascavel Catarina Catunda Caucaia Cedro Chaval Choró Chorozinho Coreaú Crateús Crato Croatá Cruz Deputado Irapuan Pinheiro Ererê Eusébio Farias Brito Forquilha Fortaleza Fortim Frecheirinha General Sampaio Graça Granja Granjeiro Groaíras Guaiúba Guaraciaba do Norte Guaramiranga Hidrolândia Horizonte Ibaretama Ibiapina Ibicuitinga Icapuí Icó Iguatu Independência Ipaporanga Ipaumirim Ipu Ipueiras Iracema Irauçuba Itaiçaba Itaitinga Itapagé Itapipoca Itapiúna Itarema Itatira Jaguaretama Jaguaribara Jaguaribe Jaguaruana Jardim Jati Jijoca de Jericoacoara Juazeiro do Norte Jucás Lavras da Mangabeira Limoeiro do Norte Madalena Maracanaú Maranguape Marco Martinópole Massapê Mauriti Meruoca Milagres Milhã Miraíma Missão Velha Mombaça Monsenhor Tabosa Morada Nova Moraújo Morrinhos Mucambo

Mulungu Nova Olinda

Nova Russas Novo Oriente Ocara Orós Pacajus Pacatuba Pacoti Pacujá Palhano Palmácia Paracuru Paraipaba Parambu Paramoti Pedra Branca Penaforte Pentecoste Pereiro Pindoretama Piquet Carneiro Pires Ferreira Poranga Porteiras Potengi PotiretamaQuiterianópolis Quixadá Quixelô Quixeramobim Quixeré Redenção Reriutaba Russas Saboeiro Salitre Santa Quitéria Santana do Acaraú Santana do Cariri São Benedito São Gonçalo do Amarante

São João do Jaguaribe

São Luís do Curu Senador Pompeu Senador Sá Sobral Solonópole Tabuleiro do Norte Tamboril Tarrafas Tauá Tejuçuoca Tianguá Trairi Tururu Ubajara Umari Umirim Uruburetama Uruoca Varjota Várzea Alegre Viçosa do Ceará 6 7 8 9 10 L n (IT R 5 0 ) .6 .7 .8 .9 1 GINI

(37)

utilizada em sistema Mandala1 de produção.

Espera-se que essa variável tenha impacto positivo na arrecadação de ITR, já que, nesse caso, as áreas são utilizadas em cultivo, o que aponta para terras de melhor qualidade e com melhor preço de mercado, quando comparadas às demais. Dessa forma, tendo em vista que a base de cálculo do ITR engloba o Valor da Terra Nua (VTN), acredita-se que tal variável tenha influência positiva na arrecadação de ITR. O Gráfico 4 abaixo corrobora o raciocínio aqui desenvolvido. Observa-se nesta figura a correlação positiva entre arrecadação de ITR e utilização da terra por lavoura (linha cheia).

Gráfico 4 – Relação entre Área de Estabelecimento Lavoura e ITR

Fonte: Elaborado pelo autor.

Outra variável com potencial explicativo sobre a arrecadação do ITR é o valor dos bens da propriedade. De acordo com o Censo Agropecuário (2006), tal variável engloba o valor total das terras com as matas naturais; as culturas permanentes sem as terras; as matas plantadas sem as terras; os bens imóveis (prédios, instalações e outras benfeitorias) e bens

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diversificar a produção aliada a uma tecnologia apropriada de baixo custo.

Abaiara Acarape Acaraú Acopiara Aiuaba Alcântaras Altaneira Alto Santo Amontada Antonina do Norte Apuiarés Aquiraz Aracati Aracoiaba Ararendá Araripe Aratuba Arneiroz Assaré Aurora Baixio Banabuiú Barbalha Barreira Barro Barroquinha Baturité Beberibe Bela Cruz Boa Viagem Brejo Santo Camocim Campos Sales Canindé Capistrano Caridade Cariré Caririaçu Cariús Carnaubal Cascavel Catarina Catunda Caucaia Cedro Chaval Choró Chorozinho Coreaú Crateús Crato Croatá Cruz Deputado Irapuan Pinheiro Ererê Eusébio Farias Brito Forquilha Fortaleza Fortim Frecheirinha General Sampaio Graça Granja Granjeiro Groaíras Guaiúba Guaraciaba do Norte Guaramiranga Hidrolândia Horizonte Ibaretama Ibiapina Ibicuitinga Icapuí Icó Iguatu Independência Ipaporanga Ipaumirim Ipu Ipueiras Iracema Irauçuba Itaiçaba Itaitinga Itapagé Itapipoca Itapiúna Itarema Itatira Jaguaretama Jaguaribara Jaguaribe Jaguaruana Jardim Jati Jijoca de Jericoacoara Juazeiro do Norte Jucás Lavras da MangabeiraLimoeiro do Norte Madalena Maracanaú Maranguape Marco Martinópole Massapê Mauriti Meruoca Milagres Milhã Miraíma Missão Velha Mombaça Monsenhor Tabosa Morada Nova Moraújo Morrinhos Mucambo Mulungu Nova Olinda

Nova Russas Novo Oriente Ocara Orós Pacajus Pacatuba Pacoti Pacujá Palhano Palmácia ParacuruParaipaba Parambu Paramoti Pedra Branca Penaforte Pentecoste Pereiro Pindoretama Piquet Carneiro Pires Ferreira Poranga Porteiras Potengi Potiretama Quiterianópolis Quixadá Quixelô Quixeramobim Quixeré Redenção Reriutaba Russas SaboeiroSalitre Santa Quitéria Santana do Acaraú Santana do Cariri São Benedito São Gonçalo do Amarante

São João do Jaguaribe São Luís do Curu

Senador Pompeu Senador Sá Sobral Solonópole Tabuleiro do Norte Tamboril Tarrafas Tauá Tejuçuoca Tianguá Trairi Tururu Ubajara Umari Umirim Uruburetama Uruoca Varjota Várzea Alegre Viçosa do Ceará 6 7 8 9 10 11 L n (IT R 5 0 ) 0 20000 40000 60000 AR_ESTAB_LAV

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