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CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS OPORTUNISTAS: INFLUÊNCIA NAS VARIÁVEIS ORÇAMENTÁRIAS DO BRASIL ( )

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS

OPORTUNISTAS: INFLUÊNCIA NAS VARIÁVEIS

ORÇAMENTÁRIAS DO BRASIL (1994-2014)

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO

Caroline Lucion Puchale

Santa Maria, RS, Brasil

2015

(2)

CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS

OPORTUNISTAS: INFLUÊNCIA NAS VARIÁVEIS

ORÇAMENTÁRIAS DO BRASIL (1994-2014)

Caroline Lucion Puchale

Monografia de graduação apresentada ao Curso de Ciências Econômicas,

da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS), como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Oliveira Veloso

Santa Maria, RS, Brasil

2015

(3)

Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Sociais Humanas

Curso de Ciências Econômicas

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia de

Graduação

elaborada por

Caroline Lucion Puchale

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Econômicas

COMISSÃO EXAMINADORA:

Gilberto Oliveira Veloso, Dr. (UFSM)

(Presidente/Orientador)

Daniela Dias Kühn, Dr. (UFSM)

Pascoal José Marion Filho, Dr. (UFSM)

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AGRADECIMENTO

É chegado o fim de mais uma etapa, e está jornada não se tornou mais intensa, pois pessoas muito especiais passaram por ela e conseguiram tornar este caminho mais fácil.

Agradeço imensamente ao meu orientador o Professor Doutor Gilberto de Oliveira Veloso por todas as orientações, atenção e conhecimentos passados, pois sem ele a elaboração desta monografia não teria ocorrido.

A todos os meus mestres que me acompanharam nesta caminhada desde o ensino fundamental até a graduação. A vocês todo o meu respeito e admiração, ser professor é o dom mais ilustre que um indivíduo possa ter, agradeço por todo o conhecimento e educação que retribuíram a mim.

Aos meus pais Valdocir Antonio Puchale e Rita Maria Rosa Lucion Puchale e ao meu irmão Gustavo Rosa Lucion Puchale por todo o apoio e dedicação que imputaram sobre mim, não tenho palavras para agradecer todo o sacrifício feito, só quero dizer que amo muito vocês.

Ao meu namorado Anderson dos Santos Cezario por todo o amor, carinho e ajuda que me encorajaram a concluir mais está etapa.

Agradeço imensamente aos meus Avós Eva Regina Selle Rosa Lucion, Olindo Rosa Lucion e Mercedes Farencena Puchale por toda a dedicação e atenção que vocês dedicaram a mim e por todo o aconchego dos finais de semana. Vocês são meus tesouros e a razão do meu viver.

Aos meus colegas que amenizaram o caminho árduo até aqui. Agradeço imensamente por toda a ajuda, conselhos, paciência e pelos finais de semana de estudos. Em especial agradeço as minhas colegas e amigas Larissa Castagna Gonçalves e Vanessa Zucco pelos momentos especiais que vivemos, por todas as confidências e pelas palavras sinceras que me foi concedido quando mais precisei. Acredito que sempre em momentos de angustia surgem pessoas que conseguem tornar este caminho mais fácil e vocês duas são estas pessoas, só tenho a agradecer e dizer que vocês possuem um lugar muito especial em meu coração.

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RESUMO

Monografia de Graduação

Centro de Ciências Sociais e Humanas

Universidade Federal de Santa Maria

CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS OPORTUNISTAS:

INFLUÊNCIA NAS VARIÁVEIS ORÇAMENTÁRIAS DO BRASIL

(1994-2014)

AUTORA: CAROLINE LUCION PUCHALE ORIENTADOR: Dr. GILBERTO OLIVEIRA VELOSO Data e Local da Defesa: Santa Maria, 10 de dezembro de 2015.

O objetivo deste estudo é averiguar empiricamente a presença de ciclo político-econômico oportunistas no Brasil no período de 1994 a 2014. Foi considerada a hipótese de existência de comportamentos eleitoreiros nas variáveis orçamentárias, gastos e receitas do governo, motivado pelo calendário eleitoral. Procurou-se evidenciar aumentos significativos nos gastos do governo em períodos pré-eleitorais e eleitorais e o declínio dos mesmos em períodos pós-eleitorais, e também, procurou-se verificar se as receitas do governo declinaram em períodos pós-eleitorais e vieram a aumentar nos períodos eleitorais. Para a verificação empírica, o presente estudo utilizou-se de uma análise econométrica a partir de regressões múltiplas. Os resultados sugerem que as oscilações das despesas do governo foram estatisticamente significativas para todo o período analisado e se observou que os ciclos políticos oportunistas no que tange as despesas do governo foram mais evidentes após o ano de 2002 até o ano de 2010, que compreendem o primeiro e segundo mandato do presidente Lula. Quando investigado a presença de ciclo político-econômico oportunista na variável receita do governo foi constatado que somente a partir do segundo mandato de Lula até o governo de Dilma, compreendido entre os anos de 2007 a 2014, é que ocorreram ciclos políticos oportunistas. De maneira geral, foi verificada a presença de ciclo político-econômico oportunista somente após o ano de 2002.

Palavras-chaves: ciclo político-econômico oportunista, variáveis orçamentárias, regressão múltipla.

(6)

ABSTRACT

GRADUATION MONOGRAPH

COURSE OF ECONOMIC SCIENCES

FEDERAL UNIVERSITY OS SANTA MARIA

POLITICAL-ECONOMIC CYCLES OPPORTUNISTIC: INFLUENCE IN

VARIABLE BUDGET OF BRAZIL (1994-2014)

AUTHOR: CAROLINE LUCION PUCHALE ADIVISOR: Dr. GILBERTO DE OLIVEIRA VELOSO Date and Place of defense:Santa Maria, December 10, 2015.

The objective of this study is to empirically verify the presence of opportunistic political-economic cycle in Brazil from 1994 to 2014. It was considered the hypothesis of electoral behavior in budget variables, spending and government revenues, driven by the electoral calendar. It attempted to show significant increases in government spending in periods pre-election and election and the decline of the same in post-election periods, and also sought to verify if government revenues declined in post-election periods and have risen at election time. For empirical verification, this study used an econometric analysis from multiple regressions. The results suggest that fluctuations in government spending were statistically significant for the whole period and noted that the opportunistic political cycles regarding government expenditures were more evident after the year 2002 to the year 2010, comprising the first and second term of President Lula. When investigated the presence of opportunistic political-economic cycle in government revenue variable was found that only in the second Lula mandate to the government of Dilma, between the years 2007-2014, is occurring opportunistic political cycles. In general, the presence of opportunistic political business cycle was observed only after 2002.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Receita, Despesa e Produto Interno Bruto do Brasil de 1994 a 2015 (valores

mensais) ... 36

Gráfico 1 – Oscilações das despesas medias mensais do governo no período de 1994 a 2014, conforme o calendário eleitoral e governo. ... 39

Gráfico 2 – Variações das despesas públicas no período de 1994 a 1998 ... 43

Gráfico 3 – Variações das despesas públicas no período de 1998 a 2002 ... 45

Gráfico 4 – Variações das despesas públicas no período de 2002 a 2006 ... 47

Gráico 5 – Variações das despesas públicas no período de 2006 a 2010 ... 49

Gráfico 6 – Variações das despesas públicas no período de 2010 a 2014 ... 51

Gráfico 7 – Oscilações das receitas medias do governo no período de 1994 a 2014, conforme o calendário eleitoral e governo... 54

Gráfico 8 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 1994 a 1998... 58

Gráfico 9 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 1998 a 2002... 60

Gráfico 10 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2002 a 2006... 62

Gráfico 11 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2006 a 2010... 64

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LISTA DE TABELAS

Quadro 1 – Modelos de ciclos político-econômicos ... 16 Tabela 1 – Testes de raiz unitária Dickey-Fuller aumentado e Phillips-Perron por variável e ordem de integração... 37 Tabela 2 – Resultado da regressão da despesa total ... 41 Tabela 3 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 1994 a 1998 ... 42 Tabela 4 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 1999 a 2002 ... 44 Tabela 5 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2003 a 2006 ... 46 Tabela 6 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2007 a 2010 ... 48 Tabela 7 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2011 a 2014 ... 50 Tabela 8 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1994 a 2014 ... 56 Tabela 9 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1994 a 1998 ... 57 Tabela 10 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1999 a 2002 ... 59 Tabela 11 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2003 a 2006 ... 61 Tabela 12 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2007 a 2010 ... 63 Tabela 13 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2011 a 2014 ... 65

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (1994 – 1996) .. 74 Apêndice B – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (1997 – 1999) ... 75 Apêndice C – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2000 2002) ...76 Apêndice D – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2003 – 2005) ... 77 Apêndice E – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2006 – 2008) . 78 Apêndice F – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2009 – 2011) ... 79 Apêndice G – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2012 – 2014) ... 80 Apêndice H – Teste Dickey-Fuller Aumentado e Phillips-Perron ... 81 Apêndice I – Teste Dickey Fuller Aumentado e Phillips-Perron para as variáveis diferenciadas ... 82 Apêndice J – Regressão Despesa total ... 83 Apêndice L – Regressão Receita total ... 84

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

... 11

2 DÉFICIT PÚBLICOS, GASTOS E RECEITAS GOVERNAMENTAIS E

CICLOS POLÍTICOS

... 13

2.1 Funções fiscais do governo e motivos de ocorrência do déficit público primário, gastos e receitas governamentais ... 13

2.2 Ciclos político-econômicos ... 15

2.2.1 Modelo oportunista de governo ... 17

2.2.1.1 Modelo oportunista de governo com expectativa adaptativa ... 19

2.2.1.2 Modelo oportunista de governo com expectativa racional ... 20

3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DOS CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS

OPORTUNISTAS

... 21

3.1 Evidências empíricas dos ciclos político-econômicos no mundo ... 21

3.2 Evidências Empíricas dos ciclos político-econômicos no Brasil ... 23

4 METODOLOGIA

... 27

4.1 Base de dados ... 27

4.2 Seleção das variáveis ... 28

4.3 Testes de raíz unitária ... 29

4.4 Método de análise ... 30

4.5 Especificação do modelo econométrico ... 31

4.6 Resultados esperados ... 34

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

... 35

5.1 Resultados da presença de raiz unitária nas variáveis ... 35

5.2 A presença dos ciclos-políticos sobre as despesas do Brasil no período de 1994 a 2014 ... 37

5.2.1 Resultado gráfico da presença dos ciclos-políticos sobre a despesa do Brasil no período de 1994 a 2014 ... 37

5.2.2 Resultado empírico para a presença dos ciclos-políticos sobre a despesa total do Brasil no período de 1994 a 2014 ... 40

5.3 A presença dos ciclos-políticos sobre as receitas do Brasil no período de 1994 a 2014 ... 52

5.3.1 Resultado gráfico da presença dos ciclos-políticos sobre a despesa do Brasil no período de 1994 a 2014 ... 52

(11)

5.3.2 Resultado empírico para a presença dos ciclos-políticos sobre a receita total do Brasil no

período de 1994 a 2014 ... 55

6 CONCLUSÃO

... 68

REFERÊNCIAS

... 70

(12)

1 INTRODUÇÃO

Após vinte anos de regime militar, em 1988 foi instituída no Brasil a Constituição da República Federativa do Brasil. Este ato permitiu que o País voltasse a um regime democrático onde todos os agentes econômicos voltaram a opinar na condução da política brasileira.

As eleições no Brasil ocorrem a cada quatro anos, e como em toda democracia, um grupo de indivíduos se candidatam ao cargo de Presidente da República, e a população em geral são os agentes responsáveis pela escolha do candidato que mais se adequa a função de administrador central do Brasil. Desta forma, os candidatos precisam demonstrar para a população a sua competência para administrar o país e é partir desta competência de governo que o eleitorado toma sua decisão de voto.

A principal estratégia dos candidatos utilizada para demonstrar sua competência é via oscilações no orçamento público. O orçamento público é um dos instrumentos que o governo utiliza para aumentar o bem-estar social, é nele que estão contidas todas as receitas e despesas que o governo dispõe para administrar o país, e é a partir deste orçamento que o governo consegue suprir as necessidades da população.

A partir desta colocação, é que surge a teoria dos ciclos político-econômicos oportunistas, que afirma que os candidatos buscam arrecadar o maior número de votos possíveis a partir de concessões de benefícios e benfeitorias a sociedade, ou seja, os candidatos buscam a maximização dos votos e para isto fazem uso de elementos econômicos. Os eleitores possuem está atitude, pois segundo a teoria dos ciclos político-econômicos oportunistas, os indivíduos são propensos às facilidades oferecidas pelo governo e é a partir destas facilidades que tais calculam a competência de cada governante. Desta forma, quanto maior for o número de benefícios que um candidato conceder a sociedade, maior é a sua competência para administrar o país e maior são as suas chances de ser eleito.

A tendência é que os candidatos à presidência da republica busquem realizar politicas que “agradem” os eleitores. As principais políticas apostadas pelos candidatos são: o fornecimento de serviços públicos, benefícios socioeconômicos e obras públicas, como também, a melhoria das variáveis macroeconômica, sejam elas, a taxa de desemprego, inflação e do Produto Interno Bruto. Todas as politicas visadas pelo governo são de curto prazo e que exercem relativa força de voto aumentando o bem estar populacional.

(13)

Ou seja, para a maximização dos votos, os candidatos à administração do país procuram executar politicas expansionistas perto das eleições, a fim de que o eleitor visualize as atividades executas e desta forma consigam perceber que o seu bem-estar aumentou e julgar o candidato como competente, concedendo seu voto a ele. Porém, passado o período eleitoral, ocorrem as politicas contracionistas, como o declínio dos gastos públicos e um aumento da arrecadação do governo, a fim de manter o equilíbrio das contas públicas.

Segundo a teoria dos ciclos político-econômicos os eleitores possuem dois comportamentos de votos. O primeiro é quando o eleitor possui um comportamento adaptativo na hora de votar, ou seja, o individuo votante analisa a competência do governo a partir das atividades executadas no último ano e é a partir destas atividades realizadas no ano em que antecede as eleições é que o agente toma sua decisão de voto. O segundo é quando o eleitor possui um comportamento racional na hora de votar, ou seja, o eleitor racional entende toda a sistemática do ciclo politico e as consequências que estes terão para o futuro. Então, para tomar sua decisão, o eleitor considera todas as ações realizadas durante o mandato do governo e contrapõe estas as consequências que viram após as eleições.

Deste modo, há um reconhecimento da importância do assunto para a atual conjuntura política do Brasil, pois permite entender a sistemática da conjuntura política e econômica do Brasil após o período de redemocratização, proporcionando ao leitores, melhor visualização das práticas “oportunistas” que supostamente surgiram neste período e como afetaram a população brasileira e a conjuntura econômica.

Assim, o presente trabalho objetiva evidenciar a existência de ciclos políticos nas variáveis orçamentárias brasileiras (receita e despesa) entre o período de 1994 a 2014. Buscando responder a pergunta: “O calendário eleitoral exerceu influência sobre os gastos e as receitas brasileiras no período de 1994 a 2014?”.

O presente trabalho é dividido em 6 capítulos, o primeiro capítulo é a sessão introdutória, onde são apresentadas os principais abordagens que são tratadas no presente trabalho, além dos objetivos, do problema e das hipóteses consideradas. No capítulo dois, é discutido os motivos pelos quais levam a formação do déficit público primário, das receitas e despesas do governo. No capítulo três é redigida a conceituação de ciclos-políticos, a evolução que este conceito obteve ao passar dos anos e uma breve revisão de literatura e após é demonstrado às evidências empíricas encontradas no Brasil e no mundo. O quarto capítulo é composto pela descrição metodológica utilizada, o modelo de análise, as hipóteses e os dados utilizados. No quinto capítulo, é descrito o resultado encontrado e a discussão a cerca dos

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resultados que outros trabalhos chegaram. Finalmente, no sexto capítulo são apresentados as conclusões.

2 DÉFICIT PÚBLICOS, GASTOS E RECEITAS GOVERNAMENTAIS E

CICLOS POLÍTICOS

O presente capítulo objetiva tratar dos motivos de ocorrência econômica das variáveis orçamentárias do governo e dos déficits públicos além de apresentar o arcabouço teórico da teoria dos ciclos políticos. Para isso, o capítulo está divido em duas sessões, na sessão 2.1 são discutidas as funções fiscais do governo e o motivo econômico pelo qual o déficit público incorre, além de demonstrar como se formam as receitas e despesas governamentais. Na sessão 2.2 é apresentada a conceituação e subdivisão dos ciclos políticos, se discute também o modelo oportunista de governo e a forma pelo qual os indivíduos tomam suas decisões de voto.

2.1 Funções fiscais do governo e motivos de ocorrência do déficit público primário, gastos e receitas governamentais

O governo como agente público regulador precisa intervir na economia para conseguir manter o bem-estar social, e para isto o governo precisa cumprir suas três funções fiscais, do quais são denominadas: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora.

Segundo Giacomini (2010), o governo exerce sua função alocativa, quando fornece eficientemente bens e serviços que não são providos pelo sistema privado, desta forma o governo tende a gastar com investimentos na infraestrutura econômica (gastos com energia elétrica, transporte, etc), com a provisão de bens públicos puros (gastos com a defesa nacional, rodovias, entre outros) e com bens meritórios (gastos com a saúde e educação pública).

O Estado cumpre sua segunda função fiscal que é a distributiva quando consegue distribuir a renda e a riqueza de forma igual entre os indivíduos, ou seja, o governo tende a

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fazer uma série de programas sociais para beneficiar a camada mais pobre da população para assim conseguir viabilizar as politicas de distribuição de renda. Giacomini (2010, p. 25) considera “[...] que o problema distributivo tem por base tirar de uns para melhorar a situação de outros, o mecanismo fiscal mais eficaz é o que combina tributos progressivos sobre as classes de renda mais elevada com transferências para aquelas classes de renda mais baixa”.

A terceira função do governo é de ser um agente estabilizador, que segundo Giacomini (2010), o governo tem o dever de manter em elevação o nível de emprego, em estabilidade os preços, o equilíbrio a balança de pagamentos e o crescimento econômico.

Desta forma,

Em qualquer economia, os níveis de emprego e de preços resultam dos níveis de demanda agregada, isto é, da disposição de gastar dos consumidores, das famílias, dos capitalistas, enfim, de qualquer tipo de comprador. Se a demanda for superior à capacidade nominal (potencial) da produção, os preços tenderão a subir; se for inferior, haverá desemprego. O mecanismo básico da politica de estabilização é, portanto, a ação estatal sobre a demanda agregada, aumentando-a e reduzindo-a conforme as necessidades. (GIACOMINI, 2010, p.26).

Assim, para o governo conseguir manter todas as suas funções fiscais é necessário que ele tenha um nível de gastos que consiga elevar o nível de bem estar da população e o crescimento econômico e ao mesmo tempo consiga manter em equilíbrio as contas públicas, ou seja, o governo deve somente gastar o que for arrecadado com os impostos.

Porém muitas vezes o governo não consegue manter o equilíbrio orçamentário, pois na maioria das situações os gastos governamentais são maiores que a arrecadação de impostos e consequentemente o governo obtém um déficit público.

Desta forma, o déficit público é a relação entre os tributos recolhidos pelo setor público menos os gastos governamentais, ou seja, existe déficit público primário quando as receitas governamentais são menores do que as despesas que um governo aufere ao longo de períodos de tempo. Espera-se que a relação entre receitas e despesas do governo seja maior que zero, pois assim a economia estará em uma situação positiva quando se arrecada mais do que se adquire despesas e assim o governo cumpre uma de suas funções principais, que é ser um agente estabilizador.

Conforme Riani (2002), o governo cumpre sua tarefa de ser um agente estabilizador quando controla o nível de demanda agregada na economia com suas políticas fiscais, monetárias e cambias, ou seja, há maior regulação sobre os níveis de gastos governamentais tanto de consumo como de investimento para assim evitar pressões inflacionárias.

Segundo Veloso (2001, p.12), “Déficit ou superávits são justificados quando ocorrem aumentos ou reduções temporárias nos gastos públicos decorrentes de choques inesperados”,

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como por exemplo, em uma guerra, quando este fenômeno inesperado ocorre é necessário que o governo gaste mais do que sua arrecadação para fazer frente às despesas com esta guerra.

Outro momento em que pode haver a ocorrência de déficit governamental é quando a economia está em recessão, nesta ocasião a renda dos agentes diminui e logo a arrecadação do governo acompanha esta tendência, ocasionando um déficit temporário, pois tão logo passe esta tendência recessiva que a economia esteja sofrendo, aumenta-se a renda novamente dos agentes e maiores serão as arrecadações governamentais. Em suma, em períodos recessivos existem tendências deficitárias e em períodos expansionistas existem tendências superavitárias. (VELOSO, 2011).

Deste modo, para o governo sair de uma situação deficitária é necessário que este aumente os impostos, porém o aumento da arrecadação causa uma diminuição do bem-estar populacional, pois uma parcela maior da renda dos agentes irá para os cofres públicos diminuindo assim o poder de consumo dos indivíduos. Logo, muitas vezes a forma pelo qual o governo tenta sair de uma situação deficitária é pela impressão de mais moeda o que pode causar períodos de alta inflação.

2.2 Ciclos político-econômicos

As receitas do governo, assim como seus gastos surgem não somente por motivos econômicos, mas também por motivos institucionais e eleitoreiros, ou seja, as mesmas ferramentas econômicas (fiscais, monetárias e cambias) que o governo utiliza para servir de apoio para o controle da conjuntura econômica do país, servem também como decisões de ordem política e eleitoral. Está relação entre o calendário eleitoral e a forma de condução da economia é denominada de ciclos político-econômicos.

Segundo Cançado e Araujo (2004), Kalecki em 1943 já confirmava a possibilidade de existência de ciclos político-econômicos, mas as primeiras pesquisas nesta área iniciaram no ano de 1957 com Anthony Downs, porém foi somente a partir dos anos de 1970 é que a relação entre eleições e economia veio a se desenvolver formalmente e com maior intensidade.

O modelo dos ciclos político-econômicos, observando o quadro 1, pode ser dividido em quatro grandes áreas, conforme o comportamento dos partidos ou dos eleitores.

(17)

Os partidos podem ser oportunistas ou partidários/ideológicos:

i) Os partidos oportunistas objetivam a maximização dos votos, a partir da execução de benfeitorias que aumentem o bem-estar populacional, ou seja, os eleitores procuram decidir seus candidatos a partir da competência de cada governante e está competência é calculada a partir do aumento do bem-estar gerado pelas benfeitorias que o governante executou em seu mandato. Chama-se a atenção, pois neste modelo o governante age sozinho buscando atender seus interesses pessoais. Os principais trabalhos desenvolvidos nesta área são os de Nordhaus (1975), Rogoff e Siebert (1988) e Rogoff (1990).

ii) Os partidos ideológicos geram suas ações de governo conforme sua ideologia política, ou seja, todas as politicas executadas pelo governo serão direcionadas a atender os interesses de sua coligação politica. Neste modelo, se evidencia que os partidos esquerdistas são mais propensos ao gasto público priorizando menor desemprego e os partidos de direita são mais propensos à estabilidade econômica, ou seja, priorizam o combate à inflação. (BORSANI, 2003). Os principais trabalhos desenvolvidos nesta área são o de Hibbs (1977) e Alesina (1987).

E os eleitores podem apresentar um comportamento racional, que ocorre quando os indivíduos entendem o funcionamento do ciclo político-econômico, ou um comportamento adaptativo, que ocorre quando os eleitores não possuem conhecimento do ciclo político-econômico e acabam cometendo erros sistemáticos. (CANÇADO; ARAUJO, 2004)

Modelos Oportunistas Modelos Partidários Comportamento não

racional

Nordhaus (1975) Hibbs (1977)

Comportamento racional Rogoff e Siebert (1988) Rogoff (1990)

Alesina (1987)

Quadro 1 – Modelos de ciclos político-econômicos Fonte: Alesina, Roubini, Cohen (1997)

(18)

Salienta-se que a presente pesquisa partiu somente do modelo oportunista de governo.

2.2.1 Modelo oportunista de governo

O modelo oportunista de governo tem por objetivo a maximização do número de votos nas eleições, ou seja, as ações oportunistas do governo são realizadas a partir dos mecanismos de políticas fiscais, monetárias e cambias e que são utilizadas como forma de convencimento político.

Os candidatos à presidência sabem que os cidadãos votantes decidem em quem irão votar a partir da competência de governo de cada candidato, e esta competência é medida pelo número de obras realizadas, pelos benefícios cedidos para a população ou melhora dos agregados macroeconômicos, tais como PIB, inflação e desemprego, isto é, por medidas que aumentam o bem-estar populacional.

Sabendo deste fato, os prováveis governantes procuram realizar obras, conceder benefícios ou gerar um maior número de emprego no período em que antecede as eleições para assim ser visto pela população como um governante competente e consequentemente arrecadar o maior número de votos possíveis. (BORSANI, 2003).

Desta forma, os governos tendem a criar situações favoráveis na economia em períodos anteriores as eleições e depois de transcorrido este período se vivencia a fase restritiva que vem a ocorrer após o período eleitoral, como é confirmado por Fialho (1999), que diz que a economia evidência períodos cíclicos antes das eleições, do qual advém da capacidade de dirigentes políticos em criar condições econômicas favoráveis antes da fase de votação a fim de influenciar o resultado eleitoral.

O modelo oportunista de governo, parte do pressuposto, de que as políticas públicas executadas pelos candidatos a eleição objetivam a satisfação de seus interesses pessoais e não da população como um todo, uma vez que quanto mais privilégios se concedem para a população maior é a probabilidade da vitória. Downs (2013, p.50) afirma que “os partidos formulam políticas a fim de ganhar eleições, e não ganham eleições a fim de formular políticas”.

(19)

O primeiro resquício advindo da conceituação de ciclo oportunista veio com o trabalho de Downs (2013) em 1957, onde estabelece seus estudos em Estados Democráticos e após ocorre o aprimoramento deste conceito com os trabalhos de Nordhaus (1975), que busca captar os ciclos oportunistas nas variáveis macroeconômicas, como o desemprego e inflação e pelas pesquisas de Rogoff (1990) e Rogoff e Silbert (1988), que trabalham com os ciclos oportunistas para as politicas fiscais (receitas e despesas).

Downs (2013), como dito anteriormente, estabelece seus estudos em Estados Democráticos, onde as eleições ocorrem periodicamente e todos os cidadãos possuem direito de voto, e a forma de eleição de um candidato é aquele que receber o maior número de votos, e desta forma, ele terá o poder de controlar a o Estado até a próxima eleição.

Downs (2013) diz que os candidatos à eleição são motivados a buscar a vitória eleitoral pelo desejo individual de obter renda, prestígio e poder, desta forma, conseguir desempenhar sua função social é uma das formas de alcançar seus desejos privados. E assim, o principal objetivo dos indivíduos nas eleições é a maximização dos votos e todas as suas ações durante o período eleitoral visão o alcance deste objetivo.

Para Downs (2013), os políticos buscam formular políticas que agradem uma grande parte do eleitorado, com o objetivo de arrecadar o maior número de votos, porém estes políticos não consideram os efeitos negativos que estas políticas geram sobre a economia, a menos que estas venham a afetar as decisões dos eleitores.

Na visão de Downs (2013), os eleitores agem racionalmente, ou seja, sua decisão de voto partirá das ações que os governantes fizeram em todo seu período de permanência no poder, como também das consequências que estas ações terão no futuro.

Já Nordhaus (1975), em sua pesquisa analisa o trade-off entre desemprego e inflação. Segundo ele, os governos em períodos pré-eleitorais estariam dispostos a terem um maior gasto em políticas que aumentassem a produtividade econômica e consequentemente ocasionariam uma menor taxa de desemprego, porém, o aumento da atividade econômica seria sustentada ou por um maior gasto governamental ou pela emissão de moeda do qual aumentariam a taxa de inflação após as eleições. Passado o período eleitoral, onde o maior número de gastos ocasiona um déficit governamental e por consequência aumenta a taxa de inflação, o governo começa a fazer uma série de ajustes fiscais para conter o aumento do nível de preços, o que consequentemente ocasiona uma queda no produto interno do país juntamente com o aumento da taxa de desemprego.

Assim, Nordhaus (1975) afirma que quanto mais ações públicas o governo realizar no ano pré-eleitoral em direção ao alcance de menores taxas de desemprego e inflação, maior a

(20)

probabilidade de este governo ser eleito, ou seja, “a manipulação de variáveis estratégicas altera a posição relativa dos partidos aos olhos do eleitor influenciando-o em seu voto”. (VELOSO, 2001, p.17).

Porém, Nordhaus (1975) afirma que a decisão dos votos de um agente partira de um tempo passado, ou seja, os agentes apenas comparam as ações do governo realizadas no último ano e não em todo seu mandato, do qual Nordhaus (1975) denomina como sendo uma “miopia política”, ou seja, os eleitores tomam suas decisões com base em sua racionalidade adaptativa ou não racional.

Nos trabalhos desenvolvidos por Rogoff (1990) e Rogoff e Silbert (1988), os ciclos oportunistas ocorrem nas variáveis orçamentárias, tais como as receita e despesa do governo. Rogoff e Silbert (1988) demonstram que uma das formas dos governantes aumentarem o bem estar social e a partir disto, conseguir auferir maior número de votos, é pela diminuição dos impostos nós períodos que antecedem as eleições, ou seja, as receitas do governo nos períodos anteriores as eleições possuem uma tendência declinante. Já Rogoff (1990) evidência que os governantes procuram aumentar seu número de votos, a partir do aumento do gasto público em períodos anteriores as eleições, ou seja, buscam aumentar o número de benfeitorias para a população, uma vez que este instrumento é de rápida percepção do eleitorado. Os trabalhos de Rogoff (1990) e Rogoff e Silbert (1988) partem de um ciclo oportunista racional, como o desenvolvido por Downs (2013).

Desta forma, vê-se que o modelo oportunista de governo aceita duas visões, uma em que o eleitor toma suas decisões racionalmente e aquela em que o eleitor leva em consideração na hora de votar em seus candidatos as ações dos políticos exercidos no último ano antes das eleições.

2.2.1.1 Modelo oportunista de governo com expectativa adaptativa

Neste modelo, o eleitor decidirá em quem votar a partir das benfeitorias que o candidato à presidência da república fez no último ano antes das eleições, ou seja, os indivíduos votantes possuem memória de curto prazo e assim tomam suas decisões com base nas atitudes passadas dos candidatos, como é afirmado por Bornhold (2010).

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Este modelo, segundo Borsani (2003, p.63), “sustenta que o eleitor sabe como tem variado seu bem-estar durante a gestão do governo, e esse é o dado principal que precisa para aprová-lo ou pelo contrário, desaprová-lo”, isto é, para o eleitor o importante é o resultado das politicas públicas implantadas pelos políticos e não a forma pelo qual estas políticas são alcançadas, ou seja, o eleitorado não está interessado no modo pelo qual a taxa de desemprego declina, o importante é que essa variável se reduza. (BORSANI, 2003).

Desta forma, os políticos buscam estimular a economia no ano pré-eleitoral, aumentando os gastos governamentais, no sentido de aumentar o bem-estar da população, através da concessão de benefícios, obras públicas, entre outros. E passado o período eleitoral, começa a se transcorrer o período de ajuste das contas públicas, ou seja, a politica fiscal ou monetária se torna contracionista.

2.2.1.2 Modelo oportunista de governo com expectativa racional

No modelo oportunista de governo com expectativa racional o eleitor toma sua decisão pensando na maximização do beneficio que obterá no futuro, ou seja, o eleitor possuí conhecimento e informações suficientes para compreender todas as atitudes dos políticos e, com base no que foi executado pelo governo no passado, o eleitor sabe quais serão suas atitudes no futuro (DOWNS, 2013). Borsani (2003, p.64) argumenta que “o eleitor usa a informação oferecida por sua percepção dos resultados para prever as possíveis políticas a serem implementadas pelo governo caso seja reeleito”.

Borsani (2003) afirma ainda, que as atitudes do governo durante seu mandato devem ser coerentes no tempo, a fim de, que os eleitores possam avaliar suas políticas e tomar suas decisões.

Porém, tais modelos, admitem a existência de assimetrias de informações, o que impede que o eleitorado consiga perceber eficientemente as competências do governo, fazendo com que os eleitores tenham que tomar suas decisões com base nas atividades desenvolvidas pelo governo no período anterior. (NAKAGUMA; BENDER, 2010).

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3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DOS CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS

OPORTUNISTAS

Este capítulo objetiva demonstrar os resultados encontrados por diversos autores quanto às evidências dos ciclos políticos oportunistas. Para tanto, o capítulo é divido em duas sessões. Na sessão 3.1 é demonstrado os resultados empíricas dos ciclos políticos no mundo e na sessão 3.2 são averiguados os resultados empíricos dos ciclos políticos oportunistas para o escopo brasileiro.

3.1 Evidências empíricas dos ciclos político-econômicos no mundo

As evidências empíricas dos ciclos político-econômicos demonstram diferentes resultados quanto à presença dos ciclos dentro de uma economia.

A pesquisa desenvolvida por Nordhaus (1975), como já mencionado anteriormente, busca evidenciar a presença de ciclos políticos no trade-off entre desemprego e inflação, ou seja, Nordhaus (1975) busca verificar se nos anos pré-eleitorais a taxa de desemprego declina e quando o período eleitoral termina se ocorre uma elevação na taxa de inflação. O autor parte de três principais premissas:

(i) O governante ser eleito pelo voto do povo, ou seja, nas eleições democráticas (ii) O governo tem o controle econômico para mover o país na direção que ele

quiser;

(iii) Os votantes são “míopes”, escolhendo seus candidatos pelas ações políticas do último ano.

Nordhaus (1975) investigou a possível presença de ciclos eleitorais em nove países: Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, Nova Zelândia, Suécia e Reino Unido.

Em sua análise empírica, Nordhaus (1975) detectou a não existência de ciclos políticos para a Austrália, Canada, Japão e Reino Unido, detectou também pouca indicação de ciclos políticos na França e Suécia, porém grande indicação da tendência de aumento do emprego em períodos pré-eleitorais nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Alemanha. Nordhaus (1975)

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chama a atenção para os países dos Estados Unidos e Alemanha, dizendo que nos EUA nos anos eleitorais de 1948, 1952 e 1956 houve uma queda acentuada na taxa de desemprego, porém houve um aumento no ano de 1968 (ano pós-eleitoral) e retornando a declinar antes das eleições no ano de 1972. No Reino Unido, nas eleições de 1951, 1964 e 1966 houve também o declínio da taxa de desemprego, porém menos acentuado do que nos EUA. Em conclusão, o autor aponta que em países em que existem democracias perfeitas, com eleições, os governos tendem a ser mais rígidos com a política fiscal nos primeiros anos de governo e quando as eleições se aproximam os governantes optam por políticas fiscais mais expansionistas, privilegiando a diminuição da taxa de desemprego e inflação, porém aumenta os gastos e consequentemente aumento também o déficit público.

Schuknecht (1996)1 analisa 35 nações em desenvolvimento no período entre 1970 e 1992 e buscar achar resquícios de ciclos políticos através de um modelo econométrico autorregressivo. O autor se utiliza de países em desenvolvimento para análise, pois afirma que nestes países as manipulações são mais fáceis de ocorrer, uma vez que os governantes possuem mais poder sobre a politica fiscal e monetária, e, além disto, as análises dos balanços das contas públicas são mais fracas. Através de modelos autorregressivos do déficit fiscal e do produto, Schuknecht (1996) conclui que existe efeito significativo entre o calendário eleitoral e as politicas fiscais, porém não encontra tal significância para a relação entre o produto e as eleições.

Martins (2002) busca evidenciar a presença de ciclos político-econômicos em Portugal no período de 1977 a 2000. O autor se utiliza observações trimestrais da taxa de crescimento do produto, da taxa de inflação e da taxa de desemprego e de medidas de política monetária e política orçamental. Os elementos da política monetária utilizada incluem: a taxa de crescimento anual dos agregados monetários M1 e L1 para se verificar a taxa de crescimento da oferta de moeda e a taxa de juro nominal de curto prazo praticada pelas instituições de crédito, já os dados utilizado para as medidas de política orçamentaria são as taxas de crescimento das despesas correntes e totais e o déficit orçamentário. Martins (2002) através de uma análise econométrica baseado nos modelos desenvolvidos por metodologia Alesina, Roubini e Cohen (1997) e Alesina e Sachs (1988), do qual se utilizam de modelos autoregressivos. Martins (2002) constatou que as variável PIB não apresentou resultado significativo que demostrassem a presença dos ciclos eleitorais, somente a taxa de inflação que apresentou uma redução da taxa de inflação nos períodos próximos as eleições e um

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aumento sistemático da taxa de inflação no período pós-eleitoral, o mesmo se obteve com a taxa de desemprego, sendo está menor nos períodos pré-eleitorais e depois de passado o período de votação, ocorreu um aumento. Já as variáveis que demonstram as politicas orçamentarias e monetárias efetuadas pelo governo, se constata a existência de ciclos oportunistas na expansão de oferta de moeda antes das eleições e uma contração após a votação eleitoral. Porém, na política orçamentária o mesmo não se contatou, ou seja, não ocorreram aumentos de gastos antes das eleições.

Borsani (2003) analisa a presença de ciclos políticos para os países da América Latina no período de 1979 a 1998 e conclui que não é evidente a melhora das variáveis econômicas em períodos pré-eleitorais como forma de “oportunismo político”; porém é visto que, em períodos pós-eleitorais a uma desaceleração do crescimento do produto e um aumento do desemprego assim como um pequeno aumento na inflação, o que confirma a presença de ciclos político-econômicos para o período pós-eleitoral.

Coelho (2004) testa a existência de ciclos políticos oportunistas e partidários em 86 municípios portugueses no período de 1985 a 2000, através de um modelo econométrico. Coelho (2004) detecta a existência de oportunismo politico no período analisado, porém ciclos partidários não obtiveram significância estatística. Em relação aos ciclos oportunistas, coelho (2004) observou uma tendência de aumento das despesas do governo e no nível de emprego municipal no ano em que antecede as eleições.

3.2 Evidências Empíricas dos ciclos político-econômicos no Brasil

Os trabalhos desenvolvidos para o Brasil sobre a problemática dos ciclos políticos são muito escassos. Destaca-se os trabalhos desenvolvidos por Fialho (1997), que analisa a existência de ciclos políticos na economia brasileira em um período de 1953 a 1995, mostrando que existe efeito pré-eleitoral na variável crescimento do PIB advindas de uma política monetária expansionista, porém não se detectou evidências de “oportunismo” político nas variáveis inflação e desemprego, o que vai contra o modelo de Nordhaus (1975).

Ogura (1999) busca analisar a presença de ciclos políticos nas variáveis de politicas fiscal (ou orçamentária) e de politica macroeconômica do Brasil no período de 1980 a 1999, através de um modelo econométrico autorregressivo. Através da análise, Ogura (1999),

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observa que as variáveis: desemprego e PIB, obtiveram uma elevação em seus índices nos anos eleitorais e uma redução após as eleições. Na variável inflação, o autor encontrou períodos de crescimento negativo em anos eleitorais e pós-eleitorais. Para o variável crédito privado, o autor pode constatar um aumento deste no período eleitoral e redução passado o período eleitoral. Para a variável Despesa com pessoal e encargos sociais, o autor constatou um aumento dos mesmos no primeiro ano após as eleições. Já para a politica cambial, Ogura (1999), notou que ocorreu desvalorizações cambiais em períodos após as eleições presidenciais.

Já Preussler (2001) busca constatar a presença de ciclos eleitorais no Brasil nas variáveis macroeconômicas tradicionais: PIB, desemprego e inflação e nas variáveis de política fiscal: despesa total do governo federal, gasto com pessoal, transferências aos estados e municípios e déficit fiscal, no período de 1980 a 2000. Esta constatação é feita a partir de uma analise econométrica que se utiliza de modelos autoregressivos integrados de médias móveis (ARIMA).

Preussler (2001) conclui que o Produto Interno Bruto não possui influência do calendário eleitoral nas suas flutuações, assim como a taxa de desemprego, porém foi constatado que a taxa de inflação possuí uma tendência de queda, nos seis meses anteriores as eleições. Mas, quando observado as politicas fiscais, se verificou que apenas os gastos do governo federal sobre influência do calendário eleitoral, onde se constatou um aumento dos gastos em períodos anteriores as eleições, enquanto que o gasto com pessoal, transferências aos estados e municípios e déficit fiscal, não foi constatado a presença de ciclos oportunistas.

Salvato et al. (2007) analisam a possível presença de ciclos políticos no Brasil no período de 1985 a 2006, a partir de análise econométrica. O autor conclui que existe uma relação entre o calendário eleitoral e a manipulação das variáveis econômicas como forma de maximização dos votos, evidenciando a presença do “oportunismo” político nas variáveis: taxa de crescimento do PIB, taxa de desemprego e taxa de inflação, além de manipulações nas politicas fiscais, como gasto do governo e déficit público. O autor afirma que foram estás manipulações pré-eleitorais que levou a economia brasileira a recessões econômicas em períodos pré-eleitorais.

Araújo e Filho (2010) analisam as flutuações dos gastos públicos em 27 estados brasileiros no período de 1995 a 2008, os gastos públicos foram divididos em gastos com custeio, capital, saúde e educação. O autor demostra que os gastos públicos estaduais em todas as divisões tiveram um aumento em 1998, sendo que este era um ano eleitoral, sendo que estes mesmos gastos tiveram uma retração em 1999 quando este se encontrava em um

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período pós-eleitoral; porém no período de 2001 a 2003 apenas os gastos com custeio aumentaram e o restante dos gastos (capital, saúde e educação) apresentaram uma redução; já no período de 2005 a 2007 todas as classificações de gastos tiveram um aumento no ano eleitoral e uma queda nos anos pós-eleitorais, confirmando o modelo “oportunista”.

Nakaguma e Bender (2010) procuram analisar as causas da existência de ciclos eleitorais na política fiscal dos estados brasileiros no período de 1986 a 2004, através do estimador system-GMM para painéis dinâmicos. O trabalho parte de duas etapas: na primeira etapa, Nakaguma e Bender (2010) procuram demonstrar os determinantes políticos do comportamento das politicas fiscais dos estados brasileiro, buscando evidenciar a existência de ciclos eleitorais nas variáveis orçamentarias do governo (receita e despesa governamental). Já na segunda etapa, os autores procuram analisar o comportamento do eleitor face aos ciclos político-econômicos, ou seja, procuram investigar se os eleitores conseguem identificar o grau de oportunismo e competência do governo.

Nakaguma e Bender (2010), na primeira etapa do trabalho, identificam a existência de ciclos eleitorais bem definidos para as variáveis orçamentárias do governo no período de 1986 a 2004, ou seja, os autores observam que as despesas orçamentárias do governo possuíram elevações durante os anos eleitorais e quedas durante os anos pós-eleitorais. Porém, as receitas do governo apresentaram as mesmas tendências de elevação nos períodos eleitorais e declínios em períodos pós-eleitorais.

Na segunda etapa, Nakaguma e Bender (2010) observam que os eleitores respondem positivamente aos ciclos oportunistas nas políticas fiscais, ou seja, quanto maior o número de benefícios concedidos a população maior é a probabilidade do eleitor votar naquele provável governante. Segundo os autores, os ciclos eleitorais são consequência da falta de controle político do eleitorado.

Britto (2014) analisa a possível ocorrência de ciclos políticos nas eleições de 2006 e 2010 nas variáveis monetárias, fiscais, cambiais e sociais. A metodologia utilizada para a análise dos dados é expositiva, com a observações das oscilações históricas incorridas nas variáveis analisadas. Se verificou que nos períodos pré e pós-eleitorais incorridos entre os anos de 2006 e 2010, variáveis monetárias, fiscais, cambiais e sociais apresentaram comportamento oportunista, ou seja, possuíram tendência de aumento nos períodos pré-eleitorais e tendências declinantes em períodos pós-pré-eleitorais.

Britto (2014) percebeu que nas eleições de 2006 ocorreu um aumento nos gastos do governo devido à expansão dos programas sociais e elevação do salário mínimo. Em 2010, percebeu uma expansão da politica fiscal, aumento dos níveis de credito e investimentos e

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ainda mais gastos em programas sociais. Percebe-se também, que após Dilma assumir a administração do Brasil em 2011, não ocorreu o ajuste pós-eleitoral, desejável para mandar estável os níveis de inflação.

Vasconcelos et al. (2013) investigam o comportamento da execução orçamentária federal no período de 1985 a 2010, a partir de uma analise econométrica de um sistema de equações não correlacionadas, conhecida como modelo SUR (Seemingly Unrelated

Regressions). Para analise das oscilações da despesa, o autor reúne as despesas em: despesa

corrente (que incluem despesa com pessoal e encargos sociais, despesa com juros e encargos da dívida e transferências da União para Estados, Distrito Federal e Municípios), despesa de capital (que incluem amortização da dívida e investimentos), despesa corrente, despesa de capital, despesa total, e despesa com a defesa nacional e segurança, educação e cultura, saúde e saneamento, assistência e previdência e transporte. E para a análise do comportamento das receitas, Vasconcelos et al. (2013) também agrupa as receitas em: receita total receita corrente, receita de Capital, e suas respectivas subcategorias: receita tributária, operações de crédito.

Assim, Vasconcelos et al. (2013), através de suas análises infere que, aquelas categorias de despesas que necessitam de um prazo maior para transformar-se em benfeitorias para o eleitor, como as despesas com investimentos, transportes e o setor produtivo, tiveram aumentos mais significativos em anos pré-eleitorais, porém, as despesas correntes (assistência e previdência apresentaram maior crescimento em anos eleitorais. Desta forma, Vasconcelos

et al (2013), observa que as despesas governamentais no período de 1985 a 2010, obtiveram

tendências oportunistas em todas as categorias, tendo aumentos em períodos pré-eleitorais e eleitorais e se contraindo após os anos das eleições.

Vasconcelos et al (2013) também visualiza a presença de ciclos políticos em todas as categorias de receitas governamentais. Nota aumentos das receitas no período pós-eleitoral, uma vez que é mais conveniente para o governante aumentar as arrecadações após as eleições do que no período eleitoral.

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4 METODOLOGIA

A presente pesquisa caracteriza-se por ser de natureza aplicada. E quanto ao objetivo é explicativa, pois segundo Gil (2009, p. 42), a pesquisa explicativa “têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”. Para este mesmo autor, a pesquisa explicativa é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento do pesquisador sobre a realidade, pois esta é capaz de explicar a razão e o porquê de certos fenômenos.

A presente pesquisa parte de uma análise das variáveis de politica orçamentária: receitas e despesas do governo, para detectar a presença de ciclos político-econômicos no Brasil no período de 1994 a 2014. Utiliza-se receitas e despesas do governo para a análise, pois Bittencourt (2002) argumenta que os governos possuem mais facilidade de manipular a execução do orçamento, do que os resultados macroeconômicos incluindo as variáveis PIB, inflação e desemprego.

Desta forma, este capítulo objetiva demonstrar a metodologia de estudo utilizada nas análises empíricas. Para tanto, o capítulo é divido em 6 sessões. Na sessão 4.1 é apresentado as fontes de onde os dados foram retirados. Na sessão 4.2 é demonstrado as variáveis de análise utilizadas para a averiguação empírica. Na sessão 4.3 é exposto o teste de raiz unitário para a detectação da estacionariedade das variáveis. Na sessão 4.4 é exposto o método de análise utilizado para o exame econométrica. Na sessão 4.5 é definido o modelo de análise e na sessão 4.6 são demonstrados os resultados que se espera encontrar na presente pesquisa.

4.1 Base de dados

A fonte de dados utilizada na presente pesquisa foi retirada do banco de dados do Banco Central do Brasil e da Secretária do Tesouro Nacional.

Os dados utilizados dizem respeito às Receitas e Despesas do Tesouro Nacional e Produto Interno Bruto (PIB) no período de 1994 a 2014 (em valores mensais), todos os valores correntes foram transformados em valores reais de dezembro de 2014 por meio do índice IGP-DI. Como realizado nos trabalhos de Bornhold (2010), Vasconcelos et al. (2013) e Bittencourt (2002).

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4.2 Seleção das variáveis

Com o intuito de averiguar a existência de ciclos eleitorais, ou seja, a possível influência que o calendário eleitoral exerce sobre as variáveis orçamentarias governamentais, elegeu-se como variável dependente as seguintes variáveis:

(1) Despesa do Tesouro Nacional: Corresponde ao total da despesa primária realizada pela administração federal. (Fonte: Secretária do Tesouro Nacional)

(2) Receita do Tesouro Nacional: Corresponde ao total da receita primária arrecadada pela administração federal disponível para o custeio da máquina administrativa, alocação em atividades de governo e execução da política fiscal. (Fonte: Secretária do Tesouro Nacional)

Como variáveis independentes ou de controle, se elencou a variável PIB (Produto Interno Bruno), do qual, se viu relevante para a determinação das flutuações que ocorrem nas receitas e nas despesas governamentais, uma vez que, maiores serão as receitas e despesas quanto maior for o Produto Interno Bruto do país.

As variáveis políticas utilizadas neste trabalho é um conjunto de variáveis Dummys para representar os ciclos eleitorais nos períodos:

(1) Pré-eleitorais nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa um ano antes do ano eleitoral; (2) Eleitorais nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz

Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa o ano das eleições;

(3) Pós-eleitorais 1 nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa um ano após as eleições;

(4) Pós-eleitorais 2 nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa dois anos após as eleições;

(30)

4.3 Testes de raíz unitária

Antes da constatação dos resultados é necessário verificar se a série de dados utilizada não possuem problemas estatísticos que fazem com que o pesquisador chegue a resultados precipitados.

Desta forma, por se estar utilizando dados de série temporais é necessário constatar se a série de dados é estacionária, ou seja, se esta sofre influência do tempo. Assim, segundo Gujarati (2011), uma série temporal será estacionária se sua média, variância e covariâncias será a mesma independendo do ponto em que será mensurado. Gujarati (2011) afirma também que, se uma série temporal não for estacionária não existe a possibilidade de a análise ser generalizada para outros períodos, uma vez que se a série for estacionária ela tende a flutuar em torno da média e assim a análise é de possível generalização.

Logo, para se identificar se a série de dados é estacionária, utiliza-se o teste de raiz unitária.

A raiz unitária surge quando, por exemplo, como é indicado por Gujarati (2011), se tivéssemos um modelo de passeio aleatório, ou seja, se a variável dependente fosse explicada por ela mesma em um período t-1 e por um choque aleatório:

(1)

Ou seja, temos um modelo autoregressivo de ordem 1 (AR (1)), logo, se tivermos ρ=1, então temos a presença da raiz unitária e assim o modelo se torna não estacionário no tempo.

Para se detectar a existência de raiz unitária o presente trabalho se utilizou dos testes Dickey-Fuller Aumentado e Philips-Perron.

O teste Dickey-Fuller Aumentado, segundo Gurajati (2011), se utiliza de valores defasados da variável dependente e assim estima a seguinte regressão:

(2)

Onde é o termo de erro ruído branco e . A ideia de incluir

termos defasados ( , é poder fazer com que o termo de erro não seja correlacionado serialmente e assim poder obter estimativas não viesadas. O teste Dickey-Fuller é baseado na estatística tau ( , e para a conclusão se as variáveis possuem raiz unitária tem-se que a

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hipótese nula assume a presença de raiz unitária, ou seja, , e consequentemente a hipótese alternativa é a não existência de raiz, ou seja, Logo, se aceitar a hipótese nula então tem-se raiz unitária. (GURAJATI, 2011; BUENO, 2011).

O teste Philips-Perron, ao contrário do teste Dickey-Fuller Aumentado, não opera com dados paramétricos, ou seja, o teste não utiliza os termos defasados da variável dependente para explicar a correlação dos termos de erro (BUENO, 2011; GUJARATI, 2011). Como é afirma Bueno (2011, p. 124), o teste Philips-Perron “faz uma correção não paramétrica ao teste de Dickey-Fuller”, no entanto toda sua explicação estatística vai em consonância com o teste Dickey-Fuller, desta forma, o teste Philips-Perron aceita como hipótese nula a presença de raiz unitária e como hipótese alternativa a estacionariedade, ou seja, a não existência de raiz unitária nas variáveis. Logo , , e consequentemente . . (GURAJATI, 2011; BUENO, 2011).

4.4 Método de análise

A análise de dados da presente pesquisa é realizada via regressões múltiplas sem a presença do intercepto, indo à consonância com o trabalho desenvolvido por Gujarati (2011).

Devido à existência de variáveis dummys neste trabalho, é necessário ter o cuidado com a chamada armadilha da variável binária ou dummy. Segundo Gujarati (2011) e Bueno (2011), a armadilha da variável binária, existe quando se tem colinearidade perfeita entre as variáveis, ou seja, quando as variáveis possuem uma relação exata entre elas.

Para se evitar a armadilha da variável dummy, é necessário que “para cada regressor qualitativo, o número de variáveis binárias introduzidas deve ser um a menos que as categorias daquela variável” (GUJARATI, 2011, p. 292), ou seja, “se uma variável qualitativa tem m categorias, é necessário se introduzir apenas (m-1) variáveis binárias” (GUJARATI, 2011, p. 292). Por exemplo, o presente trabalho se utilizara de vinte e uma (21) variáveis binárias, e logo para não haver a ocorrência da armadilha da variável dummy deve-se utilizar vinte (20) variáveis binárias.

Desta forma, quando se omite uma variável dummy da análise, está ficará conhecida como categoria-base ou de controle, e todas as comparações feitas durante a análise dos dados

(32)

será referente a está categoria, e assim, o valor do intercepto representará o valor médio da categoria-base. (GUJARATI, 2011)

Porém, Gujarati (2011) declara que existe outro modo de contornar a armadilha da variável binária sem omitir uma variável dummy do modelo, que é, “introduzir tantas variáveis binárias quanto o número de categorias daquela variável, contanto que não seja introduzido o intercepto de tal modelo” (GUJARATI, 2011, p.293). Desta forma, ao excluir o intercepto tem-se que considerar um modelo da seguinte forma:

(3)

Ao não incluir o intercepto e não excluirmos nenhuma variável binária, não se tem que submeter a análise a uma categoria-base, e assim se obtém diretamente o valor médio de cada variável dummy em relação a variável dependente. (GUJARATI, 2011).

O programa utilizado para a análise empírica será o software STATA (Data Analysis

and Statistical Software) versão 10.

4.5 Especificação do modelo econométrico

Buscando-se evidenciar a presença de ciclos políticos na conduta dos presidentes da república que estiveram na administração do Brasil no período de 1994 a 2014, o presente trabalho se utiliza de dois modelos econométricos.

O primeiro modelo (4) busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as despesas do governo:

(33)

(4)

O segundo modelo (5) busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as receitas governamentais: (5)

Onde DT: é a despesa total do Tesouro Nacional; RT: é a receita total do Tesouro Nacional; PIB: Produto Interno Bruto do Brasil; dummy AELEITA: Assume valor 1 se for o ano eleitoral do governo de Itamar Franco e valor 0 nos demais casos; dummy APOS1FHC1: Assume valor 1 se for o primeiro ano após as eleições que se elegeu como presidente da república o presidente Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 nos demais casos;

dummy APOS2FHC1: Assume valor 1 se for o segundo ano após as eleições do primeiro

governo de Fernando Henrique Cardoso, e tem valor 0 se for os demais casos; dummy

APREFHC1:Assume valor 1 ser for o ano pré eleitoral do primeiro governo de Fernando

(34)

valor 1 se for o ano eleitoral do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais casos; dummy APOS1FHC2: Assume valor 1 se for o primeiro ano após as eleições do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APOS2FHC2: Assume valor 1 se for o segundo ano do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy

APREFHC2: Assume valor 1 se for o ano pré eleitoral do segundo governo de Fernando

Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy AELEFHC2: Assume valor 1 se for o ano eleitoral do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APOS1LULA1: Assume valor 1 se for o primeiro ano após as eleições do primeiro governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APOS2LULA1: Assume valor 1 se for o segundo ano após as eleições do primeiro governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy

APRELULA1: Assume valor 1 se for o ano pré eleitoral do primeiro governo do presidente

Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy AELELULA1: Assume valor 1 se for o ano eleitoral do primeiro governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso;

dummy APOS1LULA2: Assume valor 1 se for o primeiro ano após as eleições do segundo

governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APOS2LULA2: Assume valor 1 se for o segundo ano após as eleições do segundo governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APRELULA2: Assume valor 1 se for o ano pré eleitoral do segundo governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso;

dummy AELELULA2: Assume valor 1 se for o ano eleitoral do segundo governo do

presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APOS1DILMA: Assume valor 1 se for o primeiro ano após as eleições do qual se elegeu-se a presidente Dilma no comando da administração do Brasil, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy

APOS2DILMA: Assume valor 1 se for o segundo após as eleições do governo da presidente

Dilma, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APREDILMA: Assume valor 1 se for o ano pré eleitoral do governo da presidente Dilma, e assume valor 0 se for os demais caso;

dummy AELEDILMA: Assume valor 1 se for o ano eleitoral do governo da presidente

(35)

4.6 Resultados esperados

O que se espera obter com a presente investigação, em termos de sinais e resultados: (1) No primeiro modelo que busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as

despesas do governo, o que se espera encontrar é um aumento das despesas do governo nos anos pré-eleitorais e eleitorais e uma contração das despesas nos anos após as eleições. Além disso, se espera que a relação entre as despesas da administração central do Brasil e o Produto Interno Bruto seja positiva, ou seja, que um aumento no PIB venha causar nas despesas do governo.

(2) No segundo modelo que busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as receitas governamentais, o que se espera encontrar é um aumento das receitas do governo nos anos após as eleições e uma contração das mesmas nos anos pré-eleitorais e pré-eleitorais. Também se espera que a relação entre as receitas do governo central e o Produto Interno Bruto do Brasil obtenha uma relação positiva, ou seja, que quanto maior for o PIB maior serão as receitas que o governo obterá.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados encontrados a partir da análise gráfica e econométrica. Desta forma, o capítulo é divido em três sessões, na sessão 5.1 se apresenta a verificação da presença de raiz unitária nas variáveis: PIB, Despesa total e Receita total. Na sessão 5.2 se aponta os resultados gráficos e econométricos para o modelo de despesa do governo, e na sessão 5.3 se demonstra os resultados gráficos econométricos para o modelo de receita do governo.

5.1 Resultados da presença de raiz unitária nas variáveis

Como se está trabalhando com séries temporais, é necessário verificar se as variáveis trabalhadas são estacionárias, ou seja, se suas médias e variâncias são constantes ao passar do tempo.

A análise visual dos dados indica uma possível presença de raiz unitária nas séries do Produto Interno Bruto (PIB), pelo fato desta série estar se afastando da média de longo prazo. Porém, o mesmo não ocorre com nas séries de Despesa total (DT) e Receita total (RT) (Figura 1).

Referências

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