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PODER JUDICIÁRIO. ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Vigésima Sétima Câmara Cível/Consumidor EMENTA

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________________________________________________________________________________________________ Apelação Cível nº 0009279-80.2011.8.19.0208 1

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0009279-80.2011.8.19.0208

APELANTE: LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS SANTA ADELIA APELADO: AGATHA CRISTIE THOMAZ LEITE

RELATOR: DES. ANTONIO CARLOS DOS SANTOS BITENCOURT

EMENTA

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. EXAME LABORATORIAL DE SANGUE BETA HCG. RESULTADO CONHECIDO COMO “FALSO NEGATIVO”. POSTERIOR CONSTATAÇÃO DE GRAVIDEZ PELA PACIENTE. INEXISTÊNCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. PACIENTE QUE RECEBE RESULTADO NEGATIVO DE EXAME BETA-HCG E, POSTERIORMENTE, DESCOBRE ESTAR GRÁVIDA POR MEIO DA REALIZAÇÃO DE ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA. OS EXAMES DE SANGUE DE HORMÔNIO BETA HCG, REALIZADOS PARA A VERIFICAÇÃO DA GRAVIDEZ, SÃO SUGESTIVOS E NÃO POSSUEM O CONDÃO DE AFIRMAR A

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EXISTÊNCIA DE GESTAÇÃO, SENDO TAL FUNÇÃO DO MÉDICO, A QUEM CABE ANALISAR OS DADOS CONTIDOS NO EXAME, E NÃO DA PACIENTE. EXISTÊNCIA DE FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NO RESULTADO DO EXAME, COMO A PRECOCIDADE DA REALIZAÇÃO, ALTERAÇÃO DE REAGENTES OU FATORES EMOCIONAIS. A CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ DEVE OCORRER COM A COMBINAÇÃO DOS EXAMES DE BETA-HCG E A ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA, QUE DEVEM SER ANALISADOS PELO MÉDICO DA PACIENTE. AUSÊNCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PELO LABORATÓRIO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SENTENÇA QUE SE REFORMA. RECURSO CONHECIDO, DANDO SE PROVIMENTO AO APELO DA RÉ.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 0009279-80.2011.8.19.0208, em que figuram como partes os acima nomeados.

ACORDAM os Desembargadores que compõem a 27ª Câmara Cível do Consumidor do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em conhecer dos recursos para dar provimento ao apelo da ré, na conformidade do voto do Desembargador Relator.

Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2015.

ANTÔNIO CARLOS DOS SANTOS BITENCOURT DESEMBARGADOR RELATOR

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RELATÓRIO E VOTO

Trata-se de ação indenizatória de danos materiais e morais, ajuizada por AGATHA CRISTIE THOMAZ LEITE, em face de LABORATÓRIO DE ANALISES CLINICAS SANTA ADELIA, em razão de erro no resultado de exame Beta-HCG, apresentado como negativo, quando, posteriormente, a autora descobriu que estava grávida após a realização de ultrassonografia obstétrica.

Apelação da ré às fls. 66/67, sustentando, em síntese, que o exame "BETA HCG", que mede a alteração hormonal de mulheres e serve de base para que o médico da paciente, valendo-se de outros exames, possa atestar a existência ou não de uma gravidez. O exame da Apelada teria apresentado, naquela oportunidade, resultado negativo para a alteração do hormônio de dicoproteina (hCG) — frise-se, jamais se mencionou no laudo o termo gravidez, gestação etc., sendo prescrito em seguida, pela sua médica particular, que não solicitou qualquer outro teste complementar, se é que a apelada de fato informou à médica sobre a suspeita de gestação um medicamento anticoncepcional.

Contrarrazões do apelado/autor às fls. 157/160, afirmando que a Recorrente deseja excluir sua a culpa, que é mais do que óbvia, devendo ser mantida a sentença, a fim de coibir que a Recorrente continue agindo da forma errônea como agiu, sendo observado devidamente o binômio dano/indenização, tendo em vista todos os problemas que foram causados a Recorrente, não havendo o que se falar em

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enriquecimento sem causa, já que a Recorrente muito prejudicou a recorrida que muitos sofreu durante sua gestação. Finalizando, espera o Recorrido a majoração ou que seja mantida a r. sentença de fls.124/126.

É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR.

A lide versa sobre relação de consumo sujeita, portanto, às disposições da Lei nº. 8.078, de 1990 (Código de Defesa do Consumidor – CDC), e que se refere a pedido de indenização por danos materiais e morais decorrentes de erro em resultado de exame Beta-HCG realizado pela autora em laboratório da empresa ré.

O ponto nodal do litígio cinge-se em aferir-se a ocorrência, ou não, de falha no serviço prestado pela empresa ré.

Da análise dos autos extrai-se que a ré apresentou, à autora, resultado negativo de exame Beta-HCG realizado em 17/11/2010, havendo a demandante descoberto, posteriormente, através de ultrassonografia, que estava grávida em 25/02/2011 com biometria fetal compatível com 24 semanas.

Com efeito, os exames de sangue através de hormônio Beta-HCG, realizados para a verificação da gravidez, são sugestivos e não possuem o condão de afirmar a existência de gestação, sendo tal função do médico, a quem cabe analisar os dados contidos no exame, e não da paciente.

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In casu, pela ré foram realizados dois exames de Beta HCG, sendo o primeiro no dia 17/11/2010, cujo resultado foi negativo e o segundo em 10/02/2011, cujo resultado positivo. A autora foi atendida pela Dra. Maria Arlete Nicolas Rodrigues, CRM 52.61801- o no dia 18/11/2010, onde foi prescrito anticoncepcional injetável - Cyclofenaina (fls. 24). A mesma médica solicitou em 28/02/2011 ultrassonografia morfológica (fls.25), cuja conclusão foi de biometria fetal compatível com 24 semanas (fls. 26/27).

Releva notar que o exame de beta HCG não é absoluto, sendo certo que alguns fatores podem influenciar no resultado como a precocidade da realização, alteração de reagentes ou fatores emocionais. Tais situações podem gerar um resultado conhecido como ―falso negativo‖. Assim, a confirmação da gravidez vem com a combinação dos exames de Beta-HCG e a ultrassonografia obstétrica, que devem ser analisados pelo médico da paciente, o que inocorreu na espécie.

Dessa forma, entendo que inexiste falha na prestação do serviço por parte do Laboratório que justifique pretensão indenizatória.

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―Apelação cível. Indenizatória. Exame laboratorial de sangue – Beta HCG falso- negativo. Correta prestação do serviço. Ausência de nexo. Inexistência do dever de indenizar. Não se pode considerar falha na prestação do serviço o resultado trazido pelo exame Beta HCG, eis que este apenas mede a taxa hormonal da paciente, sugerindo ou não a gravidez. Cabe à paciente levar tal exame ao médico competente que irá avaliá-lo e tomar as decisões que achar necessários face aos sintomas de gravidez que a autora sentia na ocasião e o resultado apresentado pelo exame de sangue. Nexo de causalidade não caracterizado. Danos morais inexistentes. Sentença que se reforma. Recursos conhecidos, dando se provimento ao 2º apelo e considerando-se em virtude disto, prejudicado o 1º apelo.‖ Apelação Cível 0009408-16.2005.8.19.0202 - DES. LUCIA MIGUEL S. LIMA - Julgamento: 08/02/2011 – 12ª Câmara Cível.

―RESPONSABILIDADE CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS. ALEGAÇÃO DE FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. SUPOSTO ERRO DE DIAGNÓSTICO. RESULTADO DE EXAME DE GRAVIDEZ NEGATIVO. EXAME DE SANGUE BASEADO

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EM ÍNDICES DE BETA HCG QUE APENAS SUGERE GRAVIDEZ. DIAGNÓSTICO DEFINITIVO QUE SOMENTE PODE SER FORNECIDO MEDIANTE EXAME ULTRASSONOGRÁFICO COM A ANÁLISE DE BATIMENTO CARDIO-FETAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 14, § 3º, I, DO CÓDECON. 1- COMPETE À PARTE AUTORA A PROVA DO NEXO CAUSAL ENTRE O ERRO DE DIAGNÓSTICO E O RESULTADO DANOSO. 2- O DANO MORAL NÃO PODE SER CONCEBIDO COMO CONSEQÜÊNCIA DE UM ESTADO EMOCIONAL, FRUTO DE UM SIMPLES ABORRECIMENTO, OU DE UMA EXPECTATIVA FRUSTRADA.‖ TJ/RJ. Apelação Cível nº. 2006.001.68431. Rel. Des. Antonio Saldanha Palheiro. 5ª Câmara Cível. Julg: 16/01/2007.

Releva destacar que o exame da dosagem do Beta-HCG sanguíneo varia conforme a idade gestacional e a avaliação de seus resultados devem ser realizadas pelo médico, que, aliás, é quem tem condições de apontar a possibilidade de falsos positivos ou falsos negativos, justamente por que outras variantes interferem, notadamente as alterações de ciclo menstrual e também, avaliar a necessidade de solicitar a realização de novo teste alguns dias após, uma vez que o nível do hormônio pode estar normal ou não no início da gravidez.

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Ademais, na resposta aos quesitos do item 3 e 4 do laudo pericial de fls. 91/94, o expert do Juízo afirma categoricamente que é possível que o exame Beta HCG deixe de constatar a presença do hormônio chamado gonadotrofina coriônica mesmo durante o período de gestação, por não possuir, ainda, níveis do hormônio detectáveis pelo método.

Por essas razões, conheço do recurso para dar PROVIMENTO ao apelo da ré, declarando a improcedência dos pedidos autorais e condenando a autora em custas e honorários de 10% sobre o valor da causa, observando-se os termos do artigo 12 da lei 1060/50.

É como voto.

Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2015.

DES. ANTONIO CARLOS DOS SANTOS BITENCOURT RELATOR

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