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PRINCIPAIS PRÁTICAS DE MANEJO PARA AVES RECÉM NASCIDAS

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Academic year: 2021

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PRINCIPAIS PRÁTICAS DE MANEJO PARA AVES RECÉM NASCIDAS

Carlos Ronchi. Gerente Técnico de Avicultura da Alltech do Brasil

A tendência mundial de aumento do consumo de “carnes brancas” e produtos industrializados obriga as empresas de melhoramento genético a implantar mudanças drásticas em seus programas de seleção, gerando constantemente aves com comportamento e exigências nutricionais particulares. Por outro lado, os órgãos governamentais responsáveis pela segurança alimentar exigem a ausência de insumos de origem animal e quimioterápicos nas rações animais. Este trabalho tem como objetivo apresentar técnicas de manejo para a fase inicial das aves atuais, bem como alguns aditivos para rações que promovem melhor desempenho bioeconômico, não desrespeitando as exigências mundiais de segurança alimentar.

Preparo dos círculos ou pinteiros para recebimento das aves

Os círculos de proteção das aves deverão ser proporcionalmente montados em toda a extensão da área interna do aviário ou pinteiro. Alojar de 60 a 80 pintos por metro quadrado de área de círculo ou de 2 a 4 kg de pintos por metro quadrado de círculo. Quando o sistema de aquecimento for através de campânulas a gás, não ultrapassar a quantidade de 1.000 aves por círculo.

Quando o sistema de aquecimento for ambiental, não há necessidade da confecção de círculos de proteção, sendo as aves distribuídas ao longo de todo o pinteiro. Para um bom controle do desenvolvimento corporal e uniformidade do lote, aconselha-se separar as aves em grupos de no máximo 5.000 pintos.

Horário para recebimento das aves

O período ideal para a chegada das aves é pela manhã, entre 6:00 e 8:00 horas. A chegada neste horário permite que haja tempo suficiente para o descanso, alimentação e hidratação adequados das aves para atravessar a primeira noite de sua vida (período mais frio do dia). É fundamental que as aves sejam alojadas dentro da “zona de conforto térmico”, caso contrário grande parte do lote não terá interesse no alimento.

Jamais promova corrente de ar sobre os recém nascidos. Para isso, o aviário deverá estar perfeitamente vedado, tendo sido reparadas as frestas, furos nas cortinas internas, aberturas no telhado e lanternins. As portas que dão acesso à área externa não deverão permanecer abertas quando não houver necessidade.

Círculos de proteção das aves

Os círculos devem ser distribuídos ao longo do aviário e dimensionados para obter a mesma quantidade de aves por metro quadrado de área livre em todos eles. A fórmula de cálculo da área é A = π x R2, devendo ser alojadas de 60 a 80 aves por metro quadrado.

Estes valores são variáveis de acordo com a região geográfica, época do ano e sistema de aquecimento do aviário.

Exemplo de cálculo:

A* = 3,1416 x 2,52 = 19,64 m2

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*A – Área

**Dc = Densidade populacional por círculo π ( pi ) = 3,1416

Forração do piso para recebimento das aves

O piso dos círculos de proteção ou pinteiros deverá ser forrado com papel ou “pano americano” e o forro deverá ser retirado aproximadamente 24 horas após o alojamento. Este procedimento impede que os recém nascidos se alimentem de partículas de cama, o que pode resultar em piora da conversão alimentar e até ferimentos no trato gastrointestinal.

Abertura de espaço dos círculos ou pinteiros

A primeira abertura de espaço dos círculos ou pinteiros deverá ser feita aproximadamente 24 horas após o alojamento, passando a ser diária e gradativa. É importante que as aves recebam espaço com cama nova todos os dias, visando a preservação da qualidade da cama, melhor relação de aves por equipamentos e preservação do trato gastrointestinal. Tabela 1. Abertura de espaço dos círculos.

Dias de vida Proporção do Aviário

Inverno Verão

Até 8 1/3 1/2

Até 14 3/4 Aviário inteiro

18 a 21 Aviário inteiro

Controle da temperatura ambiente

O conforto térmico é um fator fundamental para o bom desenvolvimento inicial das aves, estando o bom desenvolvimento inicial diretamente relacionado ao desempenho bioeconômico do lote (Moura, 2002). O desenvolvimento satisfatório das aves nas primeiras semanas de vida garante um ótimo tamanho de carcaça, bom empenamento e maturação dos sistemas orgânicos fundamentais como digestivo, cardiovascular, imunológico e futuramente reprodutivo (Moura, 2002).

Um conceito importante é a TEMPERATURA EFETIVA, ou seja, a temperatura ou sensação térmica da ave. Não é possível medir a temperatura efetiva apenas através da leitura da temperatura ambiente, porém através da combinação de temperatura de bulbo seco, umidade relativa do ar e velocidade do ar (Barnwell & Rossi, 2003).

Existem vários sistemas de aquecimento para aviários, entre os quais estão os turbo aquecedores a gás, campânulas do tipo infravermelho, campânulas de alta pressão, campânulas de baixa pressão, fornalhas a lenha com injeção de ar atmosférico previamente aquecido, campânulas a carvão e aquecedores a lenha sem renovação de ar.

Na escolha do sistema de aquecimento, não se deve levar em consideração unicamente o custo, mas também a capacidade de produção de calor e as conseqüências que este sistema trará para a qualidade do ar e a cama do aviário. O aviário deverá ser previamente aquecido para receber as aves e a temperatura e a umidade relativa ambiente deverá seguir algumas recomendações, como descrito na tabela abaixo.

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Tabela 2. Relação entre temperatura ótima do ambiente (°C), umidade e idade das aves.

Idade (dias) Umidade (%)

≥ ≥≥ ≥ 80 70 60 50 ≤≤≤≤ 40 1 33 33 33 33 * 35 2 32 32 32 32 * 34 3 31 31 31 31 * 33 4 30 30 30 30 * 32 5 20 20 20 20 * 32 6 29 29 29 29 * 31 7 29 29 29 29 * 31 8 28 29 29 * 29 * 31 9 –12 27 28 28 * 29 31 13 –16 26 27 27 * 29 31 17 – 20 25 26 26 * 28 30 21 –24 24 25 * 26 27 29 25 – 30 23 24 * 25 27 29 31 – 34 22 23 * 25 26 28 > 35 21 22 * 24 25 27

*Corresponde à temperatura ideal em função da umidade relativa e idade das aves. Ex: Para uma ave com 1 dia de idade, a umidade e a temperatura ideais são de 50% e 33º C,

respectivamente. Umidade relativa do ar

O excesso de umidade no aviário na fase inicial de vida das aves compromete negativamente o desenvolvimento dos lotes. Nesta fase, recomenda-se manter a umidade relativa do ar entre 50 e 70%. Uma das formas de controlar a umidade relativa do ar no interior no aviário é através da ventilação mínima (Moura, 2002).

No aviário, a umidade é originada dos bebedouros, da entrada de ar externo e, principalmente, do metabolismo das próprias aves, que ao mesmo tempo em que produzem calor resultante da digestão do alimento, produzem umidade através da respiração e defecação. As aves excretam aproximadamente 80% da água que ingerem e, na primeira semana de vida, excretam 1,7g de água/hora/ave (Moura, 2002).

O excesso de umidade na cama é um fator extremamente prejudicial ao desenvolvimento fisiológico e imunológico das aves. A cama úmida é mais fria que as camas secas, sendo um indesejável trocador de calor para as aves jovens e funcionando como um resfriador evaporativo (Moura, 2002).

Ventilação e qualidade do ar

Além da temperatura, a qualidade do ar deve ser monitorada devido à sua grande importância para o bom desenvolvimento das aves. Nos últimos anos, os investimentos têm sido direcionados a uma boa vedação dos aviários, porém em muitos casos tem-se negligenciado a qualidade do ar.

Alguns sistemas de aquecimento consomem o oxigênio interno, aumentando a concentração de CO2. Como o CO2 é mais denso que o ar, sua tendência é permanecer

ao nível das aves, dificultando a atividade respiratória e causando letargia. Recomenda-se que a concentração de CO2 deve ser mantida abaixo de 2.000 ppm para recém nascidos

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(a concentração de CO2 na atmosfera é de aproximadamente 500ppm ), o que pode ser

conseguido com o uso da ventilação mínima.

Os níveis de amônia para aves jovens devem ser de 20 ppm, visto que a amônia concentra-se poucos centímetros acima da cama, justamente onde as aves se encontram (Bakker, 2002).

A falta de ventilação pode ocasionar o aumento da umidade relativa do ar, aumento na concentração de gases tóxicos como amônia e dióxido de carbono, aumento na concentração de poeira e baixa concentração de oxigênio disponível. Por outro lado, o excesso de ventilação pode causar diminuição da temperatura ambiental, excesso de corrente de ar sobre as aves, descompensação metabólica e aumento do custo operacional.

Ventilação mínima

Ventilação mínima é a quantidade de ar necessário por hora para fornecer oxigênio às aves e manter a qualidade do ar. O ar em movimento não deve incidir diretamente sobre as aves e sim passar sobre elas. Esta pequena corrente de ar é benéfica para o controle ambiental durante a fase inicial de vida das aves. A ventilação mínima é responsável por : Fornecer oxigênio para a respiração das aves;

Remover o excesso de calor; Remover o excesso de umidade; Reduzir a concentração de poeira; Reduzir a concentração de gases.

Quando a umidade da cama é removida através da ventilação mínima, os níveis de amônia, poeira e dióxido de carbono raramente ocasionarão problemas para as aves (Moura, 2002). A ventilação mínima nas primeiras semanas deve ser de aproximadamente 0,2 m/s. Há basicamente dois tipos de ventilação: ventilação positiva e ventilação negativa. Quando os ventiladores insuflam ar para o interior do aviário, trata-se de uma pressão positiva; quando estes retiram o ar de dentro do aviário, trata-se de uma ventilação negativa (Czarick & Fairchild, 2002 ). A ventilação negativa também pode ser feita através de exaustores.

Para que a ventilação mínima seja eficiente, deve-se utilizar o sistema de ventilação do tipo “túnel”, feita por exaustores. No sistema “túnel”, o ar entra por uma extremidade do aviário e sair pela outra. Em aviários de ambiente controlado, a ventilação mínima é feita lateralmente, ou seja, o ar entra por uma lateral do aviário e sai pela outra.

Para se obter a pressão estática ideal no aviário, é necessário que a área de abertura para entrada do ar e a capacidade dos exaustores sejam calibradas. Um excesso de abertura fará com que o ar entre com uma velocidade muito baixa, não percorrendo todo o aviário. Já aberturas muito pequenas não permitirão que os exaustores obtenham uma quantidade de ar suficiente para a renovação adequada. O cálculo da abertura da entrada e saída de ar deve considerar a capacidade dos exaustores e a velocidade de ar que se deseja obter.

Alimentação neonatal

A fase de arraçoamento para a qual se tem destinado o maior número de pesquisas científicas atualmente é a fase pré-inicial, pois seus benefícios são evidentes.

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A obtenção das exigências nutricionais específicas durante os primeiros dias de vida da ave garante a normalidade do consumo alimentar nas fases futuras e, conseqüentemente, o desenvolvimento ideal dos sistemas imunológico, esquelético, nervoso e gastrointestinal.

As empresas têm adotado estratégias cada vez mais complexas para obter um melhor desempenho em aves de 7 a 10 dias de idade. Desta forma, elas têm introduzido aditivos essenciais nas rações pré-inicial e inicial, tais como adsorventes de micotoxinas, adsorventes de bactérias patogênicas, enzimas que auxiliam na digestão e absorção de nutrientes, complementos nutricionais (nucleotídeos, inositol, ácidos glutâmicos, aminoácidos e peptídeos), minerais orgânicos e ácidos orgânicos (controladores de patógenos na ração). Porém, é fundamental que estes aditivos estejam incluídos nas normativas de segurança alimentar.

Adsorventes de micotoxinas

São glucomananas esterificadas extraídas da parede celular de leveduras vivas (Saccharomyces cerevisae) capazes de adsorver uma ampla gama de micotoxinas simultaneamente, incluindo as aflatoxinas, toxinas T-2, zeralenona, fumonisinas, ocratoxinas e vomitoxinas.

Adsorventes de bactérias enteropatogênicas

São mananoligossacarídeos fosforilados extraídos da parede celular de leveduras vivas (Saccharomyces cerevisae) capazes de adsorver patógenos entéricos que possuem pili ou fímbrias (prolongamentos filamentosos das bactérias responsáveis por sua aderência às células do epitélio intestinal). Os mananoligossacarídeos também possuem ação imunomoduladora e são eficazes substitutos dos antibióticos promotores de crescimento. Enzimas exógenas

São complexos multienzimáticos capazes de aumentar a utilização de fontes protéicas vegetais como o farelo de soja, que pode apresentar até 20% de polissacarídeos não amiláceos (PNAs) em sua composição. Os PNAs, assim como os fatores antinutricionais também presentes em ingredientes como o farelo de soja, não são digeríveis pelas aves, resultando em processos fermentativos indesejáveis e predispondo as aves a distúrbios digestivos.

Ácidos orgânicos

A adição de ácidos orgânicos na ração permite uma redução significativa da carga microbiana e desenvolvimento fúngico, preservando a sanidade das aves recém nascidas. Minerais orgânicos

Os minerais orgânicos proteinados, quelatados por diversos aminoácidos e peptídeos, são melhor absorvidos e armazenados no organismo. A absorção dos minerais através de diversos mecanismos fisiológicos permite uma maior biodisponibilidade aos animais. Complementos nutricionais

Os nucleotídeos são unidades precursoras de DNA e RNA que, quando fornecidos nas dietas, reduzem o gasto energético do animal para a metabolização hepática dos mesmos, favorecendo o desenvolvimento corporal, gastrointestinal e as iminudades celular e humoral.

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O inositol é um importante componente da membrana celular, sendo essencial para o desenvolvimento dos sistemas hepático, nervoso e muscular.

Os ácidos glutâmicos conferem maior palatabilidade aos alimentos, aumentando o consumo pelas aves.

Alguns ingredientes tradicionalmente utilizados nas rações neonatais possuem proteínas de difícil digestão e absorção. Quando aminoácidos e peptídeos são fornecidos através do alimento, estes são prontamente absorvidos pelos recém nascidos, evitando quadros de deficiência alimentar ou subnutrição.

A adoção de avançadas técnicas de manejo e nutrição é parte das decisões estretégicas de uma empresa, que tem consciência de que a velocidade na tomada de decisão é o diferencial vital para sua perpetuação em um mercado globalizado.

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