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ABUSO SEXUAL: QUANDO O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR É POSTO EM QUESTÃO

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Academic year: 2021

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ABUSO SEXUAL: QUANDO O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR É

POSTO EM QUESTÃO

Maria de Lurdes Rodrigues Santa Gema1 Rosana Monteiro Araújo2

23ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude Cível de Belo Horizonte

Avenida Olegário Maciel, nº 555, Centro – Belo Horizonte

Tel. 3272-2939/3272-2906

1 Promotora de Justiça – Coordenadora da 23ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude Cível de Belo

Horizonte, atua na defesa dos direitos da infância e da juventude há onze anos.

2

Psicóloga, Analista do Ministério Público Estadual de Minas Gerais, lotada na 23ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude Cível de Belo Horizonte. Especialista em Violência contra Crianças e Adolescentes – USP; Especialista em Atendimento Sistêmico à Famílias – PUC/MG; Especialista em Políticas Públicas/UFMG.

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ABUSO SEXUAL: QUANDO O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR É

POSTO EM QUESTÃO

Maria de Lurdes Rodrigues Santa Gema3 Rosana Monteiro Araújo4

SUMÁRIO: INTRODUÇÃO; 1. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: O

RECONHECIMENTO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA POPULAÇÃO INFANTO-JUVENIL. 1.1. A CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA: UM DIREITO EM CONSTRUÇÃO. 2. CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL: REPENSANDO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR. CONCLUSÃO

RESUMO:

O presente trabalho tem como objetivo propor uma reflexão sobre a questão da convivência familiar, direito assegurado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, frente aos casos abuso sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes que aportam no sistema de justiça e que demandam um conhecimento especializado sobre o assunto. As autoras apresentam a relevância de uma atuação diferenciada do Ministério Público nesta questão, principalmente, no que diz respeito ao seu envolvimento nas matérias de Orçamento Público e Políticas Públicas. Decidir sobre a permanência ou não da criança e do adolescente em sua família natural é tarefa bastante desafiadora não somente para o sistema de justiça, mas também para os demais órgãos que integram a rede de proteção.

PALAVRAS CHAVES: crianças e adolescentes; abuso sexual intrafamiliar; convivência

familiar; Estatuto da Criança e do Adolescente.

ABSTRACT: The present article aims at proposing a reflection on the issue of family life, right

secured by the Constituion and the Statute of Children and Adolescents, compared to intrafamilial sexual abuses cases that bring the justice system and require a specialized knowledge. The authors present the relevance and differentiated performance on the prosecutors in this matter, especially with regard to their involvement in the field of Public Budget and Public Policy. Decide on the permanence or otherwise of children and adolescents in the natural family

3 Promotora de Justiça – Coordenadora da 23ª Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude Cível de Belo

Horizonte, atua na defesa dos direitos da infância e da juventude há nove anos.

4 Psicóloga, Analista do Ministério Público Estadual de Minas Gerais, lotada na 23ª Promotoria de Justiça da

Infância e da Juventude Cível de Belo Horizonte. Especialista em Violência contra Crianças e Adolescentes – USP; Especialista em Atendimento Sistêmico à Famílias – PUC/MG; em fase final de conclusão do Curso de Especialização em Políticas Públicas/UFMG.

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is very challenging task not only for the system justiçe, but also for the other of the protective network.

KEYWORDS: children and adolescents; intrafamilial sexual abuse; family life; Statute of

Children and Adolescents

INTRODUÇÃO

O presente artigo objetiva tecer algumas considerações sobre a temática da convivência familiar e comunitária, propondo uma discussão sobre a questão da convivência familiar nas situações de abuso sexual intrafamiliar de crianças e adolescentes.

Na primeira seção deste trabalho faz-se um breve histórico acerca da construção social da concepção da criança e do adolescente como sujeitos de direito e como foram sendo estruturadas por meio de mecanismos constitucionais e infraconstitucionais, as políticas públicas para garantir à infância e à juventude o acesso aos direitos fundamentais preconizados na Constituição Federal. Ainda, nesta seção, debate-se sobre o direito fundamental à convivência familiar e comunitária, sendo que seu pleno desenvolvimento tem se tornado um desafio para o Poder Público e a sociedade.

Na segunda seção pretende-se realizar uma discussão sobre a questão da convivência familiar nas situações de abuso sexual intrafamiliar, apresentando a complexidade deste fenômeno e como seu enfrentamento requer um conhecimento especializado e uma atuação em articulada.

Por fim, este trabalho tem como objetivo final propor uma reflexão sobre o importante papel do membro do Ministério Público em sua atuação na defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

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1. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: O RECONHECIMENTO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA POPULAÇÃO INFANTO-JUVENIL.

Segundo Ariès, em sua obra História Social da Criança e da Família, até o século XVIII a infância e a adolescência não eram concebidas como fases importantes na vida das pessoas. Não havia por parte da sociedade a sensibilidade com relação à necessidade de serem dispensados cuidados especiais para as crianças e adolescentes, sendo observada elevada taxa de mortalidade infantil nesta época. Houve um longo percurso histórico e social até que esse cenário fosse modificado e foi a partir do século XIX que deu início a uma cultura de preocupação com a infância e a adolescência.

De modo geral foram criadas leis e concebidas ações para lidar com as desordens sociais que eram atribuídas às crianças e aos adolescentes provenientes de lares pobres e desestruturados e que dependiam da intervenção do Estado para que não se transformassem em adultos desajustados. A criação do Código de Menores em 1927 e sua revisão em 1979 funcionavam como instrumentos de controle, transferindo para o Poder Público a tutela dos "menores inadaptados", justificando assim, a adoção de medidas repressivas. Tratava-se ainda de um Código que tinha um caráter discriminatório já que associava a condição de pobreza à delinqüência.

A Constituição Federal de 1988 passou a representar um novo marco na concepção da infância e da adolescência, reconhecendo a criança e o adolescente como sujeitos de direito que necessitam de proteção integral por serem indivíduos que se encontram em fase de desenvolvimento, e não apenas portadores de carências. A Doutrina da Proteção Integral adotada a partir desta Constituição baseia-se na idéia de que é preciso que seja assegurada a aquisição de uma cidadania infanto-juvenil e que para que isso se concretize deve haver a ampla atuação do Estado, da sociedade e da família, conforme estabelece o artigo 227:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

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Tânia da Silva Pereira, em seu artigo Criança e Adolescente: Sujeito de Direitos,

Titulares de Direitos Fundamentais, Constitucionalmente Reconhecidos5, argumenta que apesar

do Constituinte destacar que os direitos fundamentais estariam restritos ao artigo 5° em seus 77 incisos, faz-se necessária uma leitura atenciosa sobre que dispõe o 2° parágrafo deste artigo: “Os

direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.

Nesse sentido, a autora supracitada sustenta que o artigo 227, assim como os demais artigos alinhados ao mesmo princípio, expressam de forma bastante clara quais os direitos fundamentais da criança e do adolescente que devem ser assegurados para que seja efetivada a sua condição de sujeitos de direito com absoluta prioridade ao invés de serem meros objetos de intervenção social e jurídica. Não se pode deixar de mencionar que o Brasil é signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e de Tratados Internacionais que visam assegurar a proteção e cuidados especiais ao público infanto-juvenil.

A Convenção acima citada, aprovada pela ONU em 20 de novembro de 1989 e ratificada pelo Brasil através do Decreto 99.710, de 21 de novembro de 1990, reconhece normas e medidas que devem ser implementadas em favor das crianças e adolescentes visando o seu pleno desenvolvimento e traz em seu bojo a determinação de quais direitos humanos que devem ser considerados universais, bem como, a exigência de mecanismos de fiscalização por parte dos países signatários. Cabe destacar que neste documento considera-se criança todo ser humano menor de 18 anos.

É neste contexto de afirmação dos direitos da criança e do adolescente pela Carta Constitucional de 1988 e pela comunidade internacional que é elaborada, com a intensa participação dos movimentos sociais, a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e Adolescente, e que vem regulamentar o disposto no artigo 227 da Constituição Federal de 1988, trazendo de forma concreta como deve ser o papel do Estado, da sociedade e da Família na proteção e garantia dos direitos da criança e do adolescente e exigindo destas três esferas de ação política a atuação conjunta.

O novo diploma legal procurou romper com a visão estritamente jurídica, passando a encarar os problemas que envolvem crianças e adolescentes sob múltiplos aspectos e que

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necessitam de intervenção interdisciplinar. Desse modo, o legislador propôs um amplo reordenamento institucional, com a emergência de uma política de atendimento alicerçada na descentralização político-administrativa e na municipalização6. Pode-se dizer que o assistencialismo filantrópico foi substituído por propostas de trabalhos de cunho socioeducativo direcionados para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou de risco social e ou pessoal, assim como, intervenções dirigidas às famílias. De forma definitiva, encerra-se o legado da Doutrina da Situação Irregular. Crianças e adolescentes passam a serem vistos pelo seu presente, pelas possibilidades que têm nessa idade e não pelo futuro, pelo o que poderão vir a ser. Cabe ressaltar que a Constituição Federal, ao modificar as atribuições do Ministério Público, deu-lhe a incumbência legal de promover a defesa dos ideais democráticos e dos interesses sociais, passando a se apresentar como guardião da cidadania e da dignidade da pessoa humana, que são fundamentos do Estado Democrático de Direito. Esse novo papel Constitucional do Ministério Público é materializado na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, nos artigos 200 a 205, que visam, em suma, proteger os interesses individuais, coletivos e difusos de crianças e adolescentes (artigo 201, inciso VIII).

De acordo com Vicente de Paula Faleiros, em seu artigo Políticas para a Infância e

Adolescência e Desenvolvimento7, “o reconhecimento da criança e do adolescente como cidadãos mudou o marco de referência legal, mas foi a ampla mobilização da sociedade pelos direitos infanto-juvenis que propiciou a elaboração de novas políticas...” (p.174). O autor

destaca que com a implementação do ECA se deu a criação e a consolidação de um Sistema de Garantia de Direitos. Do ponto de vista organizacional, este sistema integra diversos atores e espaços institucionais interdependentes, com papéis e atribuições definidas por esta Lei, sendo que para a sua efetiva atuação é necessário que seus três eixos: o da promoção dos direitos instituídos, o da defesa, tendo em vista a violação instalada, e o do controle social, que pressupõe

a participação da sociedade na elaboração e fiscalização de políticas sociais, funcionem de forma interativa.

A concretização do Sistema de Garantia de Direitos se dá por meio das redes de proteção que são configuradas localmente, o que permite organizar as políticas de atendimento em atenção à demanda, conforme preceitua a lógica da descentralização e político-administrativa e da

6

Ver artigo 88 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

7Texto disponível em http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/bpsociais/bps_11/ENSAIO1_Vicente.pdf.

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municipalização. É importante destacar que a perspectiva da descentralização prevê a reestruturação administrativa do Estado e da gestão das políticas públicas visando maior agilidade e eficácia das ações. O deslocamento do poder do nível central para os níveis locais permite uma maior interlocução do Poder Público com a sociedade, favorecendo a participação social, e por conseqüência, o exercício do controle social.

A responsabilidade pública dos governos locais na gestão de políticas sociais permite melhor correspondência dos problemas sociais com as políticas a serem desenvolvidas, bem como, a participação do cidadão no processo decisório com relação à elaboração e implementação de tais políticas. A participação popular possibilita o exercício do controle social, principalmente com relação ao acompanhamento do ciclo orçamentário, no que se refere aos recursos financeiros destinados para cada política (assistência social, educação, saúde, etc.) e como o gestor público executa tais recursos.

1.1. A CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA: UM DIREITO EM CONSTRUÇÃO.

A temática da convivência familiar e comunitária vem sendo amplamente debatida, tendo em vista as mudanças ocorridas com o advento da Lei nº 12.010, de 03 de agosto de 2009, denominada "Lei Nacional de Adoção” e que alterou 54 artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente. A finalidade da mudança legislativa foi prevenir o afastamento do convívio familiar e comunitário, esgotando todas as possibilidades de manutenção do vínculo familiar; evitar o prolongamento da medida de acolhimento institucional, fixando o prazo máximo de dois anos para a permanência de crianças e adolescentes em abrigos; desburocratizar o processo de adoção. Cabe informar que em 2005, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA realizou uma pesquisa nos abrigos do País, constatando que 86,7% das crianças e adolescentes abrigados tem família, sendo que 58,2% mantêm vínculos familiares e apenas 5,8% estavam impedidos judicialmente de manterem contato com a família.8

8 Informação adquirida no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à

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A legislação brasileira estabelece que toda criança e adolescente possui o direito a ter uma família que não a coloque em situação de risco pessoal ou social, cujos vínculos sejam protegidos pelo Estado e pela sociedade, conforme preconiza o artigo 19 do ECA:

Toda a criança e o adolescente têm o direito a ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Para que se possa realizar a devida discussão acerca do direito à convivência familiar é importante considerar as transformações ocorridas na estrutura da família em nossa sociedade e como tais transformações vêm sendo assimiladas pela legislação brasileira. A compreensão sobre os modelos atuais de família, no que tange aos atores e papéis desempenhados deve se estender para além da família nuclear tradicional, composta por pai, mãe e filhos, e incluir a família extensa e ampliada, no reconhecimento da existência de uma rede de vínculos que não podem ser delimitados ao espaço físico doméstico.

Desse modo, independente do arranjo familiar predominante, a ênfase a ser dada é na capacidade que a família tem de exercer a função de proteção, dos cuidados com suas crianças e adolescentes e de socialização. É preciso superar o modelo ideal de família e trabalhar com aquela família que é real e que muitas vezes apresenta sérias dificuldades em prover a assistência adequada, expondo os filhos a uma série de violações, que não raro, faz com que crianças e adolescentes encontrem nas ruas a proteção que não conseguem obter no lar.

Diante da impossibilidade dos pais e ou responsáveis de continuarem a exercer o poder familiar, a medida protetiva de acolhimento institucional pode ser aplicada a fim de proteger a integridade física, mental e emocional da criança e do adolescente. Sobre esta questão, o artigo 101, parágrafo 1º do ECA, prevê que esta medida tem que ser tomada em caráter excepcional e provisório, significando que só deve ser aplicada caso não haja possibilidade de permanência da criança e ou do adolescente em seu ambiente familiar e como transição para a reintegração familiar ou encaminhamento para uma família substituta, por meio do devido processo de guarda, tutela ou adoção.

Com as novas regras incorporadas ao Estatuto da Criança e do Adolescente, o Poder Judiciário passa a ter a incumbência de reavaliar de forma periódica a situação de acolhimento institucional, no máximo semestralmente, com vistas a não prolongar excessivamente a

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permanência da criança e do adolescente nesta situação, evitando assim, o rompimento definitivo do vínculo familiar com a família nuclear ou extensa, e a restrição das possibilidades de adoção.

Nesse sentido, é importante ressaltar o papel do Ministério Público, para além da sua atuação no processo judicial, no que se refere a sua prática extrajudicial atuando como garantidor da rede de proteção infanto-juvenil, possuindo atribuições que visam desde a fiscalização do funcionamento desta rede até a propositura de Ação Civil Pública para que crianças e adolescentes tenham acesso aos seus direitos fundamentais (artigo 201, inciso V do ECA). Assim, a atuação do membro do Ministério Público como representante da sociedade deve a ela estar conectado, interagindo de forma concreta com a comunidade, estando mais próximo dos seus problemas sociais e atuando como agente político, capaz de transformar a realidade social.

Para que reordenamento jurídico estabelecido pela Lei nº 12.010, de 03 de agosto de 2009, seja realmente concretizado é necessário que seja implementada uma política de atendimento alicerçada na lógica da intersetorialidade e que promova a articulação das políticas públicas de modo a evitar a fragmentação das ações. Na perspectiva da integralidade, em dezembro de 2006, foi aprovado o Plano Nacional de Proteção, de Promoção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e mesmo que ainda não estejam totalmente contempladas as regras determinadas pela “Lei Nacional de Adoção”, já que esta foi promulgada em data posterior, este Plano significa um grande avanço no sentido de conceber estrategicamente um conjunto articulado de políticas públicas de garantia à convivência familiar e comunitária, prevendo para isso, que seja realizado monitoramento e avaliação dos resultados.

Desse modo, a intervenção do Promotor de Justiça com atuação na área da infância e da juventude deve ter como foco o acompanhamento das políticas públicas visando garantir que crianças e adolescentes tenham prioridade absoluta no Orçamento Público, especialmente no que diz respeito àquelas políticas sociais que tem como finalidade assegurar o direito à convivência familiar e comunitária. Para isso, o membro do Ministério Público pode lançar mão de procedimentos administrativos e do inquérito civil para apurar regularidades e, posteriormente, emitir recomendações e celebrar Termos de Ajustamento de Conduta. Trata-se da atuação na esfera extrajudicial e que requer amplo conhecimento na matéria orçamentária e trabalho conjunto com o Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente que tem a missão de formular, deliberar e fiscalizar as políticas públicas, nos níveis municipal, estadual e federal.

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O Conselho Nacional de Justiça publicou em 07 de julho de 2011, a Resolução n° 71, de 15 de junho de 2011, que “dispõe sobre a atuação dos membros do Ministério Público na defesa do direito fundamental à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes em acolhimento e dá outras providências”. Esta resolução determina que os Promotores de Justiça com atuação na área da infância fiscalizem pessoalmente, entidades de acolhimento institucional e programas de acolhimento familiar sob sua responsabilidade, no mínimo uma vez a cada três meses. Para as cidades com mais de um milhão e menos de cinco milhões de habitantes, a fiscalização poderá ser feita a cada quatro meses e semestralmente naquelas cidades com mais de cinco milhões de habitantes. A fiscalização irá propiciar a sistematização de informações sobre o perfil das crianças e adolescentes atendidos pelas entidades de acolhimento e sua inserção na rede de atendimento, através da coleta de dados que terá que ser realizada e preenchida em formulário eletrônico pelo membro do Ministério Público.

Contudo, ainda há muito que se discutir sobre a convivência comunitária, haja vista que todas as ações têm sido focalizadas na família, na necessidade de reconhecimento de suas competências e na garantia da convivência familiar. É preciso que o Poder Público e a sociedade façam um amplo debate sobre esta questão, objetivando buscar a compreensão acerca das estratégicas possíveis, no que tange à definição e implementação de políticas públicas para assegurar o direito a convivência comunitária. Diante da ineficácia do Estado em prover as condições mínimas para o bem estar e o convívio social, e assim, promover a equidade social, pois grande parte do povo brasileiro ainda experimenta condições indignas de habitação, saneamento básico, segurança, justiça, etc., que políticas públicas precisam ser pensadas para que este direito seja garantido?

2. CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL: REPENSANDO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR.

A violência sexual contra crianças e adolescentes é um fenômeno bastante antigo em nossa sociedade e suas raízes estão inseridas em um contexto histórico, social e cultural de complexas relações de poder que implicam na dominação do adulto sobre a criança, no machismo, no patriarcalismo e na desigualdade de gênero. Trata-se de uma violência que está presente em todas as classes sociais e engloba tanto as situações de abuso sexual intra e

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extrafamiliar como as situações de exploração sexual, através da inserção de crianças e adolescentes no mercado ilegal do sexo.

No presente artigo será abordada a problemática do abuso sexual intrafamiliar que é desencadeado e mantido por uma complexa dinâmica familiar e social. Este tipo de abuso sexual pode ser definido, de forma geral, como o envolvimento de crianças e adolescentes em atividades sexuais, as quais não estão aptas para compreenderem e darem consentimento, praticadas por aquelas pessoas que têm o poder/dever de prover os cuidados e o afeto necessários para o seu pleno desenvolvimento, físico, mental, psíquico e moral. A interação sexual pode incluir o contato físico ou apenas a estimulação visual, tendo sempre como objetivo a gratificação sexual da pessoa que comete o abuso. Em grande maioria das vitimizações, o abuso sexual não deixa vestígios físicos na criança, o que dificulta a sua comprovação.

Tilman Fürniss, em seu livro Abuso Sexual da Criança: uma abordagem multidisciplinar,

manejo, terapia e intervenção legal integrados, caracteriza o abuso sexual como uma síndrome

de segredo para a criança, na medida em que ela não consegue revelar a situação de abuso, por medo de não ser acreditada, por sofrer ameaça e violência ou porque não consegue nomear a experiência de abuso como abuso, e de adição para quem abusa, tendo em vista que a pessoa que abusa sabe que o abuso é prejudicial para a criança, mas não consegue evitá-lo,...“os sentimentos

de culpa e conhecimento de estar prejudicando a criança podem levar a uma tentativa de parar o abuso, mas em razão da compulsão à repetição, o abusador não consegue seu intento” (p. 18).

Essa dinâmica complexa que configura o abuso sexual intrafamiliar faz com que grande maioria das crianças e adolescentes permaneça por um longo período de tempo sendo vitimizadas sexualmente por pais, padrastos, enfim, por alguém que elas amam e confiam e que estão acima de qualquer suspeita. Vários estudos apontam que o ciclo de violência só é interrompido quando a vítima consegue comunicar o que está acontecendo com ela ou quando decide abandonar o lar. É comum que o sentimento de culpa e de responsabilidade pela participação na situação de abuso sejam fatores que colaboram para a manutenção do silêncio.

Contudo, quando ocorre a revelação, geralmente ela é realizada para alguma pessoa de confiança da criança e do adolescente e esse é um pedido de ajuda, mesmo que não seja de forma bastante clara e explícita. A situação abusiva pode ser também comunicada de forma não verbal através de um conjunto de sintomas que podem ser indícios físicos, psicológicos ou comportamentais em decorrência do processo de vitimização. A literatura especializada descreve

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uma série de indícios devem ser observados em seu conjunto e que precisam ser investigados cuidadosamente. Tais indícios podem incluir dor, inchaço, lesão ou sangramento nas áreas da vagina ou ânus a ponto de causar dificuldade de caminhar e sentar; tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica; interesse excessivo por questões sexuais; dentre outros.

É importante ressaltar que a pessoa a quem a criança ou adolescente conta ou é capaz de perceber a vitimização sexual tem o papel fundamental de escutar e acreditar em sua palavra e tomar as providências necessárias para ajudá-la, acionando a rede de proteção. Essa pessoa pode ser alguém que mantém um contato próximo e consegue perceber mudanças em seu comportamento, como é o caso do professor, já que a escola é o espaço de socialização secundária da criança e onde ela permanece diariamente por um longo período de tempo. O Guia

escolar: métodos para identificação de sinais de abuso e exploração sexual de crianças e adolescente, publicado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da

República e pelo Ministério da Educação em 2004, é um instrumento de orientação para que os educadores se tornem capazes de identificar as diversas situações de violência e realizarem de forma adequada e consciente a denúncia ou a notificação.

Destacam-se os seguintes artigos:

Artigo 13: Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Artigo 245: Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena: multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Desse modo, quando se rompe o silêncio e o abuso sexual é notificado aos órgãos de defesa e proteção, a criança, o adolescente e sua família passam por várias intervenções pelos órgãos do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a história de vitimização sexual tem que ser repetida inúmeras vezes. No sistema de justiça observa-se a dificuldade dos operadores de direito em realizar a oitiva da criança ou do adolescente vítima de abuso sexual, conforme abordado por Veleda Dobke, em Abuso sexual: a inquirição das

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crianças, uma abordagem interdisciplinar. A autora ressalta a importância de haver uma escuta

qualificada da vítima para que haja um desfecho positivo do caso e a não revitimização9.

Em atenção a esse aspecto, o Promotor de Justiça como autor da ação em favor da criança e do adolescente e mesmo quando não for parte em procedimentos e processos, deve intervir para que lhe sejam garantidos o devido tratamento a fim de evitar que se sintam coagidas e humilhadas e, desta forma, sofram qualquer forma de prejuízo.

Não é raro os casos de abuso sexual intrafamiliar que aportam no sistema de Justiça em já houve o afastamento da criança do lar, principalmente daquelas crianças de baixa idade, em função da aplicação da medida de proteção de acolhimento institucional prevista no artigo 101, inciso VII do Estatuto da Criança e do Adolescente pelo Conselho Tutelar que têm a competência legal de zelar pelos direitos da criança e do adolescente (artigo 131 do ECA) e funciona como porta de entrada da rede de proteção. Contudo, cabe ao Conselho Tutelar a comunicação desta medida à autoridade judicial, no prazo,..para a instauração de processo legal.

Assim, a medida de acolhimento institucional é comumente utilizada para que a situação de abuso sexual seja imediatamente interrompida, mas não considera o sofrimento imposto à vítima de ter que sair de sua casa e deixar o convívio com as pessoas que ama. Na maioria das vezes, a criança e o adolescente não são sequer devidamente ouvidos não havendo, portanto, um conhecimento mais aprofundado dos fatos e não sendo obtida a informação de familiares ou demais pessoas do seu convívio social que podem assumir seus cuidados preliminarmente.

O Estatuto da Criança e do Adolescente traz a possibilidade de afastamento do agressor da moradia comum, sempre que verificada a hipótese de opressão, maus-tratos ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável (art. 130 do ECA). Segundo a Procuradora de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Maria Regina Fay de Azambuja, em seu artigo

Violência Sexual Intrafamiliar: É possível proteger a criança? A medida prevista no artigo 130,

9 A revitimização refere-se ao duplo processo de vitimização de crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual.

Ela acontece quando a criança já vitimizada pelo abuso sexual sofre novamente danos psíquicos e emocionais em decorrência das intervenções profissionais inadequadas. Segundo Fürniss (1993), “...uma das maiores causas de danos secundários nas crianças que sofrem abuso sexual e de fracasso profissional é a imensa pressão sobre os profissionais e o sentimento de que temos que fingir que conseguimos enxergar perfeitamente e que sabemos como agir...” .

Tramita o projeto de lei da Câmara Federal nº 35, de 2007, de iniciativa da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Exploração Sexual, que prevê que as crianças e adolescentes vítimas de abusos sexuais sejam ouvidas pela metodologia do “Depoimento Sem Dano” uma única vez, num depoimento que servirá para todos os expedientes ou processos. Dessa forma, procura-se evitar que em juízo seja preciso repetir o relato por inúmeras vezes.

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Trata-se de providência que vem ao encontro do princípio da doutrina da proteção integral da criança, uma vez que, historicamente, a vítima, já com as marcas da violência, era sistematicamente institucionalizada, arcando com o prejuízo adicional de se ser privada do convívio com o restante do grupo familiar, permanecendo o agressor

a usufruir do conforto do lar. (p.9).

Entretanto, na prática a aplicação deste artigo nem sempre se mostra eficaz, pois a ordem judicial não garante que o agressor seja mantido longe da moradia comum, principalmente nas situações em que a mulher ou companheira é conivente com o agressor. Essa conivência pode se dar em função da falta da credibilidade nos relatos sobre a vitimização sexual, devido à crença de que crianças têm o hábito de mentir, e pelo fato do pai/companheiro abusador ser o provedor doméstico, ficando as demais crianças e adolescentes da família afetados pela precariedade de recursos materiais.

As dificuldades encontradas no sentido de afastar o agressor da moradia comum podem ser minimizadas com a alteração no artigo 130 do ECA, de acordo com a Lei n° 12.415, de 9 de junho de 2011, que determina a fixação cautelar de alimentos provisórios em favor da criança e do adolescente cujo o agressor seja afastado da moradia comum por determinação judicial. Trata-se de ação que pode Trata-ser impetrada pelo Ministério Público e que, cumulada com outras medidas de proteção previstas no ECA (como é o caso do artigo 129), podem garantir a permanência da criança e do adolescente em seu ambiente familiar.

Especialistas no fenômeno do abuso sexual intrafamiliar apontam que diante da revelação de uma situação de abuso é importante que toda a família seja assistida imediatamente, pois todos são afetados mesmo que em proporções e níveis distintos. O genitor que não abusa, que geralmente é a mãe, conforme aponta a maioria das pesquisas, precisa receber apoio para que dê conta de lidar com toda a devastação familiar que procede a revelação.

Assegurar o direito à convivência familiar de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual intrafamiliar tem se tornado um grande desafio para o sistema de justiça, haja vista a insuficiência de políticas públicas voltadas para o atendimento da família com abuso sexual intrafamiliar, com a competência de trabalhar a sua função protetiva. Destaca-se que está previsto no ordenamento do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, a oferta de programas e serviços, nos níveis de média e alta complexidade das Políticas de Proteção Especial10·, com o foco nas famílias com situações diversas de violação de direitos. Mas não se pode deixar sob a incumbência apenas da Assistência Social o trabalho com as famílias e vítimas de abuso sexual.

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Em concordância com Eva Faleiros, em O Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes:

os (des) caminhos da denúncia, a complexidade do fenômeno do abuso sexual requer que seu

enfrentamento deva fazer-se com intervenções múltiplas e complementares, atuando articuladamente em rede. É de suma relevância que os órgãos que integram o sistema de justiça também atuem nesta perspectiva.

A medida de acolhimento institucional tem que ser uma medida drástica, quando realmente a permanência da criança e do adolescente no ambiente familiar seja danosa para eles . Mas é preciso que sejam informados sobre esta medida e esclarecidos com relação a sua participação na interação abusiva, a fim de evitar sentimentos de culpa e de responsabilidade, pois não é raro haver a retratação posterior do abuso, como forma de obterem de volta a vida familiar e o convívio com as pessoas que amam. Muitas crianças chegam a se adaptar à situação de abuso sexual como forma de sobrevivência emocional e visando a manutenção da organização familiar.

Quando não há outra medida imediata a não ser o acolhimento institucional é imprescindível o acompanhamento concomitante da família e integrado a esta medida para que não haja o rompimento prematuro dos laços familiares. Crianças e Adolescentes institucionalizados têm o direito de receber visitas do genitor não abusivo e dos irmãos. Não havendo a possibilidade de reintegração familiar, o encaminhamento para a família substituta como oportunidade de oferecer à criança a convivência familiar tem que ser construída gradativamente com ela para que a construção de novos laços de afeto se tornem possíveis e menos dolorosos. A mudança de paradigma com relação ao papel do Ministério Público na resolução dos problemas sociais tem que estar alinhada a necessidade de formação de Promotores de Justiça qualificados e sensíveis para atuarem nesta causa.

CONCLUSÃO

A questão da convivência familiar e comunitária vem ganhado cada vez mais atenção do Poder Público e da sociedade e vem sendo reconhecida como direito fundamental assegurado Constitucionalmente, mas que deve ser protegido por meio do desenvolvimento de políticas públicas estratégicas e articuladas.

No entanto, a problemática do abuso sexual intrafamiliar requer maior aprofundamento e discussão no que diz respeito à convivência familiar, pois crianças e adolescentes têm sido

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afastados do lar sem que tenham sido vislumbradas outras medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Trata-se de haver maior investimento em políticas públicas voltadas para o atendimento à família, a fim de garantir que os laços familiares não sejam rompidos prematuramente. Nesse sentido, é importante considerar o importante do papel do Ministério Público como articulador da rede de proteção, podendo lançar de instrumentos extrajudiciais, tais como o Termo de Ajuste de Conduta e a Recomendação, para assegurar o funcionamento adequado dos serviços que integram esta rede.

Verifica-se que o Promotor de Justiça com atuação na área da infância e da juventude precisa estar mais próximo dos problemas sociais e lançar de conhecimentos especializados para combatê-los, tornando-se um ator relevante no sistema de justiça. A complexa dinâmica que constitui o fenômeno do abuso sexual intrafamiliar de crianças e adolescentes requer que seu enfrentamento seja realizado sob este prisma.

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