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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA REGIONAL NO DESEMPENHO CRIATIVO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA REGIONAL NO DESEMPENHO

CRIATIVO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Tássia Abrão Pina

Faculdade de Psicologia Centro de Ciências da Vida tassia.ap@puccamp.edu.br

Tatiana de Cássia Nakano

Avaliação Psicológica do Potencial Humano.

Centro de Ciências da Vida tatiananakano@puc-campinas.edu.br

Resumo: O presente estudo teve como objetivo

in-vestigar a influência do ambiente e de fatores cultu-rais no desempenho criativo de crianças e adoles-centes. Uma amostra composta por 1250 estudantes provenientes das cinco regiões do Brasil sendo 250 de cada uma, respondeu ao Teste de Criatividade Figural Infantil. De um modo geral, os resultados a-pontaram para a influência da região de moradia em todos os fatores avaliados pelo instrumento, assim como na maior parte das doze características criati-vas nele avaliado. Também torna-se importante des-tacar que, em todos os fatores, perfis de desempe-nho bastante diferenciados foram encontrados entre as regiões, de modo a demonstrar que, no presente estudo, a combinação de atributos de personalidade e ambientais parece estar influenciando a produção criativa dos estudantes avaliados, confirmando os apontamentos da literatura de que a criatividade não pode ser compreendida sem considerar o contexto em que o indivíduo se encontra inserido.

Palavras-chave: ambiente, contexto social,

criativi-dade.

Área do Conhecimento: Psicologia – Fundamentos e

medidas da Psicologia – CNPq.

1. INTRODUÇÃO

Considerando-se que a criatividade é um conceito complexo e multidimensional, a literatura tem de-monstrado que inúmeros podem ser os fatores que podem contribuir e afetar seu desenvolvimento e ex-pressão, de modo a sugerir que a combinação de atributos cognitivos, conativos e ambientais poderia convergir na produção de comportamentos criativos [1] . Alguns desses fatores, segundo Alencar e Fleith (2003) [2], dizem respeito ao indivíduo, por exemplo, os traços de personalidade que favorecem as opor-tunidades do indivíduo desenvolver sua criatividade, sendo que outros fatores também mostram-se impor-tantes, tais como o ambiente, dada sua influência nas oportunidades e no reconhecimento e valoriza-ção dessa característica. Por tal motivo, “as novas tendências no estudo da criatividade têm enfatizado

a influência do contexto social, histórico e cultural no processo criativo” [3], de modo que, sob essa pers-pectiva, a criatividade não pode ser compreendida isolando-se o indivíduo de seu contexto. Segundo Ivcevic (2009) [4], o fator cultural na influência da criatividade vai se tornar cada vez mais importante diante da crescente globalização. Contemporâneas mudanças tecnológicas, econômicas e políticas fa-zem com que se torne, cada vez mais provável, a interação entre pessoas de diferentes origens cultu-rais, sendo que, desse contato intercultural, pode beneficiar-se a criatividade.

Segundo Glaveanu (2010) [5], cada vez mais, reco-nhece-se a criatividade como produto da interação entre pessoa e ambiente, eu e outros, criador e cultu-ra, visualizados dentro de uma relação de influência mútua. Dessa maneira, nos estudos mais atuais, o foco tem deixado de situar-se somente no indivíduo, passando a enfatizar os fatores sociais e culturais que afetam o processo criativo, e como os mesmos determinam a natureza desses processos. Assim, tem se buscado compreender o indivíduo como ser criativo, cujos aspectos sociais e culturais interagem numa determinada conjuntura [6].

Sobre essa questão, dois focos de investigação se tem feito presentes na literatura cientifica, um que considera a influência social no reconhecimento e valorização da criatividade e um segundo interesse se dá pelo conhecimento das condições ambientais que favoreceriam o desenvolvimento e expressão criativa. Desse modo trabalha-se, na primeira corren-te, com a possibilidade de que o contexto social, ou as relações entre as pessoas, poderia influenciar as atividades criativas do sujeito, de modo que um dos critérios mais importantes para avaliar a criatividade seria, em primeiro lugar, sua compreensão contextu-al, visando-se o fornecimento de informações impor-tantes sobre a situação em que a criatividade apare-ce e sobre as pessoas que participam da situação (Han, 2010) [7]. Isso porque, ainda que os recursos internos para ser criativo possam estar presentes, se o indivíduo não tem um espaço ou um ambiente em que possa expor suas idéias, a criatividade pode não

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se manifestar, conforme salientado por Sternberg e Lubart (1995) [8]. Segundo essa visão, a criatividade seria, em partes, uma construção social, uma vez que, para ser reconhecida, torna-se necessário que pessoas concordem e compartilhem as mesmas normas, regras, aproximações e conceitos de criati-vidade, reconhecendo ainda suas diferentes formas de expressão, de acordo com o domínio considerado (educação, trabalho, música, etc), de maneira que, segundo Kaufman, Beghetto e Pourjalali (2011) [9], a cultura teria grande importância quando se considera as percepções sobre criatividade. Por tal motivo as visões de criatividade tendem a variar ao longo do tempo e do espaço, conforme colocado por Cramond (2008) e Morais (2001) [10, 11].

A segunda abordagem enfatiza “as situações exter-nas ao indivíduo que, de algum modo, promovem ou inibem a manifestação criativa” [12], de maneira que existiria uma tendência segundo a qual pessoas que nascem em ambientes que valorizam e estimulam a criatividade tenderiam a ser mais criativas do que aquelas que crescem em ambientes que não valori-zam (e podem até punir a criatividade). Sobre essa questão, o que se sabe hoje é que os recursos do ambiente exercem grande influência no desenvolvi-mento desta característica e embora todos os indiví-duos tenham potencial criador, podendo desenvolvê-lo em diferentes níveis de intensidade, esse desen-volvimento estará ligado às condições encontradas. Estas condições, estariam relacionadas aos valores dominantes na família, aos traços de personalidade e características aí reforçadas e cultivadas, conforme salientado por Alencar (1995) [13]. Sob essa ótica, tantos fatores intrapessoais como interpessoais, indi-viduais ou sociais exerceriam um impacto significati-vo na produção criativa do indivíduo e da sociedade. Diante do exposto e da importância reconhecida do ambiente e de fatores culturais na manifestação cria-tiva, considerando-se ainda que poucos são os estu-dos brasileiros que tem essa temática como foco, a presente pesquisa tem por objetivo investigar a influ-ência dessa variável no desempenho criativo de cri-anças e adolescentes. Visto que este aspecto o qual é tido como um dos elementos mais relevantes “no desenvolvimento das capacidades criativas” (Lubart, 2007, p.75)[14], buscar-se-á identificar semelhanças e diferenças no desempenho criativo de participantes provenientes das cinco regiões do Brasil, analisando-se ainda sua interação com a variável ano escolar.

2. MÉTODO 2.1 Participantes

A amostra deste estudo foi composta por 1250 parti-cipantes, sendo 627 do sexo feminino (50,2%) e 623 do sexo masculino (49,8%), estudantes do Ensino Fundamental (2o ano = 149; 3o ano =134; 4o ano = 201; 5o ano = 140; 6o ano = 196; 7o ano = 148; 8o ano = 139 e 9o ano = 143). A idade mínima encontrada na amostra foi de seis anos e a máxima de 17 anos de idade (M=10,36; DP=2,35).

Importante destacar que, quanto à representatividade da amostra por região brasileira (norte, sul, sudeste, centro-oeste e nordeste), deve-se mencionar que cada uma delas foi composta por 250 sujeitos, esco-lhidos aleatoriamente da amostra de normatização do instrumento e de coletas posteriores realizadas.

2.2 Instrumento

O instrumento utilizado para o desenvolvimento da pesquisa foi o Teste de Criatividade Figural Infantil (Nakano, Wechsler & Primi, 2011) [15], instrumento no qual os participantes são convidados a comporem desenhos em três atividades, sendo na primeira pe-dida a elaboração de um desenho a partir de um es-tímulo pouco definido (fazer um desenho), na segun-da completar uma série de desenhos (acabar um desenho) e na terceira fazer o maior número de de-senhos a partir do mesmo estímulo (fazer dede-senhos a partir de um semiquadrado).

O instrumento permite a avaliação da criatividade figural, por meio da pontuação de 12 características criativas, agrupadas em quatro fatores: Fator 1: Enri-quecimento de Idéias, Fator 2: Emotividade, Fator 3: Preparação Criativa, Fator 4: Aspectos Cognitivos, além de uma pontuação total.

2.3 Procedimento

Após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética, foram localizados pesquisadores em diferentes regi-ões do país que pudessem auxiliar no contato com as escolas, obtendo autorização para aplicação do instrumento. Após a coleta dos dados, os instrumen-tos foram corrigidos por parte das pesquisadoras (pesquisadora principal e alunos de iniciação científi-ca).

3 RESULTADOS

As médias e desvios padrão do grupo de estudantes de cada região foram estimadas para os quatro fato-res e as características que os compõem. Dessa maneira pode-se verificar que a variável região de moradia exerceu influência significativa tanto na pon-tuação total do Fator 1 (Enriquecimento de Idéias),

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quanto em várias de suas características (Uso de Contexto nas atividades 1 e 3, Elaboração nas ativi-dades 2 e 3, Perspectiva Interna nas ativiativi-dades 2 e 3, Perspectiva Incomum nas atividades 2 e 3 e Movi-mento na atividade 3).

Destaca-se, nesse fator, a região norte, cujos estu-dantes apresentam maiores médias em todas as ca-racterísticas, com exceção da característica de Uso de Contexto na atividade 1, na qual os estudantes da região sudeste se destacam. Pode-se ainda verificar que os estudantes apresentam resultados similares (cuja diferença não se mostrou significativa) em Ela-boração na atividade 1, Perspectiva Incomum na mesma atividade e Uso de Contexto na atividade 2, de modo que tendem, independente da região de moradia, a apresentarem padrões semelhantes, res-pectivamente, na capacidade de enriquecer a idéia inicial através do detalhamento das respostas, na habilidade de ver as coisas sob diferente perspecti-vas e pontos de vista na atividade 1 e na inserção da solução dentro de um contexto, na atividade 2, con-forme definições das características fornecida por Nakano (2012) [16].

Perante as diferenças de médias entre as regiões, uma segunda análise visou comparar o perfil de de-sempenho, nesse fator, entre os estudantes das cin-co regiões. Para isso foi investigada a interação entre região e ano escolar, cujos resultados apontaram para a influência significativa dessa interação, tanto na pontuação total do Fator 1 (F=8,58; p≤0,001), quanto em várias de suas características: Elaboração 1 (F=1,88; p≤0,004), Elaboração 2 (F=4,52; p≤0,001), Elaboração 3 (F=8,20; p≤0,001), Uso de Contexto 1 (F=1,66; p≤0,016), Uso de Contexto 2 (F=2,04; p≤0,001), Perspectiva Interna 2 (F=1,94; p≤0,002), Movimento 2 (F=1,92; p≤0,003), Movimento 3 (F=1,62; p≤0,022), Perspectiva Incomum 3 (F=2,24; p≤0,001) e Uso de Contexto 3 (F=2,32; p≤0,001). A fim de ilustrar essas diferenças, um gráfico por ano escolar e região foi elaborado, a partir do qual é pos-sível visualizar que as maiores diferenças ocorrem na sétima e oitava séries, apresentadas pelos estu-dantes da região norte, conforme pode ser visualiza-do na Figura 1.

Figura 1. Médias no Fator 1 por série e região.

De um modo geral, nota-se semelhanças entre o per-fil das cinco regiões, marcadas por um crescimento na pontuação de acordo com o aumento das séries escolares (tendência que pode ser notada claramen-te nas regiões sudesclaramen-te, nordesclaramen-te e centro-oesclaramen-te). Um perfil um pouco diferente é encontrado no desempe-nho dos participantes da região sul, visto que nela nota-se um crescimento até a 5a série e uma queda bem acentuada na 6a série, com posterior retomada. Contrariamente, na região norte, há um crescimento bem acentuado entre a 6a e 7a série, cuja média alta se mantém na 8a série, sendo esses bem superiores a qualquer outra região.

O mesmo tipo de análise foi realizado em relação ao Fator 2 (Emotividade), pode-se verificar que a variá-vel região de moradia exerce influência significativa tanto na sua pontuação total, quanto em várias das características que o compõem (Títulos Expressivos nas atividades 1, 2 e 3, Expressão de Emoção na atividade 2, Fantasia nas atividades 2 e 3), desta-cando-se novamente a região norte, cujos estudan-tes apresentam maiores médias nas características citadas. Por outro lado não são encontradas diferen-ças significativas nas pontuações em Expressão de Emoção nas atividades 1 e 3, de modo que, nelas, os estudantes, independente da região de moradia, a-presentampadrões semelhantes na expressão emo-cional nessas duas atividades.

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Novamente, perante as diferenças de médias entre as regiões, a interação entre região e ano escolar foi investigada, cujos resultados apontaram para a influ-ência significativa dessa interação, tanto na pontua-ção total do Fator 2 (F=3,36; p≤0,001), quanto em várias das características que o compõem: Títulos Expressivos 1 (F=2,79; p≤0,001), Títulos Expressivos 2 (F=4,18; p≤0,001), Expressão de Emoção 2 (F=1,68; p≤0,015), Fantasia 2 (F=2,85; p≤0,0001), Títulos Expressivos 3 (F=1,88; p≤0,004), Expressão de Emoção 3 (F=1,52; p≤0,039) e Fantasia 3 (F=2,52; p≤0,0001).

Tais diferenças podem ser visualizadas na Figura 2, a qual apresenta o desempenho dos estudantes por ano escolar e região, a partir do qual é possível visu-alizar que a maior discrepância entre as regiões ocor-re na sétima série, na ocor-região norte.

Figura 2. Médias no Fator 2 por série e região.

Em relação ao Fator 3 (Preparação Criativa), pode-mos verificar que a variável região de moradia exer-ceu influência significativa na pontuação total desse fator, bem como em todas as características que o compõem, com exceção de Elaboração. Nota-se que a média apresentada pelos estudantes da região nor-te são mais altas que dos demais estudannor-tes em E-laboração, Perspectiva Interna e Título Expressivos. Estudantes da região sudeste destacam-se em Uso de Contexto e os da região sul em Movimento. Mais uma vez, perante as diferenças de médias entre as regiões, a interação entre região e ano escolar foi investigada, cujos resultados apontaram para a

influ-ência significativa dessa interação, tanto na pontua-ção total do Fator 3 (F=4,37; p≤0,001), quanto em todas as características que o compõem: Elaboração 1 (F=2,13; p≤0,001), Uso de Contexto 1 (F=1,79; p≤0,007), Movimento 1 (F=5,66; p≤0,001), Perspecti-va Interna 1 (F=2,29; p≤0,0001) e Títulos Expressi-vos 1 (F=2,79; p≤0,001). Tais diferenças podem ser visualizadas na Figura 3.

Figura 3. Médias no Fator 3 por série e região.

Os dados mostram que, de uma forma geral, há um perfil semelhante de desempenho entre as regiões sudeste, nordeste e centro-oeste. As regiões sul e norte, por outro lado, apresentam um padrão bem diferente. Enquanto na região sul nota-se uma osci-lação entre as séries, com aumentos (na segunda, quarta e sétima série) e quedas (na terceira, sexta e oitava série) ao longo dos anos de escolarização. Por sua vez, na região norte nota-se um desempenho bem superior que as demais regiões no Fator 1, na maior parte das séries, com exceção da quarta série quando os estudantes de igualam aos da região sul. Grandes picos de desempenho podem ser verifica-dos na segunda e sexta série.

Por fim, a análise dos resultados do Fator 4 (Aspec-tos Cognitivos) apontam para a influência da região de moradia nesse fator, assim como em várias de suas características: Fluência, Flexibilidade e Origi-nalidade nas atividades 2 e 3 e Extensão de Limites na atividade 3. Analisando-se as médias por região pode-se visualizar que os estudantes da região norte destacam-se tanto na pontuação total no Fator 4 quanto nas características de Fluência, Originalidade

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e Extensão de Limites, todas nas atividade 3. Já os estudantes da região sudeste apresentam medias mais altas nas características de Fluência na ativida-de 2 e Flexibilidaativida-de nas atividaativida-des 2 e 3. Na região sul os estudantes destacam-se em Originalidade na atividade 2.

Dadas às diferenças encontradas, a análise da inte-ração entre região e série escolar foi realizada, vi-sando-se identificar as características que sofrem sua influência. Os resultados mostraram que todas elas apresentaram nível de significância de 0,0001 para essa interação: Fator 4 (F=6,45), Originalidade 1 (F=2,26), Fluência 2 (F=6,36), Flexibilidade 2 (5,02), Originalidade 2 (F=6,43), Fluência 3 (F=5,23), Flexibilidade 3 (F=6,03), Originalidade 3 (F=7,06) e Extensão de Limites (F=5,98). A Figura 4 ilustra os perfis de desempenho para cada região e série esco-lar.

Figura 4. Médias no Fator 4 por série e região.

Nela, pode-se verificar padrões diferenciados de a-cordo com a região, ainda que quedas em momentos específicos possam ser notadas em todas elas. Nas regiões centro-oeste e sul as maiores quedas ocor-rem na segunda e sétima série, na região nordeste na quarta e sexta série, no sudeste a partir da quinta série mantendo-se até o final do ensino fundamental e na região norte na segunda e sexta série. Vê-se ainda que os estudantes do norte do país apresen-tam médias bem superiores que os demais na pri-meira, quarta, quinta, sétima e oitava série.

4. DISCUSSÃO

De um modo geral, os resultados apontaram para a influência da região de moradia em todos os fatores avaliados pelo instrumento, assim como na maior parte das doze características criativas nele avaliado. Também torna-se importante destacar que, em todos os fatores, perfis de desempenho bastante diferenci-ados foram encontrdiferenci-ados entre as regiões, de modo a demonstrar que, no presente estudo, a combinação de atributos de personalidade e ambientais parece estar influenciando a produção criativa dos estudan-tes avaliados, conforme sugerido por diversos auto-res Sob essa perspectiva, confirma-se a idéia de que a criatividade não pode ser compreendida isolando-se o indivíduo de isolando-seu contexto (Fleith, 2001) [3]. Tal constatação nos leva a uma reflexão acerca da importância do oferecimento de estímulos ambientais para a expressão da criatividade, uma vez que, con-forme salientado por Sternberg e Lubart (1995) [8], ainda que os recursos pessoais para ser criativo es-tejam presentes, a criatividade poderá não se mani-festar se as condições ambientais não se mostrarem favorecedoras. De acordo com essa visão, os indiví-duos envolvidos em ambientes que valorizam e esti-mulam a criatividade tenderiam a ser mais criativos do que aqueles que convivem em ambientes que não valorizam, muitas vezes até punindo esse tipo de expressão [13,12] de modo que seu reconhecimento não dependeria somente dos esforços do próprio indivíduo, sendo de grande importância o contexto social em que o mesmo encontra-se inserido [17].

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem à Fapesp, ao CNPQ e à FAPIC pelo apoio recebido. Agradecem ainda às pesquisadoras Izabel Cavalcanti Barros Lamenha, Tatiane Lebre Dias e Áurea Lúcia M.C.M. Ferreira pelo auxílio na coleta de dados nas regiões nordeste, centro-oeste e norte, respectivamente, e à Lívia Rech de Castro e Maíra Esteves Brito pelo auxílio na cor-reção de parte dos instrumentos.

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REFERÊNCIAS

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