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A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA NO DESENVOLVIMENTO DE FLORAÍ - PR

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Academic year: 2021

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A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA NO DESENVOLVIMENTO

DE FLORAÍ - PR

Bruno Aurélio Camolezi1 Larissa Donato2

Vanessa Kimie Iceri3

Palavras-chave: Agricultura, Paisagem Agrícola, Floraí. 1 - Introdução

O objetivo principal deste trabalho é fazer o levantamento das diferentes formas de uso do solo agrícola no município de Floraí, e que importância as atividades desenvolvidas ao decorrer do tempo, tiveram no desenvolvimento de Floraí.

O município de Floraí está localizado na região Norte do Paraná, mais exatamente em sua porção denominada por CANCIÁN (1977, p. 42) de Norte Novíssimo. O município possui uma área de 191, 133 Km² e está localizada no paralelo 23º 19’ 01’’ de Latitude Sul e no meridiano 52º 18’ 14’’ de Longitude Oeste. Sua população estimada de acordo com o IBGE em 2007 é de 5.051 habitantes.

A região está no limite entre a CMNP (Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná) e BRAVIACO (Companhia Brasileira de Aviação Comercial). O município de Mandaguari possuía uma população de aproximadamente 120.000 habitantes em 1950, devido à força do café na região. O grande número de habitantes forçou o desdobramento de Mandaguari em mais de dez unidades administrativas, dentre elas Nova Esperança, a qual deu origem ao município de Floraí, que em dezembro de 1955 foi elevado à categoria de Município. (PERARO, 1978, p. 62)

Nessa época, Floraí possuía aproximadamente 1.000 habitantes segundo estimativa da sede municipal da época. Predominava na agricultura da cidade o plantio de café a qual contava com cerca de 10 milhões de pés de café e em 1958 esse número já quadruplicara, chegando por volta dos 40 milhões.

1: Graduando em Geografia, DGE/CCH/UEM, e-mail: bruno_camolezi@msn.com. 2: Graduanda em Geografia, DGE/CCH/UEM, e-mail: lalamarteka@hotmail.com. 3: Graduanda em Geografia, DGE/CCH/UEM, e-mail: vankimie@hotmail.com.

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Havia ainda o cultivo de culturas alimentares básicas no município como o arroz, o feijão, milho, algodão e trigo.

Nos anos seguintes, em 1960 e 1970 pode-se observar através do Censo Demográfico do IBGE que Floraí contava com uma população de 13.566 e 11.022 habitantes respectivamente. E atualmente conta com aproximadamente 5.051 habitantes. Esse êxodo demográfico se deu a partir de 1975, no auge da crise do café, onde os pequenos produtores não possuíam condições para se tecnificarem, e por isso tiveram que deixar suas terras em busca de melhores condições de vida em outras cidades.

Com essa mudança na configuração do uso do solo, os habitantes tiveram que procurar alternativas para continuar na agricultura, e com isso o campo floraiense teve os mais variados tipos de usos, desde a sericicultura, até a criação de gado leiteiro.

Floraí se divide em três unidades de paisagens, classificadas por ANDRADE (2005) como Platô elevado de Floraí, Baixo Patamar da Genúncia e Platô Elevado de Nova Bilac. Ocorre nessas áreas o contato entre o basalto da formação Serra Geral e o Arenito Caiuá, formando diferentes tipos de solo no território estudado.

2 – Materiais e Métodos

Para a realização do trabalho, foram realizadas revisões bibliográficas na temática escolhida e houve também um trabalho de campo “in loco” no município de Floraí, que foi de grande valia para aquisição de conhecimento do processo evolutivo na agricultura no município de Floraí.

3 – Resultados e Discussões

O município de Floraí está dividido em três unidades de paisagens (ANDRADE, 2005, p. 61). São elas o Platô Elevado de Floraí, Platô elevado de Nova Bilac e Baixo Patamar da Genúncia.

3.1. – Platô Elevado de Floraí

No Platô elevado de Floraí, situado a uma altitude compreendida entre 460 e 560 m de altitude, a formação litológica predominante é a Formação Caiuá, e na região visitada (alta vertente) o solo encontrado foi o Latossolo Vermelho. Essa região se caracteriza por ter pequenas propriedades, com uma média de 30 ha, loteadas de modo

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que uma parte se encontrasse no fundo de vale, às bordas do ribeirão Esperança, e outra ao lado das estradas que cortam a região.

Nessa unidade anteriormente a 1975, a cafeicultura era muito forte, porém a partir de 1960, com o início da crise do café, os produtores foram perdendo a sua força, devido o excesso de produção do estado e a baixa procura, causando a queda no preço. Como as propriedades eram pequenas, os produtores não tiveram condições de se modernizarem, e por isso tiveram que encontrar saídas para continuar no campo. Com isso, surgiram na região o cultivo de amora e a Sericicultura.

Floraí contava nesse período com mais de 60 barracões do cultivo de bicho da seda, e detinha mais de 90% da produção de fios de seda do Paraná. Com a grande produção e o progresso da atividade, os sericicultores começaram a se organizar, formando sindicatos, para com isso desenvolver melhores meios de produção e sobrevivência. Porém esse tipo de atividade era controlado por duas grandes empresas, a KANEBO e a FUJIMURA. Essas empresas forneciam o bicho da seda e outras matérias para a produção, e decidiram parar de fornecer a matéria-prima para esta região, pois essa organização dos sericicultores estava muito exigente. Surgiu assim, uma nova necessidade de adaptação de cultivo no local.

A partir disso, surgiu uma iniciativa de incentivo do plantio da soja no arenito, cultivada no verão, por volta do ano 2000, substituindo assim as pequenas lavouras familiares e transformando a paisagem. Auxiliados pela COCARI (Cooperativa dos Cafeicultores de Mandaguari) e COCAMAR (Cooperativa dos Cafeicultores de Maringá) os produtores tinham maior facilidade na compra de insumos e também na venda e estocagem dos seus produtos. No Inverno o plantio era de milho safrinha. Essa mudança causou o arrendamento e até a venda das propriedades para outros produtores, e até produtores de outro município.

Em 2005, houve a entrada do plantio de cana-de-açúcar no platô elevado de Floraí, e novamente uma nova configuração no uso do solo. Agora as propriedades são arrendadas para usinas, assim, há a formação de um grande estabelecimento rural, de pequenas propriedades, que vem ganhando cada vez maiores dimensões. Foi observada em campo uma propriedade que tinha em suas propriedades vizinhas o plantio da cana, cercada por todos os lados, mostrando a resistência do proprietário em continuar em sua terra. As propriedades são arrendadas por um período de no mínimo 10 anos e tem um

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preço muito baixo, por volta dos R$27,00 por alqueire, forçando a venda das propriedades.

3.2. Baixo Patamar da Genúncia

O Baixo Patamar da Genúncia localizado no Sudoeste do município de Floraí é ao contrário dos demais locais do município, composto por grandes propriedades de aproximadamente 150 ha cada. O módulo local varia entre 15 e 20 ha, sendo este variável de acordo com o solo em que se encontra, sendo menor no basalto e maior no arenito. O Patamar da Genúncia é situado totalmente no basalto da Formação Serra Geral. O local tem em sua topografia a paisagem de colinas amplas entalhadas pelos ribeirões Esperança, Paranhos (trechos médios e inferiores) e Genúncia, com altitudes entre 340 e 380m.

“O topo das colinas nesse setor é muito amplo e relativamente aplainado com declividades predominantes inferiores a 3%. As vertentes são convexo-retilineas e extensas chegando a 2600m de comprimento em alguns locais. Na alta e media vertente as declividades variam entre 3 e 8%, chegando, contudo, a declividade maiores, entre 8 e 20%, em estreita faixa já na baixa vertente.” (ANDRADE, 2005).

Anteriormente, nessa região havia pequenas propriedades que se enquadravam na visão geral da região, composta de cultivo de café, mas após muitas geadas, e, finalmente após a geada de 1975, os produtores que detinham um maior capital se apropriaram das pequenas propriedades vizinhas, comprando-as ou, principalmente, arrendando-as. Por esse motivo é que a área é formada por grandes proprietários de pequenas propriedades, ou seja, não há uma unificação dessas terras em uma escritura provando o alto número de arrendamentos da mesma.

Após a geada e a mudança da paisagem evidenciou-se uma troca que passou do café (uma cultura permanente) para o plantio de culturas temporárias de cereais como, por exemplo, o milho, o trigo e a aveia que são plantados anualmente.

Dos grandes produtores presentes no Patamar da Genúncia, seis possuem capacidade de fazer o armazenamento do produto de forma correta, utilizando silos. Isso possibilita ao produtor uma economia muito grande, pois se ele não possuísse essas estruturas ele teria que pagar a alguém ou às cooperativas locais para realizar esse

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armazenamento, além disso, este processo resulta em uma maior qualificação, aumentando cada vez mais os seus estoques e, consecutivamente, as suas vendas.

Outra decorrência desse arrendamento das áreas é o desaparecimento de diversificação. Antes dessa unificação das terras, o Patamar da Genúncia enquanto dividido em pequenas áreas com vários pequenos proprietários presenciava uma grande diversificação composta por produtos de base alimentar (classificados como horta) de uma agricultura familiar, além de produtos de venda, cultivos permanentes para a ajuda na renda familiar. Agora, a característica do local é a monocultura, com rotações anuais de produtos supracitados.

Anteriormente a toda essa mudança e às geadas freqüentes evidenciadas em 1975 houve também uma mudança no valor monetário da terra. Em uma situação normal a terra composta pelo Latossolo Vermelho Eutroférrico possuía um valor mais alto devido à sua fertilidade, mas com a ocorrência mais frequentes de geadas devido à proximidade do leito do ribeirão Paranhos, com isso o valor da terra abaixou, e elevou-se o preço das propriedades na região em que o solo é originado pelo arenito da formação Caiuá, pois nessa área a ocorrência de geadas é mais escassa.

Em Floraí, os solos originados do basalto estão em aproximadamente 6 mil alqueires e as áreas originadas pelo arenito são muito maiores, por volta dos 30 mil alqueires. As propriedades existentes nas áreas de origem basáltica são vendidos entre 50 e 60 mil reais, enquanto este, é vendido de 25 a 30 mil reais o alqueire. Anteriormente a esses acontecimentos, a variância entre esses preços era ainda maior. Em algumas partes do Patamar verificam-se, também, algumas manchas de Latossolo Vermelho de Textura média que se assemelham às originadas do arenito Caiuá. (ANDRADE, 2005).

3.3. Platô Elevado de Nova Bilac

O distrito de Nova Bilac, localizado no setor noroeste de Floraí é composto pelo Latossolo Vermelho Eutroférrico, derivado do Arenito Caiuá.

Devido aos impactos causados pela concorrência internacional na produção cafeeira, o excesso de produção, falta de mercado, as fortes geadas, o café entra em crise e é estagnado. Como soluções foram adotadas grandes diversificações de culturas. Na região de solo arenito substituiu-se o café pela bovinocultura de leite e de corte,

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sericicultura, suinocultura, avicultura de corte e postura, algodão, milho, mandioca e atividades de subsistência como feijão e arroz.

Em 2004, segundo a EMATER, Floraí apresentava 12.000 hectares de soja o que comparado com os anos de 1998 e 1999(8.500 hectares) teve um aumento de 29,16%. Esse disparado avanço dificilmente ocorreria de forma natural, em função das impróprias condições da qualidade do solo local. Para tanto a modernização da agricultura nas áreas de cultivo torna-se fator decisivo na permanência do mercado ou à falência.

Como exemplo desta mudança se pôde observar uma pequena propriedade minifundiária (não auto-suficiente), sustentada basicamente pela agropecuária de gado leiteiro, onde todas as atividades são voltadas para o setor. Todo consumo alimentar é industrializado. A pequena produção de milho e mandioca é totalmente voltada para alimentação do gado.

Outra característica notada é a conservação de estruturas destinadas anteriormente, à sericicultura, que exigia grandes cuidados devido a alta vulnerabilidade do bicho da seda. Como o próprio proprietário relata: “O gado é mais fácil de ser criado, mesmo que exija intensa dedicação de seu tempo, não temos Natal nem Ano Novo”.

Todo cotidiano doas animais deve ser seguido com vigor, caso contrário pode haver alterações na composição do leite, o que implica em prejuízo e perca de confiança por parte da empresa compradora de seu leite. Todo leite recolhido dos fornecedores passa por um processo de avaliação qualitativa feito pela Universidade de São Paulo (em Piracicaba) e só dessa forma é será vendido seu produto.

Ao mesmo tempo em que é exigida qualidade pelos fornecedores, a modernização (ordenha, ração especial, remédios), é indispensável, o que consequentemente requer verba. Mesmo que o retorno não seja muito bem cotado, somente com tais recursos os produtores podem se assegurar no mercado. Por este caso, muitos deles optam por financiamentos, como o PRONAF.

A questão cultural étnica também ocasiona forte influência na região de Nova Bilac de forma enérgica. De 12 famílias existentes, 11 são de descendência japonesa, fortemente apegados ao cultivo da terra, onde produzem em sua maioria, uva.

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Devido ao relevo, o avanço da cana de açúcar é freado, o que caracteriza a grande diversificação local no cultivo da laranja, seringueira, uva e bucha.

Mesmo com as variadas culturas, o proprietário não detém um suporte para as vendas, um mercado consolidado que ganhe espaço quebrando fronteiras e gerando lucro para aqueles que da terra geram as riquezas. Neste contexto que se inserem as cooperativas, capazes de empreender o negócio agrícola, como a COCAMAR e a INTEGRADA.

4 – Considerações Finais

A partir da elaboração deste trabalho, podemos entender vários fatores que colaboraram para a dispersão da população Floraiense, a dificuldade enfrentada pelos produtores em conseguir se manter na terra e sua resistência através dos anos. A entrada recente da cana no município nos indica um novo processo de mudança na configuração do uso do solo agrícola, e o grande aumento das áreas arrendadas para esse cultivo faz com que mais moradores deixem suas terras em função deste novo processo.

5 - Referências Bibliográficas

ANDRADE, J.A. As Unidades de Paisagens e os Sistemas de Produção Agrícolas no

Município de Floraí-PR. 2005. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação

em Geografia, Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2005.

CANCIAN, N.A. Cafeicultura paranaense 1900-1970; estudo de conjunturas. 1977. Tese (Doutorado), Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1977.

FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo

Demográfico de 1960 – Paraná. VII Recenseamento Geral do Brasil, Volume I, Tomo

XIV, Rio de Janeiro, FIBGE, 1967.

_______. Censo Demográfico de 1970 – Paraná. VII Recenseamento Geral do Brasil, Volume I, Tomo XIX, Rio de Janeiro, FIBGE, 1973.

_______. Sinopse preliminar do Censo Demográfico 2000 – Paraná. Rio de Janeiro: IBGE, 2001, 20p.

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PERARO, M.A. Estudo do Povoamento, Crescimento e Composição da População do

Norte Novo do Paraná de 1940 a 1970. 1978. Dissertação (Mestrado), Departamento de

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