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PARECER SOBRE PROJETO DE DECRETO-LEI QUE VISA ALTERAR O DECRETO-LEI N.º 74/2006 (GRAUS E DIPLOMAS) E O DECRETO-LEI N.º 113/2014 (CONCURSOS ESPECIAIS)

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PARECER SOBRE PROJETO DE DECRETO-LEI QUE VISA ALTERAR O

DECRETO-LEI N.º 74/2006 (GRAUS E DIPLOMAS) E O DECRETO-LEI N.º

113/2014 (CONCURSOS ESPECIAIS)

No âmbito do Artigo 20.º da Lei n.º 23/2006, de 23 de junho, que estabelece o Regime Jurídico do Associativismo Jovem, foi remetido às Associações Académicas e de Estudantes do Ensino Superior um projeto que visa alterar o Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de março, que enquadra o regime jurídico dos graus e diplomas do ensino superior e, complementarmente, o Decreto-Lei n.º 113/2014, de 16 de julho, que regula os concursos especiais para acesso e ingresso no ensino superior.

Durante o período de audição pública, até 12 de maio de 2016, foi solicitado às entidades consultadas a emissão de pareceres a respeito do projeto de alteração.

Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTSP) foram criados no início de 2014, situados nos níveis 5 do Quadro Nacional de Qualificações e do Quadro Europeu de Qualificações para a Aprendizagem ao Longo da Vida e regulamentados pelo Decreto-Lei n.º 43/2014, de 18 de março. Esta iniciativa, que instituiu um novo tipo de formação – ciclos curtos de ensino superior (short cycles), enquadra-se nas diretrizes definidas pelos Descritores de Dublin, fixados em 2004 e no quadro do Processo de Bolonha, tal como definido na conferência de Bergen, em 2005. O projeto de alteração aos Decreto-Lei 74/2006 e n.º 113/2014 tem por objetivos a integração dos CTSP, até agora regulamentados pelo Decreto-Lei n.º 43/2014, no regime jurídico dos graus e diplomas, regulamentados pelo Decreto-Lei n.º 74/2006 e a eliminação de obstáculos à progressão dos seus diplomados para os cursos de licenciatura, o que implica a introdução de alterações no Decreto-Lei n.º 113/2014.

No entanto, antes mesmo de olhar detalhadamente todas as questões que envolvem os CTSP, fica a certeza por parte das federações e associações académicas e de estudantes subscritoras de que faltava e continua a faltar um debate com os agentes do sistema educativo sobre o verdadeiro enquadramento deste tipo de formações. É importante perceber o que este Governo quer agora fazer destas formações, qual o seu objetivo, que papel desempenham no sistema de ensino nacional, quem são os seus principais destinatários e que públicos-alvo se pretendem atingir. Este tipo de respostas é fundamental para que, mais uma vez, não se façam alterações avulsas no sistema e se ignorem as transformações de fundo. Estas respostas não se encontram nos diplomas apresentados nem são impostas por decreto. Por outro lado, exigem debate, troca de ideias e experiência que até então não tivemos oportunidade de verificar.

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1. INGRESSO NOS CTSP E ACESSO AO ENSINO SUPERIOR

No âmbito da proposta de alteração ao Decreto-Lei 113/2014, o movimento associativo nacional sempre defendeu que o 12.º ano, ou habilitação legalmente equivalente, deve ser condição obrigatória para o acesso ao ensino superior. Esta é uma posição que, a respeito dos CTSP, merece duas considerações. Apesar de os CTSP não serem um ciclo de estudos conferente de grau e de se enquadrarem no nível 5 do Quadro Nacional de Qualificações (QNQ), consideramos que em virtude da proposta de harmonização com o funcionamento do ensino superior apresentada, deveria o 12.º ano, ou habilitação legalmente equivalente, ser também condição de ingresso nos CTSP. Neste sentido, propomos a supressão do ponto 2 do artigo 40.º E “Podem ainda candidatar-se ao acesso aos cursos técnicos superiores profissionais os estudantes que tenham obtido aprovação em todas as disciplinas dos 10.º e 11.º anos de um curso de ensino secundário, ou de habilitação legalmente equivalente.”. Uma vez que nos manifestamos contra a possibilidade de ingresso nos CTSP com o 12º ano incompleto, deve acompanhar esta situação a supressão de todo o artigo 40.º O. Este artigo trata da formação complementar para os estudantes que ingressem nas condições anteriormente apresentadas, deixando de fazer sentido caso se concorde com a opinião que apresentamos.

Relativamente ao acesso ao ensino superior, entenda-se aos cursos de licenciatura, por parte dos diplomados dos CTSP, consideramos que o modelo proposto mantém a existência de um regime de acesso privilegiado que poderá resultar numa significativa subtração de vagas ao regime geral, o que não é razoável, nem aceitável. No contexto atual do ensino superior nacional, a realidade imposta pelo sistema de numerus clausus materializa-se no acesso de um estudante a uma vaga excluir o acesso de outro estudante que concorra à mesma vaga, e, uma vez preenchidas todas as vagas, todos os demais candidatos estão excluídos. Relembramos, a este respeito, o Acórdão n.º 355/2013 do Tribunal Constitucional, que qualificou como “regime de privilégio injustificado” o regime anteriormente aplicado aos alunos do ensino recorrente “relativamente aos alunos dos cursos científico-humanísticos”.

Não obstante, partilhamos da necessidade de ver removidas as barreiras à progressão dos diplomados dos CTSP para os cursos de licenciatura, mas para que tal não promova uma distorção do regime geral de acesso, entendemos que deve ser inscrito no Artigo 25.º do Decreto-Lei 113/2014 uma percentagem de vagas destinadas aos diplomados dos CTSP, fixada em função de uma percentagem máxima do número de vagas para o regime geral de acesso. Nesta lógica, complementarmente, concordamos que as vagas não preenchidas no regime geral de acesso possam reverter para as restantes modalidades de acesso, o que inclui a destinada

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licenciatura para um diplomado de CTSP deve exigir uma prova de conhecimentos para atestar se o estudante tem efetivamente conhecimentos de base suficientes que lhe permitam frequentar essa formação, bem como deve ser controlada no sentido de que este se torne efetivamente um modelo de progressão dos diplomados dos CTSP que o entendam fazer e não uma via alternativa de acesso a determinadas formações. 2. COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO Relativamente às propostas apresentadas através do artigo 40.º W referente à “Comissão de acompanhamento”, não sendo do nosso conhecimento quais os motivos para a alteração da composição desta comissão, não entendemos o porquê da remoção da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, da Direção-Geral da Educação e do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Atendendo à caracterização e à vocação prevista para os CTSP, no campo teórico, parece-nos que a Comissão de Acompanhamento beneficiaria da continuidade, na sua composição, dos três agentes referidos. Todavia, no âmbito de uma alteração à composição da Comissão de Acompanhamento, vemos como fundamental a inclusão de representantes dos estudantes, a indicar pelo movimento associativo nacional no mesmo modelo aplicado às representações no Conselho Consultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), no Conselho Nacional de Educação ou, no recém-constituído Conselho Coordenador do Ensino Superior.

3. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE

No que respeita ao processo de avaliação da qualidade, artigo 40.º X, este foi uma das razões que, já em 2014, havia motivado a discordância do movimento associativo nacional. O regime jurídico de avaliação da Qualidade do Ensino Superior português, enquadrado pela Lei n.º 38/2007, de 16 de agosto, cumprindo as diretrizes europeias presentes nas European Standards and Guidelines, prevê que a avaliação da qualidade dos ciclos de estudos de Ensino Superior seja realizada de forma independente – por agências próprias, independentes da tutela e das Instituições de Ensino Superior (IES).

Submeter os CTSP a uma avaliação externa às IES é algo que vemos com fundamental e saudamos a alteração introduzida pelo ponto 1 do Artigo 40.ºX, prevendo que “Os cursos

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técnicos superiores profissionais estão sujeitos a avaliação periódica da qualidade realizada de acordo com os princípios fixados pela Lei n.º 38/2007”.

A este propósito, consideramos adequado que a avaliação externa seja realizada de dois em dois anos, por peritos nacionais e internacionais, conforme previsto no ponto 3 do mesmo artigo. No entanto, a proposta legislativa não esclarece se estes peritos – os nacionais, são os peritos membros da bolsa de avaliadores da A3ES, ou se serão realizadas ações formativas para novos peritos. Sobre a composição das Comissões de Avaliação Externa (CAE), é expectativa do movimento associativo nacional que estas sejam também integradas por peritos estudantes, como parte interessada na garantia da qualidade das formações ministradas. Relativamente aos parâmetros a fixar pela Comissão de Acompanhamento para os processos de autoavaliação e avaliação externa, consideramos da máxima relevância, a bem da transparência, que estes venham a ser alvo de publicação em Diário da República. Finalmente, no que respeita à existência de um sistema de avaliação externa caracterizado pela independência orgânico-funcional do avaliador face à entidade avaliada, consideramos que o modelo proposto não cumpre este princípio da avaliação também expresso na Lei n.º 38/2007. Este incumprimento é, aliás, flagrantemente evidenciado pela ausência de um enquadramento para a recorribilidade das decisões. No caso da avaliação externa a ciclos de estudos conferentes de grau, as CAE apenas propõem uma recomendação de decisão, cabendo ao Conselho de Administração da A3ES, com base no relatório da CAE, emitir uma decisão favorável, favorável com condições ou desfavorável. A IES, caso não concorde com a decisão, pode recorrer para o Conselho de Revisão da A3ES, que é um órgão presidido por um juiz e especificamente constituído para a análise de recursos. Existe ainda a possibilidade de recurso para os tribunais civis.

O enquadramento proposto para avaliação externa dos CTSP coloca excessiva centralidade na DGES e na Comissão de Acompanhamento, que é coordenada pelo Diretor-Geral do Ensino Superior. Na ótica do movimento associativo nacional, a única forma de cumprir os princípios consagrados pela Lei n.º 38/2007 e, assim, assegurar a independência dos processos de avaliação externa é esta ser realizada por entidade independente, como é o caso da A3ES.

4. OUTROS ASPETOS

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profissional, por parte das IES politécnico e pretende clarificar a atribuição de outros diplomas não conferentes de grau: “1 - No ensino politécnico são conferidos os graus académicos de licenciado e de mestre e o diploma de técnico superior profissional. 3 - Os estabelecimentos de ensino superior podem ainda atribuir diplomas não conferentes de grau académico: a) pela realização de parte de um curso de licenciatura não inferior a 120 créditos; b) pela conclusão de um curso de mestrado não inferior a 60 créditos; c) pela conclusão de um curso de doutoramento não inferior a 30 créditos; d)pela realização de outros cursos não conferentes de grau académico integrados no seu projeto educativo.

4 - Nos diplomas a que se referem as alíneas a), b) e c) do número anterior deve ser adotada uma denominação que não se confunda com a do grau académico.

5 - Nos diplomas a que se refere a alínea d) do n.º 3 deve ser adotada uma denominação que não se confunda com a de graus académicos na mesma área.”

Neste âmbito, entendemos que esta clarificação, no que respeita à vocação proposta para as alíneas b) e c) do ponto 3, carece de uma concretização que não produza confusão com as denominações dos graus académicos. Esta preocupação, ainda que vertida no ponto 4 do mesmo artigo, no nosso entender deve materializar-se, no caso das referidas alíneas do ponto 3, numa redação coerente com a conferida à alínea a) do mesmo ponto, pelo que propomos: “a) pela realização de parte de um curso de licenciatura não inferior a 120 créditos; b) pela realização de parte de um curso de mestrado não inferior a 60 créditos; c) pela realização de parte de um curso de doutoramento não inferior a 30 créditos;” A proposta de alteração em processo de consulta propõe retirar da redação do artigo 75.º a menção aos “planos de estudos”, conceito que se mantém presente na alínea b) do artigo 3.º e que se encontra vulgarizado na mais diversa regulamentação alusiva ao Ensino Superior, o que inclui o conjunto de normas e regras aprovadas internamente pelas IES. Neste sentido, propomos que seja mantida a redação anterior do artigo: “A alteração de planos de estudos e de outros elementos caracterizadores de um ciclo de estudos que não modifiquem os seus objetivos fica sujeita ao regime fixado pelo presente título.” Referimos ainda, positivamente, a reorganização apresentada para o conteúdo presente nos artigos 40.º K, 40.º L, 40.º M, 40.º N e 40.º O, referentes, respetivamente, às componentes de formação geral e científica; técnica; em contexto de trabalho; organização do currículo e formação complementar e correspondentes aos artigos 14.º, 15.º, 16.º 17.º e 25.º do Decreto-Lei 43/2015, decreto este agora proposto para revogação. No âmbito destes artigos, expressamos também a sua concordância com a clarificação atribuída pelo artigo 40.º L à

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organização do currículo, que define as percentagens mínimas de créditos para cada componente da formação, o que garante o ministrar de todas estas na proporção necessária e facilita a comparabilidade dos diplomas atribuídos por diferentes IES. A redação proposta para os artigos 40.º Q e 40.º R, relativos à “Concessão de diploma de técnico superior profissional” e “Classificação final do diploma de técnico superior profissional” merece também a nossa concordância, pois garante uma uniformização com o sistema de classificações em vigor no Ensino Superior, o que contribui para a remoção de obstáculos à transição para cursos de licenciatura e para a análise de eventuais equivalências a creditar neste âmbito. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Aquando da extinção dos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) nas instituições de ensino superior, o movimento associativo nacional havia expressado a sua discordância pela forma como os CTSP foram introduzidos, não substituindo plenamente os primeiros no que respeitava à ligação com os cursos de licenciatura. Neste sentido, a iniciativa da tutela em clarificar o regime jurídico dos CTSP e de eliminar “as barreiras à progressão dos seus diplomados para os cursos de licenciatura”, merece a nossa anuência. Uma vez que a tutela, com o objetivo de integrar os CTSP no regime jurídico dos graus e diplomas, propõe alterações ao Decreto-Lei 74/2006, que estabelece o regime jurídico dos graus e diplomas, consideramos que esta oportunidade de revisão deveria estender-se à discussão sobre atribuição do grau de doutor.

Não faz sentido, no atual momento, que a diferença administrativa de subsistema – politécnico e universitário – seja causa única para permitir ou não a existência de doutoramentos em determinadas instituições. Ao longo dos últimos anos são vários os exemplos de cursos de doutoramento descontinuados na sequência de processos de avaliação externa, sobretudo em instituições privadas de ensino universitário, na maior parte dos casos devido ao não cumprimento dos requisitos em matéria de corpo docente e à inexistência de um ambiente de investigação adequado. A verificação da satisfação dos requisitos estabelecidos na Lei para a atribuição do grau de doutor e a qualidade da formação ministrada deveriam constituir critério único para a acreditação de ciclos de estudo de doutoramento.

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As federações e associações académicas e de estudantes subscritoras: • Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) • Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD) • Federação Académica de Lisboa (FAL) • Federação Académica do Porto (FAP) • Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP)

Referências

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